quinta-feira, 30 de junho de 2016

PAS643. Um homem arrastado

Ed desceu à rua. Desprendeu o cavalo e caminhou em busca de uma pousada, sentindo sobre os ombros a ardente carícia do sol implacável.
E no coração uma opressão estranha.
Nelly...
Por ela cometera o acto mais ridículo da sua vida, ao pretender converter-se num homem honesto... Pobre Mel.
De súbito, aos ouvidos de Ed chegou uma algazarra. Gente que ria ruidosamente, enquanto um cavalo, galopando enlouquecido, arrastava uma estranha carga, irreconhecível devido ao pó que a cobria.
Era um homem.
Um homem arrastado por um cavalo.
Levantava densas nuvens de poeira.
Ed comprimiu os lábios. Não gostava daquilo. Con¬tudo, tinha coisas mais importantes com que preocupar¬-se, pelo que seguiu o seu caminho, enquanto o cavalo continuava a galopar, procurando livrar-se da sua carga.
— Senhor Harriman...
Ed tossiu.
Olhou para a sua esquerda. Era uma rapariga. E fazia-lhe sinais.
Com os olhos fixos naquele rosto juvenil, única parte do corpo da rapariga que estava visível, visto encontrar¬-se oculta numa porta, Ed aproximou-se lentamente dela.
— Senhor Harriman, sou a filha do xerife Gawky. Não posso suportar o que está a acontecer e...
Ed sorriu. Era muito bonita aquela rapariga. Tinha uns olhos enormes; muito negros. E a boca era perfeita sim; lábios rosados, lisos, juvenis.
— Que se passa, pequena? — interrompeu-a Ed.
— Es... estão arrastando o cadáver de seu irmão, mas...   

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