segunda-feira, 29 de junho de 2015

PAS487. Margarida em perigo

Não oferecia dúvida alguma de que um grupo de cavaleiros se aproximava. O bater dos cascos num solo pedregoso era bastante percetível para poder duvidar da sua procedência.
Num repente, Farley suspeitou de que o objetivo dos que chegavam era precisamente o local onde ele se abrigara a descansar. Se o encontrassem ali corria um grave risco, quer se tratasse dos partidários de um bando ou do outro.
Saiu do refúgio das árvores e correu para a ladeira da montanha. Os penhascos ofereciam-lhe urna relativa segurança, embora neles estivesse oculto dos olhares dos que atravessavam o vale.
Olhou pela última vez para a casa, mas não viu a rapariga voltar. Pelo menos, a ela nada fariam. Logo que observasse o seu regresso, chamaria a sua atenção para que fosse ter com ele e abandonassem sem mais demoras aquelas paragens.
Ocultou-se atrás de uns pedregulhos e espreitou por uma abertura que ficava entre eles. Pelo lido oposto do vale e exatamente no mesmo lugar que meia hora antes tinha percorrido, uma dúzia de cavaleiros militares acabava de fazer a sua aparição. Passaram a grande velocidade e só refrearam a marcha das montadas quando alcançaram o grupo de acácias. Então, em lugar de se deterem, continuaram em direção à casa.
Farley experimentou uma súbita inquietação. Seguiu o grupo com o olhar e viu-o deter-se diante da cerca. Os soldados desmontaram e penetraram na fazenda.
Na mente de Farley começou a afluir uma infinidade de pensamentos sombrios. O temor de que Margarida pudesse ser objeto de alguma das brutalidades dos soldados causava-lhe uma crescente inquietação. Podia, e tinha estado tentado a fazê-lo, fugir entre as irregularidades do terreno e tratar de ganhar a margem. Depois diligenciaria atravessar o rio. Mas só o pensamento de abandonar a rapariga à sua sorte, provavelmente a uma sorte horrível, continha os seus impulsos.
Ficou, pois, espiando entre as rochas do seu precário esconderijo. Os cavalos dos soldados foram levados para o outro lado da cerca, o que provava que pensavam ficar por ali bastante tempo.
E, desta forma, as horas foram passando, lentas e desesperantes.
Próximo já do crepúsculo, Farley descobriu uma figura que deslizava encostada à cerca. O coração bateu mais apressado ao reconhecer que se tratava de Margarida.
Avançava receosa e com grandes precauções. Parava a intervalos, para olhar para trás. Na mão trazia urna cesta e...
O coração de Farley parou bruscamente de bater. Uma figura, sem dúvida alguma tratava-se de um soldado, acabava de assomar por detrás de um monte de lenha. Não havia dúvida que vigiava a rapariga, suspeitando da sua atitude.
De repente, decidiu agir. Deixou-se deslizar pela encosta e assim alcançou de novo as acácias. Margarida, mais confiante, apressava o passo. O soldado, sem a perder de vista, avançava, aproveitando o regueiro da nascente.
Farley ocultou-se atrás de uns arbustos. Viu Margarida subir a encosta e deter-se à entrada do bosquezinho, sem dúvida para procurar o lugar onde Farley estava escondido.
Naquele momento uma sombra surgiu detrás dela. Um braço rodeou-lhe o corpo, causando à rapariga tal sobressalto que a fez soltar um grito de espanto.
Farley endireitou-se. Viu Margarida tombar por terra e o energúmeno saltar sobre ela com à intenção de a beijar.
Silenciosamente, como unia pantera espiando a presa, Farley deslizou entre os matagais até chegar a pouca distância de ambos. A rapariga lutava e ofegava, mas defendia-se sem proferir um grito a pedir socorro.
Farley saltou então sobre o desprevenido mexicano., Com assombrosa rapidez, as suas mãos apertaram-se em torno do pescoço do intruso. Devia, por todos os modos ao alcance, impedir que ele gritasse e pusesse de sobreaviso os companheiros.
A surpresa fez que o outro soltasse a presa e tratasse de resistir. Mas a pressão dos dedos de Farley na sua garganta tornava-se cada vez Mais intensa. O mexicano revolvia-se, esperneando e golpeando com os punhos nos flancos do rapaz.
Farley compreendeu que, se não tomasse uma decisão rápida, estariam perdidos. Levantou o mexicano, fazendo que a cabeça dele batesse sucessivas vezes no solo. Os esforços da sua vítima foram enfraquecendo até cessarem por completo.
Só então Farley se atreveu a soltá-lo. O seu primeiro pensamento foi que o tinha matado, mas ao aproximar--se de seu rosto observou que ainda respirava, embora debilmente.

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