Wickes contemplou Cliff, enquanto este apertava o cinto-cartucheira com o revólver.
— Tenha cuidado, Werfel; procure não cair nalguma ratoeira.
—Não se preocupe. Irei com pés de lã e procurarei fugir ao combate. Não nos convém ter baixas.
Pôs o chapéu na cabeça e, antes de dirigir-se para a porta, murmurou:
— Até à vista.
— Adeus, rapaz. Boa sorte.
Cliff saiu do gabinete e dirigiu-se para as traseiras do edifício. Quando atravessava o pátio deserto, ouviu uma voz chamar:
— Cliff.
Voltou a cabeça. Para ele avançava Nancy com o assombro refletido no rosto. O jovem esperou e a rapariga, ao chegar junto dele, contemplou a estrela que tinha no peito e depois fitou-o nos olhos.
— Então, é verdade?
Cliff apontou para o peito.
— Se se refere a isto, é como vê.
Nancy não saía do seu assombro.
— Mas como foi esta mudança tão repentina? Disseram-me que aceitara o lugar de ajudante do xerife, mas eu não quis acreditar.
— Pois, como vê, é verdade.
A rapariga fitava-o com estranha fixidez.
— Cliff, eu não compreendo que tenha mudado de opinião tão rapidamente. Ontem garantiu-me que não aceitaria o lugar, porque estava decidido a partir de Tonopah.
O jovem desviou o olhar.
— Quando cheguei a casa do xerife, já decidira aceitar.
— Porquê?
Cliff cravou os seus olhos firmes e apaixonados nos da rapariga.
— Por si... e por Bobby também.
Nancy parecia não dar crédito ao que ouvia.
— Por mim — murmurou num sussurro. — Não o compreendo, Cliff.
Ele contorceu-se, como sentindo-se pouco à vontade.
— Quando saí da escola, tive tempo de refletir, embora já não fosse preciso. Havia uma coisa positiva para mim: eu não podia deixá-los, a si e ao Bobby, desamparados. E já que não queriam deixar Tonopah só me restava fazer uma coisa: ficar eu também aqui para tentar livrá-los de qualquer complicação. E aqui tem a explicação.
Encolheu os ombros, acrescentando:
— E agora desculpe-me, Nancy. Estou ocupado.
Mas ela, antes de ele poder marchar, agarrou-o por um braço.
— Cliff, tem a certeza de que só ficou por mim e pelo Bobby?
— Certeza absoluta.
— Quer dizer que não mudou de opinião sobre os seus semelhantes?
Ele abanou a cabeça.
— Não mudei.
-- Mas porque pretende ajudar-nos a mim e ao Bobby?
Cliff, com suavidade, mas firmemente, desprendeu--se da mão de Nancy e, ao mesmo tempo que se dispunha a partir, dirigiu-lhe um último e penetrante olhar.
— Porque você e o pequeno são diferentes de todos os outros.
Antes de ela poder formular outra pergunta, o jovem deu meia volta e afastou-se a grandes passadas. Quando Nancy reagiu, já Cliff desaparecera da sua vista. Pensativa, a rapariga encaminhou-se lentamente para a casa. Ali, na repartição, encontrou Wickes.
— Bons dias, xerife.
O outro levantou a cabeça.
— Olá, Nancy. Aconteceu-lhe alguma coisa?
A rapariga, sem fazer caso da pergunta, interrogou por sua vez:
— Aonde vai... Werfel? Passou por mim e parecia levar muita pressa.
Wickes endireitou-se.
— Tem de sair com um grupo de homens para efetuar um reconhecimento na pradaria. É preciso localizar a quadrilha de Hudson, saber o que pretenderá fazer.
Nancy deu um salto.
— Mas isso é terrivelmente perigoso, é como meter-se na boca do lobo.
— Talvez, mas apesar disso, não podemos ficar aqui de braços cruzados. Quis ir eu, mas Werfel parece ter um interesse especial. Diz que conhece melhor a pradaria do que eu, e é possível que tenha razão.
A rapariga não podia dissimular uma viva inquietação.
— Mas ele é um convalescente. Não devia fazer exercícios violentos.
Wickes reclinou-se na cadeira.
— Olhe, Nancy, é mais fácil dominar um touro selvagem que a um homem como Werfel. Não é sangue o que lhe corre nas veias, mas autêntico fogo líquido.
— Mas a sua saúde...
— Não se preocupe com isso. O próprio doutor Graham ficou surpreendido com o seu rápido restabelecimento e concordou que já se achava em excelentes condições físicas. Esse rapaz é feito de aço.
— Tenha cuidado, Werfel; procure não cair nalguma ratoeira.
—Não se preocupe. Irei com pés de lã e procurarei fugir ao combate. Não nos convém ter baixas.
Pôs o chapéu na cabeça e, antes de dirigir-se para a porta, murmurou:
— Até à vista.
— Adeus, rapaz. Boa sorte.
Cliff saiu do gabinete e dirigiu-se para as traseiras do edifício. Quando atravessava o pátio deserto, ouviu uma voz chamar:
— Cliff.
Voltou a cabeça. Para ele avançava Nancy com o assombro refletido no rosto. O jovem esperou e a rapariga, ao chegar junto dele, contemplou a estrela que tinha no peito e depois fitou-o nos olhos.
— Então, é verdade?
Cliff apontou para o peito.
— Se se refere a isto, é como vê.
Nancy não saía do seu assombro.
— Mas como foi esta mudança tão repentina? Disseram-me que aceitara o lugar de ajudante do xerife, mas eu não quis acreditar.
— Pois, como vê, é verdade.
A rapariga fitava-o com estranha fixidez.
— Cliff, eu não compreendo que tenha mudado de opinião tão rapidamente. Ontem garantiu-me que não aceitaria o lugar, porque estava decidido a partir de Tonopah.
O jovem desviou o olhar.
— Quando cheguei a casa do xerife, já decidira aceitar.
— Porquê?
Cliff cravou os seus olhos firmes e apaixonados nos da rapariga.
— Por si... e por Bobby também.
Nancy parecia não dar crédito ao que ouvia.
— Por mim — murmurou num sussurro. — Não o compreendo, Cliff.
Ele contorceu-se, como sentindo-se pouco à vontade.
— Quando saí da escola, tive tempo de refletir, embora já não fosse preciso. Havia uma coisa positiva para mim: eu não podia deixá-los, a si e ao Bobby, desamparados. E já que não queriam deixar Tonopah só me restava fazer uma coisa: ficar eu também aqui para tentar livrá-los de qualquer complicação. E aqui tem a explicação.
Encolheu os ombros, acrescentando:
— E agora desculpe-me, Nancy. Estou ocupado.
Mas ela, antes de ele poder marchar, agarrou-o por um braço.
— Cliff, tem a certeza de que só ficou por mim e pelo Bobby?
— Certeza absoluta.
— Quer dizer que não mudou de opinião sobre os seus semelhantes?
Ele abanou a cabeça.
— Não mudei.
-- Mas porque pretende ajudar-nos a mim e ao Bobby?
Cliff, com suavidade, mas firmemente, desprendeu--se da mão de Nancy e, ao mesmo tempo que se dispunha a partir, dirigiu-lhe um último e penetrante olhar.
— Porque você e o pequeno são diferentes de todos os outros.
Antes de ela poder formular outra pergunta, o jovem deu meia volta e afastou-se a grandes passadas. Quando Nancy reagiu, já Cliff desaparecera da sua vista. Pensativa, a rapariga encaminhou-se lentamente para a casa. Ali, na repartição, encontrou Wickes.
— Bons dias, xerife.
O outro levantou a cabeça.
— Olá, Nancy. Aconteceu-lhe alguma coisa?
A rapariga, sem fazer caso da pergunta, interrogou por sua vez:
— Aonde vai... Werfel? Passou por mim e parecia levar muita pressa.
Wickes endireitou-se.
— Tem de sair com um grupo de homens para efetuar um reconhecimento na pradaria. É preciso localizar a quadrilha de Hudson, saber o que pretenderá fazer.
Nancy deu um salto.
— Mas isso é terrivelmente perigoso, é como meter-se na boca do lobo.
— Talvez, mas apesar disso, não podemos ficar aqui de braços cruzados. Quis ir eu, mas Werfel parece ter um interesse especial. Diz que conhece melhor a pradaria do que eu, e é possível que tenha razão.
A rapariga não podia dissimular uma viva inquietação.
— Mas ele é um convalescente. Não devia fazer exercícios violentos.
Wickes reclinou-se na cadeira.
— Olhe, Nancy, é mais fácil dominar um touro selvagem que a um homem como Werfel. Não é sangue o que lhe corre nas veias, mas autêntico fogo líquido.
— Mas a sua saúde...
— Não se preocupe com isso. O próprio doutor Graham ficou surpreendido com o seu rápido restabelecimento e concordou que já se achava em excelentes condições físicas. Esse rapaz é feito de aço.
*
Os dez cavaleiros que seguiam Cliff cavalgavam em silêncio pela pradaria deserta. Todos eles eram habitantes de Tonopah, que se ofereceram voluntariamente para organizar uma força que se opusesse a Hudson. Entre eles figurava o próprio McClaw.
Cliff, que marchava à frente, não deixava de explorar o terreno com os seus olhos penetrantes. Ainda se notava uma ligeira dificuldade nos movimentos do ombro e braço direitos, mas isso passava despercebido aos demais. E ele, mais do que nunca, tinha de o ocultar, visto todos terem depositado a maior confiança nas suas faculdades.
De súbito, parou o cavalo, erguendo o braço para que os companheiros o imitassem. McClaw, que cavalgava perto dele, perguntou:
— Que aconteceu?
Cliff, cujos olhos semicerrados se mantinham fixos num ponto determinado, murmurou:
—Um grupo de homens a cavalo.
Ao mesmo tempo, apontou com o braço. McClaw e todos os outros viram, a certa distância e recortadas na crista dum alto, as silhuetas de catorze ou quinze cavaleiros.
—Gente de Hudson? — perguntou um dos seus homens.
— Provavelmente.
Os desconhecidos puseram-se em movimento e avançaram para eles.
— Vêm para aqui — murmurou McClaw. — Talvez sejam membros de alguma caravana.
— Depressa sairemos de dúvidas — respondeu Cliff.
Os outros, ao chegarem a menos de um quilómetro de distância, pararam um momento e, depois duma breve hesitação, arrancaram a galope, ao mesmo tempo que as suas armas começaram a troar.
Houve uma remexida entre os cavaleiros de Cliff, que, de pronto, tiraram as armas dos coldres, dispostos a fazer frente à agressão. Mas o jovem fez dar meia volta ao seu cavalo e ordenou:
— Rápido! É preciso regressar a Tonopah! São membro da quadrilha de Hudson e reconheceram-me!
McClaw parecia surpreendido.
— Podemos dar-lhes combate. Afinal de contas, são poucos mais que nós.
— Não tenha ilusões. É um grupo demasiado numeroso para se tratar duma simples patrulha. São os exploradores e apostaria a que a uns três ou quatro quilómetros mais atrás vem toda a quadrilha. E não lhe reste dúvidas de que o seu propósito é assaltar Tonopah. Rápido! Venham comigo!
Empreenderam o regresso à cidade a galope rasgado, perseguidos pela patrulha inimiga. Durante um bom espaço de tempo trocaram tiros entre si, mas a velocidade da marcha impedia qualquer precisão de tiro. Não tardaram, todavia, em desaparecer aos seus perseguidores, mas nem por isso diminuíram o andamento.
Sem comentários:
Enviar um comentário