Martin estreitou, com os seus fortes braços, a rapariga e beijou aqueles lábios que o estavam enlouquecendo desde o mesmo instante em que os viu.
Ela não lutou. Permaneceu imóvel, sem responder à sua carícia, mas aceitando-a passivamente.
O jovem, então, recordou as suas experiências e, sobretudo, os ensinamentos daquele diabo tentador da Jade, a «vedette» francesa de Chicago, e juntou a tudo isso algo que nem sequer sabia então, que tinha surgido no seu interior.
Esqueceu até os passos e não ouviu como se aproximavam até se deterem ali mesmo.
— De modo que era isso!
A voz rouca e violenta fê-lo voltar a si da loucura em que se encontrava, e levantou a cabeça para o homem que permanecia em pé diante do banco.
O luar caía plenamente sobre o inoportuno, e pôde ver que se tratava de um atlético rapagão, jovem, bem vestido, de angulosas feições, onde se marcavam fortes ângulos de luz e sombra.
— És igual a todas as outras — continuou o homem, dizendo as palavras com profundo desprezo e mal contida violência. — Deste-me largas, brincando com os meus sentimentos, só para te atirares para os braços do primeiro forasteiro que chega.
—Henry! — exclamou a rapariga, demasiado surpreendida para reparar de que a estava insultando.
Mas Martin já se tinha posto de pé, como que impulsionado por uma mola.
— Não tens vergonha nem... — continuava o chamado Henry.
O forasteiro estendeu, então, o punho esquerdo e aplicou-o no estômago de Henry e, com verdadeira gana, pondo toda a sua força e impulso nisso, disparou um formidável gancho à ponta do queixo do adversário, levantando-o e estirando-o de costas no chão, tão inerte e pesadamente como se fosse um saco.
Antes de cair em terra, o enfurecido Henry rebolara pelo canteiro.
Martin voltou-se com apreensão para a rapariga, temendo as suas iras.
Mas ela não lhe fez uma cena, como temia, nem formulou sequer a menor reprovação por tê-la beijado. Parecia assustada, e nem por isso precisamente, como o demonstraram as suas primeiras palavras:
—Tem que abalar imediatamente. Seria impossível fazê-lo entrar em casa sem que ninguém o visse, nem tão--pouco pode sair por porta alguma. Tudo está cheio de gente. Terá que voltar a saltar o muro.
— Não se preocupe por isso.
— Siga a rua até à terceira transversal à esquerda, o encontrará uma pequena quinta, já nos arredores da capital, completamente rodeada de jardim. Convença-se de que não há ninguém pelos arredores antes de bater à porta. Abri-la-á uma mulher magra, já de idade. >G a minha tia Sarah. Vive só, e se você proceder com cuidado, ninguém suspeitará de que se refugiou ali.
— Mas é que...
— Vamos, não há tempo a perder. Henry armará um escândalo quando recuperar os sentidos.
— Quem é esse Henry? — perguntou Martin, sentindo uma aversão tão profunda como injustificada contra aquele jovem que nem sequer conhecia.
Mas ela pareceu não ter ouvido a pergunta. Voltou a pegar-lhe no braço e levou-o precipitadamente até ao muro.
— Vamos, suba — disse. — Espero que esta trepadeira seja bastante resistente para sustê-lo.
Tinha-lhe soltado o braço e Martin voltou-se para olhá-la. Iluminada pelo luar, pôde vê-la quase com a mesma claridade que à luz do dia. E estava maravilhosamente formosa. Sentiu novamente um desejo louco de voltar a beijá-la. Sem parar de refletir, incapaz de conter-se, Martin inclinou-se ligeiramente, solando de novo os seus lábios aos da jovem. Beijou-a loucamente e, ao afastar-se, reparou que a jovem tinha os olhos muito abertos, tão grandes que pareciam querer sair-lhe do rosto. Ele, então, disse:
— Não teria sabido de que outro modo poderia agradecer-lhe tudo o que fez por mim. Depois, voltou-se para o muro e trepou agilmente pelo grosso tronco da trepadeira, saltando para o outro lado.
Ela não lutou. Permaneceu imóvel, sem responder à sua carícia, mas aceitando-a passivamente.
O jovem, então, recordou as suas experiências e, sobretudo, os ensinamentos daquele diabo tentador da Jade, a «vedette» francesa de Chicago, e juntou a tudo isso algo que nem sequer sabia então, que tinha surgido no seu interior.
Esqueceu até os passos e não ouviu como se aproximavam até se deterem ali mesmo.
— De modo que era isso!
A voz rouca e violenta fê-lo voltar a si da loucura em que se encontrava, e levantou a cabeça para o homem que permanecia em pé diante do banco.
O luar caía plenamente sobre o inoportuno, e pôde ver que se tratava de um atlético rapagão, jovem, bem vestido, de angulosas feições, onde se marcavam fortes ângulos de luz e sombra.
— És igual a todas as outras — continuou o homem, dizendo as palavras com profundo desprezo e mal contida violência. — Deste-me largas, brincando com os meus sentimentos, só para te atirares para os braços do primeiro forasteiro que chega.
—Henry! — exclamou a rapariga, demasiado surpreendida para reparar de que a estava insultando.
Mas Martin já se tinha posto de pé, como que impulsionado por uma mola.
— Não tens vergonha nem... — continuava o chamado Henry.
O forasteiro estendeu, então, o punho esquerdo e aplicou-o no estômago de Henry e, com verdadeira gana, pondo toda a sua força e impulso nisso, disparou um formidável gancho à ponta do queixo do adversário, levantando-o e estirando-o de costas no chão, tão inerte e pesadamente como se fosse um saco.
Antes de cair em terra, o enfurecido Henry rebolara pelo canteiro.
Martin voltou-se com apreensão para a rapariga, temendo as suas iras.
Mas ela não lhe fez uma cena, como temia, nem formulou sequer a menor reprovação por tê-la beijado. Parecia assustada, e nem por isso precisamente, como o demonstraram as suas primeiras palavras:
—Tem que abalar imediatamente. Seria impossível fazê-lo entrar em casa sem que ninguém o visse, nem tão--pouco pode sair por porta alguma. Tudo está cheio de gente. Terá que voltar a saltar o muro.
— Não se preocupe por isso.
— Siga a rua até à terceira transversal à esquerda, o encontrará uma pequena quinta, já nos arredores da capital, completamente rodeada de jardim. Convença-se de que não há ninguém pelos arredores antes de bater à porta. Abri-la-á uma mulher magra, já de idade. >G a minha tia Sarah. Vive só, e se você proceder com cuidado, ninguém suspeitará de que se refugiou ali.
— Mas é que...
— Vamos, não há tempo a perder. Henry armará um escândalo quando recuperar os sentidos.
— Quem é esse Henry? — perguntou Martin, sentindo uma aversão tão profunda como injustificada contra aquele jovem que nem sequer conhecia.
Mas ela pareceu não ter ouvido a pergunta. Voltou a pegar-lhe no braço e levou-o precipitadamente até ao muro.
— Vamos, suba — disse. — Espero que esta trepadeira seja bastante resistente para sustê-lo.
Tinha-lhe soltado o braço e Martin voltou-se para olhá-la. Iluminada pelo luar, pôde vê-la quase com a mesma claridade que à luz do dia. E estava maravilhosamente formosa. Sentiu novamente um desejo louco de voltar a beijá-la. Sem parar de refletir, incapaz de conter-se, Martin inclinou-se ligeiramente, solando de novo os seus lábios aos da jovem. Beijou-a loucamente e, ao afastar-se, reparou que a jovem tinha os olhos muito abertos, tão grandes que pareciam querer sair-lhe do rosto. Ele, então, disse:
— Não teria sabido de que outro modo poderia agradecer-lhe tudo o que fez por mim. Depois, voltou-se para o muro e trepou agilmente pelo grosso tronco da trepadeira, saltando para o outro lado.
Sem comentários:
Enviar um comentário