Quando na «Colina da Morte» soavam os seis tiros do Colt empunhado pelo homem de negro, «Frisco» Joe, hóspede em casa do rancheiro Milton, um dos homens mais respeitados e conceituados no Estado a que Deanville pertencia, recebia das mãos da filha daquele um copo de brandy É— uma oferta de trinta garrafas europeias que ele próprio fizera ao rancheiro.
O gun-man bebeu um gole curto e sentou-se numa cadeira. A noite aumentava em chuva e escuridão. O candeeiro de petróleo que se via colocado sobre uma mesa lateral, dava ao aposento uma meia luz suave e agradável. O gun-man teve um pensamento reconfortante: «Um dia, quando tudo isto for meu, Jane seja minha mulher e eu tenha eliminado todos os restantes sócios da mina, não me importarei de abandonar o cinturão dos Colts e viver para uns filhos, a quem ensinarei a manejar as armas como os melhores!»
Jane estava na sua frente. Era uma rapariga de estatura normal, perfeita de formas, olhos negros e cabelo negro. As suas feições eram de mestiça, e pela povoação constava que «saía» ao avô, por parte da mãe, que era mexicano. Ninguém resistia à simpatia que emanava do seu rosto perfeito, sempre enfeitado por um caracol rebelde que lhe caía sobre a testa. Os lábios, carnudos, sensuais, tinham o tom vivo de um sangue forte e excitante. «Frisco» Joe contemplou a jovem com olhos gulosos.
— O teu pai? — Inquiriu.
A jovem respondeu numa voz fresca e cristalina.
— Foi-se deitar. Amanhã tem de levantar-se cedo. Combinou com o capataz em recolher o gado para uma primeira contagem. Portanto, terá que se levantar dentro de urna ou duas horas. — E com ironia: — Ele não tem a sorte de possuir unia mina de oiro.
«Frisco» Joe riu-se. Quando se ria, a cicatriz que lhe cortava o rosto a toda a altura, parecia abrir-se e, formar duas.
— Sabes que é a primeira vez que ele nos deixa sozinhos?
— Não há perigo. — A jovem sorriu: — Há homens que só são perigosos quando têm uma arma nas mãos. Tu és um deles. Além disso, sei defender-me...
Via-se pela maneira como falava que Jane suportava com esforço a presença do «pistoleiro». Por mais de uma vez discutira esse assunto com o pai, e na verdade o autor dos seus dias admirava-se que ela condescendesse em receber aquela visita tão estranha, bem como a dos outros sócios da mina, com exceção- do juiz e de Butler, que considerava bastante pela sua idoneidade.
Mas o pai não conhecia o segredo de Jane. Aquele segredo pavoroso que a obrigava a levar muitas noites sem dormir...
De súbito, os pensamentos da jovem foram cortados por um gesto de «Prisco» Joe. Ele estendeu a mão e agarrou Jane pelos braços, atraindo-a a si. A rapariga, apanhada de surpresa, caiu sobre os joelhos, quase entornando o cálice de brandy que ele havia colocado a pequena distância.
Depois, ambos ficaram silenciosos. Ela olhando para ele. Ele, com a respiração entrecortada, a fitá-la com os olhos incendiados de desejo e paixão.
— Jane, casa comigo?
A rapariga mal ouviu estas palavras. Continuava tolhida pela surpresa. «Frisco» Joe nunca se atrevera a tanto. Nem nunca mesmo dera indícios de querer faltar ao respeito ao tecto que o abrigava.
— Eu amo-te, Jane, e terás que ser minha, quer queiras ou não. Prometo-te que serás a rainha de Deanviile. Serás a mulher mais rica da região. Eu mandarei vir vestidas para ti de todos os pontos do Mundo. Terás quantos criados desejares. Poderás fazer e ter tudo quanto desejares, porque eu terei tanto dinheiro como nunca -sonhaste ser possível.
E «Frisco» Joe arrastado pela veemência das suas palavras, apertou a jovem nos braços e tentou levar os lábios aos lábios da rapariga. Foi nessa altura, ao sentir a barba do «pistoleiro» roçar na pele asse-finada e morena do seu rosto, que Jane despertou. Deu um pequeno grito de surpresa e reagiu imediatamente, desviando a cabeça. Depois tentou, soltar-se. Como não conseguisse, levantou o braço livre e desfechou uma violenta bofetada sobre a cicatriz do gun-man.
«Frisco» Joe soltou -uin grunhido de raiva e levantou-se sem largar a jovem.
— Queres brincar, rapariga? Não sabes que sou mais forte? Eu quero beijar-te e vou beijar-te.
Jane sacudiu a cabeça para trás, e não podendo agora mexer os braços, que o seu hóspede havia agarrado com dedos de aço, recorreu, aos pés, e sem mais hesitações deu com o bico da bota em plena tíbia do seu agressor. «Frisco» Joe, desta vez, gritou de dor. E para levar as mãos à tíbia, num gesto instintivo, largou a rapariga. Jane aproveitou para se retirar para um canto da sala. Rápida, dirigiu-se para uma gaveta do móvel central de sala, abriu a gaveta superior e agarrou na coronha de um Colt. Ela sabia que a arma estava descarregada, mas «Frisco» não e isso trazia-lhe alguma vantagem.
O «pistoleiro» sorriu-se. Olhou para a jovem com calma e voltou a sentar-se. Gostava da rapariga assim. Forte, dinâmica, corajosa. A sua mulher nunca poderia ser uma galinha.
— Mesmo com a arma na mão, e já com o dedo no gatilho, se eu quisesse matar-te, pomba, ainda teria tempo de sacar e furar-te a testa entre os olhos. Mas não. A tua testa fez-se para os meus beijos e não para as minhas balas.
A rapariga estava indignada:
— RUA! — gritou.
«Frisco» Joe, agarrou novamente no 'cálice de brandy e começou a beber em pequenos goles.
— RUA! — tornou a jovem. — E nunca mais entrarás nesta casa!
Tem calma, pomba. Lembra-te de que a minha paciência pode esgotar-se e esquecer-me de que penso casar contigo. — Nunca, ouviste? ! Nunca casarei contigo ! Recebo-te em minha casa e permaneces aqui mais do que um segundo, porque eu quero... porque eu tenho um segredo que me liga a ti e aos restantes mise-r4veis que se fizeram sócios da mina de oiro. Só por isso, compreendes? Não fora eu querer, e o meu pai já te tinha corrido a pontapés!
— O teu pai, pomba, é muito bom sujeito, corresponde exatamente ao tipo que qualquer homem gostaria de ter para sogro, mas nada mais. Antes que ele tivesse tempo para levantar o pé, eu enchia--lhe o estômago de chumbo.
— Miserável! E eu sou pior que todos vocês porque condescendi em submeter-me à vossa vontade. Sabes que passo muitas noites sem dormir a recordar aquela noite distante em que todos subimos a «Colina da Morte» para enforcar um rapaz inocente, que nada tinha a ver com a morte da família Moorehead? Sabes que chego a ter vergonha de mim própria por me ter sujeitado a fazer o vosso jogo? Sabes que já estive por mais de urna vez desejosa de correr à cidade vizinha e mandar um telegrama para os «Rangers» a contar a vossa história?
— E porque não o fazes? Eu... eu... ainda sou mais cobarde e repugnante do que... — E Jane, sem poder continuar, rompeu em grandes soluços. «Frisco» Joe levantou-se, com rapidez, aproximou-se dela e retirou-lhe a arma da mão. Afagou-lhe a cabeça, e levantou-lhe o queixo. Os lábios da jovem, que estremeciam pela força dos soluços, e os olhos negros iluminados pelo brilho das lágrimas, ofereciam um 'espetáculo de beleza fascinante. O «pistoleiro» não resistiu:
— És bela, pomba, bela como um demónio. — E com furor, colou-lhe os lábios à boca e saciou-se num beijo interminável.
Jane sofreu o vexame com raiva e logo que o apertão afrouxou — aquele apertão violento, de animal, que lhe cortou todas as forças — levantou a cabeça e com intenção e nojo, cuspiu para a cara do gun-man.
— Isto é a resposta ao teu beijo! E digo-te de uma vez para sempre que preferia morrer a casar-me contigo.
Limpando com a mão esquerda no rosto a saliva da rapariga, «Frisco» Joe foi repentinamente tomado pela raiva, e levantando o braço com violência jogou no rosto da jovem uma bofetada dura, seca, que espalhou por toda a casa um eco lúgubre. E depois, voltando as costas, encaminhou-se para a porta. Quando lá chegou, olhou a rapariga e disse:
— Serás minha mulher, nem que para isso te amarre e leve ao juiz como se fosses uma vitela. Serás minha, Jane, ou morrerás conto um cão. Ouve: serás minha! Nada nem ninguém o conseguirá evitar!
O gun-man saiu para a rua, e a jovem caiu no chão a chorar desesperadamente...
O gun-man bebeu um gole curto e sentou-se numa cadeira. A noite aumentava em chuva e escuridão. O candeeiro de petróleo que se via colocado sobre uma mesa lateral, dava ao aposento uma meia luz suave e agradável. O gun-man teve um pensamento reconfortante: «Um dia, quando tudo isto for meu, Jane seja minha mulher e eu tenha eliminado todos os restantes sócios da mina, não me importarei de abandonar o cinturão dos Colts e viver para uns filhos, a quem ensinarei a manejar as armas como os melhores!»
Jane estava na sua frente. Era uma rapariga de estatura normal, perfeita de formas, olhos negros e cabelo negro. As suas feições eram de mestiça, e pela povoação constava que «saía» ao avô, por parte da mãe, que era mexicano. Ninguém resistia à simpatia que emanava do seu rosto perfeito, sempre enfeitado por um caracol rebelde que lhe caía sobre a testa. Os lábios, carnudos, sensuais, tinham o tom vivo de um sangue forte e excitante. «Frisco» Joe contemplou a jovem com olhos gulosos.
— O teu pai? — Inquiriu.
A jovem respondeu numa voz fresca e cristalina.
— Foi-se deitar. Amanhã tem de levantar-se cedo. Combinou com o capataz em recolher o gado para uma primeira contagem. Portanto, terá que se levantar dentro de urna ou duas horas. — E com ironia: — Ele não tem a sorte de possuir unia mina de oiro.
«Frisco» Joe riu-se. Quando se ria, a cicatriz que lhe cortava o rosto a toda a altura, parecia abrir-se e, formar duas.
— Sabes que é a primeira vez que ele nos deixa sozinhos?
— Não há perigo. — A jovem sorriu: — Há homens que só são perigosos quando têm uma arma nas mãos. Tu és um deles. Além disso, sei defender-me...
Via-se pela maneira como falava que Jane suportava com esforço a presença do «pistoleiro». Por mais de uma vez discutira esse assunto com o pai, e na verdade o autor dos seus dias admirava-se que ela condescendesse em receber aquela visita tão estranha, bem como a dos outros sócios da mina, com exceção- do juiz e de Butler, que considerava bastante pela sua idoneidade.
Mas o pai não conhecia o segredo de Jane. Aquele segredo pavoroso que a obrigava a levar muitas noites sem dormir...
De súbito, os pensamentos da jovem foram cortados por um gesto de «Prisco» Joe. Ele estendeu a mão e agarrou Jane pelos braços, atraindo-a a si. A rapariga, apanhada de surpresa, caiu sobre os joelhos, quase entornando o cálice de brandy que ele havia colocado a pequena distância.
Depois, ambos ficaram silenciosos. Ela olhando para ele. Ele, com a respiração entrecortada, a fitá-la com os olhos incendiados de desejo e paixão.
— Jane, casa comigo?
A rapariga mal ouviu estas palavras. Continuava tolhida pela surpresa. «Frisco» Joe nunca se atrevera a tanto. Nem nunca mesmo dera indícios de querer faltar ao respeito ao tecto que o abrigava.
— Eu amo-te, Jane, e terás que ser minha, quer queiras ou não. Prometo-te que serás a rainha de Deanviile. Serás a mulher mais rica da região. Eu mandarei vir vestidas para ti de todos os pontos do Mundo. Terás quantos criados desejares. Poderás fazer e ter tudo quanto desejares, porque eu terei tanto dinheiro como nunca -sonhaste ser possível.
E «Frisco» Joe arrastado pela veemência das suas palavras, apertou a jovem nos braços e tentou levar os lábios aos lábios da rapariga. Foi nessa altura, ao sentir a barba do «pistoleiro» roçar na pele asse-finada e morena do seu rosto, que Jane despertou. Deu um pequeno grito de surpresa e reagiu imediatamente, desviando a cabeça. Depois tentou, soltar-se. Como não conseguisse, levantou o braço livre e desfechou uma violenta bofetada sobre a cicatriz do gun-man.
«Frisco» Joe soltou -uin grunhido de raiva e levantou-se sem largar a jovem.
— Queres brincar, rapariga? Não sabes que sou mais forte? Eu quero beijar-te e vou beijar-te.
Jane sacudiu a cabeça para trás, e não podendo agora mexer os braços, que o seu hóspede havia agarrado com dedos de aço, recorreu, aos pés, e sem mais hesitações deu com o bico da bota em plena tíbia do seu agressor. «Frisco» Joe, desta vez, gritou de dor. E para levar as mãos à tíbia, num gesto instintivo, largou a rapariga. Jane aproveitou para se retirar para um canto da sala. Rápida, dirigiu-se para uma gaveta do móvel central de sala, abriu a gaveta superior e agarrou na coronha de um Colt. Ela sabia que a arma estava descarregada, mas «Frisco» não e isso trazia-lhe alguma vantagem.
O «pistoleiro» sorriu-se. Olhou para a jovem com calma e voltou a sentar-se. Gostava da rapariga assim. Forte, dinâmica, corajosa. A sua mulher nunca poderia ser uma galinha.
— Mesmo com a arma na mão, e já com o dedo no gatilho, se eu quisesse matar-te, pomba, ainda teria tempo de sacar e furar-te a testa entre os olhos. Mas não. A tua testa fez-se para os meus beijos e não para as minhas balas.
A rapariga estava indignada:
— RUA! — gritou.
«Frisco» Joe, agarrou novamente no 'cálice de brandy e começou a beber em pequenos goles.
— RUA! — tornou a jovem. — E nunca mais entrarás nesta casa!
Tem calma, pomba. Lembra-te de que a minha paciência pode esgotar-se e esquecer-me de que penso casar contigo. — Nunca, ouviste? ! Nunca casarei contigo ! Recebo-te em minha casa e permaneces aqui mais do que um segundo, porque eu quero... porque eu tenho um segredo que me liga a ti e aos restantes mise-r4veis que se fizeram sócios da mina de oiro. Só por isso, compreendes? Não fora eu querer, e o meu pai já te tinha corrido a pontapés!
— O teu pai, pomba, é muito bom sujeito, corresponde exatamente ao tipo que qualquer homem gostaria de ter para sogro, mas nada mais. Antes que ele tivesse tempo para levantar o pé, eu enchia--lhe o estômago de chumbo.
— Miserável! E eu sou pior que todos vocês porque condescendi em submeter-me à vossa vontade. Sabes que passo muitas noites sem dormir a recordar aquela noite distante em que todos subimos a «Colina da Morte» para enforcar um rapaz inocente, que nada tinha a ver com a morte da família Moorehead? Sabes que chego a ter vergonha de mim própria por me ter sujeitado a fazer o vosso jogo? Sabes que já estive por mais de urna vez desejosa de correr à cidade vizinha e mandar um telegrama para os «Rangers» a contar a vossa história?
— E porque não o fazes? Eu... eu... ainda sou mais cobarde e repugnante do que... — E Jane, sem poder continuar, rompeu em grandes soluços. «Frisco» Joe levantou-se, com rapidez, aproximou-se dela e retirou-lhe a arma da mão. Afagou-lhe a cabeça, e levantou-lhe o queixo. Os lábios da jovem, que estremeciam pela força dos soluços, e os olhos negros iluminados pelo brilho das lágrimas, ofereciam um 'espetáculo de beleza fascinante. O «pistoleiro» não resistiu:
— És bela, pomba, bela como um demónio. — E com furor, colou-lhe os lábios à boca e saciou-se num beijo interminável.
Jane sofreu o vexame com raiva e logo que o apertão afrouxou — aquele apertão violento, de animal, que lhe cortou todas as forças — levantou a cabeça e com intenção e nojo, cuspiu para a cara do gun-man.
— Isto é a resposta ao teu beijo! E digo-te de uma vez para sempre que preferia morrer a casar-me contigo.
Limpando com a mão esquerda no rosto a saliva da rapariga, «Frisco» Joe foi repentinamente tomado pela raiva, e levantando o braço com violência jogou no rosto da jovem uma bofetada dura, seca, que espalhou por toda a casa um eco lúgubre. E depois, voltando as costas, encaminhou-se para a porta. Quando lá chegou, olhou a rapariga e disse:
— Serás minha mulher, nem que para isso te amarre e leve ao juiz como se fosses uma vitela. Serás minha, Jane, ou morrerás conto um cão. Ouve: serás minha! Nada nem ninguém o conseguirá evitar!
O gun-man saiu para a rua, e a jovem caiu no chão a chorar desesperadamente...
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