— Pobre pequena, como deves ter sofrido! Mereces que dedique a minha vida inteira a fazer de ti tudo aquilo com que sempre sonhaste. Nada receies, pensarei também em devolver esse dinheiro um dia,
Ana contemplou-o esperançada, um pouca atónita como se estivesse vendo na sua frente um homem completamente novo. E mesmo James, um bandido ainda adolescente que acompanhava Palmer, abriu os olhos que pareciam dois grandes ovos estrelados.
-- Oh! William! Se isso fosse certo!...
-- Pode ser que o seja, pequena. Deixa-me pensar durante a noite e amanhã decidirei. Porém, agora deves ir-te deitar, porque as últimas emoções te devem ter deixado desfeita. Olha, aqui tens o teu leito, tal qual o deixaste esta manhã. Podes colocar as cortinas e despir-te sem receio.
Ana estendeu a mão, estreitando com força a que o pistoleiro tinha livre.
— Oh! William! Se eu soubesse que é verdade que pensas devolver esse dinheiro!... Eu... eu mesma me encarregaria de o fazer...
— Vou pensar nisso, pequena. Prometo-te que pensarei. Agora, a única coisa que deves fazer é ir dormir tranquila.
Ana sorriu, colocando as cortinas na posição desejada e escondendo-se por detrás delas. Antes, porém, que o tivesse feito completamente, Palmer dirigiu-lhe um sorriso.
— Ana...
— Que é?
— Amo-te!
A rapariga, confusa, não respondeu, embora soubesse que já não podia amar Palmer. Porém, as suas palavras denotavam uma mudança tão grande nele que temia ser injusta e estava perplexa e um pouco envergonhada. Rapidamente, tentando ocultar a sua perturbação, escondeu-se lesta por detrás das cortinas.
O seu contorno era claramente visível do exterior. William Palmer, com um frio sorriso, tirou o seu revólver, com a mão sã, armou-o em silêncio e apontou para o vulto que por detrás da cortina se revelava. Àquela distância e em tais condições não podia falhar.
(Coleção Bisonte, nº 61)
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