sábado, 10 de janeiro de 2015

CNT006_P04. A última bala

Vil Thompson, durante momentos ficou especado no solo a contemplar com calma os dois ex-companheiros. A paz que agora sentia no espírito não era mais do que a satisfação de um desejo cumprido... Estava vingado!
Ali, bem perto de si, jaziam aqueles que o quiseram tirar à vida. Olho por olho, dente por dente — era bem explícita a lei das montanhas. Pagara com moeda igual àquela que lhe ofereceram. E no fundo livrara a sociedade de dois bandidos... Contemplou com olhar distante o «colt» que repousava na mão. Rico! Tinha ouro... tanto ouro, que não o gastaria no resto duma existência de depravação... Merecera a pena esperar um ano! Agora... — agora, nem queria pensar. O seu olhar caiu sobre a arma. Sorriu. Que de ironias nos reserva o futuro... Mal supunha My Meekness, quando se esqueceu do «colt» junto de si, que abandonava o instrumento que lhe traria a morte.
Passou os dedos angulosos sobre arma. Olhou o cano sujo de pólvora e soprou-lhe com benevolência. Tomou-lhe pela última vez o peso e com displicência atirou-o para o solo... Então...
Inesperadamente, ouviu-se uma detonação e Vil Thompson sentiu que algo lhe rasgava as carnes e lhe fazia vir o sangue à garganta. Teve um acesso de tosse, ao mesmo tempo, que uma nuvem lhe tapava-a vista.
Estendeu as mãos à procura de apoio, enquanto uma sensação de inconsciência o perturbava e lhe fazia perder o equilíbrio. Acabou por cair. Vil Thompson enganara-se na contagem das balas no tambor do «colt»: eram três e não duas! Uma para My Meckness, outra para Sprightly e a última... para ele! Aquela que não viu e que lhe estava reservada...

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