sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

PAS579. Perfil de um guia de caravanas

Os pais de Frank tinham morrido, deixando-o completamente só no mundo, com doze anos de idade. Para ganhar o seu sustento tivera de se sujeitar a tudo.
Inicialmente, começara a trabalhar como ajudante de ferreiro, passando depois a moço de estábulos. Apesar dos magros vencimentos, conseguira juntar o suficiente para comprar um par de revólveres e respetivas munições.
Resolvera-se a isso porque chegara à conclusão de que no Oeste quem se 'pão soubesse defender era homem liquidado.
Vira muita gente boa ser abatida por outra sem escrúpulos, porque eram menos rápidos com os revólveres.
Treinou-se com afinco e o que amealhava era para comprar balas para os treinos. Aos catorze anos, era já conhecido como um verdadeiro ás em precisão de tiro e rapidez.
Aos quinze, tivera o seu primeiro duelo com um perigoso pistoleiro, que maltratava um aleijado na altura em que ele ia a passar. A princípio o pistoleiro, encarando com o garoto que o desafiava em público, riu-se. Nunca chegou a compreender o seu erro, porque uma bala lhe penetrara na testa, matando-o instantâneamente.
Esse duelo marcara uma nova era na sua vida. Frank, somente nesse dia, tivera a prova de que não estava desamparado. As suas armas eram a sua garantia de segurança.
Daí para diante a vida sorrira-lhe. Um abastado rancheiro de Santo António, solteiro e sem família, convidara-o para trabalhar no rancho, como vaqueiro, ao que o rapaz aceitou sem hesitações.
Os anos foram passando e Frank foi nomeado capataz. Tinha então vinte e um anos. Apesar de novo todos o respeitavam pois as suas decisões primaram sempre pela retidão e pela justiça.
Satisfeito com a sua atuação o velho rancheiro chamara-o um dia e propusera-lhe sociedade. O rapaz esquivou-se, mas o patrão fora intransigente e obrigara-o a aceitar.
Depois da escritura feita, o velhote entregara-lhe a direção do rancho e retirara-se para S. Francisco da Califórnia, onde pretendia gozar calmamente os últimos anos de vida.
O rancho prosperara e possuía agora grandes manadas de bois que constituíam a sua principal fonte de receita.
Por motivos diversos, bastas vezes se vira obrigado a atravessar o território índio, razão pela qual o conhecia como aos seus dedos. Sempre que se ausentava de Santo António, no regresso indagava se havia caravanas e, em caso afirmativo, oferecia-se para as guiar, pois sabia de antemão os perigos que iam correr, não tendo quaisquer possibilidades de êxito se não arranjassem um guia experiente como ele.

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