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Burk tinha o propósito de fazer mais perguntas à rapariga, evitando sempre a verdadeira e trágica questão da sua próxima morte, mas a partir deste momento não podia continuar a aparentar tão grande frieza. Uma espécie de estremecimento o percorreu e algo em todo o seu ser vibrou como uma sacudidela. O seu sangue, a sua pele, os seus músculos acusaram a presença de Ana. Acercou-se dela e pousou uma das mãos sobre os seus cabelos, sentindo como os seus dedos tremiam ao conter o desejo de abraçá-la.
— Mas porque fizeste isto, Ana? Qual a razão?
Ele sorriu de um modo triste e distante como se estivesse morto.
— Talvez que o não tivesse feito se o tivesse conhecido a si antes, senhor. Porém Palmer foi o primeiro homem que jogou a vida por mim e que me arrancou das mãos daqueles miseráveis e isso não posso esquecê-lo. Compreendo agora que não sou mais do que uma pobre louca, senhor, e aqueles homens tinham razão ao acusar-me.
A mão de Burkam fechou-se sobre a cabeça de Ana como uma garra. Não pôde evitá-lo. Sentia o latejar do seu próprio sangue na ponta dos dedos, como se fosse um formigueiro. Pensou que estaria a magoar Ana, mas, no entanto, esta não se moveu.
— Estás a viver com Palmer?
— Passei uma noite entre ele e os seus homens, mas todos se comportaram muito respeitosamente para comigo.
E onde passaram essa noite? Poderias levar--nos até lá?
— Têm um esconderijo muito bem escolhido.
— Deve ser isso, pois que algumas patrulhas de exploração já voltaram sem ter encontrado qualquer pista. Mas se tu nos guiares até ali, salvas a tua vida, pequena. Serás perdoada e talvez se possa recuperar o dinheiro.
A rapariga suspirou lentamente.
— Duvido que me seja possível voltar até lá. E, demais, Palmer e os seus homens estarão certamente preparados. Meia povoação morrerá se alguém se acercar do seu refúgio.
— Isso agora não importa. Diz-me somente onde fica e eu irei só.
(Coleção Bisonte, nº 61)
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