Wade Morgan estava no alpendre e foi o primeiro a ouvir o rumor dos cascos dos cavalos. Voltou-se para o interior da habitação e informou:
— Aproximam-se cavaleiros!
Ben Morgan correu para o exterior, seguido por Susan e Stella. Os quatro permaneceram um momento a escutar o surdo ruído que se tornava cada vez mais nítido. Depois, Ben e seu filho cruzaram um olhar significativo.
— As mulheres que se metam em casa — ordenou Ben, secamente.
Obedeceram, em silêncio, um tanto assustadas. Wade entrou e foi buscar a sua espingarda. Ben verificou que o seu revólver funcionava perfeitamente.
Esperaram uns minutos. Depressa o grupo se tornou visível entre as sombras da noite. Cavalgavam em pelotão, quase roçando os estribos uns nos outros. Todos os cavalos do rancho de Drillman eram de sangue índio, exceto os que montava o próprio Drillman. E à cabeça do grupo ia um homem sobre um cavalo branco, de estampa diferente.
Chegaram ao pé do alpendre e pararam ali. Os dois Morgan, com as pernas abertas, separados entre si por uns três metros, cerravam a passagem.
— Nada perdeste em minha casa, Drillman. Desaparece e leva a tua gente.
Aquelas palavras provocaram um acesso de riso ao aludido. Voltou-se para os seus homens é soltou uma gargalhada que não lhe saiu muito sonora, devido ao uísque ingerido.
— Que lhes parece, rapazes?
— Está embriagado — disse, então, Wade, com os dentes cerrados.
Drillman sorriu de novo.
— Oh! Oh! O galo da índia dos Morgan! Sabes que Thal quer ajustar umas contas contigo?
— Não tenho interesse nenhum em falar com os seus pistoleiros. Já ouviu o que o meu pai disse: desapareçam.
Drillman solto.0 uma praga e depois riu-se outra vez. Cambaleava na sela.
— Isso não são maneiras de tratar o senhor de Winslow. Não é verdade? — perguntou, dirigindo-se aos seus homens. — Não são, pois não?
Todos se apressaram a responder que não. Drillman sorriu estupidamente.
— Já ouviste a opinião dos meus homens, Morgan. Não se trata assim o senhor de Winslow. Pede-me desculpa ou arrepender-te-ás.
— Põe-te a andar com o teu pessoal, Drillman. Tenho muito pouca paciência.
Então, Drillman desmontou e todos os seus homens o imitaram. No chão, Arthur Drillman demonstrava não estar tão ébrio como parecia à primeira vista. Aguentava-se bem em pé e não via as coisas a dobrar. Aproximam-se das escadas do alpendre. A sua voz brotou como momentos antes, ligeiramente presa; no entanto, não era a mesma: havia fida um tom de verdadeira ameaça, qualquer coisa que fez estremecer Wade.
— Ben Morgan, ou sais agora mesmo das tuas terras ou lamentá-lo-ás.
— Estas terras são minhas. De aqui não sairei.
Wade sentiu a boca seca. Recordou as palavras de Drillman quatro noites antes: «Será minha, Wade Morgan! E quando me cansar dela terá deixado de ser quem é!»
Adiantou-se um passo.
— Pai, deveríamos...
Ben interrompeu-o com um gesto.
— Não.- Este rancho é nosso...
— Mas, elas...
— Tu e eu bastamos para as defender.
Wade sorriu um pouco amargamente. Seu pai sempre havia sido assim, um texano dos pés à cabeça. Nada era capaz de o demover das suas decisões uma vez que as tomasse. E contra os homens de Drillman nada poderia fazer, nem que se produzisse um milagre.
Drillman estava já no alpendre.
— Deverias ouvir o teu filho, Ben Morgan. Oh! Sim! Wade é pacífico... e sensato!
Recalcou os dois adjetivos com ironia. Wade avançou um passo para ele, apertando a espingarda.
— Cala-te ou...!
Arthur Drillman soltou uma enorme gargalhada e gritou:
— Para a frente, rapazes!
Wade e Ben saltaram ao mesmo tempo para cobrir a porta. Ben erguia já na mão direita o seu «Colt 45».
Fizeram fogo ao mesmo tempo. Dois dos pistoleiros caíram sem vida nos degraus do alpendre.
Mas, os outros entraram em ação quase no segundo seguinte.
Dois tiros alcançaram Wade Morgan, atirando-o para trás com a camisa cheia de sangue. Outros quatro ou cinco incrustaram-se em 'Ben, dobrando-o sobre o varandim do alpendre.
No solo, Wade voltou-se, com a espingarda em riste, disparando, raivoso. Viu que o cano de um revólver era apontado para ele e em seguida ouviu a voz de Thal:
— Não! A esse quero enforcá-lo eu!
Levantou-se de um salto, sem deixar de disparar. Viu cair três ou quatro pistoleiros num confuso montão. Em seguida, alguém o agrediu na nuca e sentiu uma dor fortíssima que o percorria de cima abaixo, tolhendo-o. Pouco depois, nuvens negras envolveram-lhe o cérebro e sumiram-no na inconsciência.
Os pistoleiros, com Drillman à frente, irromperam no interior do rancho. Susan tinha uma espingarda nas mãos e começou a disparar mal os viu entrar. Uma bala penetrou num braço de Drillman e mais quatro cortaram o caminho a um dos seus homens. A quinta saiu muito desviada. Com uma bala em pleno coração, Susan tombou, sem haver soltado a «Winchester».
Stella lançou-se para sua mãe, tentando apoderar-se da arma. Um dos criminosos foi mais rápido e agarrou-a pela blusa. A rapariga deu um safanão, enlouquecida pelo medo, e o homem ficou com quase todo o tecido entre os dedos.
A sua fuga foi cortada por outro dos pistoleiros e sentiu-se entre uns braços masculinos que a apertavam com terrível força. Desesperada, arranhou o rosto do homem, bateu-lhe com todas as suas energias e cravou-lhe as unhas nas faces, até que brotou sangue e o indivíduo a largou, proferindo uma obscenidade.
Contudo, nem lhe foi possível alcançar a porta. Embora Drillman estivesse demasiado embriagado para poder atentar alguma coisa contra ela, os seus homens só estavam ébrios de sangue. Quando uma bala piedosa pôs fim à vida de Stella Morgan, o aspeto que oferecia era terrível.
Pouco depois, os pistoleiros saíram para o alpendre e Thal preparou um laço que deitou sobre a pernada de uma árvore próxima. Wade sentiu que qualquer coisa fria o arrancava da escuridão em que havia submergido e, ao mesmo tempo, sentiu o calor tépido do seu sangue, que lhe corria pelo peito. Levantou-se um pouco e viu um círculo de rostos escuros nos quais se divisava o quer que fosse que lhe pôs os cabelos em pé.
Arthur Drillman, com um brilho especial nos seus olhos de ébrio e um braço cheio de sangue, sorriu alarvemente.
— Vamos, Wade Morgan. Antes de morreres, poderás ver um espetáculo divertido.
Sentiu que o levantavam com muito pouca consideração, empurrando-o para o interior do «rancho». A primeira coisa que viu, no alpendre, foi o cadáver de seu pai, com uma enorme poça de sangue debaixo dele. A garganta contraiu-se-lhe. Depois, aos empurrões, fizeram-no assomar-se para dentro de casa.
Sua mãe, igualmente com um charco de sangue junto dela, estava por terra sem vida. E Stella, com as roupas em farrapos e manchadas de vermelho, também fora aniquilada às mãos daqueles facínoras.
Wade nem podia engolir. Os olhos arrasaram-se-lhe de lágrimas de impotência. E sabia que os pistoleiros o enforcariam, depois de lhe terem mostrado o que haviam feito com a sua família.
Thal Jonson afastou-o da porta com um safanão.
— Gostaste?
E todos soltaram uma feroz gargalhada.
Wade sentiu que qualquer coisa de terrível o sacudia com a força de um ciclone. Da garganta, brotou-lhe um soluço, rouco como o uivo de uma fera, e nunca soube como arranjou energias para saltar sobre Thal com os braços para a frente. Mas, saltou e o pistoleiro de Drillman sentiu que umas mãos semelhantes a garras se cerravam em volta do seu pescoço, como um garrote. Os dois caíram por terra e rolaram pelos degraus do alpendre. Quando Wade se levantou, Thal estava estrangulado e na mão direita do rapaz brilhava, naquele momento, o «Colt 45» niquelado do morto.
Sem ver sequer os seus inimigos, Wade descarregou as seis balas do tambor contra o grupo que tinha à frente. Ouviu gritos de dor e frases obscenas e os passos dos que se lançavam contra ele.
A voz de Drillman troou na noite:
— Matem-no!
O percutor bateu em seco. Atirou para o lado o revólver inútil e saltou sobre o cavalo que tinha mais perto.
Compreendeu que, se voltassem a apanhá-lo, ninguém poderia livrá-lo da morte. E ele tinha de viver. Era preciso! Porque um dia voltaria ao vale de Winslow, quando fosse um homem experiente, um pistoleiro. Voltaria e faria pagar a Artur Drillman aquele crime.
Lançou-se para a escuridão da noite, sem ver o caminho, com a garganta apertada por um soluço que não se completava, sentindo o sangue correr-lhe pelo peito, milagrosamente respeitado pelas balas que começavam a zumbir à sua volta.
— Aproximam-se cavaleiros!
Ben Morgan correu para o exterior, seguido por Susan e Stella. Os quatro permaneceram um momento a escutar o surdo ruído que se tornava cada vez mais nítido. Depois, Ben e seu filho cruzaram um olhar significativo.
— As mulheres que se metam em casa — ordenou Ben, secamente.
Obedeceram, em silêncio, um tanto assustadas. Wade entrou e foi buscar a sua espingarda. Ben verificou que o seu revólver funcionava perfeitamente.
Esperaram uns minutos. Depressa o grupo se tornou visível entre as sombras da noite. Cavalgavam em pelotão, quase roçando os estribos uns nos outros. Todos os cavalos do rancho de Drillman eram de sangue índio, exceto os que montava o próprio Drillman. E à cabeça do grupo ia um homem sobre um cavalo branco, de estampa diferente.
Chegaram ao pé do alpendre e pararam ali. Os dois Morgan, com as pernas abertas, separados entre si por uns três metros, cerravam a passagem.
— Nada perdeste em minha casa, Drillman. Desaparece e leva a tua gente.
Aquelas palavras provocaram um acesso de riso ao aludido. Voltou-se para os seus homens é soltou uma gargalhada que não lhe saiu muito sonora, devido ao uísque ingerido.
— Que lhes parece, rapazes?
— Está embriagado — disse, então, Wade, com os dentes cerrados.
Drillman sorriu de novo.
— Oh! Oh! O galo da índia dos Morgan! Sabes que Thal quer ajustar umas contas contigo?
— Não tenho interesse nenhum em falar com os seus pistoleiros. Já ouviu o que o meu pai disse: desapareçam.
Drillman solto.0 uma praga e depois riu-se outra vez. Cambaleava na sela.
— Isso não são maneiras de tratar o senhor de Winslow. Não é verdade? — perguntou, dirigindo-se aos seus homens. — Não são, pois não?
Todos se apressaram a responder que não. Drillman sorriu estupidamente.
— Já ouviste a opinião dos meus homens, Morgan. Não se trata assim o senhor de Winslow. Pede-me desculpa ou arrepender-te-ás.
— Põe-te a andar com o teu pessoal, Drillman. Tenho muito pouca paciência.
Então, Drillman desmontou e todos os seus homens o imitaram. No chão, Arthur Drillman demonstrava não estar tão ébrio como parecia à primeira vista. Aguentava-se bem em pé e não via as coisas a dobrar. Aproximam-se das escadas do alpendre. A sua voz brotou como momentos antes, ligeiramente presa; no entanto, não era a mesma: havia fida um tom de verdadeira ameaça, qualquer coisa que fez estremecer Wade.
— Ben Morgan, ou sais agora mesmo das tuas terras ou lamentá-lo-ás.
— Estas terras são minhas. De aqui não sairei.
Wade sentiu a boca seca. Recordou as palavras de Drillman quatro noites antes: «Será minha, Wade Morgan! E quando me cansar dela terá deixado de ser quem é!»
Adiantou-se um passo.
— Pai, deveríamos...
Ben interrompeu-o com um gesto.
— Não.- Este rancho é nosso...
— Mas, elas...
— Tu e eu bastamos para as defender.
Wade sorriu um pouco amargamente. Seu pai sempre havia sido assim, um texano dos pés à cabeça. Nada era capaz de o demover das suas decisões uma vez que as tomasse. E contra os homens de Drillman nada poderia fazer, nem que se produzisse um milagre.
Drillman estava já no alpendre.
— Deverias ouvir o teu filho, Ben Morgan. Oh! Sim! Wade é pacífico... e sensato!
Recalcou os dois adjetivos com ironia. Wade avançou um passo para ele, apertando a espingarda.
— Cala-te ou...!
Arthur Drillman soltou uma enorme gargalhada e gritou:
— Para a frente, rapazes!
Wade e Ben saltaram ao mesmo tempo para cobrir a porta. Ben erguia já na mão direita o seu «Colt 45».
Fizeram fogo ao mesmo tempo. Dois dos pistoleiros caíram sem vida nos degraus do alpendre.
Mas, os outros entraram em ação quase no segundo seguinte.
Dois tiros alcançaram Wade Morgan, atirando-o para trás com a camisa cheia de sangue. Outros quatro ou cinco incrustaram-se em 'Ben, dobrando-o sobre o varandim do alpendre.
No solo, Wade voltou-se, com a espingarda em riste, disparando, raivoso. Viu que o cano de um revólver era apontado para ele e em seguida ouviu a voz de Thal:
— Não! A esse quero enforcá-lo eu!
Levantou-se de um salto, sem deixar de disparar. Viu cair três ou quatro pistoleiros num confuso montão. Em seguida, alguém o agrediu na nuca e sentiu uma dor fortíssima que o percorria de cima abaixo, tolhendo-o. Pouco depois, nuvens negras envolveram-lhe o cérebro e sumiram-no na inconsciência.
Os pistoleiros, com Drillman à frente, irromperam no interior do rancho. Susan tinha uma espingarda nas mãos e começou a disparar mal os viu entrar. Uma bala penetrou num braço de Drillman e mais quatro cortaram o caminho a um dos seus homens. A quinta saiu muito desviada. Com uma bala em pleno coração, Susan tombou, sem haver soltado a «Winchester».
Stella lançou-se para sua mãe, tentando apoderar-se da arma. Um dos criminosos foi mais rápido e agarrou-a pela blusa. A rapariga deu um safanão, enlouquecida pelo medo, e o homem ficou com quase todo o tecido entre os dedos.
A sua fuga foi cortada por outro dos pistoleiros e sentiu-se entre uns braços masculinos que a apertavam com terrível força. Desesperada, arranhou o rosto do homem, bateu-lhe com todas as suas energias e cravou-lhe as unhas nas faces, até que brotou sangue e o indivíduo a largou, proferindo uma obscenidade.
Contudo, nem lhe foi possível alcançar a porta. Embora Drillman estivesse demasiado embriagado para poder atentar alguma coisa contra ela, os seus homens só estavam ébrios de sangue. Quando uma bala piedosa pôs fim à vida de Stella Morgan, o aspeto que oferecia era terrível.
Pouco depois, os pistoleiros saíram para o alpendre e Thal preparou um laço que deitou sobre a pernada de uma árvore próxima. Wade sentiu que qualquer coisa fria o arrancava da escuridão em que havia submergido e, ao mesmo tempo, sentiu o calor tépido do seu sangue, que lhe corria pelo peito. Levantou-se um pouco e viu um círculo de rostos escuros nos quais se divisava o quer que fosse que lhe pôs os cabelos em pé.
Arthur Drillman, com um brilho especial nos seus olhos de ébrio e um braço cheio de sangue, sorriu alarvemente.
— Vamos, Wade Morgan. Antes de morreres, poderás ver um espetáculo divertido.
Sentiu que o levantavam com muito pouca consideração, empurrando-o para o interior do «rancho». A primeira coisa que viu, no alpendre, foi o cadáver de seu pai, com uma enorme poça de sangue debaixo dele. A garganta contraiu-se-lhe. Depois, aos empurrões, fizeram-no assomar-se para dentro de casa.
Sua mãe, igualmente com um charco de sangue junto dela, estava por terra sem vida. E Stella, com as roupas em farrapos e manchadas de vermelho, também fora aniquilada às mãos daqueles facínoras.
Wade nem podia engolir. Os olhos arrasaram-se-lhe de lágrimas de impotência. E sabia que os pistoleiros o enforcariam, depois de lhe terem mostrado o que haviam feito com a sua família.
Thal Jonson afastou-o da porta com um safanão.
— Gostaste?
E todos soltaram uma feroz gargalhada.
Wade sentiu que qualquer coisa de terrível o sacudia com a força de um ciclone. Da garganta, brotou-lhe um soluço, rouco como o uivo de uma fera, e nunca soube como arranjou energias para saltar sobre Thal com os braços para a frente. Mas, saltou e o pistoleiro de Drillman sentiu que umas mãos semelhantes a garras se cerravam em volta do seu pescoço, como um garrote. Os dois caíram por terra e rolaram pelos degraus do alpendre. Quando Wade se levantou, Thal estava estrangulado e na mão direita do rapaz brilhava, naquele momento, o «Colt 45» niquelado do morto.
Sem ver sequer os seus inimigos, Wade descarregou as seis balas do tambor contra o grupo que tinha à frente. Ouviu gritos de dor e frases obscenas e os passos dos que se lançavam contra ele.
A voz de Drillman troou na noite:
— Matem-no!
O percutor bateu em seco. Atirou para o lado o revólver inútil e saltou sobre o cavalo que tinha mais perto.
Compreendeu que, se voltassem a apanhá-lo, ninguém poderia livrá-lo da morte. E ele tinha de viver. Era preciso! Porque um dia voltaria ao vale de Winslow, quando fosse um homem experiente, um pistoleiro. Voltaria e faria pagar a Artur Drillman aquele crime.
Lançou-se para a escuridão da noite, sem ver o caminho, com a garganta apertada por um soluço que não se completava, sentindo o sangue correr-lhe pelo peito, milagrosamente respeitado pelas balas que começavam a zumbir à sua volta.