Só quando divisaram o rancho que pertencera a Sullivan, Vera deteve o cavalo.
Barrou-lhe o caminho, e olhou-o com valentia nos olhos.
— Pensaste bem, Rod?— perguntou.
— Sim. Muito calmamente, querida. Se não fosse assim, não te teria pedido.
— Eu… Tenho medo de que algum dia chegues a pensar, que o fiz pelos teus dólares. Que algum dia me deites à cara a minha condição de...
— Cala-te, Vera! Tem cuidado com a língua, que será melhor!
Ela sorriu levemente ante as secas palavras.
— Terás de obrigar-me tu, Rod. És o único que me pode fazer calar.
E aproximou o cavalo, até os animais se tocarem. Rod estendeu os braços e arrancou-a da sela como se fosse uma pluma. Começou a beijá-la, antes de poisá-la no seu cavalo, à sua frente.
Assim arrulhando, chegaram frente à entrada do rancho «Estrela». Rod desceu primeiro do cavalo e depois ajudou-a. Acabara de fazê-lo, quando na soleira da mesma, se destacou a silhueta de Sullivan.
— Olá, pombinhos — saudou. — Há já um bom bocado que estou à vossa espera.
Conduziu-os ao escritório.
Especado à frente de Rod, olhando-os alternadamente, explicou:
— Agora vou buscar o seu homem, rapaz. Creio que mais não se pode fazer. Digo, sem receio de enganar-me, que com a declaração de Jim Delano, há o suficiente para levar à forca, Dayton.
— Traga-o, está bem?
Sullivan demorou pouco em voltar com Jim Delano.
Velho, mais velho ainda que Sullivan. De rosto duro, coberto de rugas, de cabelo cinzento e espesso bigode.
Alto, muito alto. Isso notava-se à primeira vista, apesar de agora, sob o peso dos anos, andar recurvado.
Campesinamente, estendeu a mão a Rod, que a estreitou com um estranho sorriso na boca.
— Mister Sullivan falou-me de si e do que pretendia, mister Burke — disse. — Estou disposto a dizer o que vi.
— Fale, Jim. Não sabe quanto lhe agradeço isso.
O antigo e velho vaqueiro sorriu.
— A coisa começou...
Ponto por ponto, relatou tudo o que Sullivan já lhe dissera. Ao terminar a narrativa, Jim Delano tinha os olhos fixos em Rod.
— Jurará isso diante dum tribunal, Jim?
— Agora sim, mister Burke. Foi horrível, sabe? Portanto, vou fazê-lo. Se o não fiz antes, foi por medo. Pelo receio de que alguma bala acabasse comigo. Agora é diferente. Ainda que você não viesse, ainda que tivesse sido outro, também teria falado — riu com um riso ainda mais achocalhado do que o do velho Sullivan, e acrescentou: — Estou com um pé na sepultura. Se antes de ir para o inferno, posso fazer algum bem, estou disposto a fazê-lo. Declaro-o aqui ou onde quiser, mister Burke.
— Obrigado, Jim — olhou-o pensativo alguns segundos e depois perguntou: --- Como se chamava o rancho dos pais de Lina Hendrix?
O riso trocista de Sullivan interrompeu-o. Rod encarou-o, mas antes de que pudesse abrir a boca, Sullivan sempre rindo, disse:
— O seu, rapaz. O rancho dos Hendrix era o «Arizona».
Vera soltou uma exclamação sufocada, e Rod cravou silenciosamente os olhos no velho vaqueiro.
— É verdade, mister Burke —afirmou aquele. Agora já sabe tudo. Se quiser restituir tudo a Lina, creio que fez um negócio ruinoso ao comprá-lo.
Rod ficou pensativo durante alguns segundos. Depois perguntou a Sullivan:
— Como se explica isso, Sullivan? Eu comprei o rancho «Arizona» a...
— Eu sei — interrompeu Sullivan. — Isso também é certo. Mas Dayton vendeu-o a Pop Benson. Tenha em conta, que este último veio para cá alguns anos mais tarde. Desejava estabelecer-se, e Dayton vendeu-lhe o «Arizona» por alguns milhares de dólares, com intenção de se apoderar de novo dele. Começou a fazer pressão sobre ele, e quando já tinha quase tudo conseguido, apareceu você a estragar-lhe os planos. Que pensa fazer agora, mister Burke?
Rod não respondeu. Ergueu-se e olhou pela janela. O sol declinava.
Barrou-lhe o caminho, e olhou-o com valentia nos olhos.
— Pensaste bem, Rod?— perguntou.
— Sim. Muito calmamente, querida. Se não fosse assim, não te teria pedido.
— Eu… Tenho medo de que algum dia chegues a pensar, que o fiz pelos teus dólares. Que algum dia me deites à cara a minha condição de...
— Cala-te, Vera! Tem cuidado com a língua, que será melhor!
Ela sorriu levemente ante as secas palavras.
— Terás de obrigar-me tu, Rod. És o único que me pode fazer calar.
E aproximou o cavalo, até os animais se tocarem. Rod estendeu os braços e arrancou-a da sela como se fosse uma pluma. Começou a beijá-la, antes de poisá-la no seu cavalo, à sua frente.
Assim arrulhando, chegaram frente à entrada do rancho «Estrela». Rod desceu primeiro do cavalo e depois ajudou-a. Acabara de fazê-lo, quando na soleira da mesma, se destacou a silhueta de Sullivan.
— Olá, pombinhos — saudou. — Há já um bom bocado que estou à vossa espera.
Conduziu-os ao escritório.
Especado à frente de Rod, olhando-os alternadamente, explicou:
— Agora vou buscar o seu homem, rapaz. Creio que mais não se pode fazer. Digo, sem receio de enganar-me, que com a declaração de Jim Delano, há o suficiente para levar à forca, Dayton.
— Traga-o, está bem?
Sullivan demorou pouco em voltar com Jim Delano.
Velho, mais velho ainda que Sullivan. De rosto duro, coberto de rugas, de cabelo cinzento e espesso bigode.
Alto, muito alto. Isso notava-se à primeira vista, apesar de agora, sob o peso dos anos, andar recurvado.
Campesinamente, estendeu a mão a Rod, que a estreitou com um estranho sorriso na boca.
— Mister Sullivan falou-me de si e do que pretendia, mister Burke — disse. — Estou disposto a dizer o que vi.
— Fale, Jim. Não sabe quanto lhe agradeço isso.
O antigo e velho vaqueiro sorriu.
— A coisa começou...
Ponto por ponto, relatou tudo o que Sullivan já lhe dissera. Ao terminar a narrativa, Jim Delano tinha os olhos fixos em Rod.
— Jurará isso diante dum tribunal, Jim?
— Agora sim, mister Burke. Foi horrível, sabe? Portanto, vou fazê-lo. Se o não fiz antes, foi por medo. Pelo receio de que alguma bala acabasse comigo. Agora é diferente. Ainda que você não viesse, ainda que tivesse sido outro, também teria falado — riu com um riso ainda mais achocalhado do que o do velho Sullivan, e acrescentou: — Estou com um pé na sepultura. Se antes de ir para o inferno, posso fazer algum bem, estou disposto a fazê-lo. Declaro-o aqui ou onde quiser, mister Burke.
— Obrigado, Jim — olhou-o pensativo alguns segundos e depois perguntou: --- Como se chamava o rancho dos pais de Lina Hendrix?
O riso trocista de Sullivan interrompeu-o. Rod encarou-o, mas antes de que pudesse abrir a boca, Sullivan sempre rindo, disse:
— O seu, rapaz. O rancho dos Hendrix era o «Arizona».
Vera soltou uma exclamação sufocada, e Rod cravou silenciosamente os olhos no velho vaqueiro.
— É verdade, mister Burke —afirmou aquele. Agora já sabe tudo. Se quiser restituir tudo a Lina, creio que fez um negócio ruinoso ao comprá-lo.
Rod ficou pensativo durante alguns segundos. Depois perguntou a Sullivan:
— Como se explica isso, Sullivan? Eu comprei o rancho «Arizona» a...
— Eu sei — interrompeu Sullivan. — Isso também é certo. Mas Dayton vendeu-o a Pop Benson. Tenha em conta, que este último veio para cá alguns anos mais tarde. Desejava estabelecer-se, e Dayton vendeu-lhe o «Arizona» por alguns milhares de dólares, com intenção de se apoderar de novo dele. Começou a fazer pressão sobre ele, e quando já tinha quase tudo conseguido, apareceu você a estragar-lhe os planos. Que pensa fazer agora, mister Burke?
Rod não respondeu. Ergueu-se e olhou pela janela. O sol declinava.
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