Enquanto Hunt se afastava da sua esquadra, dois homens observavam-no na sombra, de uma ruela escura..
— Reparaste Chuck? — dizia um deles. — Deixou a rapariga ali fechada. Metemos a pobre num bom sarilho.
— E vamos agora preocupar-nos por isso? — respondeu o companheiro.
— Não gosto que inocentes paguem as culpas de outros. Isso foi o que nos aconteceu e tiveram-nos presos durante muito tempo.
— Bah! É uma mulher e todas as mulheres têm habilidade suficiente para se escapar das mãos de juiz. Ela culpar-nos-á a nós. Acreditarão nela e, antes de amanhecer, já estará de novo na rua.
Johnnie Alston negou, sem se deixar convencer.
— Esses bandidos procurarão uma vítima fácil para lhe lançarem as culpas da morte do velhaco do Donally e continuarem a viver dos seus rendimentos.
— Melhor para nós.
— Não me satisfaz — respondeu Johnnie Alston, olhando para o irmão, com um certo desdém. — Não pretendo ocultar a minha vingança nem necessito que uma pobre mulher sofra as culpas de uma morte que não cometeu.
— Vais dizer isso ao xerife? — Chuck olhou para ele, com um sorriso de troça.
— Não, mas sinto-me na obrigação de tirar essa infeliz do sarilho em que a metemos. Ou dar-se-á o caso que vamos tornar-nos tão canalhas corno foram todos eles?
Chuck Alston olhou para irmão, como se não compreendesse a sua atitude e acabou por encolher os ombros.
— Corno quiseres — acabou por aceder. — Como quiseres. Ao fim e ao cabo, já estamos demasiado afundados com as mortes de Jansen e Donally. Que poderá acontecer? Que em vez de nos pendurarem uma vez, nos pendurem três?
E riu de boa vontade, como se ficasse satisfeito com o que acabava de dizer.
Johnnie Alston continuava a olhar para o sítio onde o xerife Hunt acabava de desaparecer. Pegou no seu revólver e examinou-o cuidadosamente, como se quisesse comprovar o seu funcionamento e o estado da sua carga. Chuck, observando-o, decidiu fazer o mesmo.
— Vamos já? — disse para o irmão, ao notar que hesitava.
— Sim; mas é preciso evitar derramar sangue. Compreendeste?
— Tentarei ter isso em conta — concordou Chuck. — Mas o que me importa é que o sangue que se derramar não seja o nosso.
— De qualquer maneira, procura ser cauteloso.
Fez-lhe um sinal e ambos os rapazes se encaminharam para o lugar do qual, pouco antes, o xerife Hunt tinha saído. A porta estava encostada e não foi preciso bater para entrar. Chuck ficou a olhar para as paredes, das quais pendiam reproduções de quadros famosos e estampas bem coloridas.
— Um xerife apreciador de arte — comentou, sem deixar de sorrir. — Um grande xerife para uma grande cidade. Tu achas que terá o mesmo gosto para escolher as suas vítimas?
Johnnie não lhe ligava nenhuma importância. Tinha visto uma porta encostada e dirigia-se pana ela para se certificar que ninguém os estava a observar.
No compartimento, um homem estava sentado a uma mesa, a fazer paciências com cartas. Devia ser partidário da solidão; o que levou Chuck a pensar que se tratava de uma pessoa sensata e metódica.
Quando sentiu o ruído da porta a abrir-se, levantou os olhos. Talvez tivesse achado anormal o facto de dois desconhecidos entrarem sem bater à porta, pois tentou pegar no revólver.
Chuck Alston não gostou da recepção e por isso antecipou-se ao ocupante da sala e apontou-lhe o seu «45» de tiro rápido que era o pedestal onde descansava a sua fé e a sua força.
— Não é correcta uma recepção ruidosa a dois forasteiros -- disse-lhe, como aviso. — Nem sequer traz qualquer proveito. Incomodamos?
— Quem são vocês e que vêm aqui fazer? — perguntou Sterling receoso, porque a sua intuição lhe dizia que tinha de se enfrentar com dois figurões de respeito.
— Viemos cumprimentar uma certa rapariga.
Mas Johnnie, menos explícito e mais prático, expressou-se sem rodeios.
— Necessitamos de ver a jovem que entrou aqui há uns minutos.
— A menina Foster?
— A rapariga de cabelo negro que estava com Donally na «Belle Sophie» — concretizou o mais novo dos irmãos.
— Está presa. Tereis de aguardar que o xerife volte.
— Lamentamos — interveio Chuck sem deixar de apontar o ajudante de Peter Hunt. — Não podemos esperar tanto tempo. Está a perceber?
Sterling ficou imóvel, tentando ganhar tempo. Sem dúvida, os Alston não eram da mesma opinião.
— Vais tirar essa rapariga da cela? — disse Johnnie, impacientemente. — Sim ou não?
— Está acusada de ter assassinado Donally — tentou justificar-se o ajudante de Hunt.
— Não é verdade — negou o próprio Johnnie. — Fomos nós que matámos Donally.
— Quem sois vós? — perguntou Sterling, surpreendido.
Chuck respondeu pelos dois:
— Eu sou Chuck Alston e este é o meu irmão Johnnie. Sterling olhou-os, desconcertado.
— Estão dispostos a repetir isso mesmo, diante do xerife? — perguntou.
— De modo nenhum — adiantou-se Chuck. — Não viemos para fazer uma troca, mas para que não se cometa urna injustiça com uma rapariga que nada tem a ver com o buraco por onde se escapou a asquerosa vida de Donally.
— Mas eu...
— Já perdemos demasiado tempo, amigo — disse Johnnie, puxando, por sua vez, pelo seu revólver para o apontar ao carcereiro. — Vou contar até cinco. Um... Dois...
— Bem, bem — suspirou Sterling, apercebendo-se, pela frieza daquele olhar, que tinha de se entender com dois indivíduos dispostos a tudo. — Libertarei a rapariga, agora mesmo.
Dirigiu se para um corredor que havia atrás de si e afastou-se, sempre seguido pelos dois homens. No fundo, atrás de umas grades, via-se a figura assustada de Sally Foster. Esta olhava, com assombro, para os dois homens que seguiam o carcereiro, reconhecendo aqueles que tinham saltado pela janela do escritório de Donally.
Sterling abriu a porta e desviou-se para um lado.
— Sai daí — disse, simplesmente.
— Pode sair tranquila, menina — sorriu-lhe Johnnie, amável. — Não iríamos consentir que a culpassem de uma acção que não praticou. Já está livre.
— Vocês? — balbuciou Sally, desconcertada.
— Não nos esquecemos de si - interveio Chuck. — Bem o pode verificar. Johnnie é um teimoso e empenhou-se em não sair de Tucson, sem ter a certeza de que não iam aborrecê-la.
— Obrigada — sorriu-lhes com simpatia. — Não só poris to, mas também pelo que se passou no «La Belle Sofphie» .
Sterling tinha-se apoiado à grade e parecia sorrir, satisfeito por aquele desenlace; mas,disfarçadamente, a sua mão direita ia descendo até junto do coldre. Os dedos roçaram a culatra do revólver. Agarrou-o com força e puxou com rapidez.
O dedo não chegou a crispar-se sobre o gatilho. Uma fracção de segundo antes, Chuck Alston tinha-se apercebido dos seus intentos e disparou com tanta precisão que Sterling já estava morto antes de o seu corpo cair sobre o soalho.
Sally abafou um pequeno grito e retrocedeu para se apoiar à parede.
— Imbecil! — exclamou Chuck, guardando de novo o revólver. — Obrigaste-me sem eu o desejar!
— Fizeste mal — reprovou-o Johnnie, pegando, na rapariga por um braço para a obrigar a sair dali. — Vamos embora, já.
— Que pretendem fazer agora? — balbuciou ela, aturdida pela rapidez dos acontecimentos.
— Tem de se ir embora imediatamente! — ordenou-lho o mais novo dos Alston. — Se ficar aqui, vai-se ver em apuros!
— Mas…
Sem atenderem às suas razões, obrigaram-na a sair dali. No exterior, a escuridão era quase absoluta; mas, de um lugar próximo, chegavam algumas pessoas atraídas pela detonação.
Começaram a correr em direcção contrária, até desaparecerem nas sombras de uma ruela.
— Não podem obrigar-me a fugir! — Sally tentou resistir.
— E deixará que a prendam de novo? Sabe o que a espera quando encontrarem a cela vazia e o cadáver do guarda! É um representante da Lei e nada a livrará de uma condenação muito dura.
— Não poderão acreditar que fui eu!
— Não? — E Johnnie Alston sorriu, compassivo. A única pessoa que podia testemunhar que você não matou Donaily morreu há uns momentos. Encontrarão o corpo dele e as deduções acusá-la-ão a si. Se a voltarem a prender, tentará defender-se, lançando as culpas para cima de nós, pela segunda vez. E rir-se-ão de si. Julgarão que você convenceu Sterling a deixá-la sair e que depois o matou.
Sally guardou silêncio, profundamente abatida. Sentia-se incapaz de se defender, pois os acontecimentos eram superiores às suas forças. Tinha confiado nestas, e agora notava que não era senão um joguete daquele vento que pairava sobre a cidade.
— Tenho de avisar Rod — disse, enquanto corriam para os arredores. — É meu irmão e está acusado por Donally. Irão prendê-lo em seguida e culpá-lo-ão de tudo o que sucedeu agora. Rod está doente e encontra-se sob os efeitos de uma intensa desmoralização. Eu decidi ajudá-lo.
— Está longe daqui?
— Não, temos de nos desviar para a direita. Antes de dois minutos, estaremos lá.
— Está bem — acedeu Johnnie Alston. — Acompanhá-la-emos.
— Não estaremos a meter-nos numa ratoeira, Johnnie? — receou Chuck. — Creio que estamos a levar esta brincadeira demasiado longe.
— Têm de se fazer as coisas bem feitas, ou não as fazer — foi a desconcertante resposta do irmão.
Chuck voltou-se para se certificar de que não os seguiam e encolheu os ombros, acabando por seguir o piar.
Uns minutos mais tarde, chegavam à frente de uma casa que formava grupo com outras três construções de pequena altura. Sally abriu a porta e, antes de entrar, voltou-se para os que a seguiam.
— Tenho medo — murmurou, a tremer. — Julgava-me uma mulher valente e agora convenço-me de que não sou.
— Não tenha medo — tranquilizou-a Johnnie. — Tudo correrá bem.
Entraram em casa. Estava em silêncio e apenas um candeeiro, que pendia de uma das paredes, lançava uma débil luz na 'primeira divisão.
— Rod! — chamou Sally, sem levantar demasiado a voz. — Rod! Estou aqui!
O silêncio que ali reinava não foi perturbado por qualquer resposta.
— É estranho — disse Sally, olhando para todos os sítios. — Talvez se tenha deitado.
Ela pegou no candeeiro de petróleo e dirigiu-se para urna porta contígua. Johnnie e Chuck seguiram-na. A rapariga entrou no segundo quarto e, mal o fez, um grito de horror saiu da sua garganta.
Johnnie Alston correu para ela e amparou-a, enquanto pegava no candeeiro. No mesmo instante deu conta do motivo que provocara o grito de Sally Foster.
No meio do quarto e pendurado de uma das vigas, o corpo de um homem jovem balançava com os pés, a menos de um palmo do chão.
— Reparaste Chuck? — dizia um deles. — Deixou a rapariga ali fechada. Metemos a pobre num bom sarilho.
— E vamos agora preocupar-nos por isso? — respondeu o companheiro.
— Não gosto que inocentes paguem as culpas de outros. Isso foi o que nos aconteceu e tiveram-nos presos durante muito tempo.
— Bah! É uma mulher e todas as mulheres têm habilidade suficiente para se escapar das mãos de juiz. Ela culpar-nos-á a nós. Acreditarão nela e, antes de amanhecer, já estará de novo na rua.
Johnnie Alston negou, sem se deixar convencer.
— Esses bandidos procurarão uma vítima fácil para lhe lançarem as culpas da morte do velhaco do Donally e continuarem a viver dos seus rendimentos.
— Melhor para nós.
— Não me satisfaz — respondeu Johnnie Alston, olhando para o irmão, com um certo desdém. — Não pretendo ocultar a minha vingança nem necessito que uma pobre mulher sofra as culpas de uma morte que não cometeu.
— Vais dizer isso ao xerife? — Chuck olhou para ele, com um sorriso de troça.
— Não, mas sinto-me na obrigação de tirar essa infeliz do sarilho em que a metemos. Ou dar-se-á o caso que vamos tornar-nos tão canalhas corno foram todos eles?
Chuck Alston olhou para irmão, como se não compreendesse a sua atitude e acabou por encolher os ombros.
— Corno quiseres — acabou por aceder. — Como quiseres. Ao fim e ao cabo, já estamos demasiado afundados com as mortes de Jansen e Donally. Que poderá acontecer? Que em vez de nos pendurarem uma vez, nos pendurem três?
E riu de boa vontade, como se ficasse satisfeito com o que acabava de dizer.
Johnnie Alston continuava a olhar para o sítio onde o xerife Hunt acabava de desaparecer. Pegou no seu revólver e examinou-o cuidadosamente, como se quisesse comprovar o seu funcionamento e o estado da sua carga. Chuck, observando-o, decidiu fazer o mesmo.
— Vamos já? — disse para o irmão, ao notar que hesitava.
— Sim; mas é preciso evitar derramar sangue. Compreendeste?
— Tentarei ter isso em conta — concordou Chuck. — Mas o que me importa é que o sangue que se derramar não seja o nosso.
— De qualquer maneira, procura ser cauteloso.
Fez-lhe um sinal e ambos os rapazes se encaminharam para o lugar do qual, pouco antes, o xerife Hunt tinha saído. A porta estava encostada e não foi preciso bater para entrar. Chuck ficou a olhar para as paredes, das quais pendiam reproduções de quadros famosos e estampas bem coloridas.
— Um xerife apreciador de arte — comentou, sem deixar de sorrir. — Um grande xerife para uma grande cidade. Tu achas que terá o mesmo gosto para escolher as suas vítimas?
Johnnie não lhe ligava nenhuma importância. Tinha visto uma porta encostada e dirigia-se pana ela para se certificar que ninguém os estava a observar.
No compartimento, um homem estava sentado a uma mesa, a fazer paciências com cartas. Devia ser partidário da solidão; o que levou Chuck a pensar que se tratava de uma pessoa sensata e metódica.
Quando sentiu o ruído da porta a abrir-se, levantou os olhos. Talvez tivesse achado anormal o facto de dois desconhecidos entrarem sem bater à porta, pois tentou pegar no revólver.
Chuck Alston não gostou da recepção e por isso antecipou-se ao ocupante da sala e apontou-lhe o seu «45» de tiro rápido que era o pedestal onde descansava a sua fé e a sua força.
— Não é correcta uma recepção ruidosa a dois forasteiros -- disse-lhe, como aviso. — Nem sequer traz qualquer proveito. Incomodamos?
— Quem são vocês e que vêm aqui fazer? — perguntou Sterling receoso, porque a sua intuição lhe dizia que tinha de se enfrentar com dois figurões de respeito.
— Viemos cumprimentar uma certa rapariga.
Mas Johnnie, menos explícito e mais prático, expressou-se sem rodeios.
— Necessitamos de ver a jovem que entrou aqui há uns minutos.
— A menina Foster?
— A rapariga de cabelo negro que estava com Donally na «Belle Sophie» — concretizou o mais novo dos irmãos.
— Está presa. Tereis de aguardar que o xerife volte.
— Lamentamos — interveio Chuck sem deixar de apontar o ajudante de Peter Hunt. — Não podemos esperar tanto tempo. Está a perceber?
Sterling ficou imóvel, tentando ganhar tempo. Sem dúvida, os Alston não eram da mesma opinião.
— Vais tirar essa rapariga da cela? — disse Johnnie, impacientemente. — Sim ou não?
— Está acusada de ter assassinado Donally — tentou justificar-se o ajudante de Hunt.
— Não é verdade — negou o próprio Johnnie. — Fomos nós que matámos Donally.
— Quem sois vós? — perguntou Sterling, surpreendido.
Chuck respondeu pelos dois:
— Eu sou Chuck Alston e este é o meu irmão Johnnie. Sterling olhou-os, desconcertado.
— Estão dispostos a repetir isso mesmo, diante do xerife? — perguntou.
— De modo nenhum — adiantou-se Chuck. — Não viemos para fazer uma troca, mas para que não se cometa urna injustiça com uma rapariga que nada tem a ver com o buraco por onde se escapou a asquerosa vida de Donally.
— Mas eu...
— Já perdemos demasiado tempo, amigo — disse Johnnie, puxando, por sua vez, pelo seu revólver para o apontar ao carcereiro. — Vou contar até cinco. Um... Dois...
— Bem, bem — suspirou Sterling, apercebendo-se, pela frieza daquele olhar, que tinha de se entender com dois indivíduos dispostos a tudo. — Libertarei a rapariga, agora mesmo.
Dirigiu se para um corredor que havia atrás de si e afastou-se, sempre seguido pelos dois homens. No fundo, atrás de umas grades, via-se a figura assustada de Sally Foster. Esta olhava, com assombro, para os dois homens que seguiam o carcereiro, reconhecendo aqueles que tinham saltado pela janela do escritório de Donally.
Sterling abriu a porta e desviou-se para um lado.
— Sai daí — disse, simplesmente.
— Pode sair tranquila, menina — sorriu-lhe Johnnie, amável. — Não iríamos consentir que a culpassem de uma acção que não praticou. Já está livre.
— Vocês? — balbuciou Sally, desconcertada.
— Não nos esquecemos de si - interveio Chuck. — Bem o pode verificar. Johnnie é um teimoso e empenhou-se em não sair de Tucson, sem ter a certeza de que não iam aborrecê-la.
— Obrigada — sorriu-lhes com simpatia. — Não só poris to, mas também pelo que se passou no «La Belle Sofphie» .
Sterling tinha-se apoiado à grade e parecia sorrir, satisfeito por aquele desenlace; mas,disfarçadamente, a sua mão direita ia descendo até junto do coldre. Os dedos roçaram a culatra do revólver. Agarrou-o com força e puxou com rapidez.
O dedo não chegou a crispar-se sobre o gatilho. Uma fracção de segundo antes, Chuck Alston tinha-se apercebido dos seus intentos e disparou com tanta precisão que Sterling já estava morto antes de o seu corpo cair sobre o soalho.
Sally abafou um pequeno grito e retrocedeu para se apoiar à parede.
— Imbecil! — exclamou Chuck, guardando de novo o revólver. — Obrigaste-me sem eu o desejar!
— Fizeste mal — reprovou-o Johnnie, pegando, na rapariga por um braço para a obrigar a sair dali. — Vamos embora, já.
— Que pretendem fazer agora? — balbuciou ela, aturdida pela rapidez dos acontecimentos.
— Tem de se ir embora imediatamente! — ordenou-lho o mais novo dos Alston. — Se ficar aqui, vai-se ver em apuros!
— Mas…
Sem atenderem às suas razões, obrigaram-na a sair dali. No exterior, a escuridão era quase absoluta; mas, de um lugar próximo, chegavam algumas pessoas atraídas pela detonação.
Começaram a correr em direcção contrária, até desaparecerem nas sombras de uma ruela.
— Não podem obrigar-me a fugir! — Sally tentou resistir.
— E deixará que a prendam de novo? Sabe o que a espera quando encontrarem a cela vazia e o cadáver do guarda! É um representante da Lei e nada a livrará de uma condenação muito dura.
— Não poderão acreditar que fui eu!
— Não? — E Johnnie Alston sorriu, compassivo. A única pessoa que podia testemunhar que você não matou Donaily morreu há uns momentos. Encontrarão o corpo dele e as deduções acusá-la-ão a si. Se a voltarem a prender, tentará defender-se, lançando as culpas para cima de nós, pela segunda vez. E rir-se-ão de si. Julgarão que você convenceu Sterling a deixá-la sair e que depois o matou.
Sally guardou silêncio, profundamente abatida. Sentia-se incapaz de se defender, pois os acontecimentos eram superiores às suas forças. Tinha confiado nestas, e agora notava que não era senão um joguete daquele vento que pairava sobre a cidade.
— Tenho de avisar Rod — disse, enquanto corriam para os arredores. — É meu irmão e está acusado por Donally. Irão prendê-lo em seguida e culpá-lo-ão de tudo o que sucedeu agora. Rod está doente e encontra-se sob os efeitos de uma intensa desmoralização. Eu decidi ajudá-lo.
— Está longe daqui?
— Não, temos de nos desviar para a direita. Antes de dois minutos, estaremos lá.
— Está bem — acedeu Johnnie Alston. — Acompanhá-la-emos.
— Não estaremos a meter-nos numa ratoeira, Johnnie? — receou Chuck. — Creio que estamos a levar esta brincadeira demasiado longe.
— Têm de se fazer as coisas bem feitas, ou não as fazer — foi a desconcertante resposta do irmão.
Chuck voltou-se para se certificar de que não os seguiam e encolheu os ombros, acabando por seguir o piar.
Uns minutos mais tarde, chegavam à frente de uma casa que formava grupo com outras três construções de pequena altura. Sally abriu a porta e, antes de entrar, voltou-se para os que a seguiam.
— Tenho medo — murmurou, a tremer. — Julgava-me uma mulher valente e agora convenço-me de que não sou.
— Não tenha medo — tranquilizou-a Johnnie. — Tudo correrá bem.
Entraram em casa. Estava em silêncio e apenas um candeeiro, que pendia de uma das paredes, lançava uma débil luz na 'primeira divisão.
— Rod! — chamou Sally, sem levantar demasiado a voz. — Rod! Estou aqui!
O silêncio que ali reinava não foi perturbado por qualquer resposta.
— É estranho — disse Sally, olhando para todos os sítios. — Talvez se tenha deitado.
Ela pegou no candeeiro de petróleo e dirigiu-se para urna porta contígua. Johnnie e Chuck seguiram-na. A rapariga entrou no segundo quarto e, mal o fez, um grito de horror saiu da sua garganta.
Johnnie Alston correu para ela e amparou-a, enquanto pegava no candeeiro. No mesmo instante deu conta do motivo que provocara o grito de Sally Foster.
No meio do quarto e pendurado de uma das vigas, o corpo de um homem jovem balançava com os pés, a menos de um palmo do chão.
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