As primeiras sombras da noite tinham caído sobre a cidade.
Da planície, chegava um vento fresco, agradável. As ruas de Tombstone — coisa extraordinária —silenciosas. Só de vez em quando se ouvia o som de alguma harmónica.
A cidade parecia aguardar alguma coisa.
Moira, a antiga «Miss Morte», cingiu lentamente o cinturão, enfiou o revólver no coldre e aproximou-se da janela. Via-se dali a rua principal de Tombstone, tranquila e vazia, como se se preparasse um funeral.
Ela voltou ao meio do quarto.
Colocou num lenço o que tinha: a medalha que tirara do cadáver de sua mãe, uma estampa que lhe ofereceram quando era criança e trinta dólares: todo o seu dinheiro. Atou o lenço feito num saco e, em cima escreveu num papel: «Para ser tudo entregue a uma mulher pobre desta cidade, que acabe de ter uma criança.»
Depois viu-se ao espelho e na frente deste, fez duas vezes o gesto de sacar o revólver. Em ambas as vezes conseguiu que a arma não se lhe escapasse dos dedos, mas demorou demais a pô-lo em linha de tiro. Não precisava de ser muito esperta para saber que ia morrer.
E o que mais lhe doía era ter que morrer com aquela roupa masculina. Mas era a única que resultava prática para lutar com um revólver. As roupagens femininas estorvá-la-iam no momento de «sacar».
Deu uma vista de olhos pelo modesto quarto do hotel onde vivera naqueles últimos tempos.
Era o final.
«Também, no fim de contas, já não tinha dinheiro para pagar o hotel» — disse para si própria, encolhendo os ombros.
Mas era inútil.
Doía-lhe aquela despedida cruel, aquela queda alucinante na eternidade.
Desceu pouco a pouco ao piso inferior e inteirou-se de que não ficava devendo nenhuma conta mais. Depois, foi para a rua.
Ouvia-se música de harmónicas. Que estranho era ouvir-se música nas ruas ensanguentadas de Tombstone! Que estranha se tornava aquela calma que envolvia tudo, que parecia pressagiar a sua própria morte!
Pensou em Ted Curtis.
Ted tinha-a aconselhado a não sair do quarto, mas ela sabia ser inútil. Melhor seria morrer na rua cara a cara com o inimigo, tal como ela sempre luta. E neste angustioso momento, Moira perguntou a si própria se Ted Curtis lhe fecharia os olhos.
Ninguém fizera tanto por ela. Ninguém... desde que seus pais tinham morrido.
Viu então Turner.
Este, passava no passeio oposto da rua, pisando forte sobre o tabuado da estrada.
Acabava de sair de um dos saloons onde, sem dúvida, estava espiando. Trazia um revólver bem visível, com o fraque puxado para trás e caminhava lentamente, ao mesmo ritmo dos passos da rapariga. Olhava para ela. Moira calculou que dum lado ao outro da rua, devia haver uns trinta passos.
Bom, a hora havia chegado.
Nem Turner nem ela podiam falar.
A vida pertenceria ao mais rápido.
Moira respirou fortemente, com ansiedade, tentando recordar a época, tão próxima ainda, em que ela era «Miss Morte». Um homem como Turner, não a venceria nessa altura, mas agora tudo era diferente. Agora Turner derribá-la-ia para sempre ao primeiro balázio.
Ela parou.
Turner parou também.
Trinta passos.
Moira conteve a respiração com o coração quase a estalar-lhe dentro do peito, enquanto acariciava lentamente a coronha do revólver. Turner fez o mesmo.
Era o fim.
A rapariga recordou as suas orações e pensou que, ao fim e ao cabo, morrer não era assim tão terrível.
Encolheu o braço para «sacar».
Turner fez o mesmo e naquele momento soaram dois disparos.
Da planície, chegava um vento fresco, agradável. As ruas de Tombstone — coisa extraordinária —silenciosas. Só de vez em quando se ouvia o som de alguma harmónica.
A cidade parecia aguardar alguma coisa.
Moira, a antiga «Miss Morte», cingiu lentamente o cinturão, enfiou o revólver no coldre e aproximou-se da janela. Via-se dali a rua principal de Tombstone, tranquila e vazia, como se se preparasse um funeral.
Ela voltou ao meio do quarto.
Colocou num lenço o que tinha: a medalha que tirara do cadáver de sua mãe, uma estampa que lhe ofereceram quando era criança e trinta dólares: todo o seu dinheiro. Atou o lenço feito num saco e, em cima escreveu num papel: «Para ser tudo entregue a uma mulher pobre desta cidade, que acabe de ter uma criança.»
Depois viu-se ao espelho e na frente deste, fez duas vezes o gesto de sacar o revólver. Em ambas as vezes conseguiu que a arma não se lhe escapasse dos dedos, mas demorou demais a pô-lo em linha de tiro. Não precisava de ser muito esperta para saber que ia morrer.
E o que mais lhe doía era ter que morrer com aquela roupa masculina. Mas era a única que resultava prática para lutar com um revólver. As roupagens femininas estorvá-la-iam no momento de «sacar».
Deu uma vista de olhos pelo modesto quarto do hotel onde vivera naqueles últimos tempos.
Era o final.
«Também, no fim de contas, já não tinha dinheiro para pagar o hotel» — disse para si própria, encolhendo os ombros.
Mas era inútil.
Doía-lhe aquela despedida cruel, aquela queda alucinante na eternidade.
Desceu pouco a pouco ao piso inferior e inteirou-se de que não ficava devendo nenhuma conta mais. Depois, foi para a rua.
Ouvia-se música de harmónicas. Que estranho era ouvir-se música nas ruas ensanguentadas de Tombstone! Que estranha se tornava aquela calma que envolvia tudo, que parecia pressagiar a sua própria morte!
Pensou em Ted Curtis.
Ted tinha-a aconselhado a não sair do quarto, mas ela sabia ser inútil. Melhor seria morrer na rua cara a cara com o inimigo, tal como ela sempre luta. E neste angustioso momento, Moira perguntou a si própria se Ted Curtis lhe fecharia os olhos.
Ninguém fizera tanto por ela. Ninguém... desde que seus pais tinham morrido.
Viu então Turner.
Este, passava no passeio oposto da rua, pisando forte sobre o tabuado da estrada.
Acabava de sair de um dos saloons onde, sem dúvida, estava espiando. Trazia um revólver bem visível, com o fraque puxado para trás e caminhava lentamente, ao mesmo ritmo dos passos da rapariga. Olhava para ela. Moira calculou que dum lado ao outro da rua, devia haver uns trinta passos.
Bom, a hora havia chegado.
Nem Turner nem ela podiam falar.
A vida pertenceria ao mais rápido.
Moira respirou fortemente, com ansiedade, tentando recordar a época, tão próxima ainda, em que ela era «Miss Morte». Um homem como Turner, não a venceria nessa altura, mas agora tudo era diferente. Agora Turner derribá-la-ia para sempre ao primeiro balázio.
Ela parou.
Turner parou também.
Trinta passos.
Moira conteve a respiração com o coração quase a estalar-lhe dentro do peito, enquanto acariciava lentamente a coronha do revólver. Turner fez o mesmo.
Era o fim.
A rapariga recordou as suas orações e pensou que, ao fim e ao cabo, morrer não era assim tão terrível.
Encolheu o braço para «sacar».
Turner fez o mesmo e naquele momento soaram dois disparos.
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