Wallace começou a andar e ele seguiu-o em silêncio, ao mesmo tempo que voltava a carregar o revólver que ainda conservava na mão. Tinha assistido à última cena sem pronunciar uma só palavra.
Caminharam por entre as barracas — sólidas construções de troncos bem ligados — até chegarem a uma que, de aspeto, parecia mais confortável do que as outras. Era também maior.
— Um momento, Fred... — disse Wallace, detendo-se à porta. — Chamas-te realmente Fred Cameron?
— Sim.
— Hum!'
— Que quer dizer esse «hum»? Não me acreditas?
— Porque não havia de acreditar-te? Mas acredito também que fizeste uma solene tolice dando o teu verdadeiro nome diante de toda a gente e contando os motivos que te traziam aqui. O assassino de tua irmã pode muito bem ser um dos meus homens. Tu não o conheces, mas ele agora conhece-te, depois do que tu disseste. Não receias que, antes de deixar que tu o descubras, ele te meta um par de balas na cabeça. Depois... quem é capaz de saber quem foi o autor da proeza? — Wallace sorriu ironicamente. — No bando há mais de dez homens que correspondem a essa discrição.
— Além disso, segundo me disse o velha capataz do nosso rancho, esse patife tem uma cicatriz num ombro... Clara que não posso pôr-me a olhar, um a um, os ombros de todos os rapazes.
— Evidentemente. Enfim, deixemos que o tempo decida. Agora, rapaz, quero mostrar-te o meu palácio. Entra. Depois levar-te-ei à barraca de Stephen, que será a tua a partir de agora.
Empurrou a porta e Fred entrou atrás dele, depois de ter enfiado no coldre o revólver que acabava de carregar. Encontrou-se num compartimento amplo, com uma chaminé em frente da porta. O mobiliário reduzia-se a meia dúzia de cadeiras, uma mesa e uma espécie de tosca biblioteca onde se viam muitos volumes de diferentes tamanhos. Duas portas abriam para esse compartimento, uma de cada lado. A servir de reposteiro viam-se duas mantas mexicanas, de colorido intenso.
Fred notou tudo isto num relance, em muito menos tempo do que o necessário para descrever os pormenores. Os seus olhos foram imediatamente atraídos por alguma coisa que valia mais do que todas as barracas juntais, incluindo o Tesoura Nacional da União.
Esse «alguma coisa» era uma mulher. E que mulher!
Estava sentada à mesa e lia atentamente um livro encadernado. Quando os dois homens entraram, ela levantou a cabeça.
Fred, ao ver, os olhos dela cravados nos seus, sentiu que lhe zumbiam os ouvidos. Estaria a sonhar? A triste experiência da noite anterior fez que ele levasse a mão ao ombro esquerdo, esperando receber outra patada como a que tinha recebido.
Mas não. Aquela mulher, aquela rapariga, porque não devia ter ainda vinte anos era perfeitamente viva e real. De um loiro cendrado, tinha os olhos azuis e puros como o céu de ums tarde de Primavera, um rosto ovalado, lábios vermelhos...
Fred pigarreou e Wallace disse, sorrindo:
— Fred, esta é Lizzy, minha filha.
Fred engoliu em seco. A filha do Wallace Connway! E porique- não? Não existe nenhuma lei que proíba aos bandidos terem filhas bonitas, coimo qualquer outro homem.
— Lizzy, este é Fred Cameron, o novo lugar-tenente do nosso grupo. Ouviste dois tiros? Fred liquidou esse bruto do Stephen, num abrir e fechar de olhos.
A rapariga pôs-se de pé, abandonando o livro sobre a mesa. Tinha uma silhueta esbelta, talvez um pouco magra. Vestia uma blusa e uma saia comprida.
Inclinando-se ligeiramente, a jovem fitou os seus belos olhos, que pareciam velados por uma expressão de tristeza, nos olhos cinzentos de Fred.
— Tenho prazer em conhecê-lo, Fred... Se é bom, como o meu pai, pode contar com a minha amizade. Se não é, considere-me sua inimiga.
Fred recuperou finalmente o luso dia fala.
— Não creio que seja realmente bom, Lizzy... mas tudo o que valho, e é bem pouco, fica ao seu serviço desde agora.
Ela sorriu:
— Obrigada, Fred.
Naquele momento, o rapaz pensou que a barraca se tinha desmoronado sobre o seu ombro esquerdo, no ponto onde poisou com força a mão de Wallace.
-- Com todos os diabos, Fred! Sabes que conseguiste fazer sorrir a minha filha? Julgava que ela tinha perdido essa possibilidade, meu rapaz...
De súbito a face de Wallace endureceu, como se um mau pensamento lhe atravessasse o espírito. E disse em voz rude.
— Esquecia-me dizer-te que te trouxe aqui para que visses minha filha. Vês como ela é. Tu és um rapaz novo e simpático... Sabes o que eu quero dizer com isto?
Fred tinha franzido o sobrolho:
— Não, em verdade...
— Eu te explico, amigo. Minha filha é tudo o que eu tenho no mundo. Não permitirei que nenhum homem lente conquistá-la com intenções... Bem, tu sabes o que aconteceu com a tua pobre irmã. É preciso que a história se não repita... Minha filha é sagrada, Fred. Imagina o que eu seria capaz de fazer se aliguem tentasse... Foi para te dizer isto que te trouxe aqui. Agora podes ir-te embora, amigo.
Fred compreendeu e fez um aceno de cabeça.
— Eu sou um homem, Wallace... — disse ele.
E saiu da barraca.
Caminharam por entre as barracas — sólidas construções de troncos bem ligados — até chegarem a uma que, de aspeto, parecia mais confortável do que as outras. Era também maior.
— Um momento, Fred... — disse Wallace, detendo-se à porta. — Chamas-te realmente Fred Cameron?
— Sim.
— Hum!'
— Que quer dizer esse «hum»? Não me acreditas?
— Porque não havia de acreditar-te? Mas acredito também que fizeste uma solene tolice dando o teu verdadeiro nome diante de toda a gente e contando os motivos que te traziam aqui. O assassino de tua irmã pode muito bem ser um dos meus homens. Tu não o conheces, mas ele agora conhece-te, depois do que tu disseste. Não receias que, antes de deixar que tu o descubras, ele te meta um par de balas na cabeça. Depois... quem é capaz de saber quem foi o autor da proeza? — Wallace sorriu ironicamente. — No bando há mais de dez homens que correspondem a essa discrição.
— Além disso, segundo me disse o velha capataz do nosso rancho, esse patife tem uma cicatriz num ombro... Clara que não posso pôr-me a olhar, um a um, os ombros de todos os rapazes.
— Evidentemente. Enfim, deixemos que o tempo decida. Agora, rapaz, quero mostrar-te o meu palácio. Entra. Depois levar-te-ei à barraca de Stephen, que será a tua a partir de agora.
Empurrou a porta e Fred entrou atrás dele, depois de ter enfiado no coldre o revólver que acabava de carregar. Encontrou-se num compartimento amplo, com uma chaminé em frente da porta. O mobiliário reduzia-se a meia dúzia de cadeiras, uma mesa e uma espécie de tosca biblioteca onde se viam muitos volumes de diferentes tamanhos. Duas portas abriam para esse compartimento, uma de cada lado. A servir de reposteiro viam-se duas mantas mexicanas, de colorido intenso.
Fred notou tudo isto num relance, em muito menos tempo do que o necessário para descrever os pormenores. Os seus olhos foram imediatamente atraídos por alguma coisa que valia mais do que todas as barracas juntais, incluindo o Tesoura Nacional da União.
Esse «alguma coisa» era uma mulher. E que mulher!
Estava sentada à mesa e lia atentamente um livro encadernado. Quando os dois homens entraram, ela levantou a cabeça.
Fred, ao ver, os olhos dela cravados nos seus, sentiu que lhe zumbiam os ouvidos. Estaria a sonhar? A triste experiência da noite anterior fez que ele levasse a mão ao ombro esquerdo, esperando receber outra patada como a que tinha recebido.
Mas não. Aquela mulher, aquela rapariga, porque não devia ter ainda vinte anos era perfeitamente viva e real. De um loiro cendrado, tinha os olhos azuis e puros como o céu de ums tarde de Primavera, um rosto ovalado, lábios vermelhos...
Fred pigarreou e Wallace disse, sorrindo:
— Fred, esta é Lizzy, minha filha.
Fred engoliu em seco. A filha do Wallace Connway! E porique- não? Não existe nenhuma lei que proíba aos bandidos terem filhas bonitas, coimo qualquer outro homem.
— Lizzy, este é Fred Cameron, o novo lugar-tenente do nosso grupo. Ouviste dois tiros? Fred liquidou esse bruto do Stephen, num abrir e fechar de olhos.
A rapariga pôs-se de pé, abandonando o livro sobre a mesa. Tinha uma silhueta esbelta, talvez um pouco magra. Vestia uma blusa e uma saia comprida.
Inclinando-se ligeiramente, a jovem fitou os seus belos olhos, que pareciam velados por uma expressão de tristeza, nos olhos cinzentos de Fred.
— Tenho prazer em conhecê-lo, Fred... Se é bom, como o meu pai, pode contar com a minha amizade. Se não é, considere-me sua inimiga.
Fred recuperou finalmente o luso dia fala.
— Não creio que seja realmente bom, Lizzy... mas tudo o que valho, e é bem pouco, fica ao seu serviço desde agora.
Ela sorriu:
— Obrigada, Fred.
Naquele momento, o rapaz pensou que a barraca se tinha desmoronado sobre o seu ombro esquerdo, no ponto onde poisou com força a mão de Wallace.
-- Com todos os diabos, Fred! Sabes que conseguiste fazer sorrir a minha filha? Julgava que ela tinha perdido essa possibilidade, meu rapaz...
De súbito a face de Wallace endureceu, como se um mau pensamento lhe atravessasse o espírito. E disse em voz rude.
— Esquecia-me dizer-te que te trouxe aqui para que visses minha filha. Vês como ela é. Tu és um rapaz novo e simpático... Sabes o que eu quero dizer com isto?
Fred tinha franzido o sobrolho:
— Não, em verdade...
— Eu te explico, amigo. Minha filha é tudo o que eu tenho no mundo. Não permitirei que nenhum homem lente conquistá-la com intenções... Bem, tu sabes o que aconteceu com a tua pobre irmã. É preciso que a história se não repita... Minha filha é sagrada, Fred. Imagina o que eu seria capaz de fazer se aliguem tentasse... Foi para te dizer isto que te trouxe aqui. Agora podes ir-te embora, amigo.
Fred compreendeu e fez um aceno de cabeça.
— Eu sou um homem, Wallace... — disse ele.
E saiu da barraca.
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