Naquela noite, à hora da ceia, Harper Patterson esteve de muito mau humor e falou pouco. Não notou que a filha, também estava silenciosa e preocupada com os seus pensamentos. Como também não notou que...
Acabada a ceia, quando se retirou para os seus aposentos que utilizava coma escritório, a sua filha deslizava, até às cavalariças e aparelhava um cavalo. Em compensação…
O pequeno capataz Holt, que se encontrava a fumar um cigarro, junto ao extrema da cerca, viu-a quando se afastava dali a galope. Imediatamente, o mirrado homenzinho aparelhou outro cavalo e partiu atrás dela.
Quando alcançou o caminho, a lua começava a surgir pelo lado oriental do planalto. Uma sombra diminuta, que corria pelo caminho, revelou a Holt tudo o que ele desejava saber. Klondy Patterson dirigia-se para o rancho dos Lasky.
E assim era. Correndo sem olhar para trás, a rapariga seguiu pelo caminho até ao ponto em que este penetrava pela boca de um curso de água e se dirigia para o Norte. Ali Klondy voltou para Oeste.
Atrás dela a lua mostrava o seu esplendor de uma velada brancura, cabriolando no mar de relva, salpicado de figueiras silvestres e nopais.
O cavaleiro que a seguia podia fazê-lo facilmente a meia milha de distância. Por isso, a rapariga sem poder suspeitar de que era seguida por alguém, continuava o seu caminho tranquilamente. Assim andou cerca de cinco milhas e, por fim, ao chegar junto a um pequeno bosque de álamos, parou. Enquanto desmontava, ouviu uma voz de homem que a interpelava:
— Então sempre veio?
— Julgava, por acaso, que não viria? — respondeu ela, avançando ao encontro do homem.
— Não estava muito certo — declarou Jesse Lasky, sorrindo. — Mas confesso que tinha uma esperança.
— Oiça — disse ela, imediatamente. — Este terreno pertence ao meu pai... Já pensou que se algum dos seus homens o visse por aqui, não hesitaria em lhe dar um tiro?
— A possibilidade de a ver a si, valia o risco corrido.
Klondy Patterson voltou a cabeça, notando que o rosto lhe ardia pelo sangue que afluiu às suas faces. Custou-lhe responder simulando uma serenidade que não sentia:
—Olha! Olha! Com que então Jesse Lasky aprendeu a dizer coisas agradáveis, hem?
Ele olhou-a no rosto sem poder porém perceber-lhe expressão por causa da escuridão.
— Sempre julguei que as mulheres apreciavam certas frases — respondeu, após um segundo. Então ela levantou a cabeça como costumava, quando alguma coisa a obrigava a empertigar-se. Os seus lábios estavam apertados e nos olhos havia um desafio.
— Diga-me, senhor Lasky. Por que me pediu que viesse aqui, esta noite... em segredo? — perguntou. — Ouvi quando mo disse num murmúrio enquanto meu pai falava com o xerife.
A sua voz deixava as palavras suspensas, numa meia pergunta.
— Queria falar consigo, menina Patterson, para lhe agradecer o esforço que fez para me vir prevenir.
— Penso que continua a ser eu a devedora — replicou ela
— Não discutamos isso. Quero que saiba que não me agrada ter de lutar com seu pai. Mas não fui eu que comecei esta guerra.
— Isto é uma guerra? — perguntou a jovem com suavidade.
— Houve mortes e, portanto, não podemos dizer que seja outra coisa.
Havia dor na sua voz.
— Está a pensar no seu irmão, senhor Lasky?
— Sim, nele… e nas que possa fazer mais daqui em diante. Por outras palavras: não desejo ser seu inimigo.
— Isso importa-lhe muito? — perguntou ela, zombeteira.
— Talvez sim, talvez não. Em todo o caso não me agrada fazer guerra a mulheres.
Ela saltou como se a tivessem picado. Acontecia-lhe isso sempre que Jesse Lasky abandonava a sua suavidade.
— E foi para isso que fez que viesse aqui esta noite? — replicou num tom que lhe fustigou o orgulho. Durante uns instantes, Jesse Lasky olhou-a como que admirada. Depois, como se tomasse de súbita uma decisão, limitou-se a responder:
— Obrigado por ter vindo, menina.
E dando meia volta desapareceu nas trevas que reinavam sob as árvores. Pouco depois a jovem ouviu-o montar a cavalo, viu a sua silhueta à luz da lua e, finalmente, como voltara a desaparecer nas sombras. Então, ela retrocedeu em busca do seu potro.
Levantou um pé para o apoiar no estribo e naquele momento preciso...
No silêncio, da noite reboou o estronda de um disparo. O seu cavalo, relinchou de medo, mas ela não pareceu ouvi-lo. Afastando-se dele gritou enquanto começava a correr em direção às árvores.
— Jesse! Jesse!
Misturados com as suas palavras dois novos disparos estalaram na noite. Uma bala sibilou perto do seu rosto quando ela atravessou, a mancha brilhante do luar, mas continuou a correr sem fazer o menor caso.
— Jesse! — voltou a gritar.
— Estou aqui, menina. O pior de tudo é que o outro se escapou.
O tom de tranquila segurança que havia na voz de Lasky aliviou-a. E mal apareceu junto dela perguntou com ansiedade.
— O que você própria havia pouco me dissera. Devia haver algum homem de seu pai, perto daqui e aproveitou a oportunidade de me ver para disparar uns tiros.
— Uma das balas passou muito perto de mim — disse ela, recordando o silvo que ouvira junto da cabeça.
O rosto dele pôs-se, de repente, sério.
— Nesse caso — respondeu — quem quer que fosse a homem, não estava aqui, por acaso. Deve tê-la seguido-pelo caminho e ao verificar com quem falava...
Deteve-se sem se atrever a terminar a frase.
— Continue, senhor Lasky — pediu ela.
— Está bem: Dir-lhe-ei o que penso disto. Simplesmente alguém a seguiu. Depois, ao ver-nos juntos, deve ter dito de si para consigo que não encontraria melhor ocasião para me perder. Se conseguisse ferir-nos aos dois... bem, suponho, que me entende. O seu pai não esperaria por mais nada para me enforcar na primeira árvore que encontrasse.
— Julga isso? — disse quase a rir a jovem.
— Não o tome por brincadeira, menina. Estou a falar seriamente. O melhor que podemos fazer é separar-nos. Esse tipo já deve estar muito longe. Não creio que se atreva a esperá-la no caminho. Ou prefere que a acompanhe?
— Não. Vim ia uma entrevista secreta consigo. Não quero que ninguém o saiba. Sempre me agradaram os mistérios!
Se houve algo de «coquette» no olhar da rapariga, Jesse Lasky não pôde notá-lo por causa da escuridão. Mas quando a viu afastar-se a galope ainda perguntava a si próprio que diabos quisera dar a entender com aquelas palavras.
Acabada a ceia, quando se retirou para os seus aposentos que utilizava coma escritório, a sua filha deslizava, até às cavalariças e aparelhava um cavalo. Em compensação…
O pequeno capataz Holt, que se encontrava a fumar um cigarro, junto ao extrema da cerca, viu-a quando se afastava dali a galope. Imediatamente, o mirrado homenzinho aparelhou outro cavalo e partiu atrás dela.
Quando alcançou o caminho, a lua começava a surgir pelo lado oriental do planalto. Uma sombra diminuta, que corria pelo caminho, revelou a Holt tudo o que ele desejava saber. Klondy Patterson dirigia-se para o rancho dos Lasky.
E assim era. Correndo sem olhar para trás, a rapariga seguiu pelo caminho até ao ponto em que este penetrava pela boca de um curso de água e se dirigia para o Norte. Ali Klondy voltou para Oeste.
Atrás dela a lua mostrava o seu esplendor de uma velada brancura, cabriolando no mar de relva, salpicado de figueiras silvestres e nopais.
O cavaleiro que a seguia podia fazê-lo facilmente a meia milha de distância. Por isso, a rapariga sem poder suspeitar de que era seguida por alguém, continuava o seu caminho tranquilamente. Assim andou cerca de cinco milhas e, por fim, ao chegar junto a um pequeno bosque de álamos, parou. Enquanto desmontava, ouviu uma voz de homem que a interpelava:
— Então sempre veio?
— Julgava, por acaso, que não viria? — respondeu ela, avançando ao encontro do homem.
— Não estava muito certo — declarou Jesse Lasky, sorrindo. — Mas confesso que tinha uma esperança.
— Oiça — disse ela, imediatamente. — Este terreno pertence ao meu pai... Já pensou que se algum dos seus homens o visse por aqui, não hesitaria em lhe dar um tiro?
— A possibilidade de a ver a si, valia o risco corrido.
Klondy Patterson voltou a cabeça, notando que o rosto lhe ardia pelo sangue que afluiu às suas faces. Custou-lhe responder simulando uma serenidade que não sentia:
—Olha! Olha! Com que então Jesse Lasky aprendeu a dizer coisas agradáveis, hem?
Ele olhou-a no rosto sem poder porém perceber-lhe expressão por causa da escuridão.
— Sempre julguei que as mulheres apreciavam certas frases — respondeu, após um segundo. Então ela levantou a cabeça como costumava, quando alguma coisa a obrigava a empertigar-se. Os seus lábios estavam apertados e nos olhos havia um desafio.
— Diga-me, senhor Lasky. Por que me pediu que viesse aqui, esta noite... em segredo? — perguntou. — Ouvi quando mo disse num murmúrio enquanto meu pai falava com o xerife.
A sua voz deixava as palavras suspensas, numa meia pergunta.
— Queria falar consigo, menina Patterson, para lhe agradecer o esforço que fez para me vir prevenir.
— Penso que continua a ser eu a devedora — replicou ela
— Não discutamos isso. Quero que saiba que não me agrada ter de lutar com seu pai. Mas não fui eu que comecei esta guerra.
— Isto é uma guerra? — perguntou a jovem com suavidade.
— Houve mortes e, portanto, não podemos dizer que seja outra coisa.
Havia dor na sua voz.
— Está a pensar no seu irmão, senhor Lasky?
— Sim, nele… e nas que possa fazer mais daqui em diante. Por outras palavras: não desejo ser seu inimigo.
— Isso importa-lhe muito? — perguntou ela, zombeteira.
— Talvez sim, talvez não. Em todo o caso não me agrada fazer guerra a mulheres.
Ela saltou como se a tivessem picado. Acontecia-lhe isso sempre que Jesse Lasky abandonava a sua suavidade.
— E foi para isso que fez que viesse aqui esta noite? — replicou num tom que lhe fustigou o orgulho. Durante uns instantes, Jesse Lasky olhou-a como que admirada. Depois, como se tomasse de súbita uma decisão, limitou-se a responder:
— Obrigado por ter vindo, menina.
E dando meia volta desapareceu nas trevas que reinavam sob as árvores. Pouco depois a jovem ouviu-o montar a cavalo, viu a sua silhueta à luz da lua e, finalmente, como voltara a desaparecer nas sombras. Então, ela retrocedeu em busca do seu potro.
Levantou um pé para o apoiar no estribo e naquele momento preciso...
No silêncio, da noite reboou o estronda de um disparo. O seu cavalo, relinchou de medo, mas ela não pareceu ouvi-lo. Afastando-se dele gritou enquanto começava a correr em direção às árvores.
— Jesse! Jesse!
Misturados com as suas palavras dois novos disparos estalaram na noite. Uma bala sibilou perto do seu rosto quando ela atravessou, a mancha brilhante do luar, mas continuou a correr sem fazer o menor caso.
— Jesse! — voltou a gritar.
— Estou aqui, menina. O pior de tudo é que o outro se escapou.
O tom de tranquila segurança que havia na voz de Lasky aliviou-a. E mal apareceu junto dela perguntou com ansiedade.
— O que você própria havia pouco me dissera. Devia haver algum homem de seu pai, perto daqui e aproveitou a oportunidade de me ver para disparar uns tiros.
— Uma das balas passou muito perto de mim — disse ela, recordando o silvo que ouvira junto da cabeça.
O rosto dele pôs-se, de repente, sério.
— Nesse caso — respondeu — quem quer que fosse a homem, não estava aqui, por acaso. Deve tê-la seguido-pelo caminho e ao verificar com quem falava...
Deteve-se sem se atrever a terminar a frase.
— Continue, senhor Lasky — pediu ela.
— Está bem: Dir-lhe-ei o que penso disto. Simplesmente alguém a seguiu. Depois, ao ver-nos juntos, deve ter dito de si para consigo que não encontraria melhor ocasião para me perder. Se conseguisse ferir-nos aos dois... bem, suponho, que me entende. O seu pai não esperaria por mais nada para me enforcar na primeira árvore que encontrasse.
— Julga isso? — disse quase a rir a jovem.
— Não o tome por brincadeira, menina. Estou a falar seriamente. O melhor que podemos fazer é separar-nos. Esse tipo já deve estar muito longe. Não creio que se atreva a esperá-la no caminho. Ou prefere que a acompanhe?
— Não. Vim ia uma entrevista secreta consigo. Não quero que ninguém o saiba. Sempre me agradaram os mistérios!
Se houve algo de «coquette» no olhar da rapariga, Jesse Lasky não pôde notá-lo por causa da escuridão. Mas quando a viu afastar-se a galope ainda perguntava a si próprio que diabos quisera dar a entender com aquelas palavras.
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