domingo, 20 de maio de 2018

BUF162.3 Más notícias

John Tomahawk estava a ler a carta que acabavam de lhe entregar quando sentiu a presença de alguém a seu lado. Afastou a vista do papel e encontrou-se com os olhos azuis de Alisha, que o olhavam fixamente.
— Bons dias, John — saudou-o a rapariga.
— Bons dias, Alisha — disse o jovem.
— Uma carta da tua família?
— Não. É o major Lenver quem me chama. Tenho de sair imediatamente para Washington, minha amiga.
— Algo grave?
— Ignoro-o. Só me diz que vá ter com ele o mais depressa possível.
— Nesse caso, vais deixar-nos?
— Não sei. Mas se tivesse de voltar para a minha tribo escrever-te-ia. Não te importavas que o fizesse, pois não?
— Certamente que não. Mas, agora que só te faltam alguns anos para te converteres num advogado, não creio que o major Lenver permita que interrompas os teus estudos.

— Também eu desejo acabar o curso, Alisha. Desde que estou aqui, entre vós, dei-me conta de que o meu povo pode precisar de quanto aprendi. Quero ajudar os meus, Alisha. Decerto ouviste falar no que aconteceu com as outras tribos. Os «sioux», os «arikara», os «omaha», os «pawnee» e muitos outros povos índios foram metidos em «reservas» porque não puderam compreender o sentido das leis dos homens brancos. Eu não quero que o meu povo se veja encerrado e privado da liberdade, que é para os índios como o ar que respiram. Mas, para isso, tenho de os convencer de que as leis são boas, que há que segui-las, que não se pode lutar como se lutava outrora. É isso que me faz arder em desejos de voltar para junto dos meus, Alisha. Devo fazer-lhes entender que o mundo mudou muito desde os velhos tempos e que toda a gente tem de se adaptar a uma civilização que, desde que se compreendam as suas leis, só traz benefícios. Infelizmente, os «peles-vermelhas» nunca se dedicaram à agricultura porque possuem terrenos de caça que os alimentam sem o menor problema. Mas também é verdade que passam muita fome, sobretudo quando as neves caem sobre as pradarias ou quando as tormentas assustam as manadas de bisontes. A vida nómada nunca foi boa, e a civilização trouxe--nos uma organização de que os meus irmãos de raça se podem aproveitar também. Enterraremos para sempre o machado de guerra e farei compreender aos meus irmãos que devem converter-se em agricultores, que devem criar povoados estáveis e que têm de se adaptar a uma forma de vida que lhes permita conviver perfeitamente com os «rostos-pálidos».
— És maravilhoso, John. Oxalá tivesse havido um homem assim há muitos anos. Quanto sangue se teria evitado!
— Nessa altura não era possível, minha amiga. As coisas tiveram de suceder dessa maneira. Mas nunca é tarde para fazer o bem. E no dia em que conseguir que os «cheyennes» se convertam em gente civilizada terei feito um grande favor ao seu povo. Porque eles não merecem acabar, como outros, aferrados a uma ideia de luta selvagem; como não merecem ser metidos em «reservas», para morrerem ali, privados de liberdade e tratados como prisioneiros. Sim, porque não podemos iludir-nos acerca do modo como os seus guardas os tratam.
Tomahawk calou-se. Uma sombra nublou-lhe o olhar nobre. A jovem respeitou o seu silêncio durante alguns momentos. Por fim, interrogou-o:
— Quando partes?
— Imediatamente. Preparei as minhas coisas num abrir e fechar de olhos e irei apanhar o primeiro comboio para Washington.
— Importar-te-ias que te acompanhasse à estação.
— Que coisas dizes, Alisha! Tu és a minha única amiga, e podes estar certa de que o coração de um índio jamais esquece. Gostaria de te poder demonstrar quanto agradeço a amizade que me ofereceste de uma forma tão generosa. Talvez um dia, se o vosso Deus ou o meu o quiserem, possa ser-te útil em alguma coisa. Então, correrei, esteja onde estiver, para te demonstrar a minha lealdade e os meus sentimentos.
A jovem estava emocionada.
— Eu também te aprecio muito, Tomahawk. Não te esquecerei. Por isso, quero que me escrevas; e podes crer que esperarei as tuas cartas com verdadeira impaciência. Conta-me tudo, para que a nossa correspondência seja algo parecido com aqueles longos diálogos que mantive-mos na margem do lago. Fá-lo-ás?
— Decerto.
— Vou acompanhar-te até tua casa e seguiremos juntos para a estação. De acordo?
— Sim.
John não perdeu muito tempo a juntar os poucos objetos que lhe pertenciam. Depois, caminhou ao lado da jovem, em direção à estação; ali, o rapaz comprou o seu bilhete e, sempre acompanhado de Alisha, entrou na gare e foi deter-se diante da carruagem que o havia de conduzir a Washington.
— Espero que voltemos a ver-nos, Alisha — disse, sinceramente emocionado.
— Eu também o desejo, Tomahawk. Cuida de ti e escreve-me a miúdo.
— Assim farei.
Minutos mais tarde, da janelinha da carruagem, Tomahak viu, sem poder impedir que duas lágrimas lhe assomassem aos olhos, como a imagem de Alisha ia diminuindo, até se perder por completo entre a multidão que havia na gare.
***
O jovem obedeceu e deixou-se cair numa das cadeiras do gabinete onde acabava de o receber o major Lenver. Este sentou-se por sua vez em frente do jovem índio. Depois de um curto silêncio, o velho militar disse:
— Chamei-te porque tenho noticias para ti, Tomahawk.
— Muito bem, senhor.
— Não são notícias que te vão encher o coração de alegria, John; nem coisa que se pareça. Mas a vida é assim: coisas boas e más. Também pensas assim, não é verdade? 50
Tomahawk fez um sinal de assentimento com a cabeça, depois, perguntou:
— Aconteceu alguma coisa, senhor?
– Sim — respondeu o militar. — Teu pai morreu.
Tomahawk sentiu que uma espada de gelo lhe atravessava o peito. Mas era suficientemente forte para que nada do que se passasse no interior do seu espirito se manifestasse abertamente na expressão do seu rosto. Esta continuou tão impenetrável como quando entrara no gabinete do major, e só os seus olhos pestanejaram um pouco, como se lutassem com incontível bravura por deter o pranto que pugnava por sair deles.
— É escusado dizer-te quanto o lamento — prosseguiu o militar. — Se alguém apreciava deveras o teu pai, esse alguém era eu. Já o sabes. O velho «Águia Corredora» era um homem bom, inteligente, de grande coração e excelente espírito político. O povo «cheyenne» perdeu algo importante com a sua morte, meu amigo.
— Quero voltar para o Colorado.
— Compreendo. Por isso te chamei. Porque as notícias que tenho não se referem apenas à morte de teu pai.
— Há mais alguma coisa?
— Sim. «Nariz Achatado» foi nomeado chefe da tribo «cheyenne».
— Isso não é possível!
— Já calculava que ias responder assim, me filho. —Era a primeira vez que o tratava daquela maneira, e o jovem sorriu, agradecido. — Não consegui saber como as coisas se passaram, rapaz. Mas o certo é que «Nariz Achatado» é agora o novo chefe. Como vês, não esperaram pelo teu regresso. Achas que poderás modificar a situação?
— Não sei, senhor. Se o conselho de anciães emitiu o seu voto e «Nariz Achatado» conseguiu a maioria, no que se refere à chefia dos «cheyennes», já nada posso fazer. Mas isso não importa. Tenho outra missão mais importante entre os meus irmãos de raça. Desejo ensinar-lhes quanto aprendi entre os «rostos-pálidos» e converter a tribo num povo civilizado.
— Já o calculava, Tomahawk. Mas não julgues que vai ser muito simples.
— Eu sei.
— Sabes também que «Nariz Achatado» fará o impossível por impedir que as teorias prosperem entre os «cheyennes»?
— Naturalmente que o sei. Mas eu vou voltar à minha aldeia com propósitos pacíficos. Vou dizer-lhe, logo à chegada, que não me interessa converter-me, como era meu direito, no chefe da tribo. Quero ser seu conselheiro; nada mais do que isso. E quando os jovens guerreiros me escutarem, quando virem que a minha intenção é a de os ajudar sincera e desinteressadamente, terão de se render à evidência e compreender que as minhas palavras não têm outra finalidade senão a de proporcionarem uma felicidade definitiva ao meu povo.
— Desejo-te muita sorte, rapaz. De qualquer forma, já sabes onde encontrar-me. Se te vires em dificuldades, e oxalá Deus não o queira assim, escreve-me e eu irei em tua ajuda. Sou velho, mas não pude esquecer o teu povo. Por estranho que pareça, os «cheyennes» são algo assim como meus irmãos. Desde aquele dia em que falei com teu pai, e após descobrir a qualidade assombrosa dos seus sentimentos e o amor que sentia pelo seu povo, vi-me atraído irresistivelmente para os «Cheyennes»; e não quero consentir, enquanto viva, que algo de mau possa acontecer-lhes.
— Muito obrigado, senhor. Preparei tudo para a tua partida. Arranjei-te a documentação necessária para que possas atravessar todos os Estados e chegar ao Oeste. As autoridades brancas respeitar-te-ão e ninguém te, deterá no teu caminho. Que Deus te abençoe, meu filho!
Tomahawk pôs-se do pé e apertou a mão que o velho militar lhe estendia. Devia-lhe tudo; e não pôde evitar, impelido pelos seus sentimentos, de beijar a mão daquele homem, que tanto bem lhe havia feito. Profundamente comovido, o major Lenver retirou a mão rapidamente e voltou-se de costas, olhando para a janela, para ocultar a humidade suspeita que acabava de lhe aparecer na vista.
— Boa viagem, Tomahawk.
— Obrigado, senhor — repetiu o jovem.
E girando sobre os calcanhares, John Tomahawk abandonou o gabinete, depois de haver guardado os documentos que Lenver lhe havia entregado para facilitar a sua chegada às longínquas terras do Oeste.
*** Planos sinistros em Pueblo
Ed Sommers, um dos pistoleiros de Archibald Delastone havia contratado, franziu o sobrolho, perfurando com a vista a escuridão da noite que envolvia o pequeno povoado em que se transformara o conjunto de barracões. Em seguida, encaminhou-se para a casa do seu patrão, penetrando no interior sem se fazer anunciar. Archibald Delastone encontrava-se a jantar, estando presentes os outros dois pistoleiros, Walter Payton e Joe Hine, e os dois jovens advogados, Roger Shaw e Archie Odeen, que haviam chegado nessa mesma manhã.
— Que aconteceu, Ed? — inquiriu Archibald, franzindo o sobrolho.
— Os índios aproximam-se, senhor.
Archibald sorriu.
— Ótimo. Estava à espera de «Nariz Achatado». Julguei que nos tinha esquecido.
-- Já aí estão, senhor — grunhiu Sommers.
Assim era, com efeito. Ouviu-se o ruído dos cavalos que se detinham junto da porta e, momentos depois, «Nariz Achatado», seguido por seu filho, penetrava no compartimento profusamente iluminado por meia dúzia de candeeiros a petróleo. O índio usava as vestes características do chefe, com um longo toucado de penas que chegava ao solo. Parecia completamente satisfeito e um sorriso de triunfo ornava-lhe os lábios sem viço.
— Entre o grande chefe — disse Archibald, pondo-se de pé. — A minha casa é tua, «Nariz Achatado».
— Obrigado — retorquiu o índio.
Sentou-se, com seu filho, nas cadeiras que Walter e Joe tinham acabado de abandonar. Depois, olhando para a abundante comida que havia sobre a mesa, levantou os olhos para os cravar nos de Archibald Delastone.
— Chefe «cheyenne» e «Raposa Astuta» invejam os seus irmãos «rostos-pálidos». Nunca comemos coisas tão boas como aquelas que os nossos olhos veem.
— Sois meus convidados — disse Archibald. — Podeis beber e comer quanto quiserdes. Sempre vos recebi assim e terei muito gosto em continuar a pôr à vossa disposição tudo quanto tenho.
Os dois índios não se fizeram rogados, e durante os vinte minutos que se seguiram à sua chegada s6 se ouviu o ruído que as suas mandíbulas produziam ao mastigar a carne e o das suas línguas ao estalarem quando bebiam, de um só trago, os copos de uísque que, generosamente, Walter Payton lhes servia sem cessar.
Os dois advogados observaram os «peles-vermelhas» com sincera curiosidade. Archibald havia-lhe falado extensamente do seu projeto, embora tivesse a precaução de não lhes dizer tudo. Por isso, temendo que «Nariz Achatado» desse à língua sob os efeitos do uísque e exigisse a segunda parte do convénio, Archibald, com a sua habilidade característica, fez que os dois advogados abandonassem o compartimento. E os dois jovens foram conduzidos aos seus aposentos por Joe Hine, enquanto Delas-tone ficava a fazer companhia aos dois «peles-vermelhas».
Quando os índios acabaram de devorar toda a comida que Walter lhes serviu, Delastone, que já podia falar com inteira liberdade, disse:
— Vejo que conseguiste converter-te no chefe dos «cheyennes», meu amigo.
— Assim foi. Manitu desejou-o, pondo o frio do gelo no corpo de «Águia Corredora», o grande chefe, que morreu esta manhã. Todo o conselho votou por mim, visto que o filho de «Águia Corredora» desertou da tribo há muito tempo e não pode ser considerado já como um «cheyenne». Sou, com efeito, o chefe do meu povo. A mim suceder-me-á meu filho, «Raposa Astuta», e a ele seu filho, e a este seu filho, e sempre assim até ao final dos tempos. Por isso vim saudar o meu amigo «rosto-pálido». ~
— Fizeste muito bem, «Nariz Achatado». Não sabes quanto me alegro por teres conseguido o que tanto desejavas. Manitu é muito grande.
Archibald sorriu.
— Sim — disse com tom irónico. — Manitu é muito grande e sabe o que se deve fazer.
«Nariz Achatado» olhou-o fixamente.
— Pensaste no que falámos aqui no outro dia? — perguntou.
— Sim, meu amigo. Não esqueci o que desejavas.
— E encontraste a maneira de o poder fazer sem despertar suspeitas?
— Naturalmente que sim. O teu irmão «rosto-pálido» não esquece as suas promessas, como tão-pouco deseja que tu esqueças as tuas.
— As montanhas estão à tua disposição, já o sabes.
— Obrigado, «Nariz Achatado». Quanto ao que te interessa, tenho um plano que não pode falhar. Mas tens de aceitar certas condições.
— Quais?
— Teremos de fazer as coisas de maneira que as culpas recaiam, de uma forma que não ofereça margem para dúvidas, sobre os «rostos-pálidos».
— Não te compreendo.
— Ë muito simples. Se tens de assaltar uma ou outra caravana, fá-lo-ás sempre com os teus guerreiros montados em cavalos ferrados. Isso fará que as suspeitas recaiam sobre algum grupo de brancos que pudessem ter estabelecido o seu campo de ação nesta região. Quanto aos homens que seguirem nas caravanas que assaltes, não te podes esquecer, «Nariz Achatado», de que as suas línguas têm de ficar mudas para sempre.
O índio sorriu ferozmente.
— O meu amigo «rosto pálido» é tão astuto como um animal da pradaria. Sabe fazer as coisas. Ferraremos os cavalos para que nunca suspeitem dos índios como os assaltantes das caravanas e, no que se refere aos homens que viajarem nos carromatos, não temas, «rosto-pálido». Nenhum deles voltará a falar.
— Acho muito bem. Temos de ter muito cuidado, porque se correr o rumor de que alguns colonos foram roubados e mortos os «facas longas» apresentar-se-ão aqui imediatamente. Compreendes, não é verdade?
O índio fez um sinal de assentimento com a cabeça.
— Claro que compreendo — retorquiu. — Mas isso é assunto teu, meu amigo. Tu terás então a suficiente autoridade para te impores aos «facas longas». Conto contigo para que desvies sempre as suspeitas do meu povo no que respeita aos assaltos das caravanas.
— Eu tratarei disso, não te preocupes.
— Perfeitamente.
Houve um curto silêncio. Depois, Archibald anunciou:
— Há outras coisas de que desejo que falemos, «Nariz Achatado».
— Que coisas são essas?
— Amanhã chegam os homens destinados às montanhas, para começarem a trabalhar quanto antes. Vou converter este posto numa povoação. Vês algum inconveniente em que o faça?
— Nenhum.
— Além disso, farei construir aqui bastantes casas para que este lugar seja um centro de grande animação. Tu terás, naturalmente, entrada livre no povoado, mas procura que os teus guerreiros se mantenham afastados daqui. Enviar-te-ei uísque e provisões uma vez por semana. Que te parece?
— Excelente. Quando achas que podemos começar a assaltar as caravanas?
— Quando quiseres. Toma as precauções que te disse. E, sobretudo, que ninguém vos veja. Porque, então, o nossos plano cairia ruidosamente por terra.
— Não temas. Conheço estas terras melhor do que ninguém, e escolherei lugares afastados para assaltar os colonos. Ninguém nos verá.
— Outra coisa. Não exageres nos assaltos. Faz os necessários, mas não mais. De acordo?
— De acordo. Os dois índios partiram para a sua aldeia.
Na manhã seguinte; tal como Archibald anunciara, chegou uma verdadeira caravana que trazia os homens que iam trabalhar nas minas das montanhas. Mas, por não ter realmente muita pressa e desejar construir primeiro um verdadeiro povoado naquele ponto que, até então, fora apenas um lugar de repouso para os colonos, Delastone fez que os homens que acabavam de chegar trabalhassem intensamente; e meia centena de casas de madeira foram construídas nas duas semanas que se seguiram à chegada dos mineiros.
Profundo conhecedor da psicologia daqueles homens rudes, que considerariam como um prémio a possibilidade de poderem divertir-se num local não muito afastado do lugar onde trabalhavam, Archibald Delastone apressou-se a montar um «saloon» e dois hotéis, encarregando Ed e Waiter de arranjar bebidas e, inclusivamente, de trazer para ali algumas jovens que pudessem compartilhar as suas alegrias com os mineiros. O negócio não podia ser mais chorudo, visto que, no fim de contas, o dinheiro que pagaria aos que trabalhassem nas minas voltaria aos seus bolsos no «saloon» e na sala de jogo que, igualmente, não se esquecera de organizar.
Foi assim que nasceu a localidade que bem cedo iria receber o nome de Pueblo e converter-se no primeiro ponto habitado em todo o Estado, visto que s6 muitos anos mais tarde, mais ao Norte, do outro lado, do Arkansas River, nasceria a cidade que se tornaria célebre em todo o Oeste: Colorado Spring.
Ainda mais para o Norte, anos depois, surgiria a cidade de Denver, ponto de encontro e de chegada das grandes manadas que, posteriormente, seriam conduzidas para ali do Texas e do Novo México.
Pueblo converteu-se em várias semanas num centro de animação. Continuavam a chegar colonos e, sobretudo, carromatos destinados especialmente à Companhia que Archibald Delastone acabava de criar. Um dos principais edifícios serviu de escritório e de centro de administração da Companhia. Sobretudo à porta principal foi colocado um enorme letreiro, onde podia ler-se o irónico conteúdo idealizado pela mente ambiciosa de Delastone:
COMPANHIA PARA O DESENVOLVIMENTO DAS NOVAS TERRAS
No entanto, ainda decorreu um mês antes que os primeiros grupos de mineiros saíssem de Pueblo para as montanhas.
Por essa altura, já se falava num grupo de bandidos que havia assaltado alguns colonos, nos caminhos das altas montanhas, não longe de uma crista rochosa chamada Sawach Ra.
Delastone havia-se preocupado em enviar uma missiva ao novo chefe «cheyenne» para lhe indicar o sinal que os carros da companhia levariam pintado nas respetivas lonas que os cobriam, de forma que não fossem assaltados pelos índios.
Tudo estava perfeitamente organizado e Delastone podia considerar-se satisfeito por estar a montar um negócio que o enriqueceria em pouco tempo.
As primeiras chuvas do Outono coincidiram com a chegada dos primeiros carros carregados de mineral de prata. Nos subúrbios da nova povoação, que havia nascido com a força surpreendente de uma flor na Primavera, havia sido instalado um grande armazém, onde o mineral que chegava das montanhas era limpo a fim de se ir separando o minério propriamente dito da ganga. Depois, quando purificada, a prata era conduzida, sob a proteção de Ed, Walter e Joe, para o escritório da Companhia, onde o próprio Archibald Delastone a encerrava cuidadosamente no seu cofre forte.
Ao começar o Inverno do ano de 1832, de uma das diligências que chegaram à povoação, desceu, uma manhã, um jovem índio, vestido ã maneira dos homens do Este, com uma maleta na mão.
Ao descer do veículo, o jovem abriu os olhos desmesuradamente para contemplar aquela povoação que, quatro anos antes, não existia. Tomahawk limitou-se a alugar um cavalo e, atravessando o rio, dirigiu-se, triste e pensativo, para a aldeia «cheyenne».

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