quinta-feira, 8 de dezembro de 2022

BUF145.03 Entre a vida e a morte


Vicky levou, angustiadamente, as mãos ao peito quando se apercebeu de que o cavaleiro que tentava fugir erguia os braços e resvalava da sela, caindo, desamparadamente, no solo. O seu primeiro impulso foi apear-se da carruagem e correr em seu auxílio, mas seu pai, segurando-a por um braço, impediu-a de o fazer.

— Esconde-te, Vicky!

Antes de cumprir a ordem, reparou que o ferido a contemplava. Possuía um rosto de expressão viril e as feições contraídas pela dor. Afligiu-a imenso ter de continuar agachada, obrigada por seu pai, enquanto as balas silvavam em redor da carruagem.

Sentiu junto de si o rosto de sua irmã, muito encostado ao dela, com um «ai!» permanente nos lábios, como se receasse receber, de um momento para o outro, uma daquelas balas perdidas; e seu pai, com aspeto grave e inquieto receando que alguma das suas filhas pudesse ficar ferida.

Apesar do perigo, Vicky desejaria saltar da carruagem e acorrer em auxílio do ferido. Estremecia a cada detonação e quando ouvia um lamento humano, sentia um frio aterrorizante e gelado.

Houve um instante de silêncio. Através de uma fenda aberta na madeira do carro, reparou que o cavaleiro fazia um esforço para se agarrar a um dos estribos do seu cavalo. Viu-o erguer-se pouco a pouco, com o rosto contraído pela dor e pela energia despendida. Mal acabou de se abraçar ao pescoço do animal este empreendeu a fuga e o cavaleiro conseguiu endireitar-se sobre a sela cavalgando muito cingido ao corpo da sua montada.

Os vaqueiros de Aloísio iniciaram, imediatamente, a perseguição, mas o cavaleiro tinha-se perdido já na distância e na escuridão da noite. Não deu conta de ouvir falar na morte de Lou. O seu pensamento seguia os passos do cavaleiro ferido e via ante os seus olhos aquele rosto congestionado, de aspeto másculo que a olhara de uma maneira estranha que ainda a fazia estremecer.

—Parece que passou o perigo — suspirou Blaise Stiles endireitando-se e apoderando-se das rédeas.

— Quem era ele? — perguntou Madalena.

— Não faço ideia— respondeu o pai. — Mas aquela cara não me é de todo estranha.

— Parece-me ter ouvido dizer que mataram Lou. Quereriam referir-se a Marty?

Olharam ambos para Vicky. Sabiam, perfeitamente, que passara a tarde com ele.

A jovem não teve qualquer reação. Ainda tinha na memória o rosto do cavaleiro ferido, como se se tivesse gravado no seu cérebro.

— Vamos — disse o pai, olhando para os últimos cavaleiros que abandonavam a povoação.

Partiram logo atrás deles, vagarosamente, deixando que a carruagem avançasse ao passo lento dos cavalos.

Vicky e Madalena tomaram assento, enquanto seu pai permanecia de pé, governando as rédeas com o maior cuidado, atento a todas as covas e acidentes do caminho.

Durante o percurso viram algumas patrulhas pesquisando de um e de outro lado. Era de supor que os não animava o desejo de se defrontarem com aquele homem. Não se tinham atrevido a afastar-se mais do que um quilómetro, ou quilómetro e meio, da povoação.

Blaise só tomou lugar no assento, quando se lhe deparou o amplo caminho que conduzia ao vale onde se situava o seu rancho. Uma lua clara e redonda iluminava, suficientemente, o terreno e o caminho era familiar aos animais.

— Quem poderá ser aquele homem? — perguntou Vicky.

— Vou ver se me recordo— respondeu Blaise, meio pensativo.

Junto da estrada havia um acampamento militar. Uma patrulha composta de seis soldados e de um sargento dispunha-se a fazer uma batida, avisados como estavam de que o fugitivo era um confederado proscrito.

O sargento fez um cumprimento às duas jovens com um inclinar de cabeça e deu ordem de marcha, afastando-se em direção ao Oeste.

— Seja quem seja o fugitivo, vai passar algum mau bocado — murmurou Blaise.

Vicky estremeceu. Nunca pudera suportar a dor alheia, e, muito menos, a daquele que tinha visto. Continuou com o pensamento fixo no proscrito, meditando com mágoa na triste vida daquele homem.

Quem sabe se seria casado... tendo a mulher em casa à sua espera... com algum filhinho nos braços... e o lar completamente vazio.

Vicky era dotada de um grande coração. Sensível em extremo, era suscetível de chorar pela coisa mais insignificante, devendo reconhecer-se, com justiça, que era forte e até heroica consigo própria.

Blaise sentia-se muito orgulhoso do carácter de sua filha. Já desde muito pequena lhe tinha pedido muitas coisas, mas sempre aquelas foram para sua irmã ou, até, para pessoas estranhas à família.

Madalena pareceu ter esquecido os acontecimentos quando o último soldado desapareceu, e perguntou com curiosidade:

— Quem te disse que foi Lou? Ouve! Suponho que não queriam referir-se a Lou Marty, não é verdade?

— Eu, também, estou convencido de que ouvi falar na morte de Lou... e não conheço mais ninguém com esse nome. Existe o dos armazéns de cereais, mas toda a gente o trata por Lewis e parece-me que o filho do Lucas também assim é conhecido, mas... Não sei porquê, tenho cá um pressentimento de que se referiam a Marty — disse o pai.

— Deus não permita tal coisa — disse Madalena.

—Não era, precisamente, o que se possa chamar um bom rapaz — murmurou o homem — mas não merecia ter aquela sorte.

— Quer dizer que Vicky ficou viúva mesmo antes de se casar — ousou dizer a irmã mais velha.

Tinha um carácter franco, era travessa e apaixonada. O seu atribulado pai concentrava nela todas as preocupações que, normalmente, deveria repartir pelas duas filhas.

— Por que fazes uma afirmação dessas? — perguntou.

—Não reparaste como eles olhavam um para o outro?

Vicky continuava silenciosa, com os olhos cravados no caminho, como se se comprazesse com o acidentado do terreno, ou a divertisse a contemplação dos cascos traseiros dos animais. O pai pôs-se, subitamente, sério. Nunca lhe agradara Lou Marty. Não gostava que fosse seu genro. Mas, é claro, se sua filha o tivesse querido...

—E verdade? — perguntou um tanto inquieto.

Vicky não respondeu. O pai atribuiu aquele silêncio a uma negativa, parecendo demonstrar, assim, que sua irmã estava a fazer daquilo um motivo para simples brincadeira.

— Pois Lou não é... ou não era, muito de rejeitar...

Blaise torceu o nariz e olhou para a filha mais nova. Intrigava-o aquela concentração, aqueles olhos sempre fixos no caminho, que só, episodicamente, se erguiam para lançar um olhar em redor.

— Estás preocupada pela sorte do cavaleiro? — perguntou com doçura.

— Sim. Tenho receio de que...

— Não estejas preocupada, minha filha.

O conselho não tranquilizou a jovem, o que levou o pai a dizer:

— O mais natural é que se tenha salvado. Ele montava um cavalo magnifico.

Toda a vida tenho sido picador e bem sabes que a minha vida é lidar com cavalos. Isso permite-me afirmar que conheço, perfeitamente, todos esses animais e posso garantir que o cavalo que ele montava é muito mais veloz do que todos os outros que o perseguiam. A estas horas já ele deve estar a mais de quatro ou cinco quilómetros daqui.

Estas palavras tiveram o condão de acalmar um pouco mais a rapariga que, no entanto, continuou com o mesmo ar de tristeza.

Havia já um bom pedaço que não se lobrigava qualquer cavaleiro e, num perímetro de grande extensão, podiam ver-se vastíssimos campos, salpicados aqui e ali de pequenas casas de lavoira.

A noite estava bastante clara, pelo que conseguiram distinguir um rancho de gado vacum.

Para lá de um cerro, ainda distante, ficava o rancho do picador. Foi, exatamente, ao atingir o cerro que Vicky, ao erguer a cabeça, avistou um cavalo sem cavaleiro.

— Papá! — gritou a moça erguendo o braço e apontando para o animal.

— Não é dos nossos -- disse Madalena.

— É o cavalo do ferido — esclareceu o pai.

Retesou as rédeas e fez parar o carro. Antes de tomar qualquer decisão, já Vicky se tinha apeado, decidida e corajosa. Ninguém conteve o seu impulso. Pelo contrário. Tanto seu pai como sua irmã correram, pressurosamente, para o local onde o cavalo negro se encontrava.

Só quando estavam quase junto do animal, é que se aperceberam de uma sombra que jazia sob as suas patas. Era a silhueta de um homem e esse homem não podia ser outro senão o proscrito. Aproximaram-se, lentamente.

O homem tinha os sentidos perdidos. No peito divisava-se um ferimento que ele tinha tentado tapar com o lenço do pescoço, mas, como tinha sangrado muito, via-se no chão um pequeno charco de sangue.

Vicky ajoelhou-se e apalpou-lhe as mãos.

— Estão quentes.

Blaise levantou as pálpebras do ferido e debruçou-se sobre ele encostando-lhe o ouvido ao coração.

— Pulsa muito lentamente — disse ele — mas está vivo.

— Será possível salvá-lo?

A pergunta fora feita por Vicky e Blaise verificou que tinha sentido o desejo de fugir dali, abandonando o homem à sua sorte. Revoltou-se consigo mesmo, mas desculpou-se, dizendo, intimamente, que tinha sido uma reação natural. Coisas tristes, mas inevitáveis, como são as consequências da guerra.

— Espero que sim. Pois por que não há-de salvar-se?

— Leva-se para casa?

— Precisamos, mas é de um médico.

— Vou eu buscá-lo! — prontificou-se Vicky.

Blaise não consentiu.

— Manda-se um trabalhador.

—Isso vai demorar muito tempo... e depois, talvez seja tarde.

Blaise pensou um instante e declarou:

—Irei eu.

Pegaram no ferido, todos os três, com o maior cuidado, conduziram-no, vagarosamente, para a carruagem e estenderam-no, suavemente, sobre o banco da frente. Blaise tirou uma espingarda da caixa do carro e entregou-a a Madalena.

— Se alguém tentar atalhar-vos o caminho, dispara sem hesitações seja contra quem for, sem te preocupares em saber se as suas intenções são boas ou más.

Madalena fez um gesto de assentimento. Aquilo, para ela, era emocionante ao máximo. Agradava-lhe sobremaneira.

Incitou os cavalos com as rédeas e deixou a Vicky o cuidado de tratar do ferido. Viram como seu pai afagava as crinas do cavalo negro e como depois o cavalgava com o maior aprumo.

Quando iniciou a galopada, parecia um raio negro sulcando as trevas. Vicky colocou a cabeça do ferido sobre o seu próprio regaço, enquanto, com o seu lenço branco, lhe aconchegava o largo ferimento com os olhos fitos nos lábios do homem, crispados num esgar de dor.

Deixaram ficar o cerro para trás, chegando pouco depois à vista da casa do rancho com os seus dois andares, e perto dos cercados onde os cavalos dormiam.

Um dos criados da herdade vigiava, atentamente, colocado sobre um alto rochedo. Pouco depois podia ver-se a silhueta do homem, completamente, imóvel e armado de uma carabina. Reconheceu a carruagem e manteve-se na mesma posição, rígido e impassível.

Penetraram no pátio e Madalena correu a pedir auxílio, para o que se viu na necessidade de acordar uma criada negra que dormia sobre uma cadeira. A força de esperar, deixara-se vencer pelo sono. Abriu os seus grandes olhos redondos, manifestando o maior espanto ao ver o rosto transtornado da jovem.

— Que se passa? — perguntou inquieta, levantando-se.

Era uma mulher alta e corpulenta, dispondo de uma força formidável. Quantas e quantas vezes Madalena a tinha desafiado para medir as forças... Tinha força quase tão hercúlea como a de um homem.

— Corre, despacha-te — pediu Madalena.

E obrigou a mulher a correr atrás dela, levando-a a bambolear o seu enorme corpanzil.

— É o patrão? — perguntou, ao deparar-se-lhe o ferido.

Acercou-se, pressurosamente, soltando um suspiro de alívio ao verificar que se não tratava do dono do rancho. Só ela bastaria para transportar o ferido nos braços, mas as duas raparigas ajudaram com a maior solicitude, pegando-lhe uma pelos pés e a outra pela cabeça.

A sentinela continuava firme no seu posto, com a carabina aperrada entre as mãos. Introduziram o ferido dentro de casa, levando-o, diretamente, para um aposento destinado aos hóspedes.

A própria negra se encarregou de o despir, mandando sair as duas raparigas do quarto. Vicky obedeceu no mesmo instante; Madalena, porém, hesitou um momento, acabando, também, por sair.

Só depois do homem se encontrar metido entre os lençóis é que lhe permitiu a entrada. Colocara o lenço de forma a evitar que o ferimento sangrasse, limpando, seguidamente, a chaga, com o maior cuidado.

Vicky colocou-se à cabeceira do enfermo, contemplando-o, carinhosamente. Madalena, dizendo que estava cheia de fome, foi aquecer o jantar que a criada tinha cozinhado.

— Já foram chamar o médico? —perguntou a negra, reparando na ausência do patrão.

— Foi lá mesmo o papá. Suponho que foi procurar o doutor Clifford. Não devem demorar-se muito.

Passados quinze minutos, o ruído característico dos cascos dos cavalos galopando, velozmente, e o rangido do eixo de um carro, anunciavam a chegada do clínico.

— Eles aí estão.

Quando Vicky se dirigiu para o pátio, Blaise apeava-se do cavalo negro, dando-lhe algumas palmadinhas no pescoço e deixando-o em liberdade.

—Um magnifico animal— afirmou.

Ajudou o médico a apear-se da carruagem e encarregou-se de transportar a sua pequena maleta preta. Entraram em casa lado a lado, acompanhados de Vicky que os conduziu ao quarto do doente. Mal o doutor Clifford olhou para o ferido, apressou-se a declarar:

— Vê-se que perdeu muito sangue. O que ali está não é mais do que um punhado de ossos revestidos de um pouco de pele.

Abriu a maleta, coçou a cabeça e afagou a sua espessa barba branca.

— Parece um homem muito forte!

O médico era um homem de pequena estatura, delgado e de nariz aquilino, sobre o qual se encavalitavam dois ridículos pares de óculos. A sua longa barba formava uma espécie de novelo debaixo do queixo que se adivinhava bastante proeminente.

A sua atividade durante a guerra tinha sido notável, tendo conseguido salvar muitas vidas. A sua prática aturada permitia-lhe dispor, agora, de uma segurança assombrosa. Era ele próprio quem dizia ser-lhe tão fácil extrair uma bala alojada junto do coração, como arrancar um dente de leite a uma criança.

Começara a sua carreira como veterinário, mas as terras do Kansas é que lhe indicaram o caminho que devia seguir. E a experiência adquirida durante a guerra proporcionou-lhe os múltiplos conhecimentos que não aprendera na Universidade.

— Quem colocou a compressa na ferida? — perguntou.

Mas não foi necessário esperar pela resposta. Não era aquela a primeira vez que a negra tinha feito a mesma coisa. Arrancou o lenço que a serva colocara a servir de tampão e do ferimento brotou um jacto de sangue empastado.

Colocara alguns instrumentos cirúrgicos sobre a cama e, sem perder muito tempo a pensar, abriu um pouco mais os lábios da ferida e introduzia uma pinça, provocando uma enorme hemorragia. Instantes depois, a bala tinha sido extraída. Vicky, incapaz de suportar o espetáculo a sangue-frio, acabou por desmaiar. Madalena correu a chamar o médico, pegando-lhe por um braço.

—Preguem-lhe uma boa sova e deixem-me em paz — respondeu o velho.

Um minuto depois, o tratamento estava feito. A negra amparava o homem, enquanto o médico lhe rodeava o amplo tórax com uma ligadura.

—Um autêntico aleta — comentou o doutor, ao mesmo tempo que ia arrecadando o material cirúrgico.

Lembrou-se, então, do desmaio de Vicky; pregou-lhe um par de tabefes, com cujo remédio a jovem, prontamente, reagiu.

— É indispensável alimentá-lo com o maior cuidado, mas podeis dar-lhe a comer tudo o que ele desejar. Nada de lhe aplicar unguentos nem medicamentos para abaixar a febre. O calor ajudá-lo-á a cicatrizar. Se o quiserdes salvar, será bom fazer o que eu digo; agora se o quereis ver morto...

Voltou a afagar a barba, depois de ter lavado as mãos, e perguntou:

— Afinal de contas, quem vem a ser o rapaz?...

— Nada sabemos acerca dele — respondeu Madalena.

Vicky olhou, preocupada, para seu pai, tendo este intervindo logo, dizendo em seguida:

— É um dos meus novos empregados. Compreende, Clifford?

— Nada.

Blaise tirou do cinto uma bolsa cheia de moedas e entregou-as ao médico.

— Amanhã, quando acordar, convencer-se-á de que tudo isto não passou de um sonho. Apenas esta bolsa será testemunha de que esteve aqui..., mas ninguém mais o deverá saber. Entendidos?

O velho doutor sorriu-se com perspicácia.

— Perfeitamente, compreendido.

Antes de subir para o carro que o transportava, o médico, que fora acompanhado até ali pelo pai e pelas filhas, afirmou:

— Amanhã voltarei a passar por aqui. Para falar com sinceridade, sempre vos direi que qualquer outro homem que se encontrasse no lugar dele não teria resistido. Mas, uma vez que ele conseguiu aguentar-se até agora, é possível que possa escapar. A Anita que lhe assista durante a noite; se tiver sede que lhe dê a beber água tépida, ou que lhe humedeça os lábios com água fresca... Bom, mas, afinal, para que servem todas estas recomendações, se tudo aquilo que a guerra me ensinou todos nós o aprendemos?

Subiu para a pequena viatura e manejou as compridas rédeas. Minutos depois, o velho médico perdia-se nas sombras da noite. Blaise apoiou as suas mãos nos ombros de Vicky, dizendo:

— Vamos tratar de jantar. Amanhã veremos tudo com mais serenidade e ficaremos todos mais sossegados.

Vicky recusou-se a comer. Também não conseguiu dormir. Não lhe era possível fazê-lo, sabendo que debaixo do mesmo tecto havia um homem que se debatia entre a vida e a morte. E como dispunha de todo o tempo para pensar, acabou por descobrir que aquele homem lhe interessava. Despertava-lhe cuidados fora do normal. Muito mais do que seria lícito esperar. E, também, se apercebeu de que seu pai acabara por compreendê-lo. E, se o seu procedimento para com o desconhecido fora como todos viram, fizera-o, apenas por sua intenção.

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