sábado, 20 de maio de 2017

PAS748. Convite para o festejo

— Sabem o que impediram ? — perguntou Jackson aos quatro homens.
Passeava lentamente no seu escritório, fumando um charuto. A sua maneira de andar era decidida, os gestos tinham o cunho especial que predomina nos homens enérgicos. Sobre o peito brilhava-lhe uma estrela de xerife.
— Ignoramo-lo, xerife, mas percebemos que havia quem necessitasse da nossa ajuda e acudimos a prestá-la — replicou Jim, falando lentamente, com cautela. Os seus olhos não perdiam um único gesto do xerife.
Sentado sobre a mesa estava outro homem, Corver. A seu lado, sorrindo, estava Helen Corver, a rapariga que umas horas antes tinha sido assaltada.
— Pois eu lho direi — disse Corver. — Se os bandidos lograssem o seu propósito levavam mais de duzentos mil dólares.
Os olhos de Paul procuraram por um instante Stevens. Este percebeu o que aquele olhar significava.
— Duzentos mil? -- perguntou Pierre, incrédulo.
— Sim. Vinham destinados a mim, ao meu Banco particular, enviados pelo Firts National Bank.
— O quê?
— Caramba, Stevens! Parece que se assusta... O Firts National, uma das entidades bancárias mais poderosas de todo o Oeste. Se este roubo tivesse sido bem-sucedido representaria um golpe duríssimo para o Firts... e para mim. Enviaram-me este dinheiro para efetuar os pagamentos da compra de gado nesta região e perdê-lo representava um prejuízo que eu não poderia suportar.
— Duzentos mil dólares... quase sem proteção?
— Sim, é um pouco estranho, mas certo. O condutor e o ajudante eram polícias rurais, homens valentes e decididos, que manejavam estupendamente as armas. Eu próprio insisti em que não era necessária maior proteção para não atrair as atenções dos bandidos para a diligência. Verifico que me enganei e que mais alguém sabia da chegada dos dólares.
— Duzentos mil dólares cheiram ao longe — murmurou Jim. — É uma bonita quantia, muito bonita, sim senhor.
— Perdida para mim se não fosse a vossa providencial aparição... Espero que esta noite aceitem presidir, junto de minha filha Helen, à festa que organizei para comemorar a sua chegada. Helen costuma passar largas temporadas longe de Marburg e quando volta o «rancho» adquire uma cor diferente. Tudo se modifica quando ela não está aqui, e eu gosto de a receber como merece: com uma festa em que todos podem vê-la e invejar-me por ser seu pai.
Os quatro homens entreolharam-se, hesitando quanto ao que deviam fazer. Na realidade, sentiam-se obrigados a aceitar o convite.
— Bem, creio que não fará mal uma festa — murmurou Jim.
— Se, primeiro, nos conseguirem um sitio para nos lavarmos e arranjarmos um pouco. Creio que devemos parecer mendigos.
— E se me emprestam ou me compras outras roupas... Não posso ir a nenhum lado desta maneira — disse Luci, apontando para as suas vestes, sujas e cheias de poeira.
— Por isso não deve preocupar-se. Tenho cá muitos vestidos que lhe ficarão bem e que quase não tenho usado... Aceita a oferta? — perguntou Helen.
— Sim, obrigado.
O grupo saiu para a rua, onde ainda se conversava e discutia. Colocados debaixo do um telheiro, cobertos por lençóis, estavam os três cadáveres dos homens que tinham pago com a vida o transporte dos duzentos mil dólares.
Atravessando por entre os grupos, que se abriam à sua passagem, dirigiram-se para o edifício que se erguia defronte do escritório do xerife. Era o «Hotel Wild West».

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