terça-feira, 27 de junho de 2023

ARZ138.00 Quem não sente «Nojo por um cobarde»?

O número 138 da Coleção Arizona traz-nos uma obra cuja autoria é atribuída ao prestigiado Clark Carrados com o título «Nojo por um cobarde». No entanto, uma indicação de Copyright inserida numa das páginas iniciais faz-nos acreditar que a obra não é deste autor, mas sim de Vicente Adam Cardona, mais conhecido por Vic Adams, um escritor mais dedicado à ficção científica e recentemente falecido (Dezembro de 2018). 
Tal suspeita é reforçada pelo argumento que, como dizemos adiante, é excessivamente forçado relativamente às situações descritas e ainda pelo facto de a escrita de Carrados nos parecer mais elaborada do que a do presente livro. Portanto, acreditamos estar aqui perante mais um erro dos responsáveis da APR.
A tradução foi executada por Adelino dos Santos Rodrigues, um nome que, embora não saibamos se corresponde à mesma pessoa, é fácil de encontrar na Internet como tradutor de livros de aventuras como por exemplo «O Conde de Monte Cristo». É curioso encontrar entre os tradutores destes livros, nomes que, mais tarde, terão tido alguma relevância no panorama literário ou na atividade de tradução. 

«Nojo por um cobarde» é uma história em que uma mulher incita o noivo a bater-se em duelo com um pistoleiro cruel com o objetivo de se ver livre dele e de lhe ficar com o rancho. 
Paul Mayers, o noivo, era um jovem rancheiro rápido com as armas, mas que nunca tinha vertido sangue humano e a situação foi para ele de tal modo confrangedora que todos o julgaram um cobarde. Incitado a bater-se em duelo, acabou por acertar no seu adversário e num cúmplice desse e foi, a partir dali, um perseguido pela Lei. 

Na fuga que encetou acabou por ser contatado por alguém que o desafiou a procurar a reabilitação através da participação na destruição de uma quadrilha famosa que atuava na região. Não demorou a encontrar alguns homens dessa quadrilha e a infiltrar-se na mesma. E, coisa curiosa, depois de muito penar, veio a descobrir que o chefe oculto da mesma era o homem que o desafiara para um duelo e que lhe roubara a noiva. 
O livro é interessante, com alguma carga de dramatismo, mas a trama é excessivamente forçada. As coisas só funcionaram assim, porque a mente do senhor Carrados (ou do senhor Adams de acordo com a nossa suspeita) o quis, tudo está um pouco afastado da realidade. 
A própria presença de uma jovem beldade entre os bandidos que lhes faz a comida, mas que a respeitam, é de excessiva ingenuidade. Claro, era necessário dar um final feliz à novela e qual o melhor local para arranjar uma noiva para o rancheiro atraiçoado? Na quadrilha, claro… 
«Nojo por um cobarde» será publicado ao longo dos próximos dias…

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