domingo, 24 de abril de 2016

PAS623. Um olhar ansioso de vida

Bruscamente, o cavalo de Glenn Bogart estacou. Na sua frente, a uma dúzia de metros, estava um homem, enforcado, numa árvore. Fora "aquilo" o que fizera parar o animal, repentinamente. Pouco antes dali chegar, Bogart ouvira, claramente, o súbito galope dum grupo de cavaleiros que se afastavam em direção do Vale Escondido. Aquilo era o final da fuzilaria, que ouvira a distância, anteriormente. Que significaria aquele tiroteio? Quem eram os que disparavam? Contra quem? Quem seria aquele homem de aspeto venerável? Porque o teriam enforcado? De repente, Bogart ouviu um som lúgubre, arrepiante, mas que indicava que o vaqueiro enforcado ainda vivia. Aproximou o cavalo da improvisada forca. Tirou do cinto a navalha e, pondo-se de pé nos estribos, cortou a corda. Não obstante o seu esforço, não conseguiu segurar o corpo de Slim que caiu pesadamente, no chão.
Bogart desmontou, dum salto, e ajoelhou-se junto do pobre velho, libertando-o da corda que lhe apertava o pescoço. Que olhar ansioso de vida! Bogart correu a buscar um cantil de uísque. Foi difícil fazer beber o moribundo.
— Obri... ga... do! — balbuciou, com um fio de voz.
— Quem lhe fez isto? — perguntou Bogart.
— O. . . Ma... nan. . ci. . . al. . .
O pobre velho estremeceu, e caiu, pesadamente, para trás. Bogart depositou-o lentamente no chão. Estava morto. Piedosamente, fechou-lhe os olhos.
Horas depois, o cavaleiro solitário chegava à entrada duma povoação, que se erguia em frente da sarda da garganta rochosa, confinando com o oculto vale. Uma tabuleta, pregada num poste, anunciava: Vale Escondido.

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