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Fez uma pausa para comer mais um pouco.
—O lugar era perigoso, pois os índios nunca gostaram que andássemos pelos seus territórios. De súbito ouvi disparos e fugi. Mas não eram para mim. Contudo, alguém podia estar em apuros, de modo que me encaminhei para o local dos disparos, tomando todas as precauções. Deste modo deparei com uma cena muito parecida com a que tu foste protagonista, Ales. Tratava-se só de um índio. Três tipos mal-encarados tentavam divertir-se á sua custa, mas acabaram por se impacientarem por não o conseguirem.
— «Atira-lhe à cabeça» —gritava um deles no momento que eu me aproximava de uma rocha próxima.
—Era um índio, mas apesar de tudo não me agradou o proceder daqueles tipos, de modo que os afugentei a tiros. O pele-vermelha continuou imóvel, com os braços cruzados sobre o peito, até eu chegar.
— «Que vai fazer o grande guerreiro branco com Yellow Beak? (Pico Amarelo) — perguntou-me então tranquilamente.
—Era muito jovem e fiquei surpreendido por falar inglês.
— «Que me matem se eu sei! —resmunguei. — Que teria feito Yellow Beak no meu lugar?
— «Arrancava-lhe a cabeleira—respondeu calmamente.
—Bom, o caso é que não esperava aquela resposta e não pude evitar o riso.
-- «O caso é que não sabia o que fazer com semelhante troféu— disse depois de conter as gargalhadas—, de modo que o melhor será deixar-te ir.
—Yellow Beak não pareceu surpreender-se demasiado, nem pareceu ter pressa em aproveitar os meus bons propósitos. — «Caras pálidas matar o meu cavalo. Quer o grande guerreiro levar-me até às tendas da minha tribo?
—A proposta era tão inesperada como excitante, de modo que não pude resistir à tentação. Yelow Beak era o filho do chefe e fui bem recebido entre os seus. Fiquei uns dias com eles, aceite como mais um membro da tribo, especialmente depois de! cruzar o meu sangue com o de Yelow Beak, o que nos tornou irmãos. Não sonhava que nos voltássemos a encontrar nestas circunstâncias.
— Quer dizer que desde então não o viu mais?! —perguntou Elianne, muito interessada.
—Não. Sou guia, caçador e o que aparecer. Encontrá-lo foi uma casualidade afortunada, pois ao que parece os índios estão em pé de guerra, cansados do desleal trato que recebem. Por isso temos que chegar a Rapid quanto antes.
— Mas, como poderemos ir se deu os bois aos índios? Pai...
— Eles arranjam-nos alguns dos seus cavalos — interrompeu-a Lyn. — Outra coisa de que os privaram foi da abundância de caça, e precisam de carne. Nós nos arranjaremos.
—Como se faz um irmão de sangue, Lyn? —perguntou Ales, interrompendo a conversa.
Lyn encolheu os ombros, divertido.
— Tu fazes um corte na mão, assim como o outro que vai ser teu irmão, unem as feridas ligando os braços com um lenço, e fazem então os votos de irmandade, e já está.
—E é a mesma coisa para os brancos?
O jovem riu-se.
— Bom, não é costume. Mas claro que serviria para os interessados caso estivessem de acordo. Mas nunca te fies nesses parentescos.
— Mas Yellow Beak manteve-se fiel.
—Sim. Em certos aspetos, os peles-vermelhas merecem mais confiança do que os brancos. E por falar neles, aí estão.
Levantou-se a olhar para a nuvem de pó que se levantava nas pequenas elevações circundantes.
— Pois eu gostaria de ser teu irmão de sangue —disse Ales ao seu lado. —E eu também seria fiel.
Lyn sorriu, a olhar para o rapaz.
—Sim.
E Lyn continuou:
— Prepara as rédeas. Teremos que engatar pelo menos quatro cavalos.
Mas Ales não se apressou e ficou a contemplar com temerosa admiração os cavaleiros selvagens a cujo encontro ia Lyn.
—Ales —chamou a sua irmã—, vem ajudar-me.
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