Abrimos um nova "radical", ADOC, para apresentar livros de um modo casuístico, isto é, sem seguirem a sequência normal de uma coleção. E começamos com uma novela excelente: "A índia do Vale da Morte", que nos traz todas as qualidades narrativas de Joe Mogar.
Atentem nesta passagem com que se inicia o livro:
Os Montes Funeral e Telescopio estavam à vista. Como pétreas sentinelas da sepultura de sal, areia, dunas e rochas, que era o deserto do Vale da Morte.Como lúgubres e mortais sentinelas que quisessem advertir o viajante, o forasteiro, de que ali, entre as suas salitrosas areias, entre o seu fantasmagórico silêncio, se encontrava a morte.Uma morte horrível, tanto por falta de água como por outra causa qualquer. Sentinelas mudas, mas que avisavam com a sua presença, desde grande distância, que aquilo, aquele lugar, aquela depressão infernal, não podia ser pisada pelo homem.Cavalgava, em linha reta, na direção do Monte Funeral, debaixo de um sol de fogo, ao meio-dia. A sua direita, erguia-se, majestoso, o Monte Telescópio, formando uma enorme porta, sempre aberta, para o inferno.Até ao Vale da Morte.Mas o cavaleiro não o via. Não via nenhum dos montes. Não via, tão-pouco, aquela larga e plana abertura que, imediatamente, em rápida descida, o levaria por entre dunas, areias cristalizadas, blocos empedernidos de rochas, árvores petrificadas e milenárias, até à sepultura, entre montões de sal, com a boca seca, horrivelmente inchada por falta de água.Também não pensava.Podia dizer-se, sem receio de erro, que cavalgava como um autómato e que estava a ponto de cair da sela.O Monto Funeral encontrava-se a menos de quinhentas jardas dele, quando uma figura apareceu a seu lado, surgindo de entre umas rochas e levando um rifle nas mãos.Uma «Winchester», mais exatamente.Os seus olhos, intensamente negros, olharam uns segundos o cavaleiro e logo as mãos levaram o rifle à cara. Durante uns segundos, o cano da arma esteve apontado para o meio do peito dele. Mas não apertou o gatilho.Em vez disto, baixou o rifle e fê-lo, justamente, quando o cavaleiro deslizava, mansamente, da sela para o solo. Então, o cavalo que montava parou.Completamente imóvel, com os negros olhos, fixos, muito fixos, na figura do cavaleiro, continuou olhando-o durante vários segundos, até que, finalmente, se decidiu.Sem abandonar o rifle, desceu, quase correndo, por entre as raquíticas ervas e pedras, até ao lugar da sua queda.Inclinou-se sobre ele e, com bastante trabalho, voltou-o de boca para cima. Depois, com o semblante completamente rígido, aproximou-se do cavalo. Sabendo que era impossível levantá-lo até à sela, tirou a corda do arção da mesma, prendeu-a à borraina, passou-a por debaixo das axilas do cavaleiro e começou a arrastá-lo...Se, depois desta passagem, quer ler todo o livro pode descarregá-lo a partir daqui: A INDIA DO VALE DA MORTE.
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