quarta-feira, 18 de junho de 2014

PAS322. Uma mulher que despertava ódio


Contexto da passagem: Assumindo a identidade de Bud Sherman, promotor de acusação contra sulistas sem piedade, Reg chega a El Paso onde Irina se encontra presa, à espera do julgamento, acusada da morte do capitão Cyril Roberts

 

Reg tinha vontade de chorar ou de rir. Vontade de gritar. De todo aquele mistério incompreensível não compreendia nada e quanto mais pensava, mais estranho lhe parecia. Simplesmente, de um modo mecânico, para ordenar ideias perguntou:
— Chamas-te Irina Wells, não é verdade?
— Sim, e nasci em El Passo, como muito bem sabes. Mas durante muitos anos vivi em Dallas.
Dallas, a cidade! Wells, o apelido! Nenhuma das duas coisas significava nada para Reg, mas ambas as palavras juntas diziam muito no fundo do seu coração torturado. Sentiu agora o mesmo que quando ouvira pronunciar aquele apelido: «Wells». E, com voz trémula. perguntou:
— Em Dallas... conheceste um homem chamado John Spencer?
— John Spencer? Claro que sim! — disse a rapariga — . John...
Reg levantou-se rapidamente.
— Boas-tardes, Irina. Voltarei a ver-te noutra ocasião. Bateu energicamente na porta, e o guarda, que devia estar do outro lado para ver se apanhava alguma palavra, abriu imediatamente. Reg saiu sem sequer olhar para trás e deixando a jovem imersa na mais angustiosa das perplexidades.
Não sabia exatamente o que sentia naquele momento. Mas sem dúvida era ódio. Um ódio amargo, venenoso, corrosivo. Porque aquela mulher, Irina Wells, tinha sido a causadora, em Dallas, da morte de John, o seu único irmão!

(Coleção Califórnia, nº 1)

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