sábado, 4 de abril de 2015

PAS455. Uma carta procura um pistoleiro a soldo

Um homem levou-lhe uma carta, com o seu nome no sobrescrito. Uma nota breve, que só dizia:
 
«Venha a Mesa. Chegue ao entardecer. Detenha-se ao pé do rochedo que está junto do caminho, meia milha antes da povoação e espere

Nada mais. E como só havia uma pessoa que conhecia o seu nome e lhe podia dar tais instruções, arranjou o cavalo de madrugada e partiu para Mesa sem pressa. Acabava de se pôr o sol, quando chegou ao local da entrevista. E não tinha acabado o primeiro cigarro, quando viu aproximar-se um cavaleiro. Dois minutos mais tarde atirava o cigarro fora e ficava rígido. Porque o cavaleiro era uma mulher.
Stella Colton chegou junto dele e olhou-o fixamente. Depois esboçou um sorriso.
— Olá, Logan. Está aturdido?
— Um pouco.
— Sou a irmã do homem que o contratou.
— Bem sei. Vi-os por detrás de uma janela, há meses, em Dodge.
— E não me esqueceu?
— É difícil esquecer a sua cara...
Stella sorriu.
— É um bonito cumprimento, senhor Logan. Mas vamos ao que interessa. Necessito que faça um trabalho para mim.
— Alguém que está a mais?
— Sim.
— Seu irmão sabe-o?
— Não o deve saber enquanto tudo não tiver terminado. Estou pronta a pagar-lhe quinhentos dólares agora mesmo. E não será um trabalho de grande risco: é uma mulher.
Logan apertou os maxilares.
— Lamento. Não mato mulheres.
— Nem se lhe pedisse? Pense bem...
Logan aguentou o insinuante olhar. E compreendeu imediatamente a espécie de mulher que era. Demorou um pouco a responder.
— Quem é ela?
— A filha de Danvers. Quero que varie um pouco o plano de meu irmão. Esperará próximo da cabana dos Danvers que o pai e os vaqueiros partam para Las Vegas. Quando tiverem passado várias horas, até ao meio-dia, matará Betty Danvers e Terrel...
Logan sentiu que o sacudia uma descarga elétrica. E teve que empregar toda a sua força de vontade que não denunciasse o choque recebido.
— Como disse?
— Terrel. Andy Terrel. O meu irmão não lhe disse o seu nome?
— Não, não disse.
— Pois ele chama-se assim. O senhor tem que matar os dois. Sei que é um bom atirador. Poderá colocar-se a trezentas jardas da casa, do outro lado do rio. Seguramente eles descerão para fazer amor e isso dar-lhe-á ocasião. Atire a matar e não se vá embora enquanto não tiver a certeza de que os matou. Primeiro ele, depois ela. Os dois irmãos dela não têm importância. Depois desça a Las Vegas. Alcançará Danvers e não necessitará de provocações. Basta dizer-lhe que acaba de matar a sua filha. Mate-o a ele e fuja. Aqui tem o seu dinheiro. Fará como lhe digo?
Logan recusou a mão estendida, firme e suavemente.
— Quando acabar, irei cobrar ao seu rancho, senhorita Colton.
Ela pestanejou, desconcertada.
— Como sabe o meu nome?
— O seu irmão mo disse. Mas eu costumo tirar as minhas informações em todos os trabalhos que faço.
Ela aguentou o olhar, por um momento. Depois sorriu e guardou o dinheiro.
— Está bem, senhor Logan. Ê um homem muito interessante... Mate Betty e Terrel e venha cobrar... quando lhe apetecer.
— Assim farei.
— Agora tenho que ir-me embora. Pode alcançar a cabana dos Danvers, rodeando aquele cerro e descenda pela encosta ocidental. Não há engano possível. Até à vista..., e sorte.
Estendeu-lhe a mão, sem deixar de sorrir. E ele apertou-lha com força. Depois a mulher partiu a galope em direção ao povoado, sem voltar a cabeça. Vance Logan viu-a afastar-se e fez um cigarro.
— De maneira que Andy Terrel... — murmurou para si. — Há grandes coisas na vida...
 

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