segunda-feira, 9 de novembro de 2015

PAS552. Encontro com a morte

Cravou as esporas nos flancos do cavalo para que acelerasse a marcha e retesou ao mesmo tempo as rédeas para o impedir de avançar. Sentiu um medo terrível.
Por fim via-se a transpor a porta de entrada, enquanto todos os pelos do corpo se eriçavam, ao notar um silêncio anormal e aterrador. Lembrou-se de que talvez não se encontrasse ninguém em casa por qualquer circunstância.
Os seus olhos, porém, atentaram na desordem que reinava por toda a casa, mesa e cadeiras derrubadas e o corpo de sua mulher estendido no meio de toda aquela confusão. Correu para junto dela. Uma grande mancha de sangue alastrava pelo peito e pelas costas.
Ergueu a cabeça, retorceu a boca e abriu os olhos.
— Bill... Chama-se Bill…
Paralisaram-se-lhe os olhos, ficou de boca aberta escorrendo dela uma baba sanguinolenta. Estava morta.
Sentindo-se dominado por um pânico terrível, por urna convulsão que lhe agitava todo o organismo e lhe obscurecia as ideias, fazendo-o tremer violentamente, Melwin Cristopher levantou-se. Procurou os seus filhos e encontrou os seus corpos barbaramente mutilados e desfeitos.
Recrudesceu a sua angústia e o seu mal-estar. O choque fora demasiadamente brutal, espantoso. Dominado pela ideia de que tudo aquilo não passava de um sonho fantástico, com a sensação nítida de que a massa encefálica lhe sala das paredes cranianas, desmaiou.
Quando recuperou a lucidez, o pensamento continuava em pleno vácuo, impossibilitando-o de ajustar as ideias. Continuava, apesar de tudo, a viver a realidade do monstruoso acontecimento, a sentir a impressão viscosa e repugnante do contacto com aqueles corpos destroçados, assassinados com um sadismo terrível.
 

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