quarta-feira, 12 de maio de 2021

6BL045.07 A grande limpeza

Hopalong Smith riu, trocista, quando o pistoleiro de Bronson recuou, furioso, esquivando o chumbo que o procurava. 

— Que esperavas, Bronson? Conheces muito mal Carter. Ele não cometeria a estupidez de enfrentar-se, ao mesmo tempo, com vocês os dois. 

Bronson apertou os finos lábios. Os seus olhos, claros, pousaram nos de Hopalong.

— Juntos, poderemos defender-nos melhor. A posição de Carter, agora, é superior à nossa. 

— De qualquer modo, não penso mover-me ... ainda. E confesso que me agradará ver como mordes o pó. Rua, Bronson! 

O bandido, mortalmente pálido, retrocedeu um passo, com o olhar fixo no cano do revólver que Hopalong puxara. 

— Lá para fora, Bronson: Não quero tiros aqui dentro. Devo olhar pelo negócio, compreendes? 

Bronson e o pistoleiro pareciam pregados no chão. E o primeiro pensava numa solução melhor do que aquela de sair, estupidamente, à rua, com todas as possibilidades de receber um balázio na cabeça, mal pisasse o passeio. No entanto, Hopalong Smith começava a impacientar-se. E, pela expressão do seu rosto, Bronson compreendeu que não hesitaria em disparar. 

— De acordo, Hopalong. Vamos sair. Mas recordar uma coisa: tenho mais dois homens no povoado e, se sair desta, virei buscar-te. 

— Eu deveria matar-te já, Bronson. Mas em algo somos distintos. Talvez regresses com os teus homens. Eu fico à tua espera. 

Bronson Cutting saltara, inesperadamente, para o passeio. Oscilaram, com violência, os batentes, e, na rua, ressoou um tiro de espingarda. A bala, disparada por Ballinger, que se protegera numa das colunas da alpendrada, assobiou por cima da cabeça de Bronson. O segundo tiro do velho, que se sentia com sangue renovado nas veias, foi mais certeiro. Lager, o pistoleiro, foi alcançado num ombro. E, rodopiando, caiu no passeio de madeira, com um surdo baque. No entanto, apertando os dentes, conseguira "sacar" e disparar contra Ballinger. O chumbo arrancou esquirolas de madeira à coluna. 

O pai de Fanny, rápido, seguro, retorquiu ao fogo do adversário. E Lager, com o ventre perfurado por duas balas, viu terminada a sua vida de crimes. Depois, quando se apagavam os ecos do segundo tiro, soou, na rua, uma voz estentórica: 

— Bronson! 

O bandido, furioso, apertado contra a coluna frontal à de Ballinger, voltou a cabeça. E distinguiu Carter Maxine e Jake Duncan. Bronson e Carter dispararam quase simultaneamente, falhando ambos. No entanto, a bala de Carter obrigou Bronson a descobrir-se em relação a Ballinger, que, trémulo, com os dentes apertados, fixo o olhar nas costas do outro, não perdoou. 

Ressoou um grito de dor, e Bronson Cutting, com o rosto contraído, arqueou-se e caiu de joelhos. Não obstante, surpreendendo Jake e Carter, deu uma veloz meia volta e disparou contra Ballinger, que se descobrira, estupidamente, seguro da sua vitória. Alcançado no estômago, o velho deu uns passos em frente, dobrado pela cintura, lívido, tentando, com ambas as mãos, suster a hemorragia. 

Bronson Cutting deixou-se cair de bruços no passeio e soltou uma rouca gargalhada. Voltou a atirar contra Ballinger, que se precipitava para ele. A segunda bala alcançou Ballinger num ombro e fê-lo girar, bruscamente, sobre si mesmo. O velho perdeu o equilíbrio, tropeçou no cadáver de Lager e rolou pelos degraus de madeira. Ficou imóvel, no pó da rua, sujeitando, ainda, o estômago e tentando localizar Bronson Cutting que, estendido no passeio, fazia desesperados esforços para disparar contra Carter. Conseguiu levantar o revólver, mas demasiado tarde. 

Jake Duncan viu-se obrigado a atirar, já que Carter se dirigia, naquele momento, para Ballinger, julgando que Bronson não poderia voltar a usar a arma. O mais jovem dos ladrões morreu, entre surpreso e furioso. Onde diabos estariam os seus homens? Por que razão aquele maldito cúmplice de Carter se encontrava ali? 

Jake acercou-se dele e virou-o com a bota, comprovando que estava morto. Aproximou-se, depois, de Carter, que se inclinava para Ballinger. Um silêncio pesado estendia-se por toda a rua. Os clientes do "Hopalong's", já sem precauções, apareciam à janela e à porta, contemplando o grupo formado por Jake, Carter e Ballinger. 

Carter olhou o "saloon", querendo comprovar a atitude de Hopalong. Este nao se dera a ver. 

— Amanhã..., Hopalong cumprirá a sua palavra. E veremos qual de nós tem direito a sobreviver. No pior dos casos, fica você, Duncan. Hopalong é o último dos quatro, compreende? 

Jake Duncan meditou um instante. A sua obrigação era, na realidade, fazer com que. Hopalong devolvesse o dinheiro. Mas..., tinham decorrido já cinco meses. Que importavam umas horas mais? 

— Está bem, Carter. Terá a sua oportunidade completa. 

— Obrigado, rapaz. Sinto enorme desejo de ver isto tudo acabado. Podemos levar Ballinger para o seu rancho e tentar recuperar o dinheiro de Bronson. 

— Está bem. Vamos. 

Entre os dois, carregaram com Ballinger, que respirava com dificuldade. Nas comissuras d o s seus lábios, iam crescendo dois fios de sangue. 

— Fanny...Fanny... 

Os dois amigos olharam Ballinger, a quem tinham deixado já no carro. 

— Perdoa, pequena.... Eu... 

Suavemente, apenas com um leve estertor, Ballinger deixou cair a cabeça para o lado e ficou imóvel, morto. Carter não despegou os lábios. Dirigiu-se para a boleia do carro e esperou que Jake fizesse o mesmo. Depois, tocou, levemente, a mula, e o veículo começou a rolar em direção ao rancho de Ballinger. 


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