sábado, 11 de agosto de 2018

CLF030.05 A tragédia

— Temos que nos separar. Unidos, mais cedo ou mais tarde, cairemos em poder dos soldados.
Três rostos encalorados, inquietos e decididos rodearam Shady Dolan enquanto este expunha as suas razões. Diante deles, o mato selvagem ondulava ao vento; mais adiante, perdia-se a trilha prateada dum rio. Ao longe, atrás deles, ouvia-se o ruído surdo do tropel de cavalos.
—É uma decisão acertada — admitiu Crooks. — Separamo-nos aqui.
— Combinado — concordou Mason que estava muito pálido se agitava nervosamente sobre a sela. Apertava uma mão crispada contra o ombro donde escorria um pequeno filete de sangue. Indagou, vacilante: —E quando nos reunimos?
—Nada se pode garantir, neste género de coisas — replicou duramente Crooks, que perscrutava com os olhos brilhantes, as trevas que os rodeavam. — Mas, apesar disso, proponho, Coffeyville.
— Coffeyville? — repetiu inexpressivamente Dolan.
— Coffeyville? —insistiu Lyman, com uma nota de nervosismo na voz.
— Sim. Reunimo-nos lá. O lugar, já sabem qual é. O dia quem saberá? Você, Dolan, se chegar vivo a Coffeyville, dirija-se ao armazém de Dodds. Ali o conduzirão até nós.
— Isso quer dizer que me consideram como um dos vossos? sorriu Shady.
— Bem o merece — disse Lyman impulsivamente.
— Sim. Foi merecido, amigo — acrescentou Crooks. — Na nossa tarefa, cabe sempre mais um, se ele for inteligente, decidido e corajoso. Ver-nos-emos em Coffeyville. Espero que seja antes de duas semanas. Caso contrário, isso significará que algo de anormal nos sucedeu, não é verdade?
— Acho que sim... — Dolan atalhou, apurando o ouvido. — Estão a escutar. Estão próximo de nós. Possivelmente já nos localizaram. Teremos que atravessar na parte mais perigosa. É a última chance que nos resta.
Crooks olhou Dolan com apreensão.
— Você conhece este território muito bem, Shady?
— Assim, assim... — Dolan encolheu os ombros, rindo-se. — Já viajei muito... Percorri todos os cantos ao país, de Norte a Sul, de. Este a Oeste. Temos que conhecer muito bem o terreno que pisamos, se desejamos salvar-nos das perseguições. Adeus, amigo!
— Até Cofféyville... se lá chegarmos — despediu-se Crooks, levantando o braço.
— Chegaremos — foi a promessa firme do alto cavaleiro californiano.
Depois, esporou o cavalo. Perdeu-se nas sombras, sem produzir qualquer ruído, e desapareceu nas ervas. Os três homens ficaram sós, próximo do rio, vendo o forasteiro a afastar-se até se extinguir, na direção do rio.
— Bom, agora é a nossa vez — disse Lyman roucamente.
— Sim, chegou a hora — afirmou Crooks asperamente.
A lividez da madrugada surpreendeu Dolan dormindo. Despertou, irritado consigo mesmo, por se ter deixado vencer pelo sono, o cansaço e nervosismo. Esfregou os olhos energicamente, levantou à cabeça, e olhou pensativamente o horizonte coberto de ervas verdes, planícies cinzentas e agrestes, braços de água turva.
Tinha tirado a jaqueta azul, conservando somente as calças, a camisa, e o gorro com as insígnias da União. Sorriu para si próprio, ao pensar que era um fugitivo da União, vestindo o uniforme dos seus perseguidores, e sendo na realidade um agente ao serviço dessa mesma causa que agora pretendia combater.
Não distinguiu qualquer vestígio dos seus perseguidores, nem de qualquer ente vivo. Parecia solucionado o seu problema e indagou a si próprio se o mesmo teria sucedido a Mason, Lyman e Crooks.
Examinou o revólver. Possuía aquela arma, seis balas e um cavalo marcado com as letras do Exército: eram os utensílios que o levariam até Coffeyville. Naturalmente, se realmente desejasse atingir a cidade fronteiriça com Oklahoma, teria que se utilizar desses objetos como salvo-conduto.
Por outro lado, pensou, também é lógico que os perseguidores procurem fugitivos com o uniforme da União. Isso complicava o problema. Tinha passado a noite galopando, procurando esconderijos, atalhos, veredas, de modo que o seu rosto não pudesse ser descoberto com facilidade. Tinha triunfado, e pelo menos, por enquanto não havia a sombra eminente de perigo. Quanto tempo duraria essa situação? Seria fugaz ou temporária? Dolan passou a mão sobre a face áspera da barba. Isso ainda teria que esperar.
Regressou para o cavalo, que pastava pacificamente entre as rochas que lhe tinham servido de esconderijo. Montou e principiou vagarosamente o seu caminho para sueste. Para Coffeyville e tudo o que estaria por detrás deste nome...
Subiu uma vertente inclinada, até atingir o cume. Diante dele, estendiam-se amplas planícies cobertas de ervas que ondulavam suavemente. Algumas nuvens avermelhadas semeavam o céu. Shady perscrutou o céu, e um calafrio percorreu-lhe o corpo. Simultaneamente, os seus olhos cintilaram denunciando aversão e repugnância. Não lhe agradava ver aqueles seres negros, sempre presságios de morte. Se odiava alguma coisa no mundo, era exatamente aquilo: as silhuetas negras traçadas pelas aves demoníacas: Abutres! Abutres e morte... Eram duas palavras sempre unidas, sempre relacionadas. Shady Dolan tinha visto muitas vezes os odiosos animais e invariavelmente por debaixo das suas trajetórias, encontravam cadáveres em decomposição.
Uma ideia súbita acudiu à mente de Shady. Podia fugir, é certo. Podia esporear o cavalo e afastar-se. Mas não hesitou, voltou o cavalo e desceu toda a vertente, a galope. Os cascos do cavalo levantavam o pó como se fosse uma nuvem dourada. A medida que se aproximava do local onde volteavam os abutres, reduziu a velocidade, para evitar possíveis surpresas desagradáveis. No entanto, parecia não haver nenhum perigo emboscado.
Um pouco mais além, próximo dum estreito regato, agitavam-se os abutres. Quando Shady se aproximou, abanando a vegetação e dispersando a água turva do regato, houve um áspero ruído de abanar de asas, e as vorazes aves levantaram voo, afastando-se hostilmente.
Dolan deteve o cavalo, empunhando o revólver com dedos firmes. O percutor do revólver produziu um som seco. Os seus agudos olhos azuis, olharam em redor, procurando algum detalhe suspeito. Tudo continuava aparentemente quieto, tranquilo e deserto.
Não, deserto não, Havia alguém. Alguém que já estivera vivo, e agora ali jazia. Prestes a ser devorado pelas aves. Imóvel e repugnante. Os olhos de Shady Dolan fixaram-se no ombro ensanguentado e na cor azul do uniforme... Exclamou roucamente:
— Ferguson Mason!
Apeou-se e aproximou-se do cadáver. Examinou-o calmamente. Não havia dúvidas. Era Mason, o seu companheiro de fuga, que já sairá ferido do Fort Cooper. Eram vários os disparos que tinham atravessado o peito de Mason. Os orifícios sangrentos das balas ainda eram visíveis.
— Menos um para o encontro em Coffeyville—disse Shady com voz surda, levantando a cabeça.—Por fim apanharam-no...
Já nada se podia fazer por Mason. Ergueu o corpo, montou de novo e afastou-se, lamentando não poder perder algumas horas a sepultar o corpo do infeliz sulista. Quase lamentava aquele trágico final de Mason, apesar de se situarem em campos opostos.
Durante os preparativos da fuga, Dolan chegara a simpatizar com os três fugitivos, Agora, só eram dois.
Iniciou a marcha para Sueste. Tomou um caminho que atravessava as grandes extensões áridas que rodeavam o Arkansa River.
Repentinamente, o cavalo relinchou, diminuindo a marcha. Parecia ter medo de qualquer coisa, receio de continuar. Novamente Dolan apeou-se do cavalo, e caminhou lentamente, com os nervos tensos, apurando os sentidos visíveis e auditivos, procurando os motivos daquele temor instintivo. Os motivos eram evidentes. Estavam corporizados numa figura humana que pendia duma árvore. Como Mason, envergava um traje do Exército da União.
— Lyman — balbuciou Shady. — Céus, pobre rapaz.
O pescoço de Lyman, corroído pela corda, estava violentado. Os ramos da árvore estavam vergados com o peso do cadáver e o vento fazia oscilar Lyman levemente, como um pêndulo trágico.
Shady, saltou e cortou a corda com um gesto súbito, amparando Lyman entre os braços. Depositou-o suavemente sobre a erva. Estava rígido e frio, demonstrando que tinha morrido pelo menos há 24 horas. Um julgamento sumário, indigno de homens honestos. Aquilo tinha sido um assassinato, pérfido e cruel, não uma execução. A morte de Mason podia ser justificada. Ele era um fugitivo e, portanto, suscetível de ser alvo dos tiros dos perseguidores, mas nem na mais feroz das guerras se enforca brutalmente o adversário. Pela primeira vez, desde que tinha começado a guerra, algo vacilou na fé nortista de Shady, no seu amor à causa de Lincoln.
Seria que bárbaros serviam na mesma bandeira que ele próprio servia? Era tão monstruoso...
Ainda faltava mais um facto para completar a chocante série de encontros que Shady experimentara. Olhou a sinistra árvore depois de fechar piedosamente as pálpebras de Lyman. Um filete de sangue, punha manchas escuras no terreno que ladeava as margens fragosas dum arroio que corria num profundo precipício.
Shady avançou vivamente, até atingir a borda do barranco. A cinquenta metros de profundidade, corriam as escassas águas do arroio. Flutuando, outro corpo de traje azul, com a cabeça semioculta pela água.
O terceiro do grupo, o único que faltava, -- Albert Crooks. Retrocedeu, ligeiramente pálido. A matança estava terminada. Os unionistas tinham liquidado os três fugitivos, dum modo implacável e cruel. Talvez eles tivessem resistido intrepidamente, e provocado a fúria dos inimigos.
Mesmo assim, estas mortes assemelham-se mais às sentenças dum maníaco cruel, como o juiz Hodgins quando ditava condenações, do que uma contenda bélica entre dois grupos.
Só ele tinha escapado. Podia desistir e voltar para Fort Cooper, onde Wilkers revelaria a verdade. Mas isso significava uma coisa que Shady Dolan jamais admitiria: fracasso.
Não tinha fracassado... ainda. É verdade que estavam ali os seus três companheiros de prisão: Mason, perfurado de balas; Lyman, enforcado no ramo duma árvore; Crooks lançado para um precipício, sabe-se lá depois de que horrível morte. Só restava Dolan, para seguir a pista da espionagem sulista em território federal, para chegar ao fundo dum assunto que estranhamente Crooks, tinha retendo como «milhões de dólares, atrás de causas políticas».
Coffeyville, «O Profeta», «A Sétima Missão»... e um armazém dum homem que se chamava Dodds. Uma pista débil, mas sempre de tentar. Ergueu-se, disposto a abandonar a plataforma sobranceira ao abismo. Lá, em baixo, sustido por algumas ramagens, o cadáver de azul flutuava com os braços estendidos...
Foi então que teve consciência do perigo. Parou, com os olhos fixos no fundo do abismo. Um pouco além do regato, distinguiu figuras humanas, em movimento.
Estendeu-se no solo, à borda do precipício, empunhando firmemente o revólver. Perscrutou atentamente o local que tinha despertado a sua atenção. O sol cintilou em armas e superfícies metálicas, fazendo sobressair o uniforme azul do pelotão.
Soldados da União!
Dolan engoliu em seco, apertando os dedos em torno da coronha da arma. Era uma situação atroz. Se o descobrissem, teria que se defender para não morrer... matando os seus próprios companheiros de bandeira.
Muito lentamente, recuou, procurando não levantar pó dum solo argiloso. Esse pó, seria suficiente para detetar a sua presença e alertar os soldados.
Ainda teve tempo para reparar que o pelotão não excedia doze homens, todos eles montando bons cavalos. Entre estes, conseguiu distinguir um soberbo alazão branco e outro magnífico exemplar de cor negra.
Com o seu fatigado cavalo, não conseguiria fugir. Cuidadosamente montou o cavalo, e principiou a afastar-se por um caminho diferente daquele que tinha primitivamente planeado. Não podia enterrar os mortos, nem sequer perder tempo rezando uma oração por eles, mas a visão de Lyman recordou-lhe algo que ele lhe dissera na Cela do Fort Cooper:
«Penso em minha irmã Alice. É um ano mais velha do que eu e mais inteligente. Ama o Sul, mas dum modo diferente do que eu. O que dirá quando souber que eu...?
Nesse instante tinham interrompido Lyman. Dolan completou mentalmente a frase: «Que dirá, quando souber que encontrei a morte, enforcado pelos fordistas?» Pobre Alice...
Donde seria Lyman, donde provinham aqueles três misteriosos personagens? Onde estaria agora Alice Lyman?
Saltou novamente para o solo, e apesar do tempo precioso que estava perdendo, inclinou-se sobre Douglas. Revistou as suas roupas rapidamente. Não encontrou mais que um velho e manuseado livro de orações. Dentro dele, uma carta amarrotada e amarelada. Começou a ler:
«Querido irmão: Espero que nada te tenha acontecido e que saibas preservar a tua vida enquanto esta maldita guerra...
Leu mais abaixo:
«Não sei se voltaremos a ver-nos, nem se tudo depois será igual. Confio em ti, Doug, ainda que saiba que tu és uma criança e não terás a reflexão necessária nos momentos de perigo. Tua irmã:
«Alice»
Olhou a data. Estava datada de há quase um ano. A cidade de origem: Bartlesville... Dolan dobrou a carta, introduzindo-a no livro. Bartlesville era em Oklahoma. Não longe de Kansas. Seria aí...?
Guardou o livro, olhou com tristeza o infeliz Lyman e saltou a cavalo, começando num veloz galope a afastar-se do teatro daquela terrível tragédia.
*
Elmdale era uma aldeia situada no caminho para Coffey-ville. Não distava muito de Fort Cooper, mas transitavam poucos solados por aquele sector e isso facilitava a vida a Shady Dolan.
Tinha-se despojado do uniforme numa pequena quinta, em que entrou sub-repticiamente, derrubando com uma coronhada o seu único habitante. Roubou alguns alimentos, uma camisa e umas calças, que envergou em substituição do uniforme. Lamentava ter que proceder daquele modo, mas não podia correr o risco de que a sua presença, a sua descrição, pudesse ser comunicada para as vizinhanças, dificultando ainda mais a sua fuga aos nortistas.
Depois de queimar as roupas e dispersar ao vento as cinzas, encontrou-se com mais confiança em si, vestiu umas calças que lhe ficavam curtas e uma camisa demasiado estreita para os seus vigorosos ombros, mas mil vezes mais seguras, que o uniforme azul. Com aquelas roupas, um rosto sujo e barbudo, podia passar por um vagabundo, um desertor ou qualquer outra coisa. Não transparecia possuir qualquer pressa. Não há pessoa mais suspeita que aquela que procure correr num país em guerra.
Chegou a Elmdale cerca duma semana depois de ter encontrado os três cadáveres. Pouco antes de entrar na povoação, teve de se ocultar entre as árvores do caminho, não longe do regato, para deixar passar uma diligência em cujo interior se notavam diversos viajantes.
O veículo entrou em Elmdale, entre uma espessa nuvem de p6, e poucos minutos de se dissipar essa nuvem, surgiu calmamente um alto cavaleiro, indolentemente montado sobre a sela do seu cavalo.
Os olhos de Shady perscrutavam atentamente as vizinhanças, ainda que mordiscasse alegremente uma pilha e trauteasse suavemente a canção «Yanque Doodle».
Elmdale, naquela época, pouco mais era que uma larga rua principal e algumas ruas transversais, quase todas constituídas por estábulos e arrecadações, abandonadas e velhas.
Shady não tinha, pois, muitas dúvidas sobre o caminho a seguir. Sabia por experiência que sempre resulta menos suspeito aquele que se exibe, do que aquele que se oculta; portanto, atravessou pacificamente a larga rua da povoação e só se deteve ao chegar à praça principal, atraído pelo alegre reclame dum bar.
Simultaneamente, o cavalo agitou-se inquieto, como pressentindo a chegada dum bom descanso. Shady, sorriu, dirigindo-se para alpendre. a que numerosos cavalos estavam ligados. Leu o rótulo do Saloon:
«O soldado azul»
A efigie dum soldado, sorria, convidativa, com um grande copo de licor na mão, piscando um olho ao público. Era um soldado uniformizado de azul, mas um minucioso exame revelaria que tanto a cor com a palavra azul tinham sido colocados numa alteração posterior do reclame.
Shady, sorriu ao pensar que na realidade aquele soldado era primitivamente um bom sulista. A vitória progressiva dos unionistas, forçou o dono a alterar o uniforme e a substituir o cinzento por azul. Quanto às suas ideias seria mais difícil alterarem-se tão rapidamente.
Apeou-se e dispôs-se a entrar no local. Perceberam-se sons de risos e conversas. De repente, Shady imobilizou-se quando já tinha um pé no alpendre. Os seus olhos azuis fixaram geladamente os cavalos.
Eram cerca de quinze. Um grupo de quatro cavalos estava ligeiramente afastado dos restantes. Estes formavam um grupo compacto e regular e entre eles notava-se um branco como a neve e outro branco com manchas castanhas.
Uma campainha de alarme soou no fundo do seu cérebro, colocando-o de sobreaviso. Contou onze cavalos. Rapidamente, mas disfarçando a sua curiosidade, aproximou-se. Observou o pelo do branco, dando-se conta de que não possuía o sinal com que o Exército marcava os cavalos, assim como as selas não pareciam ser do modelo utilizado pelos soldados.
O conjunto era insólito. As culatras das carabinas que sobressaiam dos arções, constituíam uma mistura complexa: Carabinas «Evan», «Sharps», «Marlins». Nenhuma delas era arma regulamentar do Exército do Norte ou do Sul. E contudo...
Contudo, aqueles cavalos eram com certeza aqueles que vira montados por uniformes de azul, próximo do local onde mataram Crooks e Lyman. O seu olhar fixou-se subitamente no arção duma sela: a do cavalo mesclado de branco e castanho. Num dos lados da sela, estava preso um pequeno fragmento, inconfundível: um bocado dum uniforme azul.
Perplexo, aproximou-se doutro cavalo. Os seus dedos persentiram a bolsa que pendia da sela. Preparava-se para abrir quando...
— Eh, amigo! O que anda a procurar?
Voltou-se, sem mover as mãos. Encarou cara a cara um tipo barbudo, alto e vigoroso, vestido de camponês e que carregava uma garrafa de genebra na mão Os olhos vermelhos do indivíduo refletiram forte suspeita. Na sua cintura oscilava um coldre.
— Desculpe, juguei que eram os cavalos duns amigos — disse. — Parece que me equivoquei.
Preparava para se dirigir para o seu próprio cavalo, mas o outro não parecia satisfeito e de repente atalhou:
— Espere! Não tenha tanta pressa, amigo!
— O que procurava nos nossos cavalos?
— Já lhe disse que...
— Não me disse o que eu queria saber — voltou-se para a porta do bar, chamando: — Burns! Venham cá! Há um tipo suspeito aqui... E é muito alto e louro... Esta afirmação sacudiu o cérebro de Shady, como uma martelada.
Procuravam um homem alto e louro! Correu rapidamente para o seu cavalo. O homem soltou a garrafa de genebra que tinha na mão, e gritou empunhando o revólver velozmente:
— Quieto! Não fuja ou disparo!...
Calculou erradamente a presteza do adversário. Subitamente, Shady voltou-se e o seu revólver vomitou fogo e balas contra o outro.

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