segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

CNT005_P04. A traição espreita no próprio rancho

O rancho estava próximo. Decorridos os primeiros instantes, Louise recuperara o domínio sobre si própria, e corava, agora, de vergonha, pela sua fuga. Era mais uma prova de fraqueza perante o nova-iorquino. Além de que não soubera conter os seus impulsos e terminar o negócio. Sentiu-se triste, e viu-se a contemplar os campos com os olhos marejados de lágrimas. Tinha pena de não conseguir transformar o rancho como sonhara... Mas, e estremeceu ao pensar na forma como «ele» a olhara!, chamara-lhe criança, louca, deu-lhe a entender que era mais animal do que ser humano...De repente, foi interrompida nos seus pensamentos. Acabara de entrar numa clareira, e um homem correu ao seu encontro.
— Olá, Buck! — disse ela, ao reconhecer um dos homens do rancho. — Alguma novidade?
Mas não teve tempo de acabar. Atrás do vaqueiro, apareceu um outro homem, completamente mascarado e ambos caíram sobre ela. Louise foi arrancada do cavalo e arrastada para junto de uma árvore. O mascarado arrancou-lhe os títulos da propriedade, que ela levava metidos na cintura e correu para o mato. Quanto ao outro ficou, para cumprir o resto da tarefa.
— E agora, minha gata, vais fazer uma pequena viagem. Verás que é fácil. Fechas os olhos, e quando os abrires estás num mundo diferente deste!
— Miseráveis!
O vaqueiro teve um olhar de ódio e gargalhou.
-- As oportunidades fizeram-se para se aproveitarem! O nova-iorquino vai arcar com as culpas pela tua morte, e quanto a nós, falsificaremos um recibo de venda, para apresentarmos ao teu pai, quando ele regressar. Como vês, é tudo fácil... Louise procurou ganhar tempo.
— Não sabia que havia traidores no meu rancho! Nunca suspeitei de ti, Buck, nem de Steve...
— Ah! — O miserável sorriu. — Conheceste Steve sob aquela capa! Eu bem lhe disse a ele que não precisávamos de disfarces para nada. Mas ele, que é rato medroso, teve medo que o plano não resultasse e arranjou aquela «mascarada». Deixa estar, minha gata, que ainda hoje hei-de dar-lhe conta da tua esperteza...
— Isso é o que tu pensas! — respondeu uma voz nas suas costas.
Buck é Louise voltaram-se. O primeiro sentiu que a arma lhe fugia das mãos com um pontapé, enquanto uma mão de ferro o agarrava pelo pescoço. O homem que tão oportunamente chegara e salvara Louise era Zark Kelly. A rapariga contou-lhe imediatamente toda a cena, sem saber bem porque o fazia. No fim, o nova-iorquino sem lhe responder sacudiu Buck pela cabeça e perguntou-lhe:
— Onde foi o teu... amigo?
O vaqueiro, verde de medo, balbuciou:
— Para o rancho... tratar do recibo... e...
Zark não quis ouvir mais. Mandou Louise buscar uma corda e deixou o bandido amarrado a uma árvore. A seguir, ambos meteram os cavalos a galope, na direção do rancho. A poucos metros da habitação, saltaram das selas, e dirigiram-se para um grupo de arbustos. Louise levava uma espingarda consigo. Este facto fez sorrir Kelly, que lhe perguntou:
— Diga-me, Louise: andar armada para si, é uma questão de vaidade, vício ou doença? Mas não teve ocasião de ouvir a resposta.
Nesse momento, um mascarado abria uma das janelas da habitação e preparava-se para entrar. Louise apertou a arma, mas esperou que Kelly resolvesse. O nova-iorquino, sem palavras, saltou os arbustos e antes que o mascarado tivesse consciência do que lhe acontecia sentiu-se arrancado da janela e projetado no solo. Tentou resistir, mas dois socos que lhe fizeram vibrar todos os ossos da cabeça, tornaram-no inconsciente. Louise, que continuava surpreendida com a maneira de atuar daquele homem da cidade, foi ao cavalo buscar o outro laço e deu-lho. Kelly arrancou a máscara a Steve, amarrou-o, e tirou-lhe os documentos.
— Agora — disse — vá chamar alguns dos seus homens e mande levar este e o outro bandido ao «sheriff». A rapariga correu a cumprir a ordem.

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