sábado, 26 de dezembro de 2015

COL056. Saca, Joe!

 
(Coleção Colorado, nº 56)
 
Um xerife, dois rancheiros não muito honestos e uma menina de saloon uniram-se para impor a ordem em Álamo, conseguindo levar a paz à povoação e encetar um período de desenvolvimento.
Joe era um bom rapaz, rápido com as armas, mas sempre sujeito a desafios quanto à rapidez: uma cena trágica, mas recorrente no velho Oeste. Um dia, chegou a Álamo... a jovem cantora apaixonou-se por ele, um dos rancheiros atribuiu-lhe trabalho, mas o outro não gostou da sua aproximação com a rapariga e mandou ao seu encontro alguns rufias... foi a vez de as armas falarem e o xerife expulsou-o da cidade. Não satisfeito com isso, o rancheiro, ferido no seu amor próprio, enviou outros homens para o perseguirem e fez desaparecer a menina do saloon.
O que movia toda aquela gente? Que estranha união poderia existir entre aqueles homens e o xerife?
Trata-se de um livro de Joe Mogar muito interessante, apesar da deselegância do título. A tradução pareceu-nos francamente má e a edição muito descuidada...
A capa, não assinada, mostra a actuação de Joe perante o olhar assustado de uma menina.

domingo, 13 de dezembro de 2015

PAS557. E assim acabou o "estrela negra"

Will foi reunindo todas as armas, com os pés e juntou-as num monte, que lentamente foi chegando para a porta onde Fred Conan já o esperava.
— Não tentem chegar a elas antes que passem cinco minutos, xerife — disse. — É para seu bem. E agora... desejo-lhes boa-noite.
Empurrou Conan para fora, com o revólver, deixando atrás de si os representantes da lei, completamente atónitos.
Uma vez no passeio disse:
— Toma um revólver, cão.
Conan pegou na arma e conteve a respiração, porque havia visto os seus três homens no passeio fronteiro.
Mas Will não os havia visto, ainda.
Com o revólver seguro na mão direita, Conan olhou para Will de soslaio. Tinha os nervos tão tensos que sentia como se a sua pele fosse percorrida por cãibras.
— Insistes em lutares comigo, Will?
— Para isso, fiz tudo o que acabas de ver.
Os três homens de Conan, pressentindo a situação, haviam-se agachado, sem que Will os visse. Não eram doidos. Conan compreendeu que a partir daquele momento a luta estava decidida a seu favor. Ninguém, por bom pistoleiro que seja, pode resistir ao ataque de quatro inimigos ao mesmo tempo, sobretudo, quando três deles estão escondidos e dispostos a matar à traição.
Conan sorriu, mostrando os dentes, numa esquisita careta.
— A quantos passos, Will?
— Escolhe tu mesmo.
Conan compreendeu que lhe convinha colocar-se o mais próximo possível do passeio, onde se encontravam os seus três companheiros. A rua devia ter uns trinta passos de um lado ao outro.
— A vinte passos — disse.
— Como tu queiras. Quanto mais contares, mais vives.
— Tu ficas aqui?
— Sim.
Conan sorriu outra vez, com uma careta. Tudo saía melhor do que ele esperava.
Começou a recuar.
Um passo. Dois passos.
Via o olhar metálico de Will. Via os seus olhos de assassino profissional, perscrutando através da rua.
Dez passos, Doze...
O suor começou a invadir a fronte de Conan. A boca tornava-se seca.
E se os seus homens não disparassem a tempo? E se se assustassem no último momento, e não interviessem na luta, para não terem que enfrentar-se com Will?
Dezassete passos. Dezoito. Dezanove...
Agora a boca de Conan estava tão seca como se lhe tivesse deitado areia.
Will continuava com os olhos cravados nele.
Não havia movido um músculo.
Vinte!
Ao dar o último passo, Conan levantou o revólver disparando de qualquer maneira, sem apontar' e arrojando-se imediatamente ao chão. Com aquele disparo só havia querido cobrir-se, distraindo o seu inimigo.
Deixou para os seus homens, os que estavam escondidos, a tarefa de acabar com ele.
Ressoou pela rua um terrível alarido que brotou em uníssono de três gargantas. Um angustioso alarido de morte.
Seis revólveres vomitaram chumbo contra a figura de Will, que estava quieto e a descoberto. E as balas tê-lo-iam trespassado se não fosse o xerife, que olhava através de urna das janelas.
O xerife pôde ver no último momento os três homens escondidos.
— Cuidado, Will!
Will lançou-se ao solo, evitando todas as balas, menos uma. Materialmente foi impossível conseguir mais.
A bala penetrou na clavícula esquerda e imobilizou o braço. O seu revólver caiu por terra. O que acabava de feri-lo sabia que era canhoto e havia-o apanhado bem.
Will deu um par de voltas sobre si mesmo, sem poder evitar que Conan se escondesse no passeio em frente.
Segurou o revólver com a mão direita.
Mas não era o mesmo. Com a mão direita era um atirador vulgar. Dominando a dor da sua clavícula ferida, fez fogo.
O xerife gritou da sua janela:
— Foi um idiota, Will! Não tinha que dar a esse patife qualquer oportunidade! Foi um idi...!
A bala arrancou-lhe um pedaço de uma orelha, fazendo-o cair para trás. Will disparou contra o pistoleiro que havia ferido o xerife, que se descobrira ao fazer o disparo. Necessitou de duas balas para o atingir, quando com a mão esquerda ~ente necessitava duma. O homem caiu para trás com a cabeça atravessada.
Os outros dois, juntamente com Conan, dispararam também.
Um verdadeiro furacão de chumbo caiu sobre o local onde se encontrava Will, que entretanto, conseguira abrigar-se, atrás duma das colunas do passeio. As balas arrancaram lascas de madeira e atingiram o seu rosto.
Um dos ajudantes do xerife, ao ver o seu chefe ferido assomou a cabeça à janela e gritou:
— Canalhasl...
Foi a última coisa que disse.
Uma bala do próprio Conan atravessou-lhe a cabeça.
Os seus companheiros acachaparam-se, encostando os seus rostos às tábuas do chão, enquanto proferiam maldições. Sabiam que estavam encurralados e nenhum quis arriscar-se mais.
Will ficou só.
Ficou só ante os três homens escondidos e sem poder empregar a sua forte mão esquerda.
Apoiando-se sobre um cotovelo, arrastou-se umas polegadas sobre as tábuas. Outra bala perfurou-lhe uma bota, não lhe levando os dedos por verdadeiro milagre. Viu que um dos homens de Conan, que estava disparando contra o escritório do xerife, se descobria demasiado.
Fez dois disparos mais e conseguiu atingir o seu inimigo no pescoço. Fê-lo cair, sangrando. No entanto Will também tivera que se descobrir para disparar aquelas duas vezes.
Conan e o companheiro, que ficara vivo, levantaram-se ao mesmo tempo, com as armas preparadas. Will percebeu que havia chegado o momento decisivo, de que este era o terrível instante em que seria preciso matar ou morrer.
Morrer.
Will sabia que não tinha salvação.
Descobrindo-se totalmente conseguiu disparar contra o inimigo que lhe pareceu mais perigoso, o companheiro de Conan. A sua bala alcançou o estômago do seu inimigo uns décimos de segundo antes que este disparasse. Este dobrou-se e caiu pesadamente em cima do passeio. Mas agora, Will, já não tinha mais balas. Também já não era capaz de disparar de novo. Caído no chão, os seus músculos negavam-se a aguentá-lo de pé.
Não obstante quis morrer erguido.
Ouviu o rumor lento, pausado, dos passos de Conan. Este havia abandonado o seu refúgio sabendo que agora Will nada poderia contra ele. Que estava tão indefeso como um pobre cão cego.
Acariciou o revólver muito suavemente, recreando-se com o perfeito funcionamento daquela máquina mortífera.
Will pôs-se de pé. O seu olhar parecia extraviado, mas ainda tinha forças para manter-se erguido. Deixou que Conan visse a estrela negra que luzia sobre o seu peito. Os dois homens estavam a uns quinze passos.
— Atira, Conan — sussurrou Will.— Não podes falhar...
— Calma, amigo. Quero acertar precisamente na estrela negra. Quero convertê-la numa estrela vermelha.
Aproximou-se mais.
Dez passos.
Os agentes do xerife, encurralados no escritório, não se atreviam a intervir, com receio de que aquele silêncio fosse urna armadilha. Davam como certa a morte do «Estrela Negra». Receavam que, assim que assomassem as cabeças à janela, seria atingidos por um pedaço de chumbo, que lhas fa riam voar.
Conan entreabriu os lábios.
— Foste um estúpido ao dar-me esta oportunidade, Will — sussurrou. — Aos homens como eu,, matam-se, quando se têm pela frente. Não o sabias? E a tua estupidez vais pagá-la com a vida...
Os olhos de Will não denotavam temor, mas um infinito cansaço, e um infinito desprezo.
— Joguei e perdi, Conan. Atira de uma vez, cão!
O revólver já apontava para a estrela, e a estrela estava sobre o coração de Will. A menos de dez passos, o tiro não podia falhar.
— Atira, cão... — repetiu o «Estrela Negra».
— Claro que vou fazê-lo... E quando tenha acabado contigo, levarei Elsa. Esta está melhor do que quando era rapariguita. Vou passar com ela uns dias deliciosos.
Conan havia torcido a boca, num sorriso cruel, onde o prazer se confundia com o ódio. Will lançou um rugido e fez uma derradeira tentativa para se lançar sobre ele, reunindo as últimas forças que lhe restavam, mas já não foi a tempo. Conan, fria mente apertou o gatilho.
Soou urna detonação.
Will não sentiu nada.
Sabia de qualquer modo, que aquilo era a morte. Vira que os homens a quem ele atravessara o coração, não sofriam. Morriam sem dar por isso, corno agora ele estava morrendo. Com a sensação de serem levados por um sopro de vento.
Mas os seus joelhos continuavam firmes. Achou estranho não se dobrar.
Viu a muito pouca distância, as faces satanicamente retorcidas de Conan.
Mas porque não disparava outra vez? Porque não o liquidava, se ainda lhe apontava?
Soou outro disparo.
Conan deu uma estranha volta sobre si mesmo, olhando o céu, e então Will viu, com infinito assombro, a marca vermelha que ele tinha numa das suas omoplatas. O segundo tiro dirigido também às costas, atravessara-lhe o fígado.
Conan largou o revólver.
Will só foi capaz de balbuciar:
— Mas...
Outro disparo.
Desta vez Conan foi atingido no estômago, e dobrou-se lentamente. A sua morte era angustiosa, horrível e quem o matava estava realizando urna obra de arte, de um verdugo.
Uma quarta bala.
Apanhou-lhe os queixos.
Conan caiu no chão. Will viu com horror que ainda estava vivo, mas não tinha cara. As suas mãos arranhavam debilmente a terra. O fino pó tingia-se de vermelho.
Foi então que viu aquela figura branca. Viu Elsa avançar, com o revólver fumegante na mão direita e reparou que ela era o verdugo e que dos seus olhos, caíam lágrimas, que lhe corriam pela pálida face.
Elsa avançou dois passos mais.
Urna última bala.
Esta foi de compaixão, e a cabeça de Conan, ou o que restava dela, saltou feita em pedaços.
Elsa caiu então de joelhos no chão, largando o revólver.
Deixou cair a cabeça sobre o peito e pôs-se a chorar.
Foi Will que se acercou dela, e que a ajudou a levantar-se, com o seu braço útil.
— Pequena. Por Deus... pequena...
Ela levantou para ele os seus olhos marejados de lágrimas.
— Esta era a sentença justa, Will._ Compreendi-o, quando estava a ponto de ser demasiado tarde...
Abaixou a cabeça outra vez sobre o peito e soluçou.
— Obrigada, Will, por me chamares... pequena.
Ele levantou-a. Ainda lhe restavam forças, tinha suficientes energias para suportar aquela carga deliciosa.
Os seus lábios pousaram-se muito suavemente na fronte de Elsa, quando a teve junto à sua.
— Tu sempre serás para mim uma pequena — sussurrou. — Ainda que os dois «tenhamos» um filho.
Ela olhou-o. E talvez pela primeira vez desde que Will a conhecia, viu nos seus olhos uma luz de felicidade completa e autêntica.
— Ternos que viver para ele, Elsa — sussurrou Tem que ser o que sonhaste que fosse. E quando se torne um advogado, oferecer-lhe-ei um relógio. Um relógio muito velho, recordas-te
Ela, com as lágrimas nos olhos, disse que sim.
Caminharam para o passeio. Ninguém reparou que Will mexia a mão e deixava cair algo, sobre o pó da rua.
Encontraram-na no dia seguinte.
Era uma estrela negra.

sábado, 12 de dezembro de 2015

PAS556. Seis balas para sete pistoleiros

Foram sete os pistoleiros que se voltaram de uma vez, com a velocidade de répteis.
O tipo que se lhes deparou, era quem menos esperavam encontrar, naquele sítio. Davam como certo que Will se encontrava no outro extremo da povoação, e agora lançaram um grito de espanto, quase em uníssono, ao encontrá-lo dentro da cocheira. Além disso, não vestia como de costume, mas como um vaqueiro, todo de negro, para passar despercebido. A sua estrela, também negra, apenas se distinguia sobre a camisa.
— Entrei com aqueles quatro cavalos — murmurou suavemente, correspondendo aos olhares atónitos dos pistoleiros. — Junto ao ventre do que ia no meio, era muito difícil que alguém me visse. Podeis dizer ao imbecil do vosso espia, que devia ter pensado nisto.
Jess e os seus homens estavam assombrados, Will nem sequer tinha empunhado o seu revólver, que guardava no coldre do lado esquerdo. Eles eram sete e no tambor do revólver de Will só podia haver seis balas; de modo que estava perdido antes de começar a luta. Tratar-se-ia de uma armadilha?
Perscrutaram as sombras, como animais encurralados, pensando que ali podiam estar escondidos todos os homens do xerife.
— Não temais — sorriu Will. — Estou só. Precisamente, quando vocês entraram, dormia uma sestazita, naquele lado da manjedoura, que os cavalos não ocupavam. E sinto-o por vocês, porque sempre desperto de mau humor.
Um sorriso tranquilo aflorava aos lábios de Will. Parecia sentir-se tão seguro, como se aqueles sete pistoleiros estivessem contidos pelas armas do próprio governador de Arkansas.
Foi essa tranquilidade que fez explodir os nervos de Jess. Não pôde resistir mais.
— Matem-no! — bramou. — Matem-no.
Todos levaram as mãos aos revólveres, enquanto saltavam para sítios diversos, tornando-se assim um alvo mais difícil. Sabiam que pelo menos um, com toda a certeza, sairia vivo e esse seria o que mataria Will.
Todos tinham interesse em ser esse afortunado.
Este foi um facto favorável a Will, porque os sete pistoleiros tiveram mais a preocupação de procurar refúgio do que disparar. Teriam agido muito melhor se estivessem desesperados.
Will, por sua parte, moveu-se com uma endiabrada rapidez.
Enquanto sacava com a esquerda, deixou-se cair entre as patas dos cavalos. Estes encabritaram-se. O revólver crepitou duas vezes e os dois homens que estavam mais à esquerda, terminaram o seu salto, caindo como sapos, com as cabeças atravessadas.
Jess conseguiu atingi-lo numa das fontes, produzindo-lhe um pequeno ferimento. Ao ver brotar o sangue, salpicando a parede, gritou:
— Já é nosso!
Com efeito Will estaria já vencido, se estivesse só, porque cinco homens eram demasiados para ele, sobretudo porque só lhe restavam no revólver quatro balas. Mas Will não estava completamente só porque havia que contar também com Betty, a mulher que os sete bandidos queriam assassinar.
E já ninguém se recordava dela.
E sem demora a mulher agiu. Tinha na mão um «Derringer» de dois canos que acabava de tirar de entre as roupas. Os pistoleiros estavam de costas para ela, mas esta não mostrou o menor pejo em apertar o gatilho.
Eram uns cobardes e não mereciam outro trato.
As duas balas atravessaram sem remissão duas cabeças. Os três pistoleiros que restavam vivos voltaram-se, gritando, não sabendo de quem se defender.
Will tinha quatro balas.
Chegaram para os três pistoleiros e a última, dedicada a Jess, foi de luxo, de fantasia, como a última carambola de urna partida de bilhar. Só serviu para lhe arrancar uma orelha. Will soprou o cano do seu revólver e carregou-o lentamente, enquanto contemplava, pensativo, os sete mortos.
— São um feio adorno para uma cocheira — disse olhando para Betty. Esta soluçava silenciosamente.
— Porque chora? — murmurou Will. — Você portou-se muito bem. Temi que perdesse a sereni-dade com aqueles dois tiros.
— Não fiz mais do que defender a minha vida.
— E atuou muito bem. Boa pontaria. Os dois fulanos do seu lote têm a cabeça bem atravessada.
— Você fala duma maneira que nos gela, Will. Não parece o promotor desta manhã.
— Sou mais pistoleiro do que outra coisa.
Betty levantou-se lentamente.
— Há algo que não entendo— sussurrou.-- Você não sabia que eu tinha um revólver.
— Não, não o sabia.
— Como pensava, então, acabar com sete pistoleiros, se o seu revólver só tem seis balas? E porque é que não usa duas armas?
— É que com a direita, sou uma nulidade. Não tenho pontaria. Além disso, não sabia o número de tipos que viriam. — Passou uma mão pelos cabelos. — Supunha que não seriam tantos homens, para matar uma única mulher.
— Pois supos mal. Já vê que são cobardes como as serpentes. Atuam pela certa.
Will sorriu.
— Reconheço que passei um mau bocado — disse. — Mas não creia que isso me assuste. Sabe o que acontece num tiroteio como este? Os que seguem à frente, quando vêem cair os seus companheiros, não contam as balas. Só pensam que não querem morrer e nenhum deles se expõe a ficar para último, pois pode ser que ainda reste alguma bala na câmara. Estou certo, que os dois ou três últimos pássaros teriam voado para a porta, sem quererem saber de mais nada.
— De qualquer maneira, parece-me uma tática arriscada.
— É que estou certo, de que na próxima vez, que me equivoque numa coisa assim, vou deixar a pele, pequena.
— Que devo fazer amanhã?
— Prestar juramento. Conan tem agora o júri contra si e quando os seus membros souberem que já não existem pistoleiros na cidade, recobrarão toda a coragem. Esse tipo será condenado à morte.
— Está seguro de que já não restam mais pistoleiros?
A pergunta de Betty foi interrompida por um repentino gesto de alarme. De súbito gritou:
— Cuidado!
Um dos homens que esperavam cá fora, havia assomado o nariz para ver se o trabalho estava terminado. E sacava velozmente o seu revólver, ao distinguir os cadáveres dos seus companheiros, apanhando Will de costas para ele.
Não chegou a disparar.
Will voltou-se.
Tinha já carregado a sua arma com duas balas, e as duas foram para o tipo que intentava matá-lo à traição.
Uma atravessou-lhe o coração e a outra destroçou-lhe a cabeça.
Betty lançou um grito levando as mãos aos olhos, para não ver a trágica pirueta do pistoleiro.
Mas, outros dois se aproximaram. Ouviam-se os seus passos rápidos e nervosos, atravessando a rua. Will compreendeu que tudo dependia da rapidez com que carregasse a arma.
Conseguiu introduzir duas balas e fechou o cilindro, no momento preciso em que um dos foragidos entrava na cocheira.
Ao princípio não viu, porque a penumbra era muito espessa. Isso custou-lhe a vida.
Will despachou-o com um balázio no coração.
O outro seguiu de seguida e havia feito fogo guiando-se pelo fogacho, Will teve que lançar-se entra as patas dos cavalos, enquanto a bala lhe roçava a cabeça. Disparou, com a esquerda, o seu único projétil alcançou o seu inimigo, num pulso, desarmando-o e fazendo-o lançar um grito de dor.
Em seguida, Will avançou para ele, carregando o revólver. O bandido havia caído de joelhos, encolhendo-se.
— Porque... não me mataste? — balbuciou. — Ter-te-ia sido mais fácil atirar à cabeça.
— Não o quis fazê-lo.
— Porquê?
— Tens de estar vivo para falar com Conan. Diz--lhe que praticamente já não tem quadrilha. Devem restar-lhe, quando 'muito, um ou dois homens mais. E diz-lhe, também que amanhã será condenado à morte.
— Estás... louco.
— Mais vale estar louco do que estar enforcado. Diz-lhe também isso.
O pistoleiro levantou-se, segurando a mão ferida e aos tombos, correu em direção à prisão.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

PAS555. ... E encontram-na junto à manjedoura

Abrir a porta foi coisa fácil, pois estava semente segura por uma corrente, facilmente desmontável. Sabendo que não chamariam a atenção de ninguém soltaram a corrente e empurraram a porta. Dentro não havia mais do que penumbra, pois a única iluminação provinha de um candeeiro a petróleo, colocado bem longe da palha.
Os homens deitaram uma olhadela ao seu redor.
A manjedoura ocupava urna parede de lado a lado e era muito comprida, de modo que os seis cavalos que estavam ali, não a utilizavam totalmente, Ficava uma extensa zona livre, que chegava até a um grande montão de palha, situado ao fundo. Da rapariga não se via rasto.
Mas era evidente que só podia estar num sítio, oculta atrás dum montão de palha.
Jess murmurou.
— Entremos e fechai a porta.
Os homens obedeceram, deslizando em silêncio. Apesar de a luz ser escassa, estavam seguros de encontrar a mulher.
Um deles agachou-se, olhando entre as patas dos cavalos.
Mas não. Ali não se ocultava ninguém.
— A palha — disse Jess.
Avançaram pouco a pouco, contendo a respiração. Vários deles deram pontapés à enorme pilha de palha, sem resultado.
Por fim, um deles descobriu o que procurava.
— Eh, Jess — murmurou.
Betty havia-se ocultado quase por completo, debaixo da palha, mas sobressaía um dos seus tornozelos, e um sapato. O pistoleiro riu.
 — Vem aqui, gatita.
Vários deles pegaram na perna da rapariga, puxando-a com força obrigando-a a lançar um grito. Com as suas roupas desordenadas, estava tão formosa, que os sete canalhas sentiram que lhes brilhavam os olhos. Mas as ordens de Conan eram terminantes e não restava outra alternativa, senão cumpri-las. Perder um só segundo que fosse, com outras coisas, podia fazer com que surgisse Will.
Foi Jess o primeiro a apontar o revólver.
— Sinto-o pequena.
— Canalha! Malandro! Miserável!
— Já te disse que o sinto, pequena.
E preparou-se para disparar.
Mas naquele momento todos ouviram uma voz tranquila, lenta, calma que perguntava nas suas costas:
— Não quer que lhe empreste urna bala compadre?

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

PAS554. Dez homens procuram uma mulher

Eram nada menos de dez homens.
Todos tinham trabalhado às ordens de Conan, nos piores sítios do Oeste Central, e nas mais sinistras rotas ganadeiras. Todos estavam dispostos a obedecer a quaisquer ordens e todos sabiam matar.
Já haviam verificado os seus revólveres.
Jess, que agora comandava o grupo em substituição de Ramiro, aproximou-se do que havia estado a guardar a porta.
— Nada.
---Nada?
— Não poderia Will entrar por outro lado?
— Nem falar nisso. Não há mais do que uma porta.
— E buracos no teto.
— Com os diabos! Julgas-me tonto? O teto estais a vê-lo vós mesmo!
Com efeito, estava intacto.
— E guarda? Não há?
— Não é uma cocheira pública, mas particular. Entraram quatro cavalos ao anoitecer, o dono fechou a porta e partiu em paz. Vamos, porque se um trabalho destes vos parece difícil é porque sois feitos de manteiga.
— Ninguém disse que seja um trabalho difícil. A rapariga está aí, sem quaisquer dúvidas?
— Eu vi-a entrar e não saiu. Certamente que passará a noite sobre um monte de palha.
— E o dono da cocheira deve sabê-lo... Bom, já ajustaremos contas com ele, quando isto terminar. Agora temos que arranjar uma maneira, de não sermos surpreendidos por Will. É capaz de chegar repentinamente. Vós os três ficareis de guarda, junto à porta.
Jess havia dado as ordens. O grupo avançou para o grande e desajeitado edifício de madeira.
Sete homens para matar uma mulher indefesa!
Um trabalho fácil.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

CLT055. O "estrela negra"

(Coleção Colt, nº 55)
 
 
Esta é a história do homem que usava uma estrela negra na sua infinita tarefa de acabar com todos os que não respeitavam a vida e a dignidade do seu semelhante. Por que usava essa estrela? Por que motivo era ela negra? Alguma vez deixaria de a usar? Para responder a estas interrogações, leia as passagens e o ficheiro para download que disponibilizamos com mais um texto impressionante de Silver Kane.

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

KNS051. Metido numa emboscada

 
(Coleção Kansas, nº 51)

Como podem ver esta menina tem pelo na venta e, de revólver na mão, é um verdadeiro perigo.
Sam Fletcher é um daqueles autores do tipo "a tiro e a murro", embora com tramas bem urdidas, por isso, não há que dizer muito acerca deste livro o qual, apesar de tudo, consta nas minhas estantes há mais de quarenta anos e já passou por várias vicissitudes.
A capa, de Cortiella, foi excelente, infelizmente uma alma malvada entreteve-se a riscá-la. Mas é suficiente para mostrar que, com aquela rapariguinha frágil, não se brinca

terça-feira, 24 de novembro de 2015

6_BALAS#067. O quinto homem

 
Esta é a história da perseguição a cinco homens por um «cow-boy» que acabou por encontrar a felicidade, na pessoa de uma jovem. O quinto homem, esse, ocultava-se sob a identidade de pessoa exemplar.
A história é igual a tantas outras, contada por John Weiber com um ritmo satisfatório. Disponibilizamo-la por inteiro num momento em que a descoberta de "passagens" se nos revela um tanto difícil.

domingo, 22 de novembro de 2015

BIS099. Ladrões na Califórnia


(Coleção Bisonte, nº 99)
Quando o estado da Califórnia foi integrado na União deixando de pertencer ao México, as relações de propriedade foram revistas e muitas concessões foram atribuídas a americanos. Isto gerou algum desagrado entre mexicanos e pessoas que trabalhavam para os mesmos o que motivou uma má recepção aos novos proprietários. Esta novela integra-se neste processo de transferência de propriedade, vindo juntar-lhe os problemas suscitados por ladrões de gado e outros marginais.
Assim, a recepção a um dos novos proprietários texanos foi festejada com armas e duelos. Apesar de tudo, o relacionamento deste com o anterior proprietário mexicano, uma pessoa educada, pai de duas raparigas lindíssimas, caracterizou-se pelo respeito e, a breve trecho, pela amizade o que foi solidificado pela relação com uma das meninas.
 
Esta é a única obra registada em Portugal de Burt Temple. Infelizmente, o livro está trucidado faltando-lhe uma série de cadernos pelo que, sendo possível, adivinhar-lhe os contornos, não é viável uma leitura efectiva.
 
A capa, não assinada, mostra um vaqueiro que acabou de disparar para defender a posse das reses reivindiacda por ladrões sem vergonha.

 


sábado, 21 de novembro de 2015

BIS098. Sozinho contra todos


(Coleção Bisonte, nº 98)


Era um homem só.
Os proprietários endinheirados da região decidiram proibir a passagem de reses provenientes do Texas a fim de evitar o contágio por doença daquelas que possuiam. Deram-lhe uma estrela de xerife... e esperaram que ele se impusesse com os seus meios.
Em pouco tempo, viu-se entre o fogo dos comerciantes e donos de bares, por um lado, e o dos condutores do gado indesejado.
Tentaram corrompê-lo usando uma mulher. Trouxeram pistoleiros para o abater. A todos resistiu sózinho... e encontrou o amor que o ajudou a libertar daquela vida cruel.
Uma boa novela contada por Phil Nolan, autor que, em Portugal, apenas assinou dois registos na colecção Bisonte.
A capa, não assinada, mostra um aspecto da luta do homen só.

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

BIS095. O enigma do X tatuado

 
(Coleção Bisonte, nº 95)
 
 
Era uma estranha seita cujos membros eram reconhecidos por terem um X tatuado no braço. Acerca deles tinha-se estabelecido a convicção de que eram um bando de criminosos que se protegiam uns aos outros. Mas esta não era a verdadeira realidade, pois a muita gente honesta tinha sido tatuado o X. Estas pessoas sentiam agora que ostentavam um estigma de criminosos.
Este podia ser o mote para uma história excelente. Mas não foi assim. O autor perdeu-se na descrição de tiroteios por tudo e por nada, perseguições e o livro passou para o lote dos INTRAGÁVEIS.
Joe Brower é um autor desconhecido, apenas com uma obra registada em Portugal. Isto é um sinal da crise a atingir a colecção Bisonte e a APR cada vez mais a apresentar autores sem currículo.
A capa não está assinada, mas o penteado do indivíduo que levou com a bala é semelhante ao que posou para o "vagabundo da fronteira" pelo que deixamos a hipótese de ser de Carlos Alberto. Reparem na magnífica paisagem da cena: os cactos, o azul do céu...


segunda-feira, 16 de novembro de 2015

BIS093. O vagabundo da fronteira


(Coleção Bisonte, nº 93)
 
 Um coronel irlandês, desejoso de contar os seus feitos na terra natal, resolveu organizar uma expedição para encontrar e caçar alguns búfalos. Contratou alguns homens entre os quais um batedor, um índio "Cheyenne", e um vagabundo a quem admirava pela habilidade com as armas. Este tinha uma perspectiva racista sobre os índios e suspeitou desde princípio do batedor a quem associava sistematicamente a ideia de traição. Não estava de todo enganado já que o objectivo do índio era desviar a expedição dos seus verdadeiros objectivos procurando com isso preservar a manada que alimentava a sua tribo de uma matança como era normal com alguns predadores. O coronel não se rodeara de grandes cuidados e ostentara frequentemente os bens que transportava com ele, despertando a cobiça de bandidos. Assim, em determinado dia, partiu uma caravana sustentada por um sonhador, guiada por um índio com intenção de que não atingissem o seu objectivo, protegida por um indivíduo com notável habilidade para as armas e seguida por um conjunto de meliantes que se queriam apoderar do espólio do coronel. Uma mistura explosiva...
Trata-se de mais um livro de Cesar Torre que nos traz muitas vezes o sabor da colonização da América e o sentido humanista da igualdade entre os homens.
A capa, de Carlos Alberto, mostra um momento da prisão da personagem central da novela motivada pelo facto de quere beber álcool numa povoação dominada pela proibição do seu consumo imposta por um grupo de mulheres.


domingo, 15 de novembro de 2015

BIS092. O destino manda

 
(Coleção Bisonte, nº 92)

Ted Niobrara gozava as delícias de um encontro proibido com Bonita Alvarado, a esposa prometida de Trevor Malcolm, quando a sua atenção foi despertada por sinais de sangue que se dirigiam para um palheiro. Foi aí encontrar baleado o seu amigo Jim Carpenter o qual tinha enveredado pela senda do crime na quadrilha Butch Lane.
Ted decidiu proteger o seu amigo e quando o xerife chegou ao local do encontro em perseguição do mesmo, deparando com a sua ligação a Bonita, mentiu garantindo que Jim não se encontrava ali. No rancho de Malcolm, o xerife avisa-o do estranho encontro da prometida com o vaqueiro e Ted e Bonita são obrigados a fugir depois de este matar o rancheiro.
O destino de Ted e Bonita é aquele que Jim queria abandonar o qual acabou por se estabelecer numa povoação fronteiriça, Stonefield, utilizando um nome diferente e sob a capa de uma pessoa honesta. Jim tornou-se num vaqueiro voluntarioso de Norma Reed, uma jovem e bonita viúva que não tardou a enamorar-se dele. O sossego de que Jim desfrutava foi quebrado ao fim de algum tempo por alguém que o reconheceu, alguém que pertencera à sua quadrilha na qual agora Ted granjeava fama de sanguinário. E os papéis parecem inverter-se: Jim a servir a lei, Ted a viver de roubos e assaltos e a aproximar-se do rancho de Norma. Como iria ser o seu reencontro?
Este livro de Dick York é muito interessante e muito bem escrito, pelo que procedemos à sua interrogação no Novelas. Mas quem é este Dick York apenas com uma obra registada na Biblioteca Nacional? Acresce à nossa dúvida o facto de a capa ter sido elaborada por Carlos Alberto. Isso faz-nos que Dick York é um autor português... talvez aquele que se apresenta como tradutor, Dr. Carvalho Lima o que nada tem de estranho já que o mesmo assinou obras com o estranho pseudónimo de Alaric Holvam (um anagrama do seu nome).

sábado, 14 de novembro de 2015

BIS091. Uma brincadeira perigosa


(Coleção Bisonte, nº 91)

Frank Mc Fair até é um autor que goza de algum prestígio entre os apreciadores de novelas do Oeste, sendo, por vezes, comparado a Peter Debry. Eu próprio tenho uma boa recordação de alguns livros. No entanto, esta "Brincadeira Perigosa" arruma-se de vez entre os INTRAGÁVEIS. Não consegui... é tudo.
A capa também nada tem de simpático com aquela gorducha sem graça que parece sofrer de papeira. Quem terá escolhido a modelo? Era uma fase difícil para as colecções da APR

terça-feira, 10 de novembro de 2015

PAS553. «Pokerface», o morto-vivo

Não soube quanto tempo se manteve prostrado, mas pareceu-lhe ouvir pessoas andarem à, sua volta.
Foi-as distinguido pouco a pouco e encontrou-se no mesmo estado em que se encontrava agora, absolutamente incapaz de sentir, de compreender o que o cercava. Todas as manifestações de vitalidade estavam suspensas, amortecidas. O coração não acelerava as suas pulsações por motivo algum.
Ouviu algumas vozes considerá-lo como morto por diversas vezes.
E quando, a despeito de tudo isso, conseguiu pôr-se em pé, ele próprio teve a sensação de que se movia como um autómato; que, se praticava actos idênticos aos das outras pessoas, era porque o hábito o levava a isso e não porque a natureza lho impusesse.
Não dormia. Apenas se estendia na cama e ficava sem pensar, mas com a consciência nítida do que se passava à sua volta. Passava dias inteiros sem comer fazia-o naturalmente, levado pelo hábito.
Supondo-o adormecido, ouviu certa ocasião o médico que o examinara, referir-se ao seu caso.
— Não sofre dúvida que tem a morte dentro do corpo — disse ele, explicando o assunto a outras pessoas — mas não é por qualquer forma possível determinar o tempo que vai demorar a agonia. Todo o seu organismo está em completo estado de letargo, uma espécie de paralisia psíquica, como nós, os médicos a classificamos, em consequência do «choque anímico» sofrido.
O médico prosseguiu a conversa. Cristopher ouviu por diversas vezes proferir palavras que não compreendia... «Traumatismo psíquico»... «Hipertensão reversível»... «Espasmo dos vasos cerebrais»... «Estigma de Von Berkman»...
— Morrerá, necessariamente, num prazo relativamente curto, apagando-se pouco a pouco, a não ser que algum fenómeno desconhecido obrigue a sua natureza a reagir, ainda que muito debilmente. Pode afirmar-se que a única coisa que nele se mantém viva é a ideia fixa que o domina: o sentimento da vingança».
 Era a realidade. Cristhoper sentia-se prisioneiro dentro do seu próprio corpo, nessa espantosa situação de permanente pesadelo. A única coisa que vagamente sentia era a repugnante sensação da carne barbaramente retalhada dos entes que mais ardentemente amara.
Levantou-se e saiu do hospital para onde o tinham conduzido. Instintivamente, com o escasso dinheiro que trazia consigo, uma vez que os assassinos o tinham despojado das suas economias, adquiriu dois «Colts» 45.
E começou a alucinante busca do homem a que chamavam Bill. Era um inveterado jogador de cartas, que a partir daquele momento nunca mais saiu das tavolagens. Começaram a chamá-lo «Pokerface» (Cara de Poker) e a temê-lo pela diabólica rapidez com que manejava as armas. Novo México, Arizona, Colorado, Utah. Uma imensa galeria de caras que a morte convertera em máscaras de papelão. E sempre com a ideia fixa de descobrir o tal sempre à espera de que alguém pronunciasse aquele nome.

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

PAS552. Encontro com a morte

Cravou as esporas nos flancos do cavalo para que acelerasse a marcha e retesou ao mesmo tempo as rédeas para o impedir de avançar. Sentiu um medo terrível.
Por fim via-se a transpor a porta de entrada, enquanto todos os pelos do corpo se eriçavam, ao notar um silêncio anormal e aterrador. Lembrou-se de que talvez não se encontrasse ninguém em casa por qualquer circunstância.
Os seus olhos, porém, atentaram na desordem que reinava por toda a casa, mesa e cadeiras derrubadas e o corpo de sua mulher estendido no meio de toda aquela confusão. Correu para junto dela. Uma grande mancha de sangue alastrava pelo peito e pelas costas.
Ergueu a cabeça, retorceu a boca e abriu os olhos.
— Bill... Chama-se Bill…
Paralisaram-se-lhe os olhos, ficou de boca aberta escorrendo dela uma baba sanguinolenta. Estava morta.
Sentindo-se dominado por um pânico terrível, por urna convulsão que lhe agitava todo o organismo e lhe obscurecia as ideias, fazendo-o tremer violentamente, Melwin Cristopher levantou-se. Procurou os seus filhos e encontrou os seus corpos barbaramente mutilados e desfeitos.
Recrudesceu a sua angústia e o seu mal-estar. O choque fora demasiadamente brutal, espantoso. Dominado pela ideia de que tudo aquilo não passava de um sonho fantástico, com a sensação nítida de que a massa encefálica lhe sala das paredes cranianas, desmaiou.
Quando recuperou a lucidez, o pensamento continuava em pleno vácuo, impossibilitando-o de ajustar as ideias. Continuava, apesar de tudo, a viver a realidade do monstruoso acontecimento, a sentir a impressão viscosa e repugnante do contacto com aqueles corpos destroçados, assassinados com um sadismo terrível.