sexta-feira, 26 de junho de 2015

PAS484. Encontro com um lenço perfumado de mulher

O rio corria preguiçosamente mais à esquerda, por um terreno pantanoso povoado de juncos, através do qual era com dificuldade que se passava, motivo por que Farley tinha escolhido o caminho do interior, mais firme e menos exposto a emboscadas.
À saída do desfiladeiro iniciava-se um pequeno bosque de acácias. Farley deteve-se, olhando para a direita e para a esquerda, para melhor avaliar as possibilidades que os dois caminhos lhe ofereciam.
E foi então, que o seu olhar descobriu algo que o fez franzir o sobrolho. Dos lábios escapou-se um ligeiro assobio de assombro. Depois, obrigou o cavalo a virar para a esquerda, sem pressas.
A umas quinze jardas, no centro da vereda, havia um objeto de cor vermelha. Era um lenço, conforme pôde averiguar quando se aproximou; um lenço de seda que pertenceria, certamente, a uma mulher.
Farley desmontou e aproximou-se do lugar onde parecia estar abandonado aquele objeto. Agachou-para o apanhar e agarrou-o com um incontido sentimento de receio.
Tratava-se, com efeito, de um finíssimo lenço de seda, dos que as mulheres costumam colocar em redor do pescoço e lhes cobre uma parte dos ombros. Era de cor «grenat» e salpicado de uma infinidade de bolas brancas e, ao aproximá-lo do rosto, Farley aspirou um finíssimo perfume de jasmim que parecia desprender-se das suas pregas.
Farley tratou de imaginar a mulher a quem ele pertenceria, mas não teve tempo de o fazer. O seco estampido de um tiro de espingarda quebrou, com o seu aviso de morte, a agradável quietude do ambiente.
 

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