Perto do carro de Rebeca, havia um pequeno riacho de águas frescas, limpas e a jovem queria tomar banho. Enquanto Morris, Shanks e Maddox tinham ido buscar lenha para a fogueira e os condutores tratavam das mulas, Rebeca dirigiu-se a um canto isolado, onde o riacho tinha pouca profundidade, e começou a despir-se. Aproveitando a luz do entardecer, já quase noite, entrou na água, mas não reparou que os três bandoleiros atiravam com a lenha para o chão e seguiam-na até ao riacho.
Steve Craige, conforme um velho hábito, foi limpar os revólveres, enquanto erguiam o acampamento.
Slater e Clinton examinavam os eixos dos carros, pois receavam que, pelo menos, dois se partissem antes de chegar a Santa Fé. Se isso acontecesse, o acidente não se revestiria de grande, importância, mas seria melhor tomar precauções para o evitar.
Steve acabou de limpar os revólveres e, depois de os guardar no cinturão, passou as mãos, num gesto de carinho, pelas coronhas, como quem se despede de dois bons amigos. Mas levava-os de um lado e de outro; não os podia deixar em qualquer parte... eram os seus camaradas de todos os momentos; bons e maus, sorrisos e lágrimas. Amigos prontos a sacrificarem-se... Acariciou-os novamente...
O mais baixo dos Mendoza, auxiliado pelo irmão, deitou lenha na fogueira e as chamas subiram para o céu, como se desejassem cobrir de fumo as grandes nuvens que se amontoavam umas sobre as outras e formavam centenas de figuras, centenas de imagens projetadas em sonhos alucinantes, centenas de apelos inacessíveis...
Syms e os outros condutores permaneciam junto das mulas, num grupo apertado, em boa união. Slater atravessou o acampamento e foi cheirar o aroma que se evolava da cafeteira, colocada sobre uma parte da fogueira já reduzida a carvão, embora incandescente. O vaqueiro pegou na cafeteira e colocou-a no chão, onde não havia fogueiras nem carvões incandescentes, pois o café já estava a ferver. Clinton foi ter com o amigo Slater e ambos lançaram um olhar perscrutador, embora disfarçado ao grupo, já citado, dos condutores que, descansadamente, ainda continuavam junto das mulas.
Steve atirou o cigarro para longe e teve pena, pois o cigarro exibia-se quase inteiro. Mas estava furioso, e não se podia conter. A atitude de Morris e dos seus dois companheiros de vagabundagem e patifarias de toda a espécie atraíra, irresistivelmente, a sua penetrante atenção. Viu bem como saíam do bosque e se dirigiam para o riacho. Caminhavam quase a medo, com a maior cautela, à maneira de peles-vermelhas em busca de presa importante, valiosa.
Steve afastou-se do carro e seguiu os três bandoleiros. Esperava qualquer infâmia da parte deles e estava disposto a desmascará-los, embora tivesse de empregar a força dos braços ou a eficácia das balas. A violência, em suma.
Slater também notou que pairava no ambiente algo de anormal e deu uma valente cotovelada ao amigo. Clinton abriu a boca para protestar com a máxima energia dos seus fortes pulmões, mas ao ver o sinal de Slater, indicando, sorrateiramente, o último carro, que era o de Rebeca, o domador de cavalos fechou de novo a boca e calou-se. Os dois homens foram buscar os revólveres que tinham deixado em cima de um barril de farinha e, sem pronunciar uma palavra, quase sem respirar, encaminharam-se para o riacho.
Já próximo da corrente de água, Steve ouviu um abafado, sufocado grito de Rebeca. O carro não lhe permitia ver o que estava a suceder, mas não levou muito tempo a compreender... Tirou o revólver da direita e engatilhou-o, avançando destemidamente, como sempre.
O espetáculo que viu ao chegar mesmo junto do riacho obrigou-o a soltar um uivo como se fora um leão enraivecido. Rebeca tinha sido apanhada de surpresa quando ia a sair do banho.
A rapariga mal teve tempo de se cobrir com as suas roupas... Don Morris abeirou-se, velozmente, dela e uma das suas mãos caiu selvaticamente sobre a fina blusa e a outra esmagou-lhe os lábios para a impedir de gritar.
Apesar de tanta brutalidade, Rebeca ainda pôde articular um grito de socorro, quase estrangulado pela mordaça de carne suja que lhe fechava a boca.
A presença de Steve, a implacável decisão que irradiava, alarmou os três energúmenos, até esse momento apenas entregues à tarefa de levar avante os seus criminosos desígnios, com a maior tranquilidade. Shanks e Maddox voltaram-se rapidamente e agarraram os revólveres.
Don Morris não largava a rapariga, mas ao ver Craige compreendeu que a sua única salvação era Rebeca. Do corpo dela tinha de fazer um escudo, para evitar que as balas de Steve o atingissem.
Steve não prestou atenção alguma a Shanks e a Maddox. Seus olhos só podiam ver o nojento rosto de Morris... e adivinhou o que ia acontecer.
Se a repugnante criatura se escondesse atrás do corpo de Rebeca, conseguiria fugir, o que Steve não queria, embora arriscasse a própria vida. No Sudoeste, as mulheres eram sagradas e até os bandidos, os criminosos mais insensíveis, as respeitavam... Por isso, Morris devia pagar definitivamente, liquidar as suas contas de modo a não poder contrair outras. Steve tinha o revólver assestado e, antes de Morris se esconder atrás do corpo de Rebeca, premiu o gatilho.
O ruído de asas, rasgando fortemente o ar, podia ser comparado ao grito de agonia de Morris. O projétil de Steve atingiu-lhe um dos lados da cabeça, abrindo um orifício de forma circular, e, ao sair pelo lado oposto, destroçou-lhe o parietal.
Morris cambaleou e, na queda, arrastou a jovem. Ficou estendido de bruços, com a ensanguentada cabeça mergulhada na fria água do pequeno riacho. A água adquiriu uma cor avermelhada e brincou com os cabelos do bandoleiro.
Rebeca, de joelhos ao lado do cadáver, contemplava-o, aterrada: os seus olhos, desmesuradamente abertos, traduziam bem o que sofrera. E ainda não era capaz de compreender nada. Tudo tinha sucedido com demasiada rapidez. Ainda não decorrera um segundo, aquele homem tinha-a apertado brutalmente e sentia o nauseabundo hálito de Morris...
Lod Shanks reagiu mais rapidamente. Chegou a tirar um dos revólveres, mas, ao levantar o percutor, uma sombra ergueu-se ao lado dele, como se a terra a tivesse expelido. O bandoleiro reconheceu Slater e torceu, desdenhosamente, a boca. Julgava que esse inimigo não tinha a importância de Steve. Viu, também, Clinton saltar detrás do carro e cair sobre Maddox... E não viu mais nada, porque Slater agiu com a rapidez de...
O vaqueiro não quis desperdiçar uma só bala com Shank. Enterrou ferozmente o cano da espingarda no ventre do bandoleiro, depois ergueu-o e o acerado cano quebrou a mandíbula de Shanks. O tremendo choque esmigalhou o osso e o bandoleiro soltou um alucinante grito de angústia, ao cair de joelhos.
De novo, o cano do revólver traçou um arco no espaço e foi esmagar a fronte direita de Shanks, arrancando-lhe a pele e a carne. O sangue jorrou e salpicou o revólver e as mãos de Slater.
Quando o bandoleiro caía para a frente, com os dedos enclavinhados na coronha do revólver, o vaqueiro tornou-o a espancar com a coronha da espingarda.
A cabeça de Lod Shanks abriu-se como um fruto maduro caído de uma árvore. Slater afastou-se disposto a prestar auxílio ao seu velho amigo Clinton, mas o domador de cavalos, também, terminara com o inimigo, empregando o mesmo sistema de Slater: a coronha da espingarda.
Quando Kent enterrou o cano no ventre de Shanks, ele estava a um passo de Maddox. Bateu, violentamente, com a coronha no rosto do bandoleiro. Ao receber a pancada, recuou. Dir-se-ia impelido por dois coices de uma mula.
Clinton não lhe deu tempo para reagir, nem esboçar um gesto. Cerrou os lábios e o revólver traçou um molinete no espaço e a coronha atingiu Maddox um pouco acima da orelha esquerda.
Se ao receber a primeira pancada tinha recuado, ao receber a segunda o bandoleiro saltou, bruscamente, para a direita. Seus pés afastaram-se do solo... e perdeu todo o contacto com a terra, e o ar também não lhe interessava, porque já não tinha necessidade de respirar. A segunda coronhada terminara a sua larga carreira de infâmias.
Steve Craive ouviu nitidamente o ruído de ossos partidos, um estalido que significava ter deixado de existir um homem.
O cavaleiro, ainda de revólver assestado, ficou surpreendido ao ver que do cano continuava a sair um ténue fio de fumo que subia em aspirai no ar tranquilo do entardecer. Aquele fumo indicava claramente que os três bandoleiros tinham abandonado o mundo com uma diferença de poucos décimos de, segundo, entre eles.
— Cuidado, amigos, vêm aí os condutores e não tenho muita confiança neles — advertiu Slater.
A voz do vaqueiro fez reagir Rebeca. Tinha aprendido a confiar nessa voz que não era desagradável.
Viu a cabeça de Morris mergulhada na água e os seu, lábios começaram a tremer. Sentiu na boca o sabor adocicado do sangue, pois a pressão exercida por Morris fendera-lhe os vermelhos lábios.
Começou a erguer-se lentamente e viu sangue no solo, entre os pés... e mais sangue, um pouco mais longe... Sangue em toda a parte, mesmo na sua blusa clara. Pequenas gotas vermelhas formavam um fio de sangue no seu convulso peito.
Passou, instintivamente, a mão pelos lábios e também apareceu sangue na pele. Compreendeu, então, todo o horror que acabara de viver e começou a tremer com violência, enquanto o estômago se lhe contraía, produzindo--lhe uma sensação muito parecida a náuseas... E descobriu Steve Craige.
A rapariga, num impulso, correu para ele de braços estendidos como se desejasse prender-se ao pescoço do cavaleiro para ele a ajudar a sair desse vermelho mar de sangue.
Steve rodeou-a fortemente com os braços, enquanto os dois vaqueiros vigiavam Syms, os Mendoza e os outros três condutores. Rebeca estremecia, sacudida por soluços que não se convertiam em pranto, em virtude do forte abalo nervoso.
— Steve...Suplico-te... leva-me daqui... — pôde, finalmente, dizer.
— Sim. Vamo-nos embora, já está tudo pronto — disse ele.
Ao notar que as pernas da rapariga fraquejavam e não a mantinham de pé, levantou-a nos braços e conduziu-a até à fogueira. Depois de a pousar no chão, Rebeca continuava encostada a ele e fitou-o com os olhos repletos de lágrimas:
— A teu lado sinto-me em segurança — murmurou.
Steve não respondeu, inclinou ligeiramente a cabeça e seus lábios apoderaram-se dos lábios da rapariga, sem lhe importar o sangue que nele havia.
— Já não te afastarás de mim, Rebeca — afirmou Steve, acariciando os loiros cabelos, ainda húmidos.
— Seguir-te-ei para aonde fores..., mas não me abandones, porque a recordação e o medo do que se passou, acabariam por me enlouquecer — exclamou a rapariga.
— Esquece tudo, querida — respondeu Steve, suavemente.
Steve Craige, conforme um velho hábito, foi limpar os revólveres, enquanto erguiam o acampamento.
Slater e Clinton examinavam os eixos dos carros, pois receavam que, pelo menos, dois se partissem antes de chegar a Santa Fé. Se isso acontecesse, o acidente não se revestiria de grande, importância, mas seria melhor tomar precauções para o evitar.
Steve acabou de limpar os revólveres e, depois de os guardar no cinturão, passou as mãos, num gesto de carinho, pelas coronhas, como quem se despede de dois bons amigos. Mas levava-os de um lado e de outro; não os podia deixar em qualquer parte... eram os seus camaradas de todos os momentos; bons e maus, sorrisos e lágrimas. Amigos prontos a sacrificarem-se... Acariciou-os novamente...
O mais baixo dos Mendoza, auxiliado pelo irmão, deitou lenha na fogueira e as chamas subiram para o céu, como se desejassem cobrir de fumo as grandes nuvens que se amontoavam umas sobre as outras e formavam centenas de figuras, centenas de imagens projetadas em sonhos alucinantes, centenas de apelos inacessíveis...
Syms e os outros condutores permaneciam junto das mulas, num grupo apertado, em boa união. Slater atravessou o acampamento e foi cheirar o aroma que se evolava da cafeteira, colocada sobre uma parte da fogueira já reduzida a carvão, embora incandescente. O vaqueiro pegou na cafeteira e colocou-a no chão, onde não havia fogueiras nem carvões incandescentes, pois o café já estava a ferver. Clinton foi ter com o amigo Slater e ambos lançaram um olhar perscrutador, embora disfarçado ao grupo, já citado, dos condutores que, descansadamente, ainda continuavam junto das mulas.
Steve atirou o cigarro para longe e teve pena, pois o cigarro exibia-se quase inteiro. Mas estava furioso, e não se podia conter. A atitude de Morris e dos seus dois companheiros de vagabundagem e patifarias de toda a espécie atraíra, irresistivelmente, a sua penetrante atenção. Viu bem como saíam do bosque e se dirigiam para o riacho. Caminhavam quase a medo, com a maior cautela, à maneira de peles-vermelhas em busca de presa importante, valiosa.
Steve afastou-se do carro e seguiu os três bandoleiros. Esperava qualquer infâmia da parte deles e estava disposto a desmascará-los, embora tivesse de empregar a força dos braços ou a eficácia das balas. A violência, em suma.
Slater também notou que pairava no ambiente algo de anormal e deu uma valente cotovelada ao amigo. Clinton abriu a boca para protestar com a máxima energia dos seus fortes pulmões, mas ao ver o sinal de Slater, indicando, sorrateiramente, o último carro, que era o de Rebeca, o domador de cavalos fechou de novo a boca e calou-se. Os dois homens foram buscar os revólveres que tinham deixado em cima de um barril de farinha e, sem pronunciar uma palavra, quase sem respirar, encaminharam-se para o riacho.
Já próximo da corrente de água, Steve ouviu um abafado, sufocado grito de Rebeca. O carro não lhe permitia ver o que estava a suceder, mas não levou muito tempo a compreender... Tirou o revólver da direita e engatilhou-o, avançando destemidamente, como sempre.
O espetáculo que viu ao chegar mesmo junto do riacho obrigou-o a soltar um uivo como se fora um leão enraivecido. Rebeca tinha sido apanhada de surpresa quando ia a sair do banho.
A rapariga mal teve tempo de se cobrir com as suas roupas... Don Morris abeirou-se, velozmente, dela e uma das suas mãos caiu selvaticamente sobre a fina blusa e a outra esmagou-lhe os lábios para a impedir de gritar.
Apesar de tanta brutalidade, Rebeca ainda pôde articular um grito de socorro, quase estrangulado pela mordaça de carne suja que lhe fechava a boca.
A presença de Steve, a implacável decisão que irradiava, alarmou os três energúmenos, até esse momento apenas entregues à tarefa de levar avante os seus criminosos desígnios, com a maior tranquilidade. Shanks e Maddox voltaram-se rapidamente e agarraram os revólveres.
Don Morris não largava a rapariga, mas ao ver Craige compreendeu que a sua única salvação era Rebeca. Do corpo dela tinha de fazer um escudo, para evitar que as balas de Steve o atingissem.
Steve não prestou atenção alguma a Shanks e a Maddox. Seus olhos só podiam ver o nojento rosto de Morris... e adivinhou o que ia acontecer.
Se a repugnante criatura se escondesse atrás do corpo de Rebeca, conseguiria fugir, o que Steve não queria, embora arriscasse a própria vida. No Sudoeste, as mulheres eram sagradas e até os bandidos, os criminosos mais insensíveis, as respeitavam... Por isso, Morris devia pagar definitivamente, liquidar as suas contas de modo a não poder contrair outras. Steve tinha o revólver assestado e, antes de Morris se esconder atrás do corpo de Rebeca, premiu o gatilho.
O ruído de asas, rasgando fortemente o ar, podia ser comparado ao grito de agonia de Morris. O projétil de Steve atingiu-lhe um dos lados da cabeça, abrindo um orifício de forma circular, e, ao sair pelo lado oposto, destroçou-lhe o parietal.
Morris cambaleou e, na queda, arrastou a jovem. Ficou estendido de bruços, com a ensanguentada cabeça mergulhada na fria água do pequeno riacho. A água adquiriu uma cor avermelhada e brincou com os cabelos do bandoleiro.
Rebeca, de joelhos ao lado do cadáver, contemplava-o, aterrada: os seus olhos, desmesuradamente abertos, traduziam bem o que sofrera. E ainda não era capaz de compreender nada. Tudo tinha sucedido com demasiada rapidez. Ainda não decorrera um segundo, aquele homem tinha-a apertado brutalmente e sentia o nauseabundo hálito de Morris...
Lod Shanks reagiu mais rapidamente. Chegou a tirar um dos revólveres, mas, ao levantar o percutor, uma sombra ergueu-se ao lado dele, como se a terra a tivesse expelido. O bandoleiro reconheceu Slater e torceu, desdenhosamente, a boca. Julgava que esse inimigo não tinha a importância de Steve. Viu, também, Clinton saltar detrás do carro e cair sobre Maddox... E não viu mais nada, porque Slater agiu com a rapidez de...
O vaqueiro não quis desperdiçar uma só bala com Shank. Enterrou ferozmente o cano da espingarda no ventre do bandoleiro, depois ergueu-o e o acerado cano quebrou a mandíbula de Shanks. O tremendo choque esmigalhou o osso e o bandoleiro soltou um alucinante grito de angústia, ao cair de joelhos.
De novo, o cano do revólver traçou um arco no espaço e foi esmagar a fronte direita de Shanks, arrancando-lhe a pele e a carne. O sangue jorrou e salpicou o revólver e as mãos de Slater.
Quando o bandoleiro caía para a frente, com os dedos enclavinhados na coronha do revólver, o vaqueiro tornou-o a espancar com a coronha da espingarda.
A cabeça de Lod Shanks abriu-se como um fruto maduro caído de uma árvore. Slater afastou-se disposto a prestar auxílio ao seu velho amigo Clinton, mas o domador de cavalos, também, terminara com o inimigo, empregando o mesmo sistema de Slater: a coronha da espingarda.
Quando Kent enterrou o cano no ventre de Shanks, ele estava a um passo de Maddox. Bateu, violentamente, com a coronha no rosto do bandoleiro. Ao receber a pancada, recuou. Dir-se-ia impelido por dois coices de uma mula.
Clinton não lhe deu tempo para reagir, nem esboçar um gesto. Cerrou os lábios e o revólver traçou um molinete no espaço e a coronha atingiu Maddox um pouco acima da orelha esquerda.
Se ao receber a primeira pancada tinha recuado, ao receber a segunda o bandoleiro saltou, bruscamente, para a direita. Seus pés afastaram-se do solo... e perdeu todo o contacto com a terra, e o ar também não lhe interessava, porque já não tinha necessidade de respirar. A segunda coronhada terminara a sua larga carreira de infâmias.
Steve Craive ouviu nitidamente o ruído de ossos partidos, um estalido que significava ter deixado de existir um homem.
O cavaleiro, ainda de revólver assestado, ficou surpreendido ao ver que do cano continuava a sair um ténue fio de fumo que subia em aspirai no ar tranquilo do entardecer. Aquele fumo indicava claramente que os três bandoleiros tinham abandonado o mundo com uma diferença de poucos décimos de, segundo, entre eles.
— Cuidado, amigos, vêm aí os condutores e não tenho muita confiança neles — advertiu Slater.
A voz do vaqueiro fez reagir Rebeca. Tinha aprendido a confiar nessa voz que não era desagradável.
Viu a cabeça de Morris mergulhada na água e os seu, lábios começaram a tremer. Sentiu na boca o sabor adocicado do sangue, pois a pressão exercida por Morris fendera-lhe os vermelhos lábios.
Começou a erguer-se lentamente e viu sangue no solo, entre os pés... e mais sangue, um pouco mais longe... Sangue em toda a parte, mesmo na sua blusa clara. Pequenas gotas vermelhas formavam um fio de sangue no seu convulso peito.
Passou, instintivamente, a mão pelos lábios e também apareceu sangue na pele. Compreendeu, então, todo o horror que acabara de viver e começou a tremer com violência, enquanto o estômago se lhe contraía, produzindo--lhe uma sensação muito parecida a náuseas... E descobriu Steve Craige.
A rapariga, num impulso, correu para ele de braços estendidos como se desejasse prender-se ao pescoço do cavaleiro para ele a ajudar a sair desse vermelho mar de sangue.
Steve rodeou-a fortemente com os braços, enquanto os dois vaqueiros vigiavam Syms, os Mendoza e os outros três condutores. Rebeca estremecia, sacudida por soluços que não se convertiam em pranto, em virtude do forte abalo nervoso.
— Steve...Suplico-te... leva-me daqui... — pôde, finalmente, dizer.
— Sim. Vamo-nos embora, já está tudo pronto — disse ele.
Ao notar que as pernas da rapariga fraquejavam e não a mantinham de pé, levantou-a nos braços e conduziu-a até à fogueira. Depois de a pousar no chão, Rebeca continuava encostada a ele e fitou-o com os olhos repletos de lágrimas:
— A teu lado sinto-me em segurança — murmurou.
Steve não respondeu, inclinou ligeiramente a cabeça e seus lábios apoderaram-se dos lábios da rapariga, sem lhe importar o sangue que nele havia.
— Já não te afastarás de mim, Rebeca — afirmou Steve, acariciando os loiros cabelos, ainda húmidos.
— Seguir-te-ei para aonde fores..., mas não me abandones, porque a recordação e o medo do que se passou, acabariam por me enlouquecer — exclamou a rapariga.
— Esquece tudo, querida — respondeu Steve, suavemente.
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