quinta-feira, 2 de maio de 2019

COL005.08 Uma arma na bolsa da artista

Segundo o seu costume entrou, sem se fazer anunciar, no escritório de Sidney.
—Aqui me tens outra vez.
—Olá, rapaz! Desta vez não te fizeste desejar tanto como das outras.
Cumprimentaram-se efusivamente. Kerr, inteirou-se vivamente pela saúde de Jayne, incomodando--se ao sabê-la precária.
Durking entrou imediatamente no assunto:
—Dá-me notícias de Doris. Jayne recebeu uma carta dela, que fez com que piorasse e pediu-me para vir aqui, saber se posso fazer qualquer coisa por ela. Eu não queria, mas ela insistiu tanto...
Sidney tomou um ar grave. Acendeu um cigarro antes de responder e por fim, decidiu-se:
—E um caso feio. Penso que lhe devias voltar as costas, a menos que o teu interesse seja tão grande que te não importem os aborrecimentos que te acarrete.
—Deves compreender que se fiz esta viagem com esse objetivo exclusivo é porque tenho o propósito de saltar sobre todos os obstáculos.
—Bom. Resulta que o «cavalheiro» Egan, é bastante mais asqueroso do que o supúnhamos. Além de batoteiro profissional, descobriu-se ser também um «pistoleiro» de primeira ordem. Tem ao seu serviço dois sujeitos, Carl Freund e Edwin Griffies, destros também no manejar das armas e os três estão a impor a sua vontade por aí, em quase todos os estabelecimentos.
—No teu também?


—Não. Esse respeita-o por duas razões. Uma, a minha amizade com as autoridades; outra, por que não lhes interessa afugentar as pessoas do local onde se exibe Doris. A propósito de autoridades, devo dizer-te uma coisa que te interessa. Benson Rudd, o sujeito que te feriu e a quem passaste um passaporte para o outro mundo, era um sequaz de Teddy. O «sheriff» conseguiu descobrir terem bebido juntos na véspera do sucesso, num bar dos arredores. Teddy foi apertado com perguntas, mas o maior dos cínicos saiu-se às mil maravilhas. Tiveram de o deixar em paz.
—Ainda bem que sei isso. Pagar-me-á caro. Não tenho dúvidas que foi ele quem planeou o crime. Parece-me impossível é que tu, tão bem relacionado com os «mandões» de São Francisco, não metas na cadeia esses tipos.
—Já te disse que a mim, me respeitam. Se me meto com eles, só me causarão prejuízos, pois fazem as coisas bem feitas, sem deixar provas; os que poderiam acusá-los têm medo... Sabes como funciona defeituosamente a máquina da lei.
—Essa tua atitude é egoísta.
—E humana... sou um homem de negócios.
—Terei de voltar a chamar-te «Ave de rapina».
—Se fazes tanto gosto nisso...!
—Bom, continua. Sabes alguma coisa acerca das relações entre Teddy e Doris?
— Pouco... Nunca fui curioso e não me interessa a vida íntima das artistas que atuam no meu saloon; mas não sou surdo e os boatos crescem. As más-línguas asseguram que a traz aterrorizada e que o seu propósito é vendê-la, mesmo que para isso tenha de casar com ela. Um tal Ernest Pheland, um milionário que anda louco pela rapariga e que aspira a ser seu marido... —Durking, enervado, deu um murro na mesa. Sidney gracejou: — Ouve lá, não me partas isso, que me custou dinheiro.
—Esse animal nojento!...
— Referes-te ao pretendente?
—Também deve ser fresco! Mas não me refiro a ele, mas sim ao outro. Sabes se Doris continua hospedada no «América»?
—Creio que sim.
— Vou vê-la.
— Não é o lugar indicado. Teddy não a deixa um só momento. Pelo menos é o que dizem. Quando ele não está, é um dos seus sequazes que a vigia. E é natural; o medo que têm que ela se lhes escape, não os deixa nem dormir.
— Que importa!
—Deixa-te de loucuras. Eu facilitar-te-ei um encontro com ela. Vou fazer por ti, o que não faria por nenhuma pessoa mais: ceder-te o meu gabinete. Dentro de duas horas começará o show da tarde. Doris costuma chegar um bocado antes. Ele, geralmente, deixa-a no camarim e vai para a sala, onde infalivelmente aguarda o milionário. Aproveitaremos esse espaço de tempo para que a rapariga venha aqui.
—Agradeço-te muito, Sidney, mas não queria causar-te nenhum transtorno. Não sei o tom em que se desenrolará a entrevista...
— Bah, não te preocupes! Vai uma bebida?
—Vá lá...
De um dos compartimentos do móvel-biblioteca, Kerr tirou uma garrafa de whisky.
—Ê excelente, sabes? Reservo-o para mim e para os bons amigos. E como bons amigos só te tenho a ti, costumo beber sozinho...
Conversaram sobre várias coisas, enquanto faziam honras à excelente bebida. Quando Sidney julgou chegada a hora oportuna, saiu e deu instruções a Nicholas.
—Digam-lhe que eu lhe quero falar—disse ao seu sócio.
Alguns momentos depois bateram à porta. Durking, a pedido do seu amigo, passou para um quarto contíguo e Sidney disse:
—Entre.
Doris apareceu.
—Disseram-me que tem uma coisa urgente para me dizer.
— Eu, não. Ê um amigo comum que a quer cumprimentar.
—Mas...
—Ele vem já.
Durking reapareceu. A artista fez um gesto de extraordinária surpresa. Ele, sem perder tempo com saudações, disse:
—Estou aqui a pedido de Jayne. Foi ela que me enviou.
Pouco a pouco, a jovem ia-se refazendo da surpresa.
—Como está ela?
— Não muito bem.
Sidney anunciou:
—Deixo-os. Falarão, melhor, a sós.
E saiu do escritório. Fez-se uma breve pausa, durante a qual se observaram um ao outro. Com interesse, Durking; cheia de inquietação, Doris. Ela interrompeu-o, inquirindo:
—Então?
O homem não fez rodeios.
—Jayne tem a impressão de que você necessita de ajuda. Pensa que já reconheceu a verdade das suas afirmações e que eu posso ser-lhe útil. Se é assim, diga-mo; no caso contrário, ir-me-ei embora.
Doris entreabriu os lábios como se quisesse conter um soluço doloroso. Os seus olhos estavam fixos no seu interlocutor. A sua voz, em compensação, não foi firme, ao dizer:
—Eu... agradeço aos dois... Mas não há nada que justifique...
—Ah, não há? Continua apaixonada por Teddy Egan? Ele gosta de si? Quando é o casamento? Que se passa com um sujeito muito rico, chamado Ernest Pheland? — ela recuou, assustada e atónita. —Está ou não convencida, que Teddy Egan é um miserável, que procura repetir consigo o que fez com Jayne? Responda! Não há tempo a perder. No caso de lhe suceder, como à sua amiga, isto é, continuar a gostar dele e sofrer resignadamente tudo o que ele lhe fizer, dir-lhe-ei adeus agora mesmo, pois os sermões não são o meu forte. Mas se ainda tem um mínimo de carácter, livrá-la-ei dessa garra que a oprime. Jayne espera-a no meu rancho, onde você encontrará o descanso e a paz de que necessita.
Doris, no seu lento retrocesso, tropeçou numa cadeira, em que se deixou cair, com a cara escondida entre as mãos e rompeu em soluços. Durking calou-se. As suas últimas dúvidas acabavam de desaparecer. A atitude da rapariga era eloquente, ao máximo. Convinha deixá-la desabafar. Foi uma espécie de sussurro, o que se escapou dos lábios de Doris.
—Não posso ir consigo... Não posso...
—Quem lho impede?
—Teddy encontrar-me-ia.
—Mas também me encontraria a mim.
—Ele... e os seus homens são cruéis.
—Vamos, deixe-se de receios injustificados.
—Se você soubesse...!
— Sei o necessário.
—Não, não; é muito mais do que lhe possam ter contado.
Acabou desabafando. Teddy era o ser mais abjeto que se podia conceber. Só via nela uma maneira de ganhar dinheiro. Para que o lucro fosse maior, tinha-a respeitado até então, conservando-a pura, à espera do melhor partido. As suas frequentes ameaças atemorizavam Doris, que com medo dele não tinha força para se revoltar, nem tentar fugir.
Confirmou o que Sidney dissera, sobre a vigilância a que estava sujeita. Não só Teddy, como os seus acólitos Carl Freund e Edwin Griffies, tinham-se instalado no «América Hotel» com o exclusivo objetivo de a não perder de vista. Tinha-lhe ocorrido várias vezes contar tudo a Sidney, mas tinha desistido, pensando que este, a quem não a ligava nenhum laço afetivo, renunciasse a procurar os aborrecimentos que encontraria ao protegê-la.
Teve também a ideia de expor a sua situação às autoridades, mas além de não ter tido ocasião para o fazer, pois seguiam-na para toda a parte onde fosse, acabou por pensar que nada alcançaria, pois só se poderia referir a factos não provados. Como provar que Teddy a dominava pelo terror, que a obrigava a mostrar-se afetuosa para com Ernest Pheland, que a trazia ameaçada de morte? Ele negaria e os representantes da Lei nada poderiam fazer. Na melhor das hipóteses prenderiam Teddy e os seus companheiros, o tempo justo para que ela abandonasse a povoação; mas, e depois? Procurá-la-iam sem cessar...
— Basta! — interrompeu-a, Durking, rubro de indignação. — Se continua a falar assim não poderei dominar o desejo de ir imediatamente acabar com esses miseráveis.
Ela agarrou-lhe nas mãos, suplicando-lhe, angustiada:
—Por favor, não o faça!
—Será que... ainda a assusta a ideia de aniquilar o «seu Teddy»?
—Não é isso. Odeio-o tanto como uma mulher pode odiar um homem! Mas você não se sairia bem da empresa.
—Bem. Vamos ao que importa. Que é que costuma fazer, entre o espetáculo da tarde e o da noite?
—Teddy obriga-me a permanecer no saloon, com ele, os seus companheiros e Ernest Pheland. Quase sempre acabam por nos deixar sós, Pheland e eu, mas mantêm-se a vigiar, a curta distância.
—Então não vê possibilidades de arranjar qualquer pretexto para sair? Eu estaria à sua espera onde combinássemos…
— É muito difícil, para não dizer impossível.
—E se saísse do hotel, de madrugada?
—Descobrir-me-iam. Teddy, Carl e Edwin, vigiam-me por turnos.
—Então não há outra solução senão...
— Explique-se.
—Isso é comigo.
—E comigo também. Não quero que se arrisque por minha causa.
— Tem graça, essa! «Não quero...». Julga que necessito da sua autorização?
— Queria dizer...
—Compreendo o que queria dizer. Limite-se a responder à pergunta: Virá para o lado de Jayne, se o caminho ficar livre? Porque, apesar do que me contou, ainda não sei o que quer fazer.
— Claro que irei!
—Então deixe isso por minha conta. Volte para o seu camarim, não vá o seu «galã» lembrar-se de ir buscá-la. Não fale a ninguém do assunto. Quando acabar o seu número, vá como nos outros dias para a sala. É preciso que se lhe não note excitações de espécie alguma. Sei que lhe peço algo difícil, mas espero que o consiga.
Doris continuou a opor resistência, cada vez mais débil. Naquele momento, receava exclusivamente por Durking. Admirava o seu gesto corajoso e tinha medo que isso lhe custasse a vida. Ele negou-se suavemente a continuar a ouvi-la e teve mesmo de a empurrar docemente para fora do escritório. Poucos minutos depois, regressou Kerr.
—Então?
Durking sentou-se, enquanto respondia:
— Querido Sidney, ficarás muito zangado comigo se alterar a ordem que costuma ser a nota dominante do «Paraíso»?
—Depende... Que pensas fazer?
—Desculpa-me, mas é segredo. Se to dissesse, tentarias dissuadir-me e acabaríamos numa discussão inútil. Se puder, passarei a função para a rua, e olha que não me refiro ao teu espetáculo...
— Ouve, sabes que fiquei em brasas e...
—Pois foge delas, não te vás queimar. Venha outro whisky. É excelente.
Kerr não insistiu mais. Sabia que quando o seu amigo decidia calar qualquer coisa, dificilmente lhe arrancariam uma, palavra. E limitou-se a fazer-lhe breves recomendações que Durking ouviu, sorridente. O médico depois levantou-se para se despedir.
—Ver-nos-emos mais tarde.
— Acompanhar-te-ei.
—Não, desculpa.
—Recusas a minha companhia? Sabes quão grata me é. Enquanto estou em São Francisco pode dizer-se que não tenho outra. Mas hoje preciso de estar sozinho.
Kerr, dissimulando o melhor possível a sua inquietação, estendeu-lhe a mão e desejou-lhe sorte. Durking, saiu pelas traseiras da casa. Deambulou pelos sítios menos populosos, pois não queria que Teddy soubesse da sua presença antes de tempo. Chegada, segundo os seus cálculos, a hora oportuna, dirigiu-se de novo para o saloon e ficou à porta até que viu sair um cliente.
—Desculpe-me... Já acabou o espetáculo?
— Sim, há pouco.
—Que pena!
Entrou no estabelecimento, onde a concorrência não era já muito numerosa. Num dos extremos encontrara-se o grupo formado por Doris, Teddy e mais três homens.
Baseando-se nos dados obtidos, deduziu serem Carl Freund, Edwin Griffies e Ernest Pheland.
Avançou rapidamente, a boca entreaberta num sorriso estranho. Doris foi a primeira a descobri-lo e estremeceu. Embora tivesse a certeza de que ele apareceria, não se conseguiu dominar e o rosto, mau grado as pinturas, ficou intensamente pálido. Todos deram conta disso. Teddy perguntou:
—Que é que tens?
Não obteve resposta e voltou-se, procurando o motivo. Também mudou de cor, vendo Durking aproximar-se.
—Esse... tipo! —disse entre dentes.
Edwin, Carl e Ernest rodaram as cabeças na mesma direção. Durking chegou ao pé deles e fingindo ignorar os homens, falou à artista:
—Como está, menina Doris? Estimo vê-la, embora não me agrade muito a companhia com que está.
Ela moveu os lábios sem emitir nenhum som. Ernest, Edwin e Carl, entreolharam-se perplexos. Teddy exclamou:
—Como se atreve...?
Durking continuou, dirigindo-se à jovem:
—Trago-lhe saudades da sua amiga Jayne.
— Obrigada — sussurrou a artista.
Teddy entrepôs-se:
—Oiça, Dr. Durking; não nos interessa para nada, o que...
Muito calmo, o médico interrompeu-o.
—Não lhe diz respeito a si, mas a esta menina.
—E a mesma coisa!
— Nada que se pareça! Há muita diferença —prosseguiu, olhando para Doris. —Jayne espera que tenha tido tempo de provar quanto lhe disse, acerca de John Harvic...
O visado berrou:
—Fora daqui!
Com ar ingénuo, Durking olhou para ele.
—Que modos! Isto é um estabelecimento público. Com que autoridade pretende exigir-me que me retire? Vejo que se modificou muito. Conhecerá, por acaso, John Harvic? Segundo as minhas informações é o rei dos «pistoleiros». Ou não? Tem alguma coisa a alegar em seu favor?
Edwin e Carl, tinham-se levantado e olhavam para Teddy esperando ordens. Ernest, pelo contrário, ficou quieto, tornado mais pequeno, como • que pressentindo o que se ia passar, quisesse anular-se em absoluto.
— Pela segunda e última vez, ordeno-lhe que saia! —disse Teddy.
—Obedecer-lhe-ei, se sair comigo. Talvez a sós lhe possa mostrar o conceito que tenho do tal John Harvic. Mas antes quero que se saiba que a sua atitude incorreta não tem justificação e que o torno responsável por qualquer deflagrar dos meus nervos...
Carl e Edwin, autorizados por um sinal do seu chefe, colocaram-se em frente de Durking, numa atitude ameaçadora e exclamaram:
—Não nos obrigue a pô-lo lá fora!
Durking fingiu espanto.
—Caramba! Já não é um só. São três. E até é possível que o número aumente —olhou para Ernest. —Falo consigo, «cavalheiro». Pensa fazer causa comum com os seus amigos?
—Não... eu... não. melhor assim. Pois bem, senhores. Repito o meu convite. Vamos sair os quatro e lá fora discutiremos o vosso grosseiríssimo comportamento. Não tenho interesse em aborrecer os senhores que nos escutam. Limitar-me-ei a pedir-lhes que venham connosco para que testemunhem a nossa conversa, mas que esta se faça normalmente; quer dizer, sem barulho. Um primeiro, outro depois...
Doris gemeu:
—Não saia! Vão matá-lo!
Teddy voltou-se como uma fera e sacudiu-a violentamente.
—Cala-te!
O punho de Durking caiu sobre ele, projetando-o contra uma coluna. E surgiu o drama. Carl e Edwin «puxaram» pelo revólver ao mesmo tempo. O chumbo cravou-se sobre o espaço ocupado segundos antes pela cabeça do médico que, tendo-se atirado para o chão, disparou com as duas mãos. Simultaneamente soaram mais dois estampidos.
Não se tinha visto Durking empunhar as armas. Ninguém poderia conceber tanta rapidez. Os olhares foram-se voltando para Doris, de cuja mão direita se desprendeu um pequeno revólver, ainda fumegante. O assombro tornou o silêncio compacto. Nem sequer se percebiam as respirações. Sobre o solo retorciam-se os corpos de Carl Frend, Edwin Grifies... e de Teddy Egan.
Durking aproximou-se de Doris que, com os olhos muito abertos, contemplava o quadro.
—Acabou-se o pesadelo.
—Terminou, sim—respondeu a jovem. —Obrigado pela sua ajuda.
— Procure serenar-se.
—Estou calma.
Disse-o num tom opaco, embora firme, que não parecia seu. Durking dirigiu-se ao público em geral:
—Espero que testemunhem que nos limitámos a defender-nos.
— Foi extraordinário! — exclamou alguém.
E como se tivesse sido o rastilho, de todas as gargantas escaparam frases de elogio e de admiração. Kerr chegou a correr, pois receando que acontecesse qualquer coisa, encontrava-se perto.
— Robert!
—Olá, Sidney. Não o consegui evitar. Convidei--os a sair e não quiseram.
—Estás ferido?
—Já vês que não.
—Pois isso é o que importa.
—Devo a Doris, o ter saído ileso. Teria de me defrontar com três e ela livrou-me de um.
—Vem. Saiamos da sala.
—Um momento. Que é feito de Ernest Pheland?
Não estava lá. Vários clientes afirmaram tê-lo visto escapar... de gatas.
— Isso é que é coragem! — ironizou o empresário.
Nicholas chegou nessa altura, fazendo muitas perguntas.
—Mande chamar um médico, se for preciso, e as autoridades... — ordenou-lhe Sidney.
Este, já no seu gabinete, serviu um whisky aos seus amigos.
—Far-lhes-á bem uma bebida.
Doris continuava a dar mostras de uma tranquilidade dramática, impressionante. Explicou o que se tinha passado:
— Há algum tempo que trazia comigo um revólver. Ignorava se me atreveria a utilizá-lo, pois a presença de Teddy anulava a minha vontade. Puxei por ele quando vi que ia disparar sobre si, Dr. Durking, quando se ia defrontar com os outros.
—Corajosa rapariga! — disse Kerr.
— Salvou-me a vida! —reconheceu o médico.
— Você arriscou a sua pela minha, salvando-me de algo pior que a morte.
Entrou Nicholas, sem bater.
—Que há?
—Já foram buscar o médico e o sheriff. Grifies e Freund morreram; Egan, está gravemente ferido.
—Não posso ufanar-me de ser uma boa atiradora —exclamou Doris.
Sidney disse:
—Eu irei receber as autoridades. Com a minha intervenção, incomodá-los-ão o menos possível.
— Confiamos em ti — disse Durking —, sobretudo no que diz respeito a Doris.
— Não te preocupes.

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