segunda-feira, 22 de agosto de 2016

PAS661. Rejeição

Gerald Well – James Garret – ficou no mesmo sítio, como paralisado.
Quando conseguiu reagir, compreendeu que se encontrava metido numa camisa de onze varas. Elisa não aprovaria o género de vida que ele levava. Sonhara sempre com um rancho... com...
Não. Elisa jamais poderia aceitar aquele «saloon» de frequência meio clandestina. Nem o «saloon», nem Lulu.
Ele também não estava disposto a aceitar Elisa com as suas ideias retrógradas, a sua moral, a sua simplicidade. Não olhou para ninguém. Compôs o casaco, encheu o peito e dirigiu-se para a porta.
O sol principiava a sumir-se por detrás do casario.
Não levou muito tempo a chegar ao extremo da rua. No vasto terreiro achavam-se vários carros mas ele descobriu sem dificuldade o que pertencia a Elisa.
Viu-a descer da galera e correr ao seu encontro. Hesitante, Wells deu uns passos em frente. Elisa abraçou-o, rindo e chorando ao mesmo tempo.
— Oh, Gerald! O que eu passei!
Wells libertou-se dos braços dela e fitou-a com um ar de censura.
— Que fazes aqui?
-- Vim para nunca mais nos separarmos.
— Não devias ter feito isso.
— Gosto tanto de ti, Gerald... Sentia-me tão só...
— És uma estúpida!
A jovem empalideceu. Os seus olhos angustiados percorreram o rosto do marido, tentando descobrir a razão do insulto.
— Gerald...
— Disse-te, alguma vez, que viesses?
— Nas tuas cartas...
— Nunca falei nisso... E nunca pensei que fosses tão louca!
Elisa só podia atribuir aquela atitude a um desabafo de quem, por muito gostar dela, não lhe perdoava os riscos a que se havia sujeitado, para chegar até ali. Uma demonstração de amor e fidelidade, no fim de contas.
— Não corri nenhum perigo, Gerald!
Agarrou-lhe as mãos mas ele repeliu-a.
— Quem é aquele homem?
— Que homem?
— Um tipo novo que sabe o meu nome.
— Acompanhou-me na parte final da viagem... Eu tinha-me perdido...
O ódio fulgurou nos olhos de Wells.
— Que angústia, que maus pressentimentos tive, Gerald! As pessoas diziam-me que não te conheciam, que nunca tinham ouvido o teu nome!...
— Elisa, tens de voltar.
— Gerald!
— Não venhas para cá com comédias. Vais voltar para Chicago ou para onde queiras. O que não podes é ficar aqui.
— Regressar?
— Agora mesmo.
Elisa tornou-se muito pálida e toda ela tremia.
— Não te compreendo, querido.
— Continuas estúpida como sempre! Vê lá se me entendes de vez: criei novas amizades, tenho o meu negócio e... uma mulher.
— Gerald!
— Esquece o meu nome, Elisa, e vai-te embora.
— Não posso... Por favor...
— Estou a perder a paciência... Some-te daqui, imediatamente!
— Sozinha?
— É-me indiferente. Olha, leva o «teu» guia!
— E perco-te?
— Perdeste-me há muito tempo. Cansei-me de ti, do teu sorriso imbecil, das tuas ideias estreitas...
Segurou-a por um braço e levou-a, quase de rastos, até ao carro.
— Sobe!
— Gerald...
— Sobe, já disse!
Elisa obedeceu-lhe como um autómato e pegou nas rédeas, lavada em lágrimas.
Wells deu uma palmada na garupa do cavalo e o animal começou a andar.
O miserável quedou-se uns instantes a ver a galera afastar-se.
Dois homens, que tinham assistido de longe, à cena, aproximaram-se dele.
— Que manda, chefe?
— Temos de falar. Sabem onde se escondeu aquele tipo?
— Ninguém tornou a vê-lo. Há quem diga que saiu da povoação.
— Como se chama?
— Fred Queen.
— Vocês vão dar cabo dele, ouviram? Quero vê-lo morto antes de amanhecer. De contrário...
Estugou o passo. Os guarda-costas, após uma breve hesitação, seguiram-no até ele entrar no «saloon).
Quando ficaram sós, olharam um para o outro.
— E onde vamos descobrir esse tipo?
— Esperemos. Há-de aparecer, caramba!

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