segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

PAS704. Matar por uma mina de prata

Prata. Era uma mina de prata. Ali estava o verdadeiro segredo de Charisse e a razão pela qual os seus sequazes se opunham pela força a que o bosque fosse cortado.
Howard Charisse tinha-a encontrado casualmente algum tempo antes e, receoso de que alguém pudesse disputar-lha, mantinha em segredo o seu achado. Primeiro fora algo de instintivo, mas depois raciocinado. Se alguém podia reclamar o seu direito à mina, esse alguém era Tula, sua prima, com quem necessariamente teria de partilhar o tesouro.
A não se ter enamorado loucamente dela, não se teria importado que tal sucedesse e que ela gozasse com ele do precioso achado. Mas como estava, preso de uma avassaladora paixão, temeu que a jovem, rica e poderosa, se agradasse de outro, pedisse participação na fortuna e se separasse dele para sempre.
Que motivo havia, portanto, para que Tula dependesse sempre dele? Nenhuma melhor que simular uma ruína e, entretanto, ir acumulando prata até o filão se ter esgotado ou ela admitir que também lhe queria e estava disposta a compartilhar a sua vida com ele. Só então lhe diria a verdade, se assim o julgasse conveniente.
Simulara uma epidemia, vendera as reses e parte do produto dessa venda empregara-o na compra de material destinado à exploração da mina. O resto do dinheiro depositara-o num Banco distante. Além das ferramentas, Charisse precisava de homens, mas não de trabalhadores, que pudessem denunciá-lo.
Despediu o pessoal e rodeou-se de uma dezena de pistoleiros a soldo, encarregando-os do recrutamento dos homens necessários para o trabalho da extração do minério. Dezoito ou vinte indivíduos foram alistados à força e encerrados naquele vale, de onde ninguém sairia com vida.

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