sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

PAS421. Surpresa Fatal

Rod não saiu do rancho logo atrás do velho Farros. Teria sido descaramento demais, pois, à volta dos edifícios, estendiam-se pradarias desarborizadas até duas ou três milhas de distância, excetuando o lado leste onde as colinas chegavam a meia milha de distância da casa principal.
Assim, Rod dirigiu-se diretamente para as primeiras elevações que ficavam a sul, e aí esperou o velho.
Não teve de esperar muito. Apenas cinco minutos. Ao fim desse tempo viu-o chegar a galope pela planície, cortar o outeiro próximo do local onde estava Rod, e descer para o bosque de abetos que se estendia quase até ao limite sul do rancho onde estavam os cercados perto dos quais tudo sucedera.
Rod esperou até que o velho desapareceu entre árvores. Depois, galopou pelas partes altas, ladeou bosque pelo norte e continuou á subir até divisar o final do arvoredo. Dali veria Ben Farros sair de entre as árvores para prosseguir o seu caminho Então, poderia segui-lo a distância, graças à vantagem de se encontrar num plano superior.
Mas decorreram dez minutos e o velho não saiu do bosque. Rod, impaciente, esperou mais cinco minutos. Inútil. Benjamim Farros parecia ter ficado sepultado para sempre sob a ramaria do bosque.
Só havia duas hipóteses: ou tinha sucedido alguma coisa ao velho ou o corpo de Bob Dean estava enterrado no bosque. Isto parecia o mais provável. Assim, não teve outro remédio senão descer do seu posto de observação e introduzir-se entre as árvores seguindo o possível caminho do velho.
Desde o princípio, Rod compreendeu que era inútil seguir rastos. Aquele carreiro através do bosque era utilizado por todos os que se dirigiam para os cercados do sul e a erva estava pisada em todas as direções por cem rastos diferentes.
Assim, preferiu sair do duro caminho e cavalgar pelas bermas cobertas de erva e musgo. Desse modo atenuava o ruído dos cascos do cavalo.
Erguido na sela, atento ao menor ruído ou movimento, Rod percorreu mais de metade do bosque sem achar rasto do velho Farros. Mas já perto do final, ouviu um relincho à sua direita, atrás de umas rochas que chegavam quase à copa das árvores.
Rápido como um felino, Rod saltou em terra e empunhou o revólver, arrastando-se silenciosamente para as rochas. Trepou por elas e, ao chegar ao cume, viu o cavalo que tinha relinchado. Um pouco mais além, sentado no solo e apoiado a um tronco, estava Benjamim Farros. Mas estava completamente de costas para ele, de forma que, do seu ponto de observação, o abeto cobria-lhe todos os centros vitais Apenas lhe via as abas do chapéu e os ombros da jaqueta.
Rod alegrou-se de a coisa ser tão simples. Com todo o cuidado, para não fazer ruído, desceu da rocha e avançou pela erva, de revólver na mão, procurando que o tronco a que o outro se apoiava ficasse sempre entre ambos, para evitar que o velho voltasse a cabeça, o descobrisse antes de tempo.
Quando chegou a dez passos do abeto, Rod saltou bruscamente para o lado e disparou duas vezes sob a sua vítima.
Mas a «vítima», afinal, não passava de uma jaqueta e um chapéu, pendurados numa cruz de pau.
Rod ficou petrificado. Sobretudo quando a voz do velho Farros soou à sua retaguarda:
— Levanta os braços, rapaz!
O terror, a surpresa, a angústia do seu fracasso fizeram com que Rod obedecesse precipitadamente. Estava mortalmente pálido e tremiam-lhe as mãos.
Benjamim Farros saiu de entre- as pedras, dizendo:
— O diabo do Merrick, as partidas que ele gosta de pregar a cada um! Ainda bem que o diabo é velho e sabe muito. A mim já os anos me pesam nos ombros, é o que vale...
— Ben, eu... — tartamudeou o outro.
— Não comeces com desculpas agora — cortou Farros. — Mas não haja dúvida de que tens razão para pedir desculpa. Se não me precato, tinhas-me feito num passador com toda a facilidade. Era o que tu querias, hã?
— Merrick disse-me...
— Sim, eu imagino. Cá me estranhou que ele fosse tão generoso comigo. Mas, claro, deste modo até podia ter-me dado mil dólares. Anda, larga o ‘revólver cruza os braços sobre a cabeça.
— Que vai fazer comigo?
— Eu nada, filho. Estou velho, a morte anda perto e não quero andar a manchar as mãos de sangue A última hora. Há-de ser o xerife a ajustar contas contigo. Para o caso é çomo se me tivesses matado realmente, hã? E ao teu patrão também vou arranjar-lhe a cama. Não que não vou!
Tinha-se aproximado até pôr-se diante de Rod.
— Bom, larga o revólver de uma vez.
O outro deixou-o cair docilmente e Ben Farros agachou-se para o apanhar do chão. Mas então Rod, vendo ali a sua única salvação, esticou a perna e deu-lhe um brutal pontapé na cabeça.
Benjamim Farros soltou um gemido de dor e caiu de costas, disparando o revólver. Não acertou em Rod. Este abaixara-se para agarrar a sua arma em que o não tivera tempo de tocar.
Ergueu-se e disparou sobre Ben Farros que continuava no chão. Atingiu-o no ventre e no peito. O velho estremeceu violentamente mas os ferimentos não o impediram de apertar o gatilho de novo. E, por casualidade, a bala foi atingir Rod entre os olhos.
Matou-o imediatamente.
Ben, gemendo entre os dentes, agarrando-se ao ventre com a mão esquerda, procurou o apoio do abeto mais próximo para se levantar. Mas as pernas falharam-lhe. Sentiu-se estonteado, vazio.
O cavalo não passava de urna sombra informe. O velho tentou dirigir-se para ele, mas não conseguiu. Caiu de bruços sobre a erva. Estava morto.

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