Stan Davies olhou, dececionado, para o filho, que era o homem que o acomopanhava e até então se mantivera numa expetativa silenciosa. Depois olhou para Glória. Esta continuava de pé, com os braços cruzados, as costas apoiadas À janela.
- Tu também não queres ir, pequena?
Glória Kane abanou a cabeça, negativamente, com um ar aborrecido. Aquela conversa parecia enfastiá-la.
- Lamentável… - continuou Davies. – Na verdade, eu e meu filho tínhamos alimentado muitas ilusões. Ele pensava que tu… Bem, eu tinha imaginado que, com o andar do tempo, vocês poderiam formar um lar que mais tarde nos serviria de refúgio, a teu pai e a mim… Não podes calcular o desgosto que me dás, rapariga. Creio que Markus sentirá o mesmo… Ou não haverá entre vocês nada do que tinha pensado?~
- E que era o que você pensava, Stan?... perguntou Glória, desdenhosa, mudando o peso do corpo para o outro pé.
Markus Davies agitou-se inquieto, mas continuou calado.
- Pensei… - titubeou o barbudo. – Como são ambos novos… e vi que Markus vinha várias vezes a esta casa… Sim… cheguei a pensar se seriam noivos… e na possibilidade de virem a casar-se.
O riso da rapariga soou aos ouvidos dos dois visitantes. A barba de Stan Davis tremeu, enquanto ele murmurava, entre dentes, palavras ininteligíveis. Por seu lado, o rapaz continuou na mesma atitude contrariada e desdenhosa. O que ali estavam a tratar, parecia não lhe dizer respeito.
- Não há nada disso velhote. O meu coração está livre, não pertence ainda a qualquer homem.
Só então Markus Davis pareceu reagir. Cerrou os dentes e apertou os punhos, com raiva. Sabia que Glória não estava a ser sincera, que amava desvairadamente um «Ranger», um batedor, embora não fosse correspondida por ele. Era um homem chamado Forrester, Milton Forrester, para ser mais exato. Nem Davis nem Kane conheciam aquela paixão, mas ele, Markus, conhecia-a. Glória, naquele momento, estava em condições de troçar, mas algum dia havia de arrepender-se. Tarde ou cedo Milton Forrester se atravessaria no seu caminho e um deles deixaria este mundo. Na verdade, este mundo era pequeno demais para ambos.
- A nenhum, Glória?... – pensou ele, em voz alta.
(Coleção Arizona, nº 68)
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