sexta-feira, 23 de junho de 2017

PAS770. Um demónio chamado «Dinamite»

Depois de percorrer uma grande distância, fixou o olhar nas montanhas que se desenhavam no horizonte. Dirigiu a montada para lá. Queria escalar aqueles picos. Do alto, tentaria descobrir algo relacionado com o tal bando de ladrões de gado.
À medida que ia avançando, sentia-se esmagado pela magnífica grandeza da paisagem. Tudo aquilo não se comparava com o que havia imaginado. O monte mais próximo era uma imensa mole de granito e basalto, cheia de sulcos profundos e de grutas que formavam um vasto labirinto. Rochas e mais rochas, aqui e ali. Foi obrigado a reconhecer que um homem instalado ali nas alturas, com uma carabina nas mãos, tornaria o local inexpugnável. Poderia cobrir, sem perigo para ele, quase todo o terreno plano por onde agora cavalgava.
Se os ladrões de gado tinham a sua guarida numa das fragas que principiava a distinguir, ser-lhe-ia impossível desalojá-los dali.
E, não obstante...
Sim, era isso! No seu rosto duro, surgiu a claridade de um sorriso. Um plano começava a nascer-lhe na mente.
Deteve o cavalo. O rio, no sopé do monte, formava uma espécie de lagoa. Diante de Roy, uma queda de água com cerca de cento e cinquenta pés de altura. A água, ao evaporar-se por efeito dos raios solares, mudava continuamente de cor, oferecendo um espetáculo impressionante e maravilhoso. Roy apeou-se da montada e retirou da bolsa da sela o pequeno embrulho que Betty lhe tinha dado. Deixou o cavalo à solta e preparou-se para almoçar. Para tal, sentou-se no solo. Uma vez saciado, ergueu-se e dirigiu-se ao animal:
— Bem, «Dinamite», creio que...
Calou-se bruscamente. O terrível garanhão levantava a cabeça e fixava os olhos assassinos na sua pessoa. Depois, mostrando os dentes e relinchando, correu para Roy. Adams saltou uma praga surda e abrigou-se por detrás de uma árvore, empunhando o «Colt».
— Maldito selvagem! Olha que te prego um tiro, embora contra vontade! Está quieto, tinhoso!
O animal estacou. Empertigou ainda mais a cabeça e soltou um sonoro relincho. Acto contínuo, voltou-se de costas, atirou um par de coices para o ar e, subitamente acalmado, continuou a mordiscar a erva como se nada tivesse ocorrido.
Adams inclinou o «Stetson» para a testa e coçou a nuca com um ar perplexo.
— Diabos! — exclamou. — Dir-se-ia que troça de mim!
O seu olhar agudo cravou-se na cascata. Resolveu aproximar-se dela. Queria encontrar um caminho que o levasse até à nascente. Por fim, deixou para trás a vegetação luxuriante da margem e os seus pés principiaram a pisar calhaus e areia. Quase de repente descobriu o que
procurava, uma senda estreita que serpenteava por entre as rochas, elevando-se mais e mais.
Decidiu segui-la a pé. Naquele caminho de cabras o cavalo não lhe serviria de nada.
Mal havia posto o pé em terra quando teve de dar um salto fantástico, de cabeça, para um montão de pedras, em busca de proteção. Alguém, munido de uma potente carabina, acabava de lhe arrancar, com uma bala, o chapéu da cabeça. Amaldiçoou-se por não ter previsto o atentado. Agora só contava com os seus revólveres. Uma pobre defesa contra um bom atirador de carabina. Espiou por entre os penhascos, sem nada ver. Com as armas em riste, ergueu aos poucos a cabeça. Os minutos foram decorrendo, carregados de angústia. Francamente, não compreendia aquilo. A não ser que se tratasse de um aviso., .
Subitamente, um ruído à retaguarda sobressaltou-o. Voltou-se como uma áspide, pronto disparar.
Um sorriso desenhou-se-lhe nos lábios. A menos de dez jardas, o seu cavalo fitava as alturas. Roy não ligou importância ao facto. Não tardou, porém, que o animal soltasse um relincho. Depois, a erva atraiu, de novo, as suas atenções. Adams abandonou o refúgio, colocando o chapéu. Saltou para a montada e, lentamente, empreendeu o regresso.

Sem comentários:

Enviar um comentário