Len Mckee percorria o rancho, vigiando o trabalho dos vaqueiros quando chegou aos seus ouvidos a voz de uma criança a pedir auxílio.
Estava perto dos limites do rancho pelo lado em que confinava com a «Reserva» dos «semínolas», e aquilo preocupou-o.
Dois dos vaqueiros que estavam com ele, naquele momento, olharam-no intranquilos.
— Parece uma criança... — comentou Len, saltando para o seu cavalo.
Os dois homens imitaram-no sem dizer palavra e os três cavaleiros galoparam para o lugar de onde havia partido a voz.
Quando se aproximaram ouviram o ruído de uma disputa e a voz de uma mulher misturada com a da criança e vários homens.
De súbito, ao dobrarem a curva na base de uma pequena elevação, uni espetáculo lamentável apareceu-lhes à vista.
Quatro homens brancos procuravam dominar unia rapariga índia, que se defendia bravamente com unhas e dentes, enquanto duas crianças de uns doze anos de idade, pertencentes à mesma raça, procuravam ajudá-la na medida das suas forças.
Os brancos, ao ouvirem os cascos dos cavalos que se aproximavam, soltaram a rapariga por um momento e deitaram mão aos seus revólveres.
Len disparou rapidamente, quase sem apontar e dois daqueles bandidos morderam o pó para não mais se levantarem.
Os outros, impressionados pela certeza daqueles tiros, não esperaram mais e, saltando para as suas montadas, cravaram furiosamente as esporas lançando-se num galope desenfreado...
Quando Len e os dois vaqueiros chegavam perto dela, a rapariga, abraçada aos dois pequenos, chorava.
Só levantou a cabeça quando Len, dirigindo-se carinhosamente a ela, lhe perguntou:
— Quem eram esses homens?... Porque a atacavam?...
— São homens maus... — disse a índia. — Estão sempre a rondar a nossa terra e perseguem todas as mulheres... oh!...
E a rapariga continuou a chorar ainda mais que antes.
Len aproximou-se dela e acariciou-lhe pensativamente a cabeça. A rapariga sorriu através das suas lágrimas.
— Len!... — disse um dos vaqueiros. — Estes dois homens pertencem ao rancho do senhor Provost...
— Esse bandido! — exclamou Len, enfurecido. Depois, dirigindo-se à rapariga, perguntou: — Pertences à tribo «semínola»?...
— Sim... Meu pai é «Chifre de Búfalo», o filho do grande chefe «Pluma Negra»... O meu nome é «Raio de Lua»...
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— Vamos, rapariga, levar-te-ei até à vossa povoação...
A jovem deixou-se levar e, seguidos pelos dois peque-nos, encaminharam-se para o acampamento índio.
Len e a rapariga iam um ao lado do outro, conversando sobre o acontecimento enquanto os dois vaqueiros se riam com a conversa dos pequenos peles-vermelhas.
Ao chegarem ao acampamento, dando uma volta para não passarem em frente da casa do agente, foram recebidos pelos olhares de surpresa dos índios.
«Raio de Lua» guiou-os até ao «wigwan» de seus pais e os três homens ficaram surpreendidos ao contemplar a esposa de «Chifre de Búfalo».
Em frente deles, sentada ao lado do esposo, encontrava-se uma mulher completamente diferente das outras índias.
Embora vestisse da mesma maneira que as demais índias da sua tribo, a sua pele, queimada pelo sol e pelos ventos, era a de uma mulher branca.
A mulher, que aparentava uns cinquentas e seis anos de idade, mostrava ainda no rosto sinais de uma grande beleza.
Os dois vaqueiros olharam surpreendidos para Len mas este, contemplando fixamente a mulher, não os viu.
«Raio de Lua» falou rapidamente no idioma da sua raça com os pais e Len ouviu-a explicar tudo o que acontecera e a sua intervenção final.
Logo que a rapariga acabou de falar Len disse na mesma Língua:
— O que fiz não tem importância. Não podemos consentir que essa espécie de abusos se cometa na maior impunidade.
— Conheces a nossa língua — disse «Chifre de Búfalo» em inglês. — Compreendeste tudo o que disse minha filha. O povo «seminola» nunca esquecerá este favor que lhe fizeram... Se todos os homens brancos tivessem o vosso nobre coração, não haveria o ódio que separa as nossas raças...
Antes que pudessem responder entrou «Pluma Negra» na tenda e disse para Len:
— «Pluma Negra» está em dívida para com o homem branco...
Len olhou uma vez mais a mulher que permanecia silenciosa e submissa e voltou-se para o chefe índio.
— Gostaria de falar com o chefe dos «seminolas»... particularmente.
Este indicou-lhe, com um gesto, que o seguisse e, uma vez dentro do «wingwan» de «Pluma Negra», o rapaz perguntou:
— Quem é essa mulher branca que vive com o teu povo?
O velho chefe não pareceu surpreendido com a pergunta.
Olhou para Len com bondade e disse:
— É a «squaw» de meu filho...
— Eu sei. Mas..., como veio viver convosco?
— É uma história que pertence ao passado. Não se deve mexer nunca nas cinzas, pois o fogo pode reacender-se... ~ente guardando silêncio se conseguirá que a dor não cause feridas nos corações dos nossos entes queridos... O irmão branco compreende-me..., não é verdade?
Len compreendeu que não lhe conseguiria arrancar uma palavra mais e despediu-se deles.
Inclinou-se diante da esposa de «Chifre de Búfalo» e disse-lhe:
— Se me permitirem, voltarei a visitá-los...
O filho do chefe índio abraçou-o.
— O nosso povo receber-te-á sempre que o desejares, com os braços abertos. És um irmão nosso...
Len olhou para «Raio de Lua» e sorriu.
A índia ruborizou-se e baixou a vista.
Estava perto dos limites do rancho pelo lado em que confinava com a «Reserva» dos «semínolas», e aquilo preocupou-o.
Dois dos vaqueiros que estavam com ele, naquele momento, olharam-no intranquilos.
— Parece uma criança... — comentou Len, saltando para o seu cavalo.
Os dois homens imitaram-no sem dizer palavra e os três cavaleiros galoparam para o lugar de onde havia partido a voz.
Quando se aproximaram ouviram o ruído de uma disputa e a voz de uma mulher misturada com a da criança e vários homens.
De súbito, ao dobrarem a curva na base de uma pequena elevação, uni espetáculo lamentável apareceu-lhes à vista.
Quatro homens brancos procuravam dominar unia rapariga índia, que se defendia bravamente com unhas e dentes, enquanto duas crianças de uns doze anos de idade, pertencentes à mesma raça, procuravam ajudá-la na medida das suas forças.
Os brancos, ao ouvirem os cascos dos cavalos que se aproximavam, soltaram a rapariga por um momento e deitaram mão aos seus revólveres.
Len disparou rapidamente, quase sem apontar e dois daqueles bandidos morderam o pó para não mais se levantarem.
Os outros, impressionados pela certeza daqueles tiros, não esperaram mais e, saltando para as suas montadas, cravaram furiosamente as esporas lançando-se num galope desenfreado...
Quando Len e os dois vaqueiros chegavam perto dela, a rapariga, abraçada aos dois pequenos, chorava.
Só levantou a cabeça quando Len, dirigindo-se carinhosamente a ela, lhe perguntou:
— Quem eram esses homens?... Porque a atacavam?...
— São homens maus... — disse a índia. — Estão sempre a rondar a nossa terra e perseguem todas as mulheres... oh!...
E a rapariga continuou a chorar ainda mais que antes.
Len aproximou-se dela e acariciou-lhe pensativamente a cabeça. A rapariga sorriu através das suas lágrimas.
— Len!... — disse um dos vaqueiros. — Estes dois homens pertencem ao rancho do senhor Provost...
— Esse bandido! — exclamou Len, enfurecido. Depois, dirigindo-se à rapariga, perguntou: — Pertences à tribo «semínola»?...
— Sim... Meu pai é «Chifre de Búfalo», o filho do grande chefe «Pluma Negra»... O meu nome é «Raio de Lua»...
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— Vamos, rapariga, levar-te-ei até à vossa povoação...
A jovem deixou-se levar e, seguidos pelos dois peque-nos, encaminharam-se para o acampamento índio.
Len e a rapariga iam um ao lado do outro, conversando sobre o acontecimento enquanto os dois vaqueiros se riam com a conversa dos pequenos peles-vermelhas.
Ao chegarem ao acampamento, dando uma volta para não passarem em frente da casa do agente, foram recebidos pelos olhares de surpresa dos índios.
«Raio de Lua» guiou-os até ao «wigwan» de seus pais e os três homens ficaram surpreendidos ao contemplar a esposa de «Chifre de Búfalo».
Em frente deles, sentada ao lado do esposo, encontrava-se uma mulher completamente diferente das outras índias.
Embora vestisse da mesma maneira que as demais índias da sua tribo, a sua pele, queimada pelo sol e pelos ventos, era a de uma mulher branca.
A mulher, que aparentava uns cinquentas e seis anos de idade, mostrava ainda no rosto sinais de uma grande beleza.
Os dois vaqueiros olharam surpreendidos para Len mas este, contemplando fixamente a mulher, não os viu.
«Raio de Lua» falou rapidamente no idioma da sua raça com os pais e Len ouviu-a explicar tudo o que acontecera e a sua intervenção final.
Logo que a rapariga acabou de falar Len disse na mesma Língua:
— O que fiz não tem importância. Não podemos consentir que essa espécie de abusos se cometa na maior impunidade.
— Conheces a nossa língua — disse «Chifre de Búfalo» em inglês. — Compreendeste tudo o que disse minha filha. O povo «seminola» nunca esquecerá este favor que lhe fizeram... Se todos os homens brancos tivessem o vosso nobre coração, não haveria o ódio que separa as nossas raças...
Antes que pudessem responder entrou «Pluma Negra» na tenda e disse para Len:
— «Pluma Negra» está em dívida para com o homem branco...
Len olhou uma vez mais a mulher que permanecia silenciosa e submissa e voltou-se para o chefe índio.
— Gostaria de falar com o chefe dos «seminolas»... particularmente.
Este indicou-lhe, com um gesto, que o seguisse e, uma vez dentro do «wingwan» de «Pluma Negra», o rapaz perguntou:
— Quem é essa mulher branca que vive com o teu povo?
O velho chefe não pareceu surpreendido com a pergunta.
Olhou para Len com bondade e disse:
— É a «squaw» de meu filho...
— Eu sei. Mas..., como veio viver convosco?
— É uma história que pertence ao passado. Não se deve mexer nunca nas cinzas, pois o fogo pode reacender-se... ~ente guardando silêncio se conseguirá que a dor não cause feridas nos corações dos nossos entes queridos... O irmão branco compreende-me..., não é verdade?
Len compreendeu que não lhe conseguiria arrancar uma palavra mais e despediu-se deles.
Inclinou-se diante da esposa de «Chifre de Búfalo» e disse-lhe:
— Se me permitirem, voltarei a visitá-los...
O filho do chefe índio abraçou-o.
— O nosso povo receber-te-á sempre que o desejares, com os braços abertos. És um irmão nosso...
Len olhou para «Raio de Lua» e sorriu.
A índia ruborizou-se e baixou a vista.
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