terça-feira, 7 de abril de 2015

PAS458. As últimas balas de Vance Logan

Contexto da passagem: contratado pelos Colton para abater os Danvers e Andy Terrel, Vance Logan decide pagar a sua dívida. Dirige-se ao rancho dos Colton, extermina estes, aprisiona Stella e, ferido, encontra-se perante alguns pistoleiros a soldo daquela família
 
 
 
— Matei aí dentro três homens. E não me importa morrer. Se dispararem, matarei esta mulher e pode ser que mais algum de vós, antes que eu caia. Larguem as armas.
Vacilaram.
Stella decidiu-os.
— Obedeçam. Ele é Vance Logan, o pistoleiro...
As armas caíram no chão. Vance ordenou:
— Afastem-se vinte passos! Rápido!
Obedeceram. Uma vez desarmados, que podiam fazer?
 Vance empurrou Stella até junto do cavalo, fê-la pôr-se de costas, guardou o revólver, agarrou com a mão sã a sela e montou agilmente.
— Venha aqui.
Ela obedeceu. Estava paralisada por uma incompreensão total do que acontecera, e pelo medo de morrer.
Logan agarrou-a com uma mão e colocou-a sobre pescoço do cavalo.
Tomou as rédeas com a mão esquerda, e passou o braço ferido pela cintura da mulher. Os três homens tinham-se detido, e contemplavam-nos com na mistura de coragem e apreensão impotente.
Fez virar o cavalo e esporeou-o. O animal saiu a galope, apesar da dupla carga.
Já estavam longe da casa, quando Stella falou roucamente:
— Porque fez isto?
— Andy Terrel salvou-me a vida depois do caso de Dodge. Sem pedir nada, nem esperar nada. Sabendo quem eu era.
Ali estava a explicação. Stella mordeu os lábios. O medo estava a passar e em seu lugar aparecia o ódio, ódio total, indomável.
— Que pensa fazer comigo?
— Vou deixá-la no campo, uma vez que nos tenhamos afastado muito.
Por fim, deteve o cavalo. Estavam em plena pradaria, dentro das terras do rancho, mas longe de qualquer presença humana.
O vento açoitava as ervas com força. Encontravam-se no alto de uma ligeira ondulação do terreno. A curta distância passava um riacho.
— Desça.
Stella deslizou para o chão e ficou a olhar para Logan. Este aguentou o olhar.
— Não a mato parque é mulher e eu não mato mulheres, Stella Colton. Dê graças por isso e deixe em paz Terrel e a sua noiva, ou regressarei para matá-la.
Ela não respondeu. Olhava-o...
O pistoleiro respirou fundo, endireitou-se na sela e pôs o cavalo em marcha.
Olhou em frente, decidindo qual o caminho a seguir.
Por isso não viu a mulher tirar do bolso da saia um pequeno revólver niquelado e apontar-lhe com mão firme.
Ia a lançar-se a trote quando ela disparou.
Logan estremeceu, deteve o cavalo, e depois caiu lentamente no chão.
Stella esperou dois minutos, aproximou-se e ficou a contemplar o caído, com um rictos de ódio satisfeito.
— Não esperavas este final para a tua façanha, maldito — disse entre dentes.
Stella contemplou-o intensamente, uns instantes.
Depois deu-lhe uma patada e caminhou para o cavalo, guardando o revólver.
Levantou as mãos para a sela...
— Stella... Colton...
Ficou rígida, enquanto pela espinha corria-lhe um frio de gelo.
Virou-se rápida, à procura da arma...
 Vance Logan estava soerguido sobre o cotovelo esquerdo. E na mão direita tinha o seu terrível revólver. As sombras da morte enchiam-lhe já a cara, mas não havia rasto de ódio na sua expressão.
Disparou duas vezes, as duas últimas balas que lhe restavam. Ambas entraram no ventre de Stella. A mulher gritou de agonia e horror e levou as mãos ao ventre.
Depois dobrou os joelhos e caiu, gemendo, sobre a erva.
Ali se contorceu por instantes e, depois, ficou quieta.
Vance Logan deixou-se cair pouco a pouco sobre as costas. A sua mão largou o já inútil revólver. Fechou os olhos ao sentir o sol a queimá-los. Emitiu um profundo suspiro e um fio de sangue correu--lhe pelo canto da boca. Depois, todo o corpo se contraiu num espasmo, dobrou ligeiramente a cabeça e ficou muito quieto, como que adormecido.
O vento removeu-lhe o cabelo e pareceu abrir-lhe um sorriso...

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