(Coleção Califórnia, nº 16)
domingo, 31 de agosto de 2014
sábado, 30 de agosto de 2014
PAS377. O enorme poder de um trovão
Peter acendeu um cigarro com um dos tições da fogueira e encostou-se à parede começando a fumar calmamente com lentas e profundas aspirações. Alguns minutos depois, ao ouvir-se um novo e forte trovão, Henrietta lançou um grito, sobressaltada e aproximou-se mais um pouco de Stevenson.
— Continua assustada? — indagou ele, lançando ao fogo o resto do cigarro.
— Sim.
Ele estendeu a mão. Henrietta apertou-a com a mesma ansiedade que um náufrago agarra um cinto de salvação. Pensou que a mão era forte, grande, confortavelmente áspera e acolhedora.
— Sente-se melhor agora? — perguntou Peter.
— Sim, muito melhor.
Um raio faiscou próximo e o solo estremeceu com a violência do trovão. Henrietta proferiu um grito de terror e apertou-se ao corpo de Peter.
— Por Deus, miss Henderson — disse Peter, rindo nervosamente. — Não é para se assustar tanto. Não é mais que uma simples trovoada.
Ela levantou os seus olhos e fixou-os no rosto Peter. Este deixou instantaneamente de rir. Nas grandes e formosas pupilas azuis, Peter leu o medo mas também uma expressão de entrega resignada quase suplicante. Peter que tinha um braço a envolvê-la pelos ombros não pôde resistir ao veemente desejo de abraçar contra o seu coração e experimentar a doce carícia dos seus trémulos lábios.
Henrietta Henderson não poderia assegurar que o arrebatamento de Stevenson a tivesse apanhado desprevenida ainda que na realidade não pudesse bem explicar o que tinha sucedido. Respondeu à ardente carícia dos lábios masculinos, porque naquele momento desejava entregar-se e tinham desaparecido todos os antagonismos que os haviam separado desde o princípio. O calor e a força que irmanavam daquela personalidade viril, a segurança que espalhava o seu contacto, a expressão de ansiedade das corretas feições masculinas e aquelas estranhas pupilas verdes que a fascinavam e perturbavam... tudo isto e talvez também um secreto desejo de se entregar a ele, produziram nela um desfalecimento súbito que deixou os seus músculos flácidos e a impeliu sem reservas a responder à carícia arrebatadora dos lábios de Peter Stevenson.
Durante um tempo indeterminado, os ruídos da tempestade que rugiam no interior, amorteceram-se para Henrietta Henderson. E no momento em que os lábios ardentes de Peter resvalavam para o seu pescoço descoberto, é que ela teve a consciência brusca e dolorosa dos seus atos.
Um medo repentino acometeu-a, e se bem que não fosse um temor físico como anteriormente, era algo de mais profundo e aterrador.
— Não! — gritou, tentando libertar-se dos férreos braços que a envolviam. — Não! Deixe-me! Solte-me! E bateu-lhe no peito com os punhos cerrados.
Peter largou-a com tanta brusquidão que ela vacilou e caiu no solo.
— Henrietta... — murmurou Peter, com voz rouca, avançando para ela.
— Não se aproxime! Não me toque! — gritou a jovem, pondo-se de pé e correndo loucamente para a entrada da gruta. Um ofuscante relâmpago estilhaçou o céu obscuro, logo seguido dum violento trovão. Henrietta deteve-se sem chegar a ultrapassar a cortina de chuva que se estendia à frente da caverna. Cobriu o pálido rosto com as mãos e balbuciou:
— Deus meu! Deus meu!
— Henrietta! Que sucedeu?
A jovem voltou-se furiosa para ele.
— Não se aproxime — murmurou entre dentes.
— Não a compreendo, Henrietta — murmurou Peter. E na verdade sentia-se confuso e atrozmente embaraçado. — Há alguns momentos pensei que correspondia ao meu amor. É possível que me tenha enganado?
— Sim, enganou-se ! — quase gritou Henrietta, agudamente. E como pressentisse que era necessário uma afirmação bastante convincente para o fazer esquecer dos seus beijos, acrescentou:— Como pode julgar que eu amasse um «pistoleiro» como você?
— Henrietta ! — exclamou Stevenson chocado...
— Oh, que idiotas e ingénuos são os homens! Abusam da sua força para beijar uma rapariga e depois... depois pensam que a conquistaram.
Peter manteve-se em silêncio. Não sabia o que replicar e receava mesmo ter-se equivocado sobre a resposta da rapariga aos seus ardentes beijos. Voltou-se lentamente e dirigiu-se para junto da fogueira. Sentou-se no chão e principiou a fumar para disfarçar o seu nervosismo. As mãos tremiam-lhe ligeiramente e, ao observá-lo, Henrietta sentiu urna certa piedade.
— Peço-lhe que me desculpe e que procure esquecer os factos ocorridos entre nós, miss Henderson — disse Peter em voz opaca e monocórdia.
Henrietta não respondeu. Aconchegando a manta aos seus ombros, sentou-se numa rocha proeminente no outro lado da fogueira. Os dois permaneceram um grande espaço de tempo em silêncio, observando a dança oscilante das chamas. Lá fora, o barulho dos trovões decrescia à medida que a tempestade se afastava. Meia hora mais tarde parava de chover.
— Creio que já podemos sair — disse Peter, erguendo-se. — Quer regressar ao rancho?
— Sim, parece-me também que a trovoada já passou. Peter dirigiu-se para os cavalos e principiou a aparelhá-los. Quando saiu da gruta, arrastando os dois animais, já não chovia. Nos interstícios das rochas ainda escorriam pequenas cataratas, ocasionando um ruído surdo no silêncio da noite.
Uma suave brisa varria do céu as derradeiras nuvens e a lua surgia depois de ter estado oculta durante muito tempo.
Sem pressas, principiaram o regresso para o rancho. Não eram aqui esperados, não admirando portanto que recebessem uma ordem de alto proferida por um dos vaqueiros dos Henderson, que vigiava a casa.
Pouco depois, ao desmontar-se do cavalo, Hen-rietta Henderson olhou-o ràpidamente e murmurou:
— Boa-noite, Stevenson.
— Boa-noite, miss Henderson — replicou Peter, com aspeto sombrio.
Pouco depois Peter meditava sobre os paradoxos da vida. Afinal de contas, o conquistado, o humilhado, o vencido, tinha sido ele e não Henrietta como ele desejara. Pressentiu que nunca conquistaria Henrietta mesmo que esta viesse a ter conhecimento da sua verdadeira identidade. Peter Stevenson ignorava que nesta ocasião Henrietta Henderson caía sobre o seu leito chorando convulsivamente.
— Continua assustada? — indagou ele, lançando ao fogo o resto do cigarro.
— Sim.
Ele estendeu a mão. Henrietta apertou-a com a mesma ansiedade que um náufrago agarra um cinto de salvação. Pensou que a mão era forte, grande, confortavelmente áspera e acolhedora.
— Sente-se melhor agora? — perguntou Peter.
— Sim, muito melhor.
Um raio faiscou próximo e o solo estremeceu com a violência do trovão. Henrietta proferiu um grito de terror e apertou-se ao corpo de Peter.
— Por Deus, miss Henderson — disse Peter, rindo nervosamente. — Não é para se assustar tanto. Não é mais que uma simples trovoada.
Ela levantou os seus olhos e fixou-os no rosto Peter. Este deixou instantaneamente de rir. Nas grandes e formosas pupilas azuis, Peter leu o medo mas também uma expressão de entrega resignada quase suplicante. Peter que tinha um braço a envolvê-la pelos ombros não pôde resistir ao veemente desejo de abraçar contra o seu coração e experimentar a doce carícia dos seus trémulos lábios.
Henrietta Henderson não poderia assegurar que o arrebatamento de Stevenson a tivesse apanhado desprevenida ainda que na realidade não pudesse bem explicar o que tinha sucedido. Respondeu à ardente carícia dos lábios masculinos, porque naquele momento desejava entregar-se e tinham desaparecido todos os antagonismos que os haviam separado desde o princípio. O calor e a força que irmanavam daquela personalidade viril, a segurança que espalhava o seu contacto, a expressão de ansiedade das corretas feições masculinas e aquelas estranhas pupilas verdes que a fascinavam e perturbavam... tudo isto e talvez também um secreto desejo de se entregar a ele, produziram nela um desfalecimento súbito que deixou os seus músculos flácidos e a impeliu sem reservas a responder à carícia arrebatadora dos lábios de Peter Stevenson.
Durante um tempo indeterminado, os ruídos da tempestade que rugiam no interior, amorteceram-se para Henrietta Henderson. E no momento em que os lábios ardentes de Peter resvalavam para o seu pescoço descoberto, é que ela teve a consciência brusca e dolorosa dos seus atos.
Um medo repentino acometeu-a, e se bem que não fosse um temor físico como anteriormente, era algo de mais profundo e aterrador.
— Não! — gritou, tentando libertar-se dos férreos braços que a envolviam. — Não! Deixe-me! Solte-me! E bateu-lhe no peito com os punhos cerrados.
Peter largou-a com tanta brusquidão que ela vacilou e caiu no solo.
— Henrietta... — murmurou Peter, com voz rouca, avançando para ela.
— Não se aproxime! Não me toque! — gritou a jovem, pondo-se de pé e correndo loucamente para a entrada da gruta. Um ofuscante relâmpago estilhaçou o céu obscuro, logo seguido dum violento trovão. Henrietta deteve-se sem chegar a ultrapassar a cortina de chuva que se estendia à frente da caverna. Cobriu o pálido rosto com as mãos e balbuciou:
— Deus meu! Deus meu!
— Henrietta! Que sucedeu?
A jovem voltou-se furiosa para ele.
— Não se aproxime — murmurou entre dentes.
— Não a compreendo, Henrietta — murmurou Peter. E na verdade sentia-se confuso e atrozmente embaraçado. — Há alguns momentos pensei que correspondia ao meu amor. É possível que me tenha enganado?
— Sim, enganou-se ! — quase gritou Henrietta, agudamente. E como pressentisse que era necessário uma afirmação bastante convincente para o fazer esquecer dos seus beijos, acrescentou:— Como pode julgar que eu amasse um «pistoleiro» como você?
— Henrietta ! — exclamou Stevenson chocado...
— Oh, que idiotas e ingénuos são os homens! Abusam da sua força para beijar uma rapariga e depois... depois pensam que a conquistaram.
Peter manteve-se em silêncio. Não sabia o que replicar e receava mesmo ter-se equivocado sobre a resposta da rapariga aos seus ardentes beijos. Voltou-se lentamente e dirigiu-se para junto da fogueira. Sentou-se no chão e principiou a fumar para disfarçar o seu nervosismo. As mãos tremiam-lhe ligeiramente e, ao observá-lo, Henrietta sentiu urna certa piedade.
— Peço-lhe que me desculpe e que procure esquecer os factos ocorridos entre nós, miss Henderson — disse Peter em voz opaca e monocórdia.
Henrietta não respondeu. Aconchegando a manta aos seus ombros, sentou-se numa rocha proeminente no outro lado da fogueira. Os dois permaneceram um grande espaço de tempo em silêncio, observando a dança oscilante das chamas. Lá fora, o barulho dos trovões decrescia à medida que a tempestade se afastava. Meia hora mais tarde parava de chover.
— Creio que já podemos sair — disse Peter, erguendo-se. — Quer regressar ao rancho?
— Sim, parece-me também que a trovoada já passou. Peter dirigiu-se para os cavalos e principiou a aparelhá-los. Quando saiu da gruta, arrastando os dois animais, já não chovia. Nos interstícios das rochas ainda escorriam pequenas cataratas, ocasionando um ruído surdo no silêncio da noite.
Uma suave brisa varria do céu as derradeiras nuvens e a lua surgia depois de ter estado oculta durante muito tempo.
Sem pressas, principiaram o regresso para o rancho. Não eram aqui esperados, não admirando portanto que recebessem uma ordem de alto proferida por um dos vaqueiros dos Henderson, que vigiava a casa.
Pouco depois, ao desmontar-se do cavalo, Hen-rietta Henderson olhou-o ràpidamente e murmurou:
— Boa-noite, Stevenson.
— Boa-noite, miss Henderson — replicou Peter, com aspeto sombrio.
Pouco depois Peter meditava sobre os paradoxos da vida. Afinal de contas, o conquistado, o humilhado, o vencido, tinha sido ele e não Henrietta como ele desejara. Pressentiu que nunca conquistaria Henrietta mesmo que esta viesse a ter conhecimento da sua verdadeira identidade. Peter Stevenson ignorava que nesta ocasião Henrietta Henderson caía sobre o seu leito chorando convulsivamente.
sexta-feira, 29 de agosto de 2014
PAS376. O charme discreto de uma camisa molhada
Henrietta penetrou correndo na gruta, enquanto Peter tomava os assustados cavalos e os encaminhava para um recanto a fim de os proteger. Os dois olharam-se, ofegantes, enquanto uma cortina de chuva estendendo-se na boca da gruta impedia qualquer visão para o exterior.
— Bom — disse Stevenson, despindo a camisa — faço votos para que dure pouco tempo.
Henrietta adivinhou que ele observava o seu busto, que se revelava abertamente modelado sob a blusa molhada e corou violentamente.
Profundamente perturbada e assustada, Henrietta voltou as costas a Stevenson, aproximando-se da entrada da gruta.
De repente, brilhou o fulgor ofuscante de relâmpago que tinha tombado sobre uma árvore próxima, e Henrietta proferindo um grito de horror, fugiu precipitadamente para o interior da gruta, indo cair nos braços de Peter.
Henrietta, que sentia um pavor tremendo e irrefletido ante as tempestades, colou-se a Peter ocultando o seu rosto no largo e vigoroso peito do rapaz.
Peter sentiu-se estremecer através da roupa molhada e uma envolvente sensação de vertigens arrebatou-o, provocando-lhe um bater descompassado do coração.
— Bom — disse Stevenson, despindo a camisa — faço votos para que dure pouco tempo.
Henrietta adivinhou que ele observava o seu busto, que se revelava abertamente modelado sob a blusa molhada e corou violentamente.
Profundamente perturbada e assustada, Henrietta voltou as costas a Stevenson, aproximando-se da entrada da gruta.
De repente, brilhou o fulgor ofuscante de relâmpago que tinha tombado sobre uma árvore próxima, e Henrietta proferindo um grito de horror, fugiu precipitadamente para o interior da gruta, indo cair nos braços de Peter.
Henrietta, que sentia um pavor tremendo e irrefletido ante as tempestades, colou-se a Peter ocultando o seu rosto no largo e vigoroso peito do rapaz.
Peter sentiu-se estremecer através da roupa molhada e uma envolvente sensação de vertigens arrebatou-o, provocando-lhe um bater descompassado do coração.
quinta-feira, 28 de agosto de 2014
PAS375. Sinais de tempestade
Enquanto cruzavam a planície a galope, Stevenson notou que se estava formando uma grande nuvem negra que em breve se estendia por todo o horizonte emprestando ao céu um tom plúmbeo e ameaçador.
Peter ainda pensou avisar Henrietta Henderson da trovoada eminente e aconselhá-la a regressar para se abrigar no acampamento dos vaqueiros. Mas atendendo a que Henrietta também tinha notado a nuvem e apressara ainda mais o cavalo, Peter achou desnecessário dar um conselho que certamente não seria ponderado.
Com efeito, Henrietta observara as grandes nuvens que invadiam o horizonte e pressentiu que a trovoada se desencadearia antes que chegassem ao rancho. Continuou a galopar porque sabia que mais perto do que a distância que a separava de Dixie Creek, existia uma pequena gruta onde ela, quando pequena, se refugiava muitas vezes com seu pai, quando eram surpreendidos por tempestades.
Henrietta desejava chegar ao rancho naquela mesma noite. Fichter talvez desejasse vingar-se da morte do seu pastor e do extermínio do rebanho. O rancho dos Henderson, então desprotegido, seria unia presa fácil para o colérico criador de ovelhas.
Com esta preocupação e receando a trovoada que sempre a impressionara, Henrietta esporeou o cavalo enquanto uma cortina opaca de chuva desabava sobre eles ao mesmo tempo que a luz brilhante dos relâmpagos e o estampido tremendo dos trovões formavam um espetáculo raro de grandiosidade natural.
Quando o primeiro, trovão estalou sobre a cabeça de Henrietta, ela conteve o desenfreado cavalo, permitindo que Peter a alcançasse.
— Porquê tanta pressa?— gritou Stevenson quando chegou junto dela. — De qualquer modo já estamos molhados.
— Aqui próximo há uma gruta! — gritou Henrietta, com voz insegura e pouco audível devido ao estampido ininterrupto dos trovões.
Peter moveu a cabeça concordando. Nesse instante começaram a cair grandes punhados de granizo. Nenhum deles envergava qualquer proteção, pois esta lhes parecera desnecessária tal o dia se mostrara radioso e ameno. Em breves instantes, enquanto galopavam celeremente na direção da gruta providencial, a violenta chuva e granizo tombou na sua amplitude máxima, mal permitindo que eles descortinassem dois ou três metros à frente.
Quando alcançaram a entrada da gruta e se desmontaram, tanto Stevenson como Henrietta tinham a camisa completamente empapada e colada ao corpo.
Peter ainda pensou avisar Henrietta Henderson da trovoada eminente e aconselhá-la a regressar para se abrigar no acampamento dos vaqueiros. Mas atendendo a que Henrietta também tinha notado a nuvem e apressara ainda mais o cavalo, Peter achou desnecessário dar um conselho que certamente não seria ponderado.
Com efeito, Henrietta observara as grandes nuvens que invadiam o horizonte e pressentiu que a trovoada se desencadearia antes que chegassem ao rancho. Continuou a galopar porque sabia que mais perto do que a distância que a separava de Dixie Creek, existia uma pequena gruta onde ela, quando pequena, se refugiava muitas vezes com seu pai, quando eram surpreendidos por tempestades.
Henrietta desejava chegar ao rancho naquela mesma noite. Fichter talvez desejasse vingar-se da morte do seu pastor e do extermínio do rebanho. O rancho dos Henderson, então desprotegido, seria unia presa fácil para o colérico criador de ovelhas.
Com esta preocupação e receando a trovoada que sempre a impressionara, Henrietta esporeou o cavalo enquanto uma cortina opaca de chuva desabava sobre eles ao mesmo tempo que a luz brilhante dos relâmpagos e o estampido tremendo dos trovões formavam um espetáculo raro de grandiosidade natural.
Quando o primeiro, trovão estalou sobre a cabeça de Henrietta, ela conteve o desenfreado cavalo, permitindo que Peter a alcançasse.
— Porquê tanta pressa?— gritou Stevenson quando chegou junto dela. — De qualquer modo já estamos molhados.
— Aqui próximo há uma gruta! — gritou Henrietta, com voz insegura e pouco audível devido ao estampido ininterrupto dos trovões.
Peter moveu a cabeça concordando. Nesse instante começaram a cair grandes punhados de granizo. Nenhum deles envergava qualquer proteção, pois esta lhes parecera desnecessária tal o dia se mostrara radioso e ameno. Em breves instantes, enquanto galopavam celeremente na direção da gruta providencial, a violenta chuva e granizo tombou na sua amplitude máxima, mal permitindo que eles descortinassem dois ou três metros à frente.
Quando alcançaram a entrada da gruta e se desmontaram, tanto Stevenson como Henrietta tinham a camisa completamente empapada e colada ao corpo.
quarta-feira, 27 de agosto de 2014
terça-feira, 26 de agosto de 2014
segunda-feira, 25 de agosto de 2014
domingo, 24 de agosto de 2014
sábado, 23 de agosto de 2014
sexta-feira, 22 de agosto de 2014
KNS010. Carne para a forca
(Coleção Kansas, nº 10)
Utilizando um ardil bastante arriscado, um agente federal conseguiu infiltrar-se no seio de uma perigosa quadrilha que se dedicava ao roubo e transporte de peles e outros produtos. Este agente não recuou perante o abate de um homem (recentemente saído da prisão) a quem passou os seus documentos de identificação sem remorso, com consciência, justificando-se que esse homem seria executado de qualquer maneira.
Resta acrescentar que, para dar alguma doçura à novela, Fidel Prado pôs no caminho deste agente uma menina, filha do xerife a qual acabou por colaborar com ele em algumas diligências.
quinta-feira, 21 de agosto de 2014
PAS374. Antes o demónio (Devil...) que uma jovem apaixonada
Duas horas mais tarde, já lavado, comido e retemperado de forças, com o cavalo fresco e alimentado, Black Man dava entrada em Deanville. Admirou-se em primeiro lugar do silêncio que reinava ao longo de toda a rua. Nem vivalma. Mas do Saloon que pertencera a Sam Legiss — vinha o barulho de profunda gritaria. Que tinha acontecido? Porquê aquele silêncio exterior? Quem chamara os homens ao Saloon?
Black Man impeliu o cavalo para o estabelecimento, mas de súbito fez estacar a montada. A porta do Saloon abria-se com grande estrondo e grosso número de homens e mulheres mulheres apareceram. Que ocorria? Então, no meio dessa multidão, Black Man descobriu a figura do sheriff, descomposto, roto e tom os olhos fora das órbitras. E logo atrás dele... Jane Milton e o pai. O povo gritava:
PAS373. Um lenço que acena
Quando voltou a si, Black Man olhou em redor e teve uma exclamação de surpresa. Realmente, sentia no rosto o contacto de umas mãos finas e suaves, que o afagavam tenuemente. Talvez por esse contacto maravilhoso, talvez para descobrir o que lhe acontecia, Black Man entreabriu levemente os olhos, e viu Jane com o rosto junto do seu, afagando-o em gestos de ternura, e pronunciar levemente
— Oh, meu Deus, como eu o amo tanto! Deus guardou-me para ele... para fazer feliz o homem que ajudei a matar.
E toda ela se desdobrava em afagos e carinhos. Rapidamente, o homem de negro constatou que estava escovado e tratado de todos os ferimentos. Tateou as calças com a mão, e constatou inclusive que um rasgão sofrido no princípio da luta tinha sido cosido. Então, pouco disposto a corresponder àquela declaração de amor inconsciente que a rapariga lhe estava fazendo, convencida de que ele continuava desmaiado ou adormecido, Black Man começou a mexer o corpo, num sinal antecipado de que ia acordar. Assim, quando abriu totalmente os olhos, já Jane Milton estava recomposta, e o pai acorrera para assistir ao despertar.
Black Man sentou-se na cama e contemplou-os com um sorriso:
— A luta foi violenta, hein? Onde está «Frisco» Joe? Matei-o?
O rancheiro abanou a cabeça em sinal de assentimento.
— Sim, matou-o. Neste momento está embrulhado em panos no armazém.
— Isso foi há muito tempo?
— Há uma hora, pouco mais ou menos.
Black Man deu um salto.
— Então, ainda tenho tempo de apanhar Butler na mina. Vamos combinar o seguinte: Eu vou partir para a mina, depois encaminhar-me-ei à cidade, para ter o último encontro deste caso. Quando tudo estiver resolvido, voltarei aqui, para me despedir, e...
— Não! Isso não! — exclamou Jane. — Não pode ser o senhor o único a arriscar-se. Tenho muitas culpas em tudo isto para ficar indiferente. Enquanto vai à mina, eu vou à cidade, e...
— Nunca! — exclamou o homem de negro. Não quero que se mexam daqui!
— Está bem ! Está bem !— atalhou o rancheiro. Siga para a mina, que nós ficamos.
Pouco depois, montado no seu cavalo negro, Black Man afastava-se a todo o galope em direção à mina Moorehead. Quando perdeu o rancho de vista, ainda a imagem de Jane a acenar um lenço estava mareada na sua retina...
— Oh, meu Deus, como eu o amo tanto! Deus guardou-me para ele... para fazer feliz o homem que ajudei a matar.
E toda ela se desdobrava em afagos e carinhos. Rapidamente, o homem de negro constatou que estava escovado e tratado de todos os ferimentos. Tateou as calças com a mão, e constatou inclusive que um rasgão sofrido no princípio da luta tinha sido cosido. Então, pouco disposto a corresponder àquela declaração de amor inconsciente que a rapariga lhe estava fazendo, convencida de que ele continuava desmaiado ou adormecido, Black Man começou a mexer o corpo, num sinal antecipado de que ia acordar. Assim, quando abriu totalmente os olhos, já Jane Milton estava recomposta, e o pai acorrera para assistir ao despertar.
Black Man sentou-se na cama e contemplou-os com um sorriso:
— A luta foi violenta, hein? Onde está «Frisco» Joe? Matei-o?
O rancheiro abanou a cabeça em sinal de assentimento.
— Sim, matou-o. Neste momento está embrulhado em panos no armazém.
— Isso foi há muito tempo?
— Há uma hora, pouco mais ou menos.
Black Man deu um salto.
— Então, ainda tenho tempo de apanhar Butler na mina. Vamos combinar o seguinte: Eu vou partir para a mina, depois encaminhar-me-ei à cidade, para ter o último encontro deste caso. Quando tudo estiver resolvido, voltarei aqui, para me despedir, e...
— Não! Isso não! — exclamou Jane. — Não pode ser o senhor o único a arriscar-se. Tenho muitas culpas em tudo isto para ficar indiferente. Enquanto vai à mina, eu vou à cidade, e...
— Nunca! — exclamou o homem de negro. Não quero que se mexam daqui!
— Está bem ! Está bem !— atalhou o rancheiro. Siga para a mina, que nós ficamos.
Pouco depois, montado no seu cavalo negro, Black Man afastava-se a todo o galope em direção à mina Moorehead. Quando perdeu o rancho de vista, ainda a imagem de Jane a acenar um lenço estava mareada na sua retina...
quarta-feira, 20 de agosto de 2014
PAS372. A serenidade da morte
Black Man aproximou-se do rancho Milton, aquele que era habitado pela rapariga que testemunhara no enforcamento de James Hudson, o jovem incriminado pela morte da família Moorehead. Saltou do cavalo e aproximou-se da porta. Os seus olhos assumiram no momento em que dava pequenas pancadas na porta uma tonalidade verde-escura, que denotava profundo rancor, uma inimizade muito próximo do ódio e da morte.
Demoraram bastante tempo antes de abrir. Black Man voltou a bater, e só alguns minutos depois se ouviu rodar uma chave na fechadura, e a porta entreabrir-se para deixar aparecer um rosto minúsculo de rapariga.
— Que deseja? — perguntou ela.
— Procuro Jane Milton, Ma'm.
— Sou eu própria. Que deseja?
Black Man perdeu as maneiras delicadas que adotara e empurrou a porta com violência. A rapariga que não esperava este gesto, foi empurrada e estatelou-se no solo. Foi assim —totalmente deitada e com os olhos abertos pelo espanto — que o homem de negro a foi encontrar. Ele entrou, contemplou-a com desprezo e ar arrogante, e exclamou:
— Levante-se.
Jane fê-lo inconscientemente, e recuou até à parede.
— Que quer de mim? Porque entrou nesta casa? — Ao mesmo tempo que falava, a rapariga parecia fascinada pelas estranhas roupas que cobriam o rapaz. O tom negro assustava-a, fazia-a conceber um mau pressentimento, levava-a a ficar aterrorizada.
— Venho para falar consigo. Precisamos de ter uma grande conversa. Tem alguma sala onde possamos estar sem que sejamos interrompidos?
«Aquela voz?, pensava a rapariga, «onde já a ouvira?» — E num tom de voz incolor:
— Sim, temos a sala de jantar. Mas não compreendo porque o hei-de receber, sobretudo neste momento em que o meu pai não se encontra em casa.
— Melhor. Eu quero falar consigo e não com o seu pai. Se ele não está, melhor. Vamos lá para dentro.
E, dando o exemplo, Black Man afastou-se a passos largos. «Aqueles olhos, verdes, aquele cabelo tão negro...», continuava ela a pensar. «Oh, conheço-os! Eu sei que os conheço! Mas... de onde?»
Pouco depois, estavam os dois dentro da pequena sala onde o rancheiro Milton costumava oferecer bebidas aos amigos. Black Man sentou-se na cadeira superior da mesa e puxando pelo Co/t, colocou-o sobre a mesa. Jane, a quem não passara despercebido o gesto, ficou gelada.
— A arma é para mim? — inquiriu.
— Em princípio, é uma medida cautelar de defesa. Mas no fim da nossa conversa, é muito possível que sim... que seja para a matar.
Jane, ao ouvir esta ameaça, recompôs-se como por milagre. Sentiu que de súbito o pavor lhe desaparecia das veias, e que uma serenidade — uma serenidade já de morta a envolvia — ao mesmo tempo que os nervos se relaxam e ela podia sorrir com perfeito à-vontade.
— Eu não o conheço?
— Sim, conhece-me e bem. Mas isso agora não importa. Venho para lhe fazer uma pergunta. Repare neste ponto. A sua resposta é muito importante. Peço-lhe que a diga com consciência e absoluta verdade.
— Não costumo mentir...
— Permita-me que duvide dessa afirmação. Para mim, a menina é uma mentirosa!
Jane, de repente, teve um acesso de orgulho, mas que logo se desfez, como se a serenidade atrás sentida a impedisse de ter reações menos- concretas.
— Muito bem. Faça então a pergunta!
— Porque testemunhou no julgamento de james Hudson? Porque o acusou do assassínio da família Moorehead? Porque disse que o viu cometer o crime? Porque fez todas essas afirmações, sabendo que mentia?
Jane Milton contemplou com surpresa e também com à-vontade o homem de negro. E de repente, ela reconheceu-o... sim, descobriu quem ele era. Mas a tensão na sala era de tal ordem, que nem um nem outro ouviram a porta da rua abrir-se e um homem aparecer entre os umbrais. Nem mesmo repararam que ele se aproximara, e que parara como que pregado ao solo por uma força sobrenatural, ao ouvir o rapaz tornar:
— Vamos, responda: Porque testemunhou contra James Hudson, sabendo que mentia?
O recém-chegado, encolheu-se e com a precipitação escondeu-se atrás das vastas cortinas que tapavam a porta da entrada e dispôs-se a ouvir. Esse homem curioso e tão estranhamente alarmado era o pai de Jane Milton.
— Oiça — respondia ela, entretanto— e como conseguiu o senhor salvar-se?
O homem de negro sorriu-se.
— Vejo que me reconheceu. Mas isso não evitará a sua resposta...
— Sim, reconheci-o logo que entrámos nesta sala, embora a ideia só me acudisse quando formulou a pergunta. Mas não compreendo como podia ter regressado da morte?
— Eu não morri.
— Não compreendo. Toda a gente assistiu ao enforcamento de James Hudson. Todos viram o seu corpo pendurado na árvore, e mais tarde ser recolhido por «Devil» !
— Sim— admitiu Black Man — sou James Hudson, fui condenado e enforcado por todos vós, mas não morri. E disso, já três dos meus carrascos tiveram conhecimento. Um trágico conhecimento, pois após ter dado a notícia, abati-os com toda a carga do meu Colt. Comecei por Sam Legiss, depois por Óscar Keith e por último, o juiz. Matei-os a todos, mas antes deixei-os defender-se. Mas a verdade é que depois de verem o meu pescoço, nenhum teve coragem de levantar um dedo.
— O seu pescoço? — inquiriu Jane, fascinada pela narrativa.
Black Man começou a desenrolar o grande lenço negro que lhe envolvia o pescoço, e a rapariga teve um ar de espanto. De facto, o pescoço apresentava em toda a volta uma cicatriz arroxeada, feita de talhe duplo, onde se descobria facilmente o golpe violento de uma corda. A cicatriz era pavorosa e parecia separar a cabeça do resto do corpo.
Jane levou a mão à boca, horrorizada. E durante alguns segundos não foi capaz de afastar os olhos daquele vergão. O homem de negro sorriu:
— Isto— disse --- será uma recordação que ficará para sempre comigo do vosso acto cobarde.
Demoraram bastante tempo antes de abrir. Black Man voltou a bater, e só alguns minutos depois se ouviu rodar uma chave na fechadura, e a porta entreabrir-se para deixar aparecer um rosto minúsculo de rapariga.
— Que deseja? — perguntou ela.
— Procuro Jane Milton, Ma'm.
— Sou eu própria. Que deseja?
Black Man perdeu as maneiras delicadas que adotara e empurrou a porta com violência. A rapariga que não esperava este gesto, foi empurrada e estatelou-se no solo. Foi assim —totalmente deitada e com os olhos abertos pelo espanto — que o homem de negro a foi encontrar. Ele entrou, contemplou-a com desprezo e ar arrogante, e exclamou:
— Levante-se.
Jane fê-lo inconscientemente, e recuou até à parede.
— Que quer de mim? Porque entrou nesta casa? — Ao mesmo tempo que falava, a rapariga parecia fascinada pelas estranhas roupas que cobriam o rapaz. O tom negro assustava-a, fazia-a conceber um mau pressentimento, levava-a a ficar aterrorizada.
— Venho para falar consigo. Precisamos de ter uma grande conversa. Tem alguma sala onde possamos estar sem que sejamos interrompidos?
«Aquela voz?, pensava a rapariga, «onde já a ouvira?» — E num tom de voz incolor:
— Sim, temos a sala de jantar. Mas não compreendo porque o hei-de receber, sobretudo neste momento em que o meu pai não se encontra em casa.
— Melhor. Eu quero falar consigo e não com o seu pai. Se ele não está, melhor. Vamos lá para dentro.
E, dando o exemplo, Black Man afastou-se a passos largos. «Aqueles olhos, verdes, aquele cabelo tão negro...», continuava ela a pensar. «Oh, conheço-os! Eu sei que os conheço! Mas... de onde?»
Pouco depois, estavam os dois dentro da pequena sala onde o rancheiro Milton costumava oferecer bebidas aos amigos. Black Man sentou-se na cadeira superior da mesa e puxando pelo Co/t, colocou-o sobre a mesa. Jane, a quem não passara despercebido o gesto, ficou gelada.
— A arma é para mim? — inquiriu.
— Em princípio, é uma medida cautelar de defesa. Mas no fim da nossa conversa, é muito possível que sim... que seja para a matar.
Jane, ao ouvir esta ameaça, recompôs-se como por milagre. Sentiu que de súbito o pavor lhe desaparecia das veias, e que uma serenidade — uma serenidade já de morta a envolvia — ao mesmo tempo que os nervos se relaxam e ela podia sorrir com perfeito à-vontade.
— Eu não o conheço?
— Sim, conhece-me e bem. Mas isso agora não importa. Venho para lhe fazer uma pergunta. Repare neste ponto. A sua resposta é muito importante. Peço-lhe que a diga com consciência e absoluta verdade.
— Não costumo mentir...
— Permita-me que duvide dessa afirmação. Para mim, a menina é uma mentirosa!
Jane, de repente, teve um acesso de orgulho, mas que logo se desfez, como se a serenidade atrás sentida a impedisse de ter reações menos- concretas.
— Muito bem. Faça então a pergunta!
— Porque testemunhou no julgamento de james Hudson? Porque o acusou do assassínio da família Moorehead? Porque disse que o viu cometer o crime? Porque fez todas essas afirmações, sabendo que mentia?
Jane Milton contemplou com surpresa e também com à-vontade o homem de negro. E de repente, ela reconheceu-o... sim, descobriu quem ele era. Mas a tensão na sala era de tal ordem, que nem um nem outro ouviram a porta da rua abrir-se e um homem aparecer entre os umbrais. Nem mesmo repararam que ele se aproximara, e que parara como que pregado ao solo por uma força sobrenatural, ao ouvir o rapaz tornar:
— Vamos, responda: Porque testemunhou contra James Hudson, sabendo que mentia?
O recém-chegado, encolheu-se e com a precipitação escondeu-se atrás das vastas cortinas que tapavam a porta da entrada e dispôs-se a ouvir. Esse homem curioso e tão estranhamente alarmado era o pai de Jane Milton.
— Oiça — respondia ela, entretanto— e como conseguiu o senhor salvar-se?
O homem de negro sorriu-se.
— Vejo que me reconheceu. Mas isso não evitará a sua resposta...
— Sim, reconheci-o logo que entrámos nesta sala, embora a ideia só me acudisse quando formulou a pergunta. Mas não compreendo como podia ter regressado da morte?
— Eu não morri.
— Não compreendo. Toda a gente assistiu ao enforcamento de James Hudson. Todos viram o seu corpo pendurado na árvore, e mais tarde ser recolhido por «Devil» !
— Sim— admitiu Black Man — sou James Hudson, fui condenado e enforcado por todos vós, mas não morri. E disso, já três dos meus carrascos tiveram conhecimento. Um trágico conhecimento, pois após ter dado a notícia, abati-os com toda a carga do meu Colt. Comecei por Sam Legiss, depois por Óscar Keith e por último, o juiz. Matei-os a todos, mas antes deixei-os defender-se. Mas a verdade é que depois de verem o meu pescoço, nenhum teve coragem de levantar um dedo.
— O seu pescoço? — inquiriu Jane, fascinada pela narrativa.
Black Man começou a desenrolar o grande lenço negro que lhe envolvia o pescoço, e a rapariga teve um ar de espanto. De facto, o pescoço apresentava em toda a volta uma cicatriz arroxeada, feita de talhe duplo, onde se descobria facilmente o golpe violento de uma corda. A cicatriz era pavorosa e parecia separar a cabeça do resto do corpo.
Jane levou a mão à boca, horrorizada. E durante alguns segundos não foi capaz de afastar os olhos daquele vergão. O homem de negro sorriu:
— Isto— disse --- será uma recordação que ficará para sempre comigo do vosso acto cobarde.
terça-feira, 19 de agosto de 2014
PAS371. O morto voltou para fazer justiça
— Bem, que fazemos agora? -- inquiriu Butler.
O xerife alvitrou:
— Parece-me que vamos procurar Óscar e obrigá-lo a dizer de quem suspeita que tenha sido o assassino desta morte.
— Sim — murmurou o juiz — é bom que o façamos, antes que comecemos a olhar uns para os outros com rancor.
O trio encaminhou-se para a estação. A poucos metros de distância, verificaram que a porta que comunicava com a casa do telégrafo estava obstruída pelo povo.
— Que teria acontecido? — inquiriu o juiz.
A resposta tiveram-na, quando se aproximaram. Um dos presentes correu para eles e anunciou:
— Óscar Keith foi assassinado!
O xerife alvitrou:
— Parece-me que vamos procurar Óscar e obrigá-lo a dizer de quem suspeita que tenha sido o assassino desta morte.
— Sim — murmurou o juiz — é bom que o façamos, antes que comecemos a olhar uns para os outros com rancor.
O trio encaminhou-se para a estação. A poucos metros de distância, verificaram que a porta que comunicava com a casa do telégrafo estava obstruída pelo povo.
— Que teria acontecido? — inquiriu o juiz.
A resposta tiveram-na, quando se aproximaram. Um dos presentes correu para eles e anunciou:
— Óscar Keith foi assassinado!
segunda-feira, 18 de agosto de 2014
PAS370. O segredo de Jane
Quando na «Colina da Morte» soavam os seis tiros do Colt empunhado pelo homem de negro, «Frisco» Joe, hóspede em casa do rancheiro Milton, um dos homens mais respeitados e conceituados no Estado a que Deanville pertencia, recebia das mãos da filha daquele um copo de brandy É— uma oferta de trinta garrafas europeias que ele próprio fizera ao rancheiro.
O gun-man bebeu um gole curto e sentou-se numa cadeira. A noite aumentava em chuva e escuridão. O candeeiro de petróleo que se via colocado sobre uma mesa lateral, dava ao aposento uma meia luz suave e agradável. O gun-man teve um pensamento reconfortante: «Um dia, quando tudo isto for meu, Jane seja minha mulher e eu tenha eliminado todos os restantes sócios da mina, não me importarei de abandonar o cinturão dos Colts e viver para uns filhos, a quem ensinarei a manejar as armas como os melhores!»
O gun-man bebeu um gole curto e sentou-se numa cadeira. A noite aumentava em chuva e escuridão. O candeeiro de petróleo que se via colocado sobre uma mesa lateral, dava ao aposento uma meia luz suave e agradável. O gun-man teve um pensamento reconfortante: «Um dia, quando tudo isto for meu, Jane seja minha mulher e eu tenha eliminado todos os restantes sócios da mina, não me importarei de abandonar o cinturão dos Colts e viver para uns filhos, a quem ensinarei a manejar as armas como os melhores!»
domingo, 17 de agosto de 2014
PAS369. Entrevista com a morte
Deanville continuava envolvida pela escuridão e pela chuva. As luzes, que pouco a pouco se iam apagando dentro dos respetivos lares, acabaram por sepultar os prédios e as ruas num manto negro.
A passo da montada, um cavaleiro saía da cidade pelo lado Norte, em direção à «Colina da Morte», que se erguia lúgubre e pesada na escuridão e que com a sua mole imensa de terra parecia dominar a cidade.
A «Colina da Morte» tinha sido o sítio escolhido pelas autoridades do início da cidade — quando surgiram os primeiros habitantes e se ergueram as primeiras barracas — para castigarem os criminosos e ali deixá-los bem à vista de todos corno exemplo. De facto, de todos os pontos da cidade se via a colina e a sua árvore gigantesca e forte— «uma árvore alimentada com sangue humano», como diziam os vê-lhos da terra— e quando um corpo balanceava nas suas ramadas, constituía um espetáculo de tal maneira impressionante, que as mães nem sequer deixavam sair os filhos de casa. Com o correr dos tempos, as execuções eram feitas e os corpos recolhidos pelo cangalheiro e enterrados na mesma colina. Por isso, a «Colina da Morte», não só era ponto das execuções como também cemitério.
A passo da montada, um cavaleiro saía da cidade pelo lado Norte, em direção à «Colina da Morte», que se erguia lúgubre e pesada na escuridão e que com a sua mole imensa de terra parecia dominar a cidade.
A «Colina da Morte» tinha sido o sítio escolhido pelas autoridades do início da cidade — quando surgiram os primeiros habitantes e se ergueram as primeiras barracas — para castigarem os criminosos e ali deixá-los bem à vista de todos corno exemplo. De facto, de todos os pontos da cidade se via a colina e a sua árvore gigantesca e forte— «uma árvore alimentada com sangue humano», como diziam os vê-lhos da terra— e quando um corpo balanceava nas suas ramadas, constituía um espetáculo de tal maneira impressionante, que as mães nem sequer deixavam sair os filhos de casa. Com o correr dos tempos, as execuções eram feitas e os corpos recolhidos pelo cangalheiro e enterrados na mesma colina. Por isso, a «Colina da Morte», não só era ponto das execuções como também cemitério.
sábado, 16 de agosto de 2014
PAS368. A maldição do condenado
Naquele momento, ouviu-se uma voz clara, forte, poderosa, uma voz que se sobrepôs à própria chuva., a voz do condenado à forca...
-- Cala-te, velho cobarde! Tu e todos aqueles que te rodeiam sabem bem que estou inocente! Sou um forasteiro, um homem que passava por esta cidade a caminho do Este e não cometi qualquer crime. Mais: não conhecia sequer as vítimas! O testemunho que arranjaram contra mim era falso e eu, juro-vos, mesmo que seja na cova, mesmo que seja no outro mundo, hei-de voltar um dia, e matá-los a todos, um por um, em morte lenta e dolorosa, para que saibam que a justiça é superior a esta corda que me envolve o pescoço!
KNS009. O homem de negro
(Coleção Kansas, nº 9)
Seis homens conluiaram-se para matar a família Moorehead e apoderar-se da sua mina de ouro. Sob ameaça, uma mulher testemunhou que esse acto tinha sido cometido por James Hudson e eles próprios, perante o povo, o condenaram à morte e executaram na «Colina da Morte». Mas James jurou que voltaria para se vingar.
E, algum tempo mais tarde, um homem de negro chega a Deanville e, um a um, os homens começam a ser executados como que a dar corpo à ameaça que James tinha proferido.
Que se teria passado? E que destino daria o homem de negro à bela rapariga que tinha testemunhado e contribuído para a condenação? Eis mais um livro de Edgar Caygill pleno de ação, um livro pronto para download.
sexta-feira, 15 de agosto de 2014
KNS008. Ao sul da fronteira
(Coleção Kansas, nº 8)
«O contrabando das armas, a traição, o ódio, o desejo de vingança, tudo ferve neste livro em cenas violentas. A sobrepor-se a este ambiente cruel, aparece um homem duro como rocha e rápido no Colt…»: assim apresentava a editorial Ibis o livro 8 da coleção Kansas.
Resta acrescentar que esse homem era contratado por um conjunto de rancheiros fartos de roubos e outras sevícias e acabou por tudo descobrir graças a um cachimbo esquecido no local do crime, neste caso, o gabinete do xerife, acabado de enforcar pelo cabecilha maior da rede de tráfico.
Fidel Prado é um autor que mostra mais uma vez gostar de usar a palavra em extensos diálogos, por vezes despropositados, mas, ao contrário do que diz a apresentação, nem abusa de cenas de violência. Quanto à capa, assinada por Bosch Penalva, mostra o encontro com o corpo do xerife…
quinta-feira, 14 de agosto de 2014
REV002. Revisita a «Lobos do Missouri»
Ontem, um pouco surpreso, deparei-me com estas belas palavras num comentário:
E aqui fica uma surpresa: especialmente para este seguidor poder recordar as palavras de Chas Logan, o Passagens disponibiliza o livro «Lobos do Missouri» em formato CBR. O Passagens é o verdadeiro Alfarrabista do Oeste Distante...
Lembro-me de ter lido este livrinho na minha adolescência e dele ter guardado uma grata recordação. Embora, hoje, com quase 70 anos de idade, ter esquecido o essencial da história contada por Chas Logan, o seu autor. Também estou recordado de «Lobos do Missouri» estar escrito numa linguagem mais 'literária' e pouco habitual na utilizada noutras obras publicadas pela coleção Búfalo e similares. Procuro este livrinho, há muitos anos, nos alfarrabistas. Sem sucesso... Obrigado por ter falado dele e despertado, em mim, recordações adormecidas, mas saborosas. Desejo os maiores sucessos para o seu blogue, que não deixarei de visitar sempre que puder. Cumprimentos.
Não interessa se estou ou não de acordo, já que, ao contrário do comentador, entendo que a primeira vintena de livros da coleção Búfalo é de boa qualidade para uma relativa variedade de autores. Mas é bom ler as suas palavras neste deserto de reações...
Apareça sempre, caro Western.
E aqui fica uma surpresa: especialmente para este seguidor poder recordar as palavras de Chas Logan, o Passagens disponibiliza o livro «Lobos do Missouri» em formato CBR. O Passagens é o verdadeiro Alfarrabista do Oeste Distante...
quarta-feira, 13 de agosto de 2014
terça-feira, 12 de agosto de 2014
KNS005. O terror de Cheyenne
(Coleção Kansas, nº 5)
«Quando um grupo de «pistoleiros» e jogadores resolvem tomar conta de uma cidade pelo terror, quem será capaz de desaloja-los? Dois rapazes poderão fazer o que um grupo de cidadãos não foi capaz?»
Estefania responde à sua maneira a esta interrogação inserido neste livro da coleção Kansas: «podem fazê-lo a tiro e a murro e com alguma inteligência». De resto, é o costume neste autor. Não há cuidados literários, o relato parece sem interrupções. O morticínio é fácil, mas não choca muito pois não se demora a contá-lo.
Curiosamente, este foi o primeiro livro da coleção Kansas em Espanha na editorial Bruguera, não sabemos se com esta capa. É que, ao contrário do que acontece muitas vezes, esta parece nada ter a ver com o livro. Teria Emílio Freixas lido outra novela? Esta não tem qualquer interferência de índios…
segunda-feira, 11 de agosto de 2014
domingo, 10 de agosto de 2014
sábado, 9 de agosto de 2014
sexta-feira, 8 de agosto de 2014
quinta-feira, 7 de agosto de 2014
CLT010. A diligência de Middle
(Coleção Colt, nº 10)
A diligência de Middle, nascida essencialmente para a cobertura de um percurso que o caminho de ferro não podia satisfazer, serviu vários fins entre os quais os de um banqueiro manhoso que um dia resolveu fingir que "enviava secretamente" 50000 mil dólares utilizando os serviços da mesma os quais nunca chegaram ao destino em virtude de uma assalto.
Depois, o honesto banqueiro pediu aos depositantes que aceitassem repartir as perdas uma vez que o dinheiro era deles e o mal repartido por todos custaria menos a cada um.
A ação deste banqueiro cruza-se com o regresso de um jovem que, por acaso, encontrou a diligência já após o assalto e perseguiu o assaltante reparando que este tinha largado um saco de coiro no rio.
Como o banqueiro não apreciava este irreverente cow-boy, já que este morria de amores pela sua filha, aproveitou para fazer crer que ele era responsável pelo assalto. Quem venceria? A palavra do honorável e respeitável banqueiro ou a coragem de um jovem tão vilmente acusado?
Este livro de Fidel Prado está muito bem elaborado e parece bastante rigoroso. O autor perde-se por vezes em diálogos que não nos parecem muito naturais, mas é uma caraterística sua que temos de respeitar. A tradução parece-nos má com os tempos dos verbos a não condizerem com o discurso. Apesar de tudo, um bom momento da Coleção Colt que aqui deixamos para download.
quarta-feira, 6 de agosto de 2014
terça-feira, 5 de agosto de 2014
segunda-feira, 4 de agosto de 2014
domingo, 3 de agosto de 2014
CLT006. Um rural em ação
(Coleção Colt, nº 6)
Ray Sullivan era um jovem recentemente admitido para o Corpo da Guarda Rural do Texas, tendo apresentado as melhores provas de valentia e desempenho. Dado o seu perfil e o facto de não ser conhecido como pertencendo àquele corpo, foi encarregue de se dirigir a Peace City, no Arizona, com o objetivo de capturar um perigoso meliante responsável pela morte de um infortunado guarda rural. Para chegar àquele local teve de atravessar o terrível Deserto Perdido.
O agente chegou com sucesso ao local de cumprimento da sua missão e aí iniciou as suas investigações, num meio pejado de foragidos, alguns dos quais, no entanto, tinham qualidades humanas. E a sorte não deixou de protegê-lo ao se relacionar com algumas pessoas que o acompanhariam em alguns passos e o conduziriam à mais bela das mulheres.
Esperava um pouco mais desta novela de Orland Garr. Tudo corre de feição à personagem central que nunca chega a enfrentar uma situação verdadeiramente perigosa e encontra desde o início as pessoas certas para ter mais sucesso na missão.
sábado, 2 de agosto de 2014
CLT005. Ódio que mata
(Coleção Colt, nº5)
Estávamos com alguma curiosidade em relação a este livro de Edgar Caygill, exatamente por ser o primeiro neste formato a que tínhamos acesso. Caygill é mais um pseudónimo de Roussada Pinto que, para além deste, terá usado o de Ross Pynn. Conheciamo-lo de contos no Mundo de Aventuras, de argumentos para as aventuras de Tomahawk Tom desenhadas por Vitor Péon e de pequenas histórias na coleção Oeste. Por outro lado, temos uma ideia bem formada sobre a sua capacidade na novela policial, tão famosa na década de sessenta em títulos como «O casa da mulher…», e lemos com agrado os seus livros da série «So long, Jim», onde nos pareceu um autor bastante maduro e de elevada capacidade.
O livro em análise é bem mais parecido com os contos publicados no MA do que com os livros mais recentes. Nele entra de tudo: o pistoleiro ultra rápido («Dynamite Joe»), o bando de facínoras, a população aterrorizada por um só homem, a fuga para território índio, a crueldade dos índios e as cenas dela decorrentes, os soldados que protegem as caravanas, a bela menina que se apaixona pelo herói.
O livro não tem passagens elegíveis para publicação. Ele é eterna correria do herói, de grupos de homens, ele é uma coleção de designações do mais exótico possível: «o vale dos escravos», «o desfiladeiro dos abutres»… Só por isso vale a pena ser apreciado no seu conjunto, sabendo-se à partida que não é uma novela rigorosa, bem elaborada, mas algo que traduzia o grande entusiasmo pelo modo como a juventude naquela altura olhava o Oeste distante. Para isso, aqui deixamos uma versão para download.
O livro em análise é bem mais parecido com os contos publicados no MA do que com os livros mais recentes. Nele entra de tudo: o pistoleiro ultra rápido («Dynamite Joe»), o bando de facínoras, a população aterrorizada por um só homem, a fuga para território índio, a crueldade dos índios e as cenas dela decorrentes, os soldados que protegem as caravanas, a bela menina que se apaixona pelo herói.
O livro não tem passagens elegíveis para publicação. Ele é eterna correria do herói, de grupos de homens, ele é uma coleção de designações do mais exótico possível: «o vale dos escravos», «o desfiladeiro dos abutres»… Só por isso vale a pena ser apreciado no seu conjunto, sabendo-se à partida que não é uma novela rigorosa, bem elaborada, mas algo que traduzia o grande entusiasmo pelo modo como a juventude naquela altura olhava o Oeste distante. Para isso, aqui deixamos uma versão para download.
sexta-feira, 1 de agosto de 2014
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