sábado, 27 de dezembro de 2014

PAS416. O último passeio a cavalo

Era quase noite quando Frankie abandonou a cidade à procura de Phil. Cavalgou toda a noite através da planície extensa, em direção ao norte, pois calculou que seu irmão voltaria para casa.
Encontrou-o no dia seguinte. Viu-o de longe, sentado à sombra de uma árvore, com a cabeça entre as mãos, absorto.
Apeou-se do cavalo e, levando-o pela rédea, foi-se aproximando do rapaz.
— Foste um cobarde, Phil — disse Frankie já perto dele. Phil levantou a cabeça e olhou-o, como que idiotizado. — Como pudeste acusar Adam para te salvares a ti?
— Custou-me muito, mas fi-lo.
— Porque és um cobarde! Também o índio, como tu, tinha gosto pela vida. Cumpriu-se uma injustiça, mas tu não quiseste ser a vítima dela e descarregaste toda a tua responsabilidade sobre Adam.
— Já tudo está acabado! — volveu o rapaz.
— Toda a tua vida sentirás o remorso da tua cobardia.
— Deixa-me, Frankie! Vim para aqui para estar só.
— Deves reparar a tua cobardia, voltando, à cidade e pedindo ao juiz Justiça pela sua precipitação em condenar um inocente.
— Não, não irei — negou-se Phil, com decisão.
— A tanto chega o medo, tanta é a tua cobardia, que não me queres acompanhar à cidade?
— Já te disse que não quero sair daqui. E vai-te de uma vez. Estás a aborrecer-me com a tua impertinência — respondeu ameaçador.
— Quero que venhas, e se não vens a bem, levar-te-ei a mal.
— Experimenta! — exclamou Phil, levantando-se e empunhando o revólver. 
— Vá, pelos vistos gostas do brinquedo que te comprei! Não me assustas. Guarda a arma, porque vou levar-te, quer queiras quer não.
— Frankie, rogo-te, suplico-te, ordeno-te: deixa-me em paz.
— Não, tens de vir comigo. E, a passo e passo, ia-se aproximando, olhando-o fixamente na cara.
— Não dês nem mais um passo, Frankie! Não avances mais! — ameaçou Phil desesperadamente.
Frankie viu-o indeciso e tentou atirar-se sobre ele.
Quando deu o salto, ouviu-se uma detonação.
Frankie estremeceu caiu sobre o_ Phil.
— Irmão!... — exclamou corre voz sumida. --- Que fizeste...?
Phil, assustado, separou-se, pouco a pouco do corpo do irmão, que caiu para o solo, coberto de sangue.
Olhou-o, aterrado.
— Frankie! — gritou.
— Cobarde! Fos…te... um cobar… de… a… té para me ma… tar… —  sussurrou num fio de voz.
— Avisei-te que não te aproximasses, Frankie!
Phil, entre choroso e assustado, correu a socorrê-lo.
— Dei... xa-me. Não... me... to... ques. — E um novo vómito de sangue subiu-lhe à boca.
— Frankie! Frankie! — gritou Phil, aterrado,. — Frankie! Não queria matar-te! Só queria assustar-te! Vou-te levar para a cidade! Sou teu irmão e não posso deixar que morras assim!
— Não... és meu... ir... mão. Um... cob... bar... de... é... o... que... tu... és!
E outro vómito calou-o. O moribunda _lançou um gemido tão terrível que ressoou na vale.
— Frankie! Chorou Phil, que caiu aniquilado, arrepelando os cabelos, de desespero.
Depois, levantou--se lentamente, dirigiu-se para os cavalos e levou-os piara a local onde estava o irmão. Atou o cavalo ele Frankie a uma árvore próxima do lugar onde este repousava. Dobrou cuidadosamente uma manta e pô-la sobre o dorso do animal. Em seguida, pôs o irmão sobre a sela.
— É a última vez que o levas. Tem cuidado! — A solidão obrigou Phil a falar com o animal.

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