Parou o animal, olhando atentamente a pequena e tosca cabana que surgia no centro da pequena clareira. Uma intensa emoção apoderou-se dele, ainda que o seu rosto se mantivesse como esculpido e pedra.
Então viu a criança, um garoto de apenas sete ou oito anos, que brincava aos vaqueiros, já que ente as suas pernitas se podia ver um pedaço de madeira que lhe servia às mil maravilhas de «cavalo».
A sua imobilidade de pedra quebrou-se e fez avançar o garanhão. Muito antes de aparecer por completo, o garoto viu-o. Por instantes parou na sua brincadeira. Depois vacilou e finalmente soltou o «cavalo» e deitou a correr como um pequeno diabito para a tosca construção.
Monty Evans, sempre a passo, continuou a avançar.
O pequeno Monty Sinclair entrou corno um furacão em miniatura na cabana. Agarrou-se às saias de mãe que naquele momento preparava o pequeno-almoço.
Absorvida como estava nos seus pensamentos, a entrada do pequeno sobressaltou-a deveras.
Baixou a linda cabeça para ele e então o «homenzito» disse:
— Mamã! Mamã! Vem aí alguém!
Jocelyn Sinclair abraçou contra o peito o filho, aproximando-se assim da janela. Olhou o cavaleiro. Depois respondeu ao pequeno, que a olhava com os olhos grandes e azuis intensamente abertos:
— Sim, querido. Parece um forasteiro. Desde... que ficámos sozinhos não aparece ninguém por aqui. Vejamos o que o traz ao bosque. Talvez seja um fugitivo.
— E que é isso, mamã?
— Um homem mau, filho.
— Então esse é. Traz dois revólveres...
—Como sabes isso, Monty?
E ela, com as mãos nos ombros do garoto, saiu. Sentia um instintivo temor ante aquele desconhecido que avançava diretamente para ela. Se tivesse uma arma obrigá-lo-ia a parar, pelo menos até saber o que ele queria.
Mas a formosa mulher só poderia esgrimir com os utensílios da cozinha. Miller, Gordon e Peters tinham-lhe levado as armas no dia em que detiveram Ted Sinclair, seu marido, acusando-o de ter assassinado Dick Preston, um dos rancheiros mais influentes de Corona.
Continuou a demonstrar impassibilidade, ainda que estreitasse cada vez com mais força o filho, até ao ponto de a criança dizer:
— Estás a magoar-me, mamã!
Aquelas palavras deviam ter chegado aos ouvidos do cavaleiro, tão próximo ele já sei encontrava. Fosse pelo que fosse, o caso é que Monty Evans sorriu, e naquele seu sorriso não havia nada de dureza. Dir-se-ia que seu curtido semblante abrandara por momentos. Precisamente os que aquele tinha durado. Algo tão fugaz, que nem a própria mulher se apercebeu.
Por fim deteve-se ante os dois. Tirou o chapéu cumprimentando, e depois desmontou.
Os grandes e negros olhos da mulher esquadrinharam o cavaleiro dos pés à cabeça, aproveitando o facto de ele se encontrar de costas atendendo o cavalo.
O seu coração teve um sobressalto sem que pudesse especificar a causa.
Naquele instante, Monty voltou-se para ela. Não falou. Limitou-se a dar um passo e a estender a mão para a cabeça emaranhada do garoto. Depois, a sua voz pastosa ouviu-se:
— És Monty Sinclair, não és?
Pelos vistos, o pequeno Monty era uma criança precoce e valente, já que nem sequer estremeceu ao contacto daquela mão estranha. Tão estranha para ele corno o homem que o acariciava. Demonstrou-o ainda mais quando replicou de forma categórica, tal qual uma pessoa crescida:
— Sou Monty. E tu um pistoleiro não é verdade? Foi a mamã quem o disse.
Pela primeira vez desde havia longo tempo, Monty Evans soltou uma estridente gargalhada, interrompendo a mãe quando esta recriminava:
— Menino! Quem te...
Depois homem e mulher olharam-se intensamente, sem nada dizerem, ao mesmo tempo que o pequeno, desconfiando talvez que tivesse dito algum disparate, cravava os olhos no chão.
O silêncio tornava-se incomodativo. Monty Evans foi o primeiro a quebrá-lo quando disse:
— Se ele é Monty, a; senhora é... Sim.. Não há dúvida. A pequena Jocelyn Moniterrey, agora senhora Sinclair. ,
Ela, por toda a resposta, levou as mãos ao peito, enquanto o seu busto, apertado e jovem, se levantava agitadamente, devido à anelante respiração. Depois abriu desmesuradamente os olhos e finalmente o seu rosto tomou um ligeiro tom rosado.
— O senhor... Tu és Montty Evans! Oh! Monty! Ele disse-me que tu virias.
E rebentou num choro convulso ao mesmo tempo que, sem pensar., procurava refúgio no peito masculino.
Uma estranha doçura, algo jamais sentido se apoderou de todo o ser do duro pistoleiro do Colorado quando, com o seu braço esquerdo rodeou a cintura feminina, enquanto com a mão direita acariciava a cabelo negro da jovem que em cascata lhe caía pelos ombros.
— Sim, Jocelyn. Sou Monty Evans. O presidiário. O pistoleiro do Colorado.
As palavras dele fizeram-lhe mal. Muito mal mesmo. Corno um fugaz relâmpago acudiram à sua mente os motivos pelos quais casara com Ted Sinclair.
Este sempre a amara sem esperança. Ela, pelo contrário, desde muito, criança apaixonara-se loucamente pelo homem que tinha agora a seu lado. Mas Monty nunca tinha reparado nela. Não, pelo menos, como o faria um homem apaixonado.
Muitas horas de angústia passou quando ele se prometeu a uma das suas amigas, a actual dona do «Cinco Carvalhos», Talú Gordon. Muito trabalho lhe tinha custado aceitar namoro do que mais tarde fora seu marido. Mas por fim tinham casado.
Nunca tivera qualquer razão de queixa de Ted. Tinha sido para ela um marido sincero, amante e leal. Estava verdadeiramente apaixonado por ela. O fruto tinha sido aquele filho, agora órfão devido à maldade de alguns homens.
Seis longos meses na solidão daquela cabana que o próprio Ted construíra. Agora, o passado abria-se ante ela com mais intensidade ido que nunca. Recordava uma a uma todas as palavras que Ted pronunciara, na tarde anterior ao seu enforcamento. «Monty virá, Jocelyn. Assim que sair da prisão, caso saiba o que se passa. Mas se não acontecer. assim, mais tarde ou mais cedo o fará: assim que o mais leve zumbido chegue até ele>.
Recordou também como ela replicara: «Oh! Querido! Julgas que ele não pensará como todos os outros?». «Isso nunca, Jocelyn. Podes estar certa disso. Monty Evans é meu amigo. Fomo-lo sempre, e eu ainda o considero como tal. Ele está tão inocente ido roubo de que o acusaram, como eu do assassínio desse rancheiro».
Chorou muito depois. Passaram aquele três anos. Monty não voltou. Pensou que jamais voltaria, já que havia bastante tempo que tinha saída da prisão. Agora, o seu passatempo era outro: a caça ao 'homem, a caça a todo o fora-da-lei, fazendo sair a morte pelo brunido e comprido «Coltl» em todo, o território do Colorado. E eis que quando mais tranquila estava, quando mais linha a certeza de que não o voltaria a ver, Monty Kvans tinha chegado.
Estava ali!
Bruscamente, saiu do seu marasmo ao aperceber-se de que a sua cabeça continuava reclinada no peito de Monty e este lhe continuava a acariciar o cabelo como se de uma criança se tratasse.
Mas, apesar do seu brusco despertar, Jocelyn não se separou logo do amparo daqueles braços. Fê-lo, isso sim, firmemente mas com suavidade, não querendo chocá-lo com a sua brusquidão.
O seu rosto tornou-se lívido, sem que Evans conseguisse descortinar a causa. É que Jocelyn acabava de se aperceber, pela primeira vez naqueles anos, que o amor que julgou morto por aquele homem tinha ressuscitado no seu coração com maior intensidade do que nunca, bastando para isso só a sua simples presença.
Então viu a criança, um garoto de apenas sete ou oito anos, que brincava aos vaqueiros, já que ente as suas pernitas se podia ver um pedaço de madeira que lhe servia às mil maravilhas de «cavalo».
A sua imobilidade de pedra quebrou-se e fez avançar o garanhão. Muito antes de aparecer por completo, o garoto viu-o. Por instantes parou na sua brincadeira. Depois vacilou e finalmente soltou o «cavalo» e deitou a correr como um pequeno diabito para a tosca construção.
Monty Evans, sempre a passo, continuou a avançar.
O pequeno Monty Sinclair entrou corno um furacão em miniatura na cabana. Agarrou-se às saias de mãe que naquele momento preparava o pequeno-almoço.
Absorvida como estava nos seus pensamentos, a entrada do pequeno sobressaltou-a deveras.
Baixou a linda cabeça para ele e então o «homenzito» disse:
— Mamã! Mamã! Vem aí alguém!
Jocelyn Sinclair abraçou contra o peito o filho, aproximando-se assim da janela. Olhou o cavaleiro. Depois respondeu ao pequeno, que a olhava com os olhos grandes e azuis intensamente abertos:
— Sim, querido. Parece um forasteiro. Desde... que ficámos sozinhos não aparece ninguém por aqui. Vejamos o que o traz ao bosque. Talvez seja um fugitivo.
— E que é isso, mamã?
— Um homem mau, filho.
— Então esse é. Traz dois revólveres...
—Como sabes isso, Monty?
E ela, com as mãos nos ombros do garoto, saiu. Sentia um instintivo temor ante aquele desconhecido que avançava diretamente para ela. Se tivesse uma arma obrigá-lo-ia a parar, pelo menos até saber o que ele queria.
Mas a formosa mulher só poderia esgrimir com os utensílios da cozinha. Miller, Gordon e Peters tinham-lhe levado as armas no dia em que detiveram Ted Sinclair, seu marido, acusando-o de ter assassinado Dick Preston, um dos rancheiros mais influentes de Corona.
Continuou a demonstrar impassibilidade, ainda que estreitasse cada vez com mais força o filho, até ao ponto de a criança dizer:
— Estás a magoar-me, mamã!
Aquelas palavras deviam ter chegado aos ouvidos do cavaleiro, tão próximo ele já sei encontrava. Fosse pelo que fosse, o caso é que Monty Evans sorriu, e naquele seu sorriso não havia nada de dureza. Dir-se-ia que seu curtido semblante abrandara por momentos. Precisamente os que aquele tinha durado. Algo tão fugaz, que nem a própria mulher se apercebeu.
Por fim deteve-se ante os dois. Tirou o chapéu cumprimentando, e depois desmontou.
Os grandes e negros olhos da mulher esquadrinharam o cavaleiro dos pés à cabeça, aproveitando o facto de ele se encontrar de costas atendendo o cavalo.
O seu coração teve um sobressalto sem que pudesse especificar a causa.
Naquele instante, Monty voltou-se para ela. Não falou. Limitou-se a dar um passo e a estender a mão para a cabeça emaranhada do garoto. Depois, a sua voz pastosa ouviu-se:
— És Monty Sinclair, não és?
Pelos vistos, o pequeno Monty era uma criança precoce e valente, já que nem sequer estremeceu ao contacto daquela mão estranha. Tão estranha para ele corno o homem que o acariciava. Demonstrou-o ainda mais quando replicou de forma categórica, tal qual uma pessoa crescida:
— Sou Monty. E tu um pistoleiro não é verdade? Foi a mamã quem o disse.
Pela primeira vez desde havia longo tempo, Monty Evans soltou uma estridente gargalhada, interrompendo a mãe quando esta recriminava:
— Menino! Quem te...
Depois homem e mulher olharam-se intensamente, sem nada dizerem, ao mesmo tempo que o pequeno, desconfiando talvez que tivesse dito algum disparate, cravava os olhos no chão.
O silêncio tornava-se incomodativo. Monty Evans foi o primeiro a quebrá-lo quando disse:
— Se ele é Monty, a; senhora é... Sim.. Não há dúvida. A pequena Jocelyn Moniterrey, agora senhora Sinclair. ,
Ela, por toda a resposta, levou as mãos ao peito, enquanto o seu busto, apertado e jovem, se levantava agitadamente, devido à anelante respiração. Depois abriu desmesuradamente os olhos e finalmente o seu rosto tomou um ligeiro tom rosado.
— O senhor... Tu és Montty Evans! Oh! Monty! Ele disse-me que tu virias.
E rebentou num choro convulso ao mesmo tempo que, sem pensar., procurava refúgio no peito masculino.
Uma estranha doçura, algo jamais sentido se apoderou de todo o ser do duro pistoleiro do Colorado quando, com o seu braço esquerdo rodeou a cintura feminina, enquanto com a mão direita acariciava a cabelo negro da jovem que em cascata lhe caía pelos ombros.
— Sim, Jocelyn. Sou Monty Evans. O presidiário. O pistoleiro do Colorado.
As palavras dele fizeram-lhe mal. Muito mal mesmo. Corno um fugaz relâmpago acudiram à sua mente os motivos pelos quais casara com Ted Sinclair.
Este sempre a amara sem esperança. Ela, pelo contrário, desde muito, criança apaixonara-se loucamente pelo homem que tinha agora a seu lado. Mas Monty nunca tinha reparado nela. Não, pelo menos, como o faria um homem apaixonado.
Muitas horas de angústia passou quando ele se prometeu a uma das suas amigas, a actual dona do «Cinco Carvalhos», Talú Gordon. Muito trabalho lhe tinha custado aceitar namoro do que mais tarde fora seu marido. Mas por fim tinham casado.
Nunca tivera qualquer razão de queixa de Ted. Tinha sido para ela um marido sincero, amante e leal. Estava verdadeiramente apaixonado por ela. O fruto tinha sido aquele filho, agora órfão devido à maldade de alguns homens.
Seis longos meses na solidão daquela cabana que o próprio Ted construíra. Agora, o passado abria-se ante ela com mais intensidade ido que nunca. Recordava uma a uma todas as palavras que Ted pronunciara, na tarde anterior ao seu enforcamento. «Monty virá, Jocelyn. Assim que sair da prisão, caso saiba o que se passa. Mas se não acontecer. assim, mais tarde ou mais cedo o fará: assim que o mais leve zumbido chegue até ele>.
Recordou também como ela replicara: «Oh! Querido! Julgas que ele não pensará como todos os outros?». «Isso nunca, Jocelyn. Podes estar certa disso. Monty Evans é meu amigo. Fomo-lo sempre, e eu ainda o considero como tal. Ele está tão inocente ido roubo de que o acusaram, como eu do assassínio desse rancheiro».
Chorou muito depois. Passaram aquele três anos. Monty não voltou. Pensou que jamais voltaria, já que havia bastante tempo que tinha saída da prisão. Agora, o seu passatempo era outro: a caça ao 'homem, a caça a todo o fora-da-lei, fazendo sair a morte pelo brunido e comprido «Coltl» em todo, o território do Colorado. E eis que quando mais tranquila estava, quando mais linha a certeza de que não o voltaria a ver, Monty Kvans tinha chegado.
Estava ali!
Bruscamente, saiu do seu marasmo ao aperceber-se de que a sua cabeça continuava reclinada no peito de Monty e este lhe continuava a acariciar o cabelo como se de uma criança se tratasse.
Mas, apesar do seu brusco despertar, Jocelyn não se separou logo do amparo daqueles braços. Fê-lo, isso sim, firmemente mas com suavidade, não querendo chocá-lo com a sua brusquidão.
O seu rosto tornou-se lívido, sem que Evans conseguisse descortinar a causa. É que Jocelyn acabava de se aperceber, pela primeira vez naqueles anos, que o amor que julgou morto por aquele homem tinha ressuscitado no seu coração com maior intensidade do que nunca, bastando para isso só a sua simples presença.
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