segunda-feira, 14 de abril de 2014

PAS287. De como o «cow-boy» com agilidade felina salvou a menina do malvado

Roy desceu da diligência, dirigindo-se ao posto de abastecimento. Ao entrar, afastou-se um pouco para o lado, deixando passar três mexicanos que lhe lançaram um olhar rápido e distraído. Ao chegar junto ao balcão, chamou o empregado e pediu-lhe:
- Dê-me, por favor, duas chávenas de chá numa bandeja, para levar para a diligência.
De súbito, aos seus ouvidos chegaram fortes gargalhadas, vindas do exterior, logo seguidas de um grito de mulher. Em dois saltos, Roy aproximou-se da porta, observando o que se passava. Sentiu o sangue ferver-lhe nas veias e uma terrível pressão no peito, cortando-lhe a respiração.
Um dos mexicanos, rindo estrepitosamente, obrigou Eva a descer do veículo, enquanto outro continha Dan Karpis em respeito, apontando-lhe um revólver. O terceiro visava, com a sua arma, os restantes passageiros.
- Não se assustem, senhores! – ouviu Roy Gale dizer a um deles. – Não se trata de qualquer maldade… Gosto desta rapariga e quero roubar-lhe um beijo, nada mais. Como veem, é pouca coisa.
O homem alongou o braço e procurou arrastar a jovem para fora. Ela quis retroceder, mas não tinha forças suficientes para lhe fugir.
Terrivelmente pálido, Dan Karpis voltou-se para a rapariga, aconselhando:
- É melhor dar-lhe o beijo, para assim ficarmos em paz…
- Vamos… não te faças rogada…
Nesse momento, uma voz soou forte e inflexível nas costas do agressor:
- Deixa essa mulher e pede-lhe perdão, mexicano.
O homem que se encarregara de Dan Karpis voltou-se rapidamente para a porta do estabelecimento, erguendo o revólver para disparar contra Roy Gale. Este, porém, foi mais rápido e o mexicano tombou, com um projétil cravado na cabeça. Outro, que parecia ser o chefe do grupo, preparou-se por sua vez para disparar, mas já Gale saltava para o lado com a agilidade de um felino, esquivando-se ao tiro, rapidamente disparado.
- Maldito!... – vociferou o homem. Mas não pôde terminar a frase. Gale carregou de novo no gatilho e o homem caíu para trás, com a camisa manchada de sangue. O terceiro mexicano, que havia observado a cena com os olhos desorbitados, não se atreveu a fazer uso do revólver que tinha na mão. Deixou cair o braço armado ao longo do corpo, fitando Gale, como se fitasse o demónio.
- Vamos… Pede perdão a essa senhora! – repetiu o «cow-boy» em voz alta. – Só assim salvarás a vida.
O mexicano, um homem pequeno e de cor citrina, olhou para ele num misto de medo espanto e murmurou:
- Sim… eu…
Pela janela do veículo, os passageiros que não tinham descido presenciavam a cena verdadeiramente interessados, esperando que, de um momento para o outro as armas vomitassem fogo e que um daqueles homens deixasse de contar no número dos vivos. Com a cabeça encostada ao peito da mulher gorda, Eva soluçava assustada.
Dan Karpis deu dois passos na direção do mexicano, ao mesmo tempo que dirigia as suas palavras a Roy Gale:
- Deixe esse homem por minha conta! Esse maldito necessita de uma boa lição e eu estou disposto a dar-lha!...
Gale sorriu com ironia. E as suas palavras eram profundamente mordazes ao exclamar:
- Essa sua mudança tão repentina surpreende-me. Ainda não há um minuto, você pensava de maneira diferente.
O homem encolheu os ombros com única resposta às palavras do «cow-boy» e apressou-se a subir de novo para a diligência.
A rapariga ergueu ligeiramente a cabeça e, depois de limpar as lágrimas que lhe deslizavam pelas faces, pediu a Gale:
- Deixe que esse homem se vá embora… Não quero que isto prossiga. Estas duas mortes são já o suficiente.
(Coleção Búfalo, nº 70)

Sem comentários:

Enviar um comentário