domingo, 28 de dezembro de 2014

PAS417. Cobarde!

A escuridão, era completa. Phil cavalgou toda a noite sem parar. Chegou à cidade ao amanhecer. Foi direito à casa grande de Ben. Desatou o corpo do irmão, tirou-o de cima do cavalo, pô-lo aos ombros e subiu as escadas. A porta da casa estava fechada, mas Phil abriu-a, com um pontapé e entrou no vestíbulo. Com muito cuidado pôs o corpo no chão e esperou.
Uma porta do fundo abriu-se e apareceu Ben. Deteve-se ante o estranho, espetáculo. Viu o corpo de Frankie e olhou para Phil que continuava em pé, observando-o tranquilamente. Desde o primeiro instante, Ben compreendeu que a sua vida estava em perigo.
— Tentou trazer-me aqui e matei-o — explicou. Phil sem afastar os olhos do juiz.
— Porquê? É terrível o que fizeste — gritou Ben em tom que pretendia ser amável
— Sim, é terrível! E você vai fazer-lhe companhia — disse PhiI, tirando o revólver do coldre.
— Não! Espera um momento — implorou Ben, suplicante. — A culpa não é minha! Eu...
— Eu não sou Frankie! Não vim aqui para falar.
— Tem calma, rapaz. Não deves pôr-te assim. Além disso, lamentarias bem depressa o teu acto pois prender-te-iam logo! A morte de um juiz não pode ficar impune.
— A única coisa que me podem fazer é enforcar-me. Nada mais.
— Pensa no teu irmão! Ele nunca faria isso...
— Já falámos de mais — interrompeu-o Phil, sem fazer caso dias palavras desesperadas do juiz, que procurava ganhar tempo a todo o custo. — Eu não sou tão inteligente nem tão valente como Frankie, mas nada me impede de levar até ao fim o meu intento.
 -- E porque o mataste? Porquê? — perguntou Ben, tentando distrair o rapaz. 
— Por sua causa. Não podia permitir que mais ninguém, além de mim, fosse iludido por si. Não, não podia consenti-lo.
--- Mas eu... — tentou desculpar-se o juiz.
— Cala-te já, maldito, canalha!
Ben fez um último esforço,
— Está bem, mata-me. Um estúpido como tu não sabe o que faz. Posso dar-te tudo o quiseres, podes viver mais cinquenta anos e ter junto a ti Janette. Mas não; tu és teimoso. Vais perder tudo para fazer que desejas, tu não pensas. Vá, dispara e vê se ficas satisfeito.
Phil olhou-o, furioso.
— Sim, é melhor. —  E, dizendo isto, apertou o gatilho.
Ben foi de encontro à parede e caiu. Levantou as mãos; os seus olhos estavam aterrorizados.
— Espera! —  gritou. —  Eu posso explicar-te...
Phil descarregou todo o tambor da arma no corpo de Ben. O vestíbulo encheu-se ide fume e as detonações ecoaram por toda a casa.
O rapaz olhou em volta, esperando que alguém aparecesse mas a casa continuou tranquila e em silêncio. Sentiu um estranho desassossego, como se os acontecimentos das últimas horas  tivessem sido um sonho.
Carregou, com custo, às costas, o corpo de Frankie, saiu e atou-o ao cavalo. Desatou os dois animais, e, depois de tirá-los da cerca, montou e dirigiu-se para a loja de Pete Lunge. Enquanto o rapaz ia pela rua principal, alguns homens que o viram, largaram os seus trabalhos para o observar. Quando chegou à loja de Pete, este estava à porta', esperando-o. Phil desmontou e, entregando-lhe as rédeas do cavalo, de Frankie, perguntou:
— Sabe onde foi enterrado o índio?
— Sim, sei — respondeu Pete, assombrado.
— Faça-me um favor. Enterre Frankie a seu lado.
— Pois sim, rapaz.
Phil ia a afastar-se, quando Pote deteve:
— Que sucedeu? — inquiriu, curioso.
— Meu irmão foi ajustar contas com o juiz Fisher! Creio que já não voltará a roubar mais ninguém.
— Que dizes? — perguntou Pete, muito excitado,. -- O teu irmão Frankie matou o juiz?
— Sim — afirmou Phil, imperturbável.
— E quem matou o teu irmão, rapaz?
— Foi o juiz Fisher. Frankie pensou que estava morto e, ao sair, o juiz ainda teve forças para disparar sobre ele e feri-lo de morte. Também podes enterrar Fisher...
Dito isto, Phil esporeou o cavalo com energia e seguiu rua abaixo, perdendo-se ao longe. Nos seus ouvidos, ainda ressoavam as últimas palavras do irmão moribundo:
— «Phil! És um cobarde!...»

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