Num gesto de desalento, Sinclair Edison pôs de lado o jornal. Aquela edição de «El Paso», como as de todos os jornais ao Norte da fronteira, falava do caso: «Poker Negro» era uma personagem célebre nas crónicas sensacionalistas. Alcançara já três dos seus objectivos: Randolph Adams, David Marsh, Eli Cripton... Apenas faltava um: ele próprio.
— Queres que te sirva já o pequeno !almoço, meu querido Sinclair — perguntou Cara, com a sua voz sedosa e calma.
— Não, Cora minha vida. Hoje não tenho apetite.
-- Pode saber-se o que se passa contigo? — disse ela, aparecendo à porta. Pequena, grácil, tão forte como ele e muito mais enérgica. — Há uns dias que andas muito enfastiado.
— Ora, não é nada. Nada, querida. Talvez ande um pouco deprimido.
Cora Edison olhou de soslaio para a mesa. Notou a presença do jornal norte-americano e os seus olhos nublaram-se imediatamente, e, sem dizer nada, voltou para a cozinha.
Edison ficou de novo só, na modesta sala, pintada de cores claras: Pela janela aberta, o sol do México entrava em catadupas.
Estava um dia alegre, calmo e apetecível. Mas não para ele. Aquela notícia turvara-lhe toda a alegria. Também Cripton... Três já estavam... Faltava um só ás no jogo... para se completar o «poker» fúnebre. Esse ás que faltava era o seu. Edison sorriu com amargura. Alex Brampton parecia ter-lhe reservado o pior de todos eles: o de espadas, negro e sinistro, símbolo de morte para todos os jogadores supersticiosos. O naipe trágico da negra sorte.
Sentiu um calafrio, apesar do calor do dia. Pôs-se de pé, avançou coxeando ligeiramente até à janela e cerrou as vidraças, deixando-as encostadas. Não queria que sua mulher ouvisse correr os trincos. Alarmar-se-ia.
— E as crianças, Cora? — perguntou, já depois de se ter sentado novamente.
--- Foram para o colégio há mais de uma hora, querido — respondeu-lhe a esposa. Ainda estavas a dormir quando te beijaram à saída.
Edison sorriu. Os seus filhos! Cora e Mike..: Por eles era capaz de tudo. Até de matar Alex Brampton se fosse preciso. Mas não, por esse preço não compraria a sua felicidade, nem a deles. Matar era algo horrível... Sabia-o bem desde havia onze anos. Desde que manipulara um baralho de cartas, com a sua antiga peculiar habilidade, dispondo uma jogada falsa, quatro ases nas mãos de Garry Brampton.
Isso provocara primeiro, uma morte... e, muitos anos depois, várias outras. Um destino, sangrento, ligodo àquela partida funesta, ia acumulando jogadas de sangue e ódio, sem se preocupar com as distâncias, nem com o tempo. Sabia perfeitamente que já não estava em segurança, nem sequer ali, a Sul da fronteira mexicana, em Madalena, um pacífico lugarejo sem conflitos nem violências.
Tal como antes, em Cheyenne, Canyonville ou São Francisco, a morte chegaria também a Madalena, estado de Sonora. Isso aconteceria mais tarde ou mais cedo.
Sinclair Edison nada fazia para o impedir. Absolutamente nada. Não voltaria a fugir, não tornaria a esconder-se do destino. Esperaria ali. Aguardaria o final, que acabaria por chegar um dia.
— Queres que te sirva já o pequeno !almoço, meu querido Sinclair — perguntou Cara, com a sua voz sedosa e calma.
— Não, Cora minha vida. Hoje não tenho apetite.
-- Pode saber-se o que se passa contigo? — disse ela, aparecendo à porta. Pequena, grácil, tão forte como ele e muito mais enérgica. — Há uns dias que andas muito enfastiado.
— Ora, não é nada. Nada, querida. Talvez ande um pouco deprimido.
Cora Edison olhou de soslaio para a mesa. Notou a presença do jornal norte-americano e os seus olhos nublaram-se imediatamente, e, sem dizer nada, voltou para a cozinha.
Edison ficou de novo só, na modesta sala, pintada de cores claras: Pela janela aberta, o sol do México entrava em catadupas.
Estava um dia alegre, calmo e apetecível. Mas não para ele. Aquela notícia turvara-lhe toda a alegria. Também Cripton... Três já estavam... Faltava um só ás no jogo... para se completar o «poker» fúnebre. Esse ás que faltava era o seu. Edison sorriu com amargura. Alex Brampton parecia ter-lhe reservado o pior de todos eles: o de espadas, negro e sinistro, símbolo de morte para todos os jogadores supersticiosos. O naipe trágico da negra sorte.
Sentiu um calafrio, apesar do calor do dia. Pôs-se de pé, avançou coxeando ligeiramente até à janela e cerrou as vidraças, deixando-as encostadas. Não queria que sua mulher ouvisse correr os trincos. Alarmar-se-ia.
— E as crianças, Cora? — perguntou, já depois de se ter sentado novamente.
--- Foram para o colégio há mais de uma hora, querido — respondeu-lhe a esposa. Ainda estavas a dormir quando te beijaram à saída.
Edison sorriu. Os seus filhos! Cora e Mike..: Por eles era capaz de tudo. Até de matar Alex Brampton se fosse preciso. Mas não, por esse preço não compraria a sua felicidade, nem a deles. Matar era algo horrível... Sabia-o bem desde havia onze anos. Desde que manipulara um baralho de cartas, com a sua antiga peculiar habilidade, dispondo uma jogada falsa, quatro ases nas mãos de Garry Brampton.
Isso provocara primeiro, uma morte... e, muitos anos depois, várias outras. Um destino, sangrento, ligodo àquela partida funesta, ia acumulando jogadas de sangue e ódio, sem se preocupar com as distâncias, nem com o tempo. Sabia perfeitamente que já não estava em segurança, nem sequer ali, a Sul da fronteira mexicana, em Madalena, um pacífico lugarejo sem conflitos nem violências.
Tal como antes, em Cheyenne, Canyonville ou São Francisco, a morte chegaria também a Madalena, estado de Sonora. Isso aconteceria mais tarde ou mais cedo.
Sinclair Edison nada fazia para o impedir. Absolutamente nada. Não voltaria a fugir, não tornaria a esconder-se do destino. Esperaria ali. Aguardaria o final, que acabaria por chegar um dia.
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