sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

PAS247. Uma mulher de atitude surpreendente

- A lei e você não me importam nada, Graham – berrou Don Santiago, tio de Jenny. – Faça o que lhe digo. Traga Jenny para aqui e prometo-lhe que me retirarei imediatamente. Caso contrário, arrasarei a cidade até aos alicerces.
Kaspar estremeceu. Eram mais de cinquenta homens, perfeitamente organizados num pelotão, com um chefe que lhes infundia respeita fantástico e disciplina de ferro contra os quais pouco poderiam fazer os pacíficos habitantes de Alamitos, praticamente indefesos. O sangue correria em abundância e…
Rendeu-se.
- Muito bem – gritou do seu lugar. – Vou levar-lhe Jenny agora mesmo. Espere um momento.
Recolhendo o revólver no coldre, Kaspar foi até à cela onde estava a rapariga. Não teve coragem para a olhar. Abriu rapidamente a porta e afastou-se para o lado.
- Saia! – ordenou laconicamente e Jenny, após um instante de hesitação, obedeceu.
Caminharam ao lado um do outro até ao escritório. Ali foi o próprio ajudante Parkson quem abriu a porta da rua e o par saiu, parando junto do degrau.
Kaspar encarou com ar desdenhoso Don Santiado e Filipe, que, com as mãos apoiadas nos revólveres, se encontravam a poucos passos de distância.
Um sorriso ambíguo surgiu nos lábios de Filipe, enquanto dizia:
- Jenny, aproxima-te.
A resposta da rapariga não podia ser mais surpreendente:
- Vocês estão agindo redondamente mal. Este não é o modo mais decente de resolver as coisas.
- Ocupa-te de ti e deixa-nos em paz, Jenny. Aproxima-te, já te disse!
- Não – retrucou ela em tom perentório. – Nego-me em absoluto a obedecer-te e não é necessário que diga as causas da minha atitude. Vocês sabem muito bem quais são.
Uma careta de raiva torceu os lábios pálidos do rapaz. Levantou o revólver e engatilhou-o.
- Então… não é preciso falarmos mais, Jenny. Já tiveste tempo de sobre para vires connosco.
- Filipe! – gritou a rapariga, profundamente angustiada. – Que pensas fazer?
- Uma coisa muito simples, Jenny: matar o homem que tanto te ofendeu ao encerrar-te no cárcere. Afasta-te daí!
 Jenny lançou um grito que lhe veio do mais fundo da alma e, em vez de fazer o que o irmão lhe mandara, atirou-se para a frente, de lado, cobrindo com o seu corpo o de Kaspar, ao mesmo tempo que se ouvia um tiro.
Surpreendido, o xerife não teve tempo de esquivar-se. Viu Jenny cair, completamente inerte, mas antes que a sua mão pudesse tocar na coronha do seu revólver, uma espingarda disparou por cima da sua cabeça, da retaguarda.
Um orifício redondo apareceu na fronte de Filipe. Do buraco bem visível da bala saía um fiozinho colorido que corria pelo rosto abaixo. As suas pupilas dilataram-se enormemente, como se não acreditasse no qu acabava de suceder-lhe. Com um suspiro rouco, Filipe desequilibrou-se definitivamente e caiu para a frente, de bruços.
(Coleção Arizona, nº 53)



Acalmem-se essas almas: Jenny recuperará e será feliz nos braços de Kaspar

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