domingo, 28 de junho de 2015

PAS486. Que fazer quando os amigos nos avisam?

Em qualquer sítio do andar térreo, um relógio de parede fez soar, lentas e sonoras, as doze badaladas da meia-noite. Todos pareciam dormir no rancho. Uma quietude profunda o envolvia.
Farley continuava sem se deitar. Passeava de um para o outro lado no quarto e, a espaços, a sua figura recortava-se no fundo luminoso da janela.
Fumava cigarros atrás de cigarros, pensando no enigma que se encerrava nos muros da casa que se lhe havia oferecido para alojamento. Alguém dela estava relacionado com Os homens que traficavam com as forças rebeldes do mexicano Vélez. Seria a bela e enigmática Guadalupe, a filha mais velha de D. António, ou talvez fosse a doce e sonhadora Alice quem se tinha apoderado do lenço para evitar ser descoberta a sua cumplicidade com os contrabandistas? Tão-pouco cabia excluir o próprio dono da casa ou o mais insignificante dos seus fiéis servidores.
Farley sentia-se intrigado e o sono tinha-lhe fugido da mente atarefada em descobrir a relação que poderia existir entre uns factos aparentemente transcendentes.
Naquele momento algo vibrou na noite calma, e urna pancada seca soou com a violência de um choque de bala.
Farley voltou-se bruscamente. No caixilho da janela aparecia cravada uma flecha. A sua inclinação mostrava que tinha sido disparada de um ponto próximo das cavalariças.
Intrigado, Farley foi até à janela e arrancou a flecha. Os seus olhos descobriram num instante um papel enrolado e atado com um cordel. Desdobrou-o e leu apressadamente as breves linhas que continha:
 
«Amigo Farley:
Farás melhor em seguir o teu caminho e procurares o rastro de Steve Keller. Este é um jogo que pode tornar-se perigoso. Um leal aviso do teu amigo
Sam Pecker».
Pela segunda vez Farley leu a missiva. Depois amarrotou a mensagem e todo o seu corpo tremeu de indignação.
Porque acabava de reconhecer naquelas linhas os traços da escrita do seu antigo companheiro Pecker.

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