Os dois adversários encararam-se, tensos, as mãos a tocar nas coronhas. Ambos se conheciam de sobra e sabiam com o que podiam contar.
Na praça o silêncio era impressionante e finalmente, de entre aquela vasta assistência ouviu-se uma voz possante:
— Um... dois... TRÊS!
BUM! Ninguém conseguiu explicar como as coisas se passaram. Ambos empunharam e sacaram os revól veres mas apenas um tiro maior que um trovão se ouviu.
Nelson Montgomery estremeceu violentamente e caiu de costas desamparado.
Um ah! de admiração ouviu-se em uníssono. O valente rapaz fora atingido e pelos vistos com gravidade.
Como uma só pessoa todos olharam para o bandido. Este sorria e os seus revólveres ainda fumegavam. Mas sempre a sorrir, o bandido foi vergando as pernas ao mesmo tempo que dois fios de sangue lhe escorriam pela face, provenientes de dois buracos abertos na testa.
Por fim caiu. Estava morto. O sorriso era somente o esgar da morte.
Entretanto Jane, ao ver o seu adorado cair, perdera os sentidos sem um queixume e caíra também. Somente minutos depois o velho Taylor deu pelo ocorrido.
Holden, atónito, correra para o rapaz e verificava que estava desmaiado e ferido com gravidade, por duas balas, no peito.
O seu espanto não teve limites. Estava assim explicada a causa do grande e único estoiro que se ouvira. Nenhum deles conseguira superar o adversário e tinham disparado precisamente ao mesmo tempo, ambos os revólveres.
Fantástico! Aquele caso era digno de pertencer aos anais da História.
— Um médico, depressa! — berrou.
Nesse momento, ouviu-se o som de cascos de cava-los e o chiar de rodas de um carro. Todos olharam e viram uma diligência puxada por quatro cavalos estacionar à entrada da rua.
O cocheiro saltou para o chão e perguntou ao primeiro que viu:
— Há aqui uma senhora que deseja falar urgentemente com o xerife. Traz com ela um documento qualquer a respeito de um filho. Não sei bem o que é. O que sei é que é urgente.
Holden foi avisado em seguida e imediatamente se dirigiu para o carro, deixando o doutor Brown junto do ferido.
Chegando ao carro, abriu a porta e encarou com uma senhora de idade, com os cabelos completamente brancos e toda vestida de negro.
Pela semelhança de feições identificou-a logo como sendo a mãe de Nelson.
A velhinha, com voz suave, disse:
— Sou a mãe de Nelson Montgomery. Trago aqui uma certidão passada pelo juiz lá da nossa terra, que prova que meu filho está inocente. Sabe onde o posso encontrar?
O xerife não sabia o que havia de dizer e finalmente, ajudando a velhinha de cabelos completamente brancos, a descer, conseguiu articular:
— Bem... Senhora. Montgomery... O seu filho teve um acidente e...
— Onde está ele, senhor? Por favor, não me deixe nesta incerteza.
— Tenha calma, minha senhora. É natural que não seja nada de grave. Faça favor de passar.
Todos se afastaram e ambos se encaminharam para o local onde jazia o ferido.
Pela cara do doutor Brown, Holden viu que o caso era muito mais grave do que a princípio supusera. Com os olhos interrogou o médico que em resposta mostrou uma cara bastante desanimada.
Clara Montgomery, mãe de Nelson, percebera a troca de sinais. Ao chegar junto do filho, ajoelhou-se e carinhosamente levantou-lhe a cabeça.
Nem uma lágrima deslizava por aquela face macerada pelo sofrimento e pela amargura. Os desgostos que tinha tido, desde a fuga do seu filho, eram tão grandes e tão profundos que as lágrimas haviam secado havia muito.
Com voz suave, na qual depositou toda a sua ternura de mãe, chamou:
— Nelson... Meu filho...
O ferido abriu os alhos. Num fio de voz murmurou:
— Mãe... — e voltou a cerrar os olhos.
A sua respiração era entrecortada e um fio de sangue escorria-lhe da boca para o queixo. A mãe, com amor limpou-lhe a boca e voltou a falar:
— Sim, meu filho, sou a tua mãe. Nunca mais nos separaremos. Nunca mais.
O moribundo voltou a falar com grande esforço:
— Não quero morrer, mãe, sem te dizer que não cometi o crime de que me acusaram. _
— Eu sei, meu filho. Trago aqui a prova da tua inocência.
— Mãe, quero pedir-te... desculpa... por todo o mal que te fiz...
— Cala-te, filho. Não tiveste culpa do que se passou.
Nesse momento ouviu-se um grito:
— Nelson!
Jane viera a si e chamava por ele. O xerife fez sinal para que a deixassem passar e todos se afastaram. A rapariga correu e deixou-se cair ao lado do ferido.
— Nelson, meu amor, ouves-me? Diz-me que me ouves.
— Janel—murmurou o moribundo abrindo os olhos.
— Nelson, estás bem? Já tudo passou e depois de te curares, casaremos.
Só então reparou na amargurada velhinha que amparava a cabeça do seu amado.
— Sou sua mãe, jovem — elucidou Clara Montgomery.
O ferido articulou já com, maior dificuldade.
— Sim... Jane... é minha mãe... Não... casaremos... porque eu... sinto... que... vou morrer...
— Cala-te, meu amor. Quem pensa em morrer? — tentou animá-lo a rapariga, enquanto as lágrimas lhe escorriam em fio pela cara abaixo.
— Sim... Jane... Vau... morrer... minha... mãe... ,dir... te... á... que... estou... i... nocente... Quero... que... saibas... que... te... amei... como... a... ninguém... tenho... pena... de... te... não... fazer... fe...
A rapariga chorava convulsivamente.
Deitou um olhar de súplica ao doutor Brown mas este limitou-se a baixar a cabeça, no que foi imitado pela xerife e seu pai.
O moribundo continuou a falar entrecortadamente:
— Adeus, minha mãe adorada... Beija-me... última... vez...
Um soluço sacudiu o peito daquela mãe. Com uma ternura infinita, depositou na testa do filho' o seu beijo de adeus. Os olhos permaneceram secas.
— Obrigado, mãe... Jane... Beija... me— tu... também...
A rapariga pôs todo o seu amor naquele primeiro e último beijo.
Um estremeção sacudiu o corpo daquele valente. Urna golfada de sangue esguichou-lhe da boca, molhando o rosto e as vestes da sua bem amada. Os seus olhos abriram-se desmesuradamente e fixaram o infinito, já sem ver.
Morrera Nelson Montgomery.
Jane gritou com todas as suas forças e perdeu os sentidos. Clara Montgomery murmurou com ternura:
— Adeus, meu filho. Que lá no céu tenhas o descanso que nunca tiveste cá na terra...
Um soluço interrompeu-lhe a voz e duas lágrimas cálidas apareceram-lhe finalmente, grossas e deslizantes. Ambas caíram nas faces de seu filho.
Na praça o silêncio era impressionante e finalmente, de entre aquela vasta assistência ouviu-se uma voz possante:
— Um... dois... TRÊS!
BUM! Ninguém conseguiu explicar como as coisas se passaram. Ambos empunharam e sacaram os revól veres mas apenas um tiro maior que um trovão se ouviu.
Nelson Montgomery estremeceu violentamente e caiu de costas desamparado.
Um ah! de admiração ouviu-se em uníssono. O valente rapaz fora atingido e pelos vistos com gravidade.
Como uma só pessoa todos olharam para o bandido. Este sorria e os seus revólveres ainda fumegavam. Mas sempre a sorrir, o bandido foi vergando as pernas ao mesmo tempo que dois fios de sangue lhe escorriam pela face, provenientes de dois buracos abertos na testa.
Por fim caiu. Estava morto. O sorriso era somente o esgar da morte.
Entretanto Jane, ao ver o seu adorado cair, perdera os sentidos sem um queixume e caíra também. Somente minutos depois o velho Taylor deu pelo ocorrido.
Holden, atónito, correra para o rapaz e verificava que estava desmaiado e ferido com gravidade, por duas balas, no peito.
O seu espanto não teve limites. Estava assim explicada a causa do grande e único estoiro que se ouvira. Nenhum deles conseguira superar o adversário e tinham disparado precisamente ao mesmo tempo, ambos os revólveres.
Fantástico! Aquele caso era digno de pertencer aos anais da História.
— Um médico, depressa! — berrou.
Nesse momento, ouviu-se o som de cascos de cava-los e o chiar de rodas de um carro. Todos olharam e viram uma diligência puxada por quatro cavalos estacionar à entrada da rua.
O cocheiro saltou para o chão e perguntou ao primeiro que viu:
— Há aqui uma senhora que deseja falar urgentemente com o xerife. Traz com ela um documento qualquer a respeito de um filho. Não sei bem o que é. O que sei é que é urgente.
Holden foi avisado em seguida e imediatamente se dirigiu para o carro, deixando o doutor Brown junto do ferido.
Chegando ao carro, abriu a porta e encarou com uma senhora de idade, com os cabelos completamente brancos e toda vestida de negro.
Pela semelhança de feições identificou-a logo como sendo a mãe de Nelson.
A velhinha, com voz suave, disse:
— Sou a mãe de Nelson Montgomery. Trago aqui uma certidão passada pelo juiz lá da nossa terra, que prova que meu filho está inocente. Sabe onde o posso encontrar?
O xerife não sabia o que havia de dizer e finalmente, ajudando a velhinha de cabelos completamente brancos, a descer, conseguiu articular:
— Bem... Senhora. Montgomery... O seu filho teve um acidente e...
— Onde está ele, senhor? Por favor, não me deixe nesta incerteza.
— Tenha calma, minha senhora. É natural que não seja nada de grave. Faça favor de passar.
Todos se afastaram e ambos se encaminharam para o local onde jazia o ferido.
Pela cara do doutor Brown, Holden viu que o caso era muito mais grave do que a princípio supusera. Com os olhos interrogou o médico que em resposta mostrou uma cara bastante desanimada.
Clara Montgomery, mãe de Nelson, percebera a troca de sinais. Ao chegar junto do filho, ajoelhou-se e carinhosamente levantou-lhe a cabeça.
Nem uma lágrima deslizava por aquela face macerada pelo sofrimento e pela amargura. Os desgostos que tinha tido, desde a fuga do seu filho, eram tão grandes e tão profundos que as lágrimas haviam secado havia muito.
Com voz suave, na qual depositou toda a sua ternura de mãe, chamou:
— Nelson... Meu filho...
O ferido abriu os alhos. Num fio de voz murmurou:
— Mãe... — e voltou a cerrar os olhos.
A sua respiração era entrecortada e um fio de sangue escorria-lhe da boca para o queixo. A mãe, com amor limpou-lhe a boca e voltou a falar:
— Sim, meu filho, sou a tua mãe. Nunca mais nos separaremos. Nunca mais.
O moribundo voltou a falar com grande esforço:
— Não quero morrer, mãe, sem te dizer que não cometi o crime de que me acusaram. _
— Eu sei, meu filho. Trago aqui a prova da tua inocência.
— Mãe, quero pedir-te... desculpa... por todo o mal que te fiz...
— Cala-te, filho. Não tiveste culpa do que se passou.
Nesse momento ouviu-se um grito:
— Nelson!
Jane viera a si e chamava por ele. O xerife fez sinal para que a deixassem passar e todos se afastaram. A rapariga correu e deixou-se cair ao lado do ferido.
— Nelson, meu amor, ouves-me? Diz-me que me ouves.
— Janel—murmurou o moribundo abrindo os olhos.
— Nelson, estás bem? Já tudo passou e depois de te curares, casaremos.
Só então reparou na amargurada velhinha que amparava a cabeça do seu amado.
— Sou sua mãe, jovem — elucidou Clara Montgomery.
O ferido articulou já com, maior dificuldade.
— Sim... Jane... é minha mãe... Não... casaremos... porque eu... sinto... que... vou morrer...
— Cala-te, meu amor. Quem pensa em morrer? — tentou animá-lo a rapariga, enquanto as lágrimas lhe escorriam em fio pela cara abaixo.
— Sim... Jane... Vau... morrer... minha... mãe... ,dir... te... á... que... estou... i... nocente... Quero... que... saibas... que... te... amei... como... a... ninguém... tenho... pena... de... te... não... fazer... fe...
A rapariga chorava convulsivamente.
Deitou um olhar de súplica ao doutor Brown mas este limitou-se a baixar a cabeça, no que foi imitado pela xerife e seu pai.
O moribundo continuou a falar entrecortadamente:
— Adeus, minha mãe adorada... Beija-me... última... vez...
Um soluço sacudiu o peito daquela mãe. Com uma ternura infinita, depositou na testa do filho' o seu beijo de adeus. Os olhos permaneceram secas.
— Obrigado, mãe... Jane... Beija... me— tu... também...
A rapariga pôs todo o seu amor naquele primeiro e último beijo.
Um estremeção sacudiu o corpo daquele valente. Urna golfada de sangue esguichou-lhe da boca, molhando o rosto e as vestes da sua bem amada. Os seus olhos abriram-se desmesuradamente e fixaram o infinito, já sem ver.
Morrera Nelson Montgomery.
Jane gritou com todas as suas forças e perdeu os sentidos. Clara Montgomery murmurou com ternura:
— Adeus, meu filho. Que lá no céu tenhas o descanso que nunca tiveste cá na terra...
Um soluço interrompeu-lhe a voz e duas lágrimas cálidas apareceram-lhe finalmente, grossas e deslizantes. Ambas caíram nas faces de seu filho.
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