terça-feira, 31 de março de 2015

PAS451. A morte por encomenda

Abriu os batentes e saiu para a exterior. O pó acumulava-se no solo. Alguns cavalos afastavam as moscas com a cauda. Uma mulher apareceu a correr vinda de uma das casas, deu uma volta e entrou de novo em casa, lançando um olhar apreensivo a Logan. Não se via ninguém rua acima. Rua abaixo, alguns homens estavam parados nos passeios, falando entre si, e calaram-se quando o viram aparecer.
Esboçando um sorriso, Logan desceu para a rua, metendo as botas na espessa camada de pó que amortecia o ruído das pegadas do gado, quando atravessava a povoação. Olhou para o saloon de Mortimer, e viu um homem que desceu para a rua calmamente.
Logan não se sentia nervoso. Não era aquela a primeira vez que se enfrentava com outro homem. Não sentia nenhuma apreensão quanto ao resultado, como nunca o sentira anteriormente. Na realidade, Vance Logan tinha fama de bom atirador. A sua reputação era tão má, quanto a sua pontaria era boa. Agora não havia muita gente em Dodge que se sentisse feliz ao pensar que ele podia sair vivo daquele duelo. Por isso, o xerife Smith estava decidido a dar-lhe um prazo para abandonar a cidade, se vencesse...
Avançou calmamente sob o sol. Thomas vinha também devagar ao seu encontra. A rua principal tinha sido cenário de muitos duelos, mas nem por isso deixava de carregar-se de eletricidade, cada vez que dois homens se dispunham a resolver a tiro as suas questões.
Questões...

segunda-feira, 30 de março de 2015

CLT036. Alma de pistoleiro

(Coleção Pólvora, nº 36)
 
 
Vance Logan é um pistoleiro, um homem que aluga o seu revólver ao melhor preço para abater o seu semelhante. Não é um vulgar assassino, pois tem a particularidade de desafiar ou provocar as vítimas para um combate com armas iguais.
Ferido num desses combates, Logan é encontrado por Andy Terrel que o trata e perante o qual contrai uma dívida de gratidão.
Terrel cruza-se com a família Danvers, impressionando-se com a jovem e bela Betty a quem protege dos Colton, três irmãos que lhes cobiçam as terras das quais os querem escorraçar. Atraído pela bela Stela Colton, Terrel em breve demonstra a fidelidade aos Danvers, tornando-se em mais um alvo para aquela família de abutres.
Logan acaba por ser contratado pelos Colton, mas ao reencontrar Terrel resolve respeitar a dívida de honra que contraiu perante aquele que o salvou.
Eis uma obra que dá gosto ler e reler. Aqui deixamos algumas passagens que ilustram a enorme capacidade do autor para nos trazer uma novela do Oeste com uma intensidade dramática fora do vulgar. Para os que quiserem mais, deixamos um ficheiro para download


CLT035. Quando falha a lei

(Coleção Pólvora, nº 35). Capa e texto indisponíveis

sábado, 28 de março de 2015

PAS450. Passos que traziam o castigo

Era já noite, quando Rund Bakersham ouviu passos no vestíbulo. Até então tinha permanecido sentado num cadeirão, acabrunhado pelo desgosto. Mas ignorava o pior ainda. Saiu do escritório. Ben Hillman estava frente a ele olhando-o fixamente.
Ben não tinha vindo só. O cadáver de Gloria estava nos seus braços.
Os longos cabelos loiros da rapariga caíam acompanhando o braço esquerdo, cuja mão balanceava ligeiramente ainda. O corpo da rapariga conservava ainda as mesmas roupas que vestia no momento da sua morte.
Bakersham soltou um rugido de fera ao ver a sua filha morta.
— Foi você que a matou, Hillman!
Ben não se alterou.
— É possível ---,concordou. — Eu disparei os meus revólveres. Também Blythe, Smith e Gomez dispararam os deles. Quem pode dizer agora qual foi a arma da qual partiu o tiro fatal? Na rua soaram também muitos tiros, dezenas deles. Mas — a voz do jovem elevou-se de repente—, mesmo que fossem muitas as armas que dispararam, só uma mão movia todos os gatilhos ao mesmo tempo. A sua, Bakersham!
Ben fez uma curta pausa. O rancheiro não tinha forças para replicar.
— A sua mão movida pela ambição e pela inveja sem limites — prosseguiu —, foi quem matou a sua própria filha. Fui eu? Foi Blythe? Smith? Endicott ou Gomez talvez... ? É igual, tanto faz. O verdadeiro assassino é você, Bakersham, e esse é o seu castigo.
Ao terminar de falar, Ben deu uns passos lateralmente e depositou o corpo da rapariga num divã, cruzando-lhe os braços sobre o peito. Contemplou-a uns instantes com imensa ternura e depois enfrentou pela última vez o dono da casa.
— Você reclamou Gloria. Aí a tem. É sua para sempre... e esse é o seu castigo. Saber que foi você mesmo que a matou.
— Esse não é castigo suficiente! — exclamou uma voz.
Ben voltou-se rapidamente em direção daquele que tinha falado. Era um vaqueiro com o rosto cheio de costuras, as quais lhe davam um especto horrível. Coxeava muito e o seu braço esquerdo estava torcido para fora. Mas na mão direita sustentava um revólver.
— Lembra-se de mim? — disse o recém-chegado — Chico Vallez, Bakersham. Olhe a minha cara, contemple o que fez ao meu braço e à minha perna quando me atirou pela janela depois de me ter coberto de injúrias e insultos qual deles o mais atroz. Pode ser que esse homem considere que a morte da sua filha seja castigo suficiente para você, mas a minha opinião não é a mesma.
— Vallez, pare! — gritou o jovem.
Já era tarde. O revólver do mexicano começou a saltar na sua mão, saltando como se tivesse vida própria. E a cada salto que dava, cuspia uma língua de fogo acompanhada de uma estrondosa detonação.
Bakersham não fez o menor gesto de defesa. Permaneceu em pé, estremecendo a cada tiro que recebia, até que finalmente com o peito coberto de sangue, caiu de bruços. O seu corpo agitou-se um pouco, e depois ficou imóvel.
Chico Vallez olhou para o jovem com ar de desafio.
— E agora — disse —, prenda-me se quiser. Não penso defender-me.
Ben olhou pensativamente para o chão durante uns segundos. Depois levantou os olhos e disse:
— Declararei que se tratou de um caso de legítima defesa.

sexta-feira, 27 de março de 2015

PAS449. Apresentação de um bandido

Rund Bakersham era um homem alto, muito forte e dono de uma vitalidade espantosa, que o fazia aparentar dez anos menos dos quarenta e sete que já contava. Ainda era capaz de dobrar uma ferradura com as mãos e de se manter na sela do seu cavalo o dobro do tempo que os seus cavaleiros, sem sentir necessidade de dormir ou de comer. Possuía um apetite equivalente à sua formidável compleição, mas esse apetite não estava somente limitado à simples alimentação, ele desejava possuir tudo e de tudo em limites incalculáveis, tal como a sua insaciável ambição o exigia.
Bakersham estava furioso naquele momento. Um dos motivos da sua cólera era Coral Fenner ; o outro era um indivíduo a quem um grupo dos seus vaqueiros tinham aprisionado por andar junto de uma pequena manada de reses.
Sem hesitação, os vaqueiros levaram o homem à presença de Barkersham. O rancheiro naquele momento não se sentia indulgente.
— Os ladrões de gado não têm senão uma pena nesta comarca! — gritou colérico, batendo com o punho sobre a mesa do escritório. — Levem-no lá para fora e enforquem-no sem mais contemplações.
— Sim, senhor Bakersham --responderam ao mesmo tempo os vaqueiros.
O desventurado indivíduo foi arrastado para fora da casa apesar dos seus protestos. Com uma ânsia mórbida de ver morrer o homem -que tinha ousado assaltar uma das suas manadas, seguiu o grupo até o local onde devia efetuar-se a execução.
Ficava a uns trezentos metros do edifício principal do rancho, junto de um precipício que caía quase na vertical. Naquele ponto, o despenhadeiro fazia uma entrada em forma de ferradura, muito estreito, três metros quanto muito, e em cada um dos bordos estava cravado profundamente no solo um poste vertical.
Uma sólida viga transversal unia ambos os postes, ficando a uma altura de dois metros e meio do chão. Mas por baixo, até ao fundo da garganta do despenhadeiro, havia mais de trezentos metros de profundidade.
O homem foi conduzido até àquela forca, com as mãos amarradas às costas com uma corda que um dos vaqueiros lhe tinha posto. Os seus gritos faziam estremecer, mas os homens que o sujeitavam, não pareciam impressionar-se demasiado com os seus protestos; Pelo contrário, riam e respondiam com piadas aos alaridos de espanto do desgraçado.
A viga transversal já tinha a respetiva corda a qual passava por uma ranhura praticada na parte superior da mesma, enquanto o outro extremo estava atado a uma barra solidamente fincada no chão. Agarrando-se a um dos postes, com uma mão, um dos vaqueiros estendeu a outra e agarrou o extremo que tinha o laço.
— Esperem,--disse alguém. — O senhor Bakersham vem aí.
— Está bem, mas entretanto, podemos ir preparando tudo, não? — respondeu o que segurava o laço, passando-o à volta do pescoço do prisioneiro.
Os olhos deste desorbitaram-se desmedidamente, ao mesmo tempo que os seus dentes se entrechocavam. Naquele momento já não se sentia capaz de coordenar as suas ideias.
Bakersham chegou junto ao poste de execução. Olhou friamente para o homem.
— Ninguém rouba nas minhas terras uma vaca sem sofrer o castigo correspondente— disse com acento feroz. — Se tens alguma mensagem para cá deixar, ainda estás a tempo; concedo-te um minuto para que digas o que quiseres.
Grossas gotas de suor caíam pelo rosto do desgraçado. Este fazendo um esforço conseguiu falar.
— Estou inocente — disse. Um dia também te hão--de enforcar a ti. Isto é tudo o que tenho para te dizer, Bakersham. Pretendes ser um homem justo e não consegues ser mais do que um criminoso e um foragido, que anseia ser o personagem mais importante desta comarca. Mas alguém virá um dia e cortará os teus sonos de grandeza. Isto é tudo o que tenho para dizer... se algum destes vir algum dia a minha mulher, quero que lhe digam que morri estando inocente do delito que me acusam.
Bakersham não se impressionou com o vaticínio que acabavam de lhe dirigir.
— Isso é tudo, McGary ? — perguntou friamente.
O prisioneiro não lhe respondeu. Então, Bakersham levantou a mão.
— Acabem com ele — ordenou.
Um dos vaqueiros deu um forte empurrão a McGary. Este vacilava espantosamente à medida que se aproximava do precipício. O seu grito repercutiu-se de rocha em rocha.
De repente caiu, afogando-se o grito na sua garganta quando se apertou a corda em torno da mesma. O ranger da corda soou de uma maneira assustadora.
Imediatamente ouviu-se outro ranger. Como consequência do peso recebido, a corda acabara de se quebrar e o infeliz McGary foi lançado no espaço que ficava sob si mesmo e que descia uns trezentos metros de profundidade. O seu corpo descreveu uma ampla parábola, antes de chocar com a primeira saliência, que ficava a uns sessenta metros mais abaixo.
Fascinados pela cena, os vaqueiros presenciaram os saltos do corpo do desgraçado, que se destroçava a cada choque que sofria ao embater na parede de rocha, Por fim, parou na base do despenhadeiro, completamente embutido no solo.
Um enorme silêncio se registou no local da execução. Um dos vaqueiros limpou o suor que lhe escorria pelo rosto.
Bakersham foi o primeiro a quebrar aquele silêncio, e a sua voz soou fria, sem emoção.
— É preciso mudar a corda --disse. — Sem dúvida tinha apodrecido devido às últimas chuvas.

quinta-feira, 26 de março de 2015

PAS448. Uma jovem pede ajuda

O ruido dos cascos de um cavalo que se ouvia ao longe, acordou o individuo que dormitava, fazendo com que ele se levantasse.
Tratava-se de um homem novo e robusto, talvez nao muito alto, mas em todo a caso, de compleição forte. Tinha a cabelo escuro e os olhos claros, um curioso contraste com o tom moreno da sua pele, devido ao sangue Índio que corria nas suas veias. O seu queixo, ligeiramente saído, indicava decisão e firmeza, e a sua idade podia calcular-se em vinte e seis ou vinte e sete anos.
Até aquele momento tinha estado deitado à sombra de uma parede de madeira meio derrubada, resto, com mais outras três, de uma antiga casa levantada no deserto, junto de um pequeno poço de agua salobra e quente, mas que, mesmo assim, servia para saciar a sede. Junto dele viam-se os arneses de um cavalo, bem assim como um par de mantas e um alforge de couro. Um rifle estava encostado contra a parede, e sobre a sela podia ver-se um cinturão com duas fundas e os seus respetivos Colts.
O jovem levantou-se com dificuldade, tendo de manter o pé direito no ar, para evitar o menor contacto com o chão. Olhou com uma mão sobre os olhos para evitar os raios do sol, que caíam a pino naquela zona desértica.
Uma nuvem de pó branco rodava ao longe em direção às ruínas. Um pouco mais além, a uma distância aproximada a quinhentos metros atrás, uma nuvem de pó maior indicava que um grupo de cavaleiros perseguia o primeiro.
Um e outros aproximavam-se com grande velocidade do local onde se encontrava o rapaz. O jovem reparou, de repente, que estava desarmado.
Agachando-se com dificuldade, conseguiu apanhar o cinturão com os Colts, o qual colocou em torno da cintura com grande presteza. Depois pegou igualmente no rifle, mas ficou com ele de modo a servir-se dele como bengala para se poder apoiar com mais facilidade.
Esperou. Não tardou muito em tornar-se visível o primeiro cavaleiro.
Este viu-o também e desviou o seu cavalo em direção da casa, esporeando o cavalo freneticamente. Em poucos segundos percorreu a distância que o separava do jovem.
Ao chegar perto dele puxou as rédeas do cavalo e correu em direção do rapaz. Só então o ferido reparou, com grande surpresa, que o cavaleiro era uma rapariga.
A jovem correu para ele, em 'atitude implorante.
— Por amor de Deus! — pediu, ofegante pelo esforço da corrida. — Salve-me das mãos desses foragidos! Eles tentam matar-me!
 
 
Nota sobre a passagem: Que fará o cavaleiro? Resistirá ao pedido da bela rapariga? Para o saber deve proceder ao download desta novela

quarta-feira, 25 de março de 2015

CLT033. Comerciante de balas

(Coleção Colt, nº 33)

Quando Ben Hillman se dirigia para Santa Paula para tomar conta de uma loja que tinha adquirido a um velho comerciante estava longe de pensar que iria cruzar-se com uma jovem em fuga de um grupo de malfeitores às ordens de um energúmeno que dominava a cidade. A jovem pô-lo ao corrente da situação local admitindo que se tratava de um representante da lei que tinha sido solicitado ao Governador do Estado por um grupo de cidadãos.
A situação tornou-se mais complexa quando tomou conhecimento com a bela filha daquele energúmeno quando interveio contra os malfeitores num assalto a uma diligência em que ela viajava. De um momento para o outro, Ben Hillman salvava duas beldades.
Eis uma novela muito engraçada de Clark Carrados que merece digitalização total (ficheiro para download). Aqui deixamos algumas passagens para chamar a atenção do leitor…
 

terça-feira, 24 de março de 2015

PAS447. Uma mulher a xerife

O trajo negro, de luto, fazia com que Faith Purvis parecesse duplamente bela.
O vestido que envergava, cingia-lhe as curvas do seu corpo jovem e bem formado.
Os cabelos loiros brilhavam como trigo e eram apertados sobre a nuca por uma fita preta.
O seu rosto denotava firmeza dominante do sentimento de pena que lhe tinha causado a morte de seu pai, o sheriff Purvis.
Faith encontrava-se à mesa de seu pai. Nas suas coz-tas, ficava a porta de ferro que dava acesso aos calaboiços. À esquerda, ficava-lhe o expositor dos anúncios, com os papéis das pessoas reclamadas pelas autoridades. A direita, o depósito das armas, com meia dúzia de rifles. Sob esse depósito, um gavetão para os revólveres e munições.
Do outro lado, em duas filas de cinco cadeiras cada uma, estavam sentados dez homens. Eram os mais representativos da cidade.
Por detrás da rapariga, sentados também, havia mais dois homens, cada um dos quais tinha a correspondente estrela, símbolo de autoridade. Eram os ajudantes do extinto sheriff.
— Homens! — disse Faith; era a única pessoa de pé. — Vocês conhecem-me. Sabem quais são os meus desejos, mas não estão inteirados das razões porque os convoquei.
— Para pedir vingança pela morte de seu pai, não? — disse um.
— Engana-se, senhor Powell — contestou ela friamente. — Não quero vingança, senão justiça. E espero que vocês ma proporcionem.

segunda-feira, 23 de março de 2015

NOV011. Morreu o grande Silver Kane

 
Depois de nos ter brindado com mais de um milhar de novelas, depois de ter querido reencontrar a pureza da novela do Oeste selvagem com «La dama e el recuerdo», um dos últimos resistentes das novelas do Oeste do meu tempo, Silver Kane, não encontrou mais motivos para permanecer entre nós e partiu no passado dia 2 de Março. Foi ter com o Luger, o Carrados, o Curtis... ficou em boa companhia.
Aqui fica um Obrigado do Passagens pelas horas e horas de diversão que nos proporcionou.

PAS446. O homem que não voltou à sua cidade

O homem da estrela no peito cavalgava lentamente, com a vista fixa quase permanentemente no chão.
Seguia um rasto.
Ia no encalço duns fugitivos que haviam cometido um crime.
A estrela de latão cintilava em seu peito e os seus olhos brilhavam também de ira, sempre que recordava o assassinato cometido.
O sol resplandecia nas alturas e a sua luz avivava o rasto deixado pelos criminosos ao fugirem, bem como o cano do rifle que ele levava.
Um reflexo de sol fez brilhar repentinamente o cano da arma. E esse brilho, que feriu as pupilas do sheriff, fê-lo endireitar-se mais no selim e levar instintivamente a mão até à culatra da sua arma.
Não chegou porém a tocar-lhe. Ao mesmo tempo que o sol se refletira nela, um outro relâmpago brilhou durante um décimo de segundo.
A detonação repercutiu-se em largos ecos pelas colinas, até se extinguir totalmente. Depois... profundo silêncio.
Pouco depois, ouviram-se uns passos cautelosos. O assassino abeirou-se do sheriff, prostrado, de peito para o chão. Nas costas, uma mancha encarnada, alastrava-se paulatinamente.
Com um dos pés, o criminoso fez voltar aquele corpo inanimado. O sheriff no entanto, ainda respirava.
Olhou o seu assassino através duma densa nuvem vermelha. No meio dessa nuvem, divisou um olho negro: o do cano dum rifle.
A boca da arma incendiou-se subitamente, retorcendo--se o corpo do representante da Lei numa derradeira convulsão.
A detonação assustou uns pássaros que haviam poisado numas ramagens próximas. Deitaram a voar, afastando-se do lugar do crime. Ouviu-se distintamente o bater das suas asas durante uns momentos até se perderem na vastidão.

domingo, 22 de março de 2015

CLT032. A filha do xerife

(Coleção Colt, nº 32)
Neste livro, encontramos dois elementos interessantes. O primeiro tem a ver com a questão da igualdade homem * mulher: num ambiente onde esta tinha um papel subalterno, aparece alguém cheio de coragem, de saias, a impor a lei na sequência do assassinato do seu pai.
O segundo é recorrente e baseia-se na figura da bêbedo vagabundo. Que esconderá aquele homem de barba crescida, sempre emborrachado e com ar de mártir? Muitas vezes, caiu nessa situação devido a algo profundamente marcante. Incapaz de o ultrapassar, dedicou-se ao álcool procurando esquecer. Mas eis que uma situação inesperada lhe traz o anterior fulgor e o leva a regenerar-se e, no caso, presente a apoiar a jovem filha do xerife na sua causa.
Imaginam o desenlace…
Aqui vos deixamos algumas passagens e o texto completo para download.

sábado, 21 de março de 2015

PAS445. As doces notas dum violino

Desaparecida a maléfica influência de Sol Bonner, até de Great Falis veio gente para a construção do Rancho Duncan. Chegaram uns cavalos, carruagens, com os filhos, esposas e filhas. Os homens levaram enxadas, serras e martelos, e as mulheres víveres e guloseimas.
—Trouxemos também um violinista e algumas garrafas de whisky — anunciou com a sua característica voz o velho Murphy, que aparecia radiante de satisfação.
Em três dias ficou construída a casa rancheira. E também um curral e o resto das dependências mais indispensáveis. E se durante o dia se trabalhava incansavelmente, à noite havia festa.
Na primeira daquelas noites, Gail apareceu formosíssima com um vaporoso vestida de baile, e de forma vaga, demasiado deslumbrado para ter segurança de nada, Lex pensou que deviam ser assim os anjos do Céu.
E não era para menos. À luz dos improvisados candeeiros cujos raios arrancavam reflexos cobreados da formosa cabeleira que parecia adornar uma carita de porcelana, envolta na vaporosa nuvem de tule do seu vestido branco que cingia o busto pontiagudo e virginal, encontrou-a mais sedutora que nunca e foi-lhe impossível evitar que esta impressão se refletisse nos seus olhos, ruborescendo por isso as faces da rapariga, o que contribuiu para a tornar ainda mais bela.
— Como me acha? — perguntou audaz, rodando diante dele, para que a pudesse admirar melhor.

sexta-feira, 20 de março de 2015

PAS444. Armadilha para cavalos selvagens

Os dois ginetes galopavam rápidos por entre a erva, tendo-se afastado tanto que já não se via rasto da enorme manada que avançava atrás deles.
Gail, um pouca adiante, não podia deixar de cavalgar, temendo o instante em que Lex se pusesse ao seu lado, e desejando ao mesmo tempo a sua presença.
Compreendia que depois do que esteve quase a acontecer junto ao Missouri, a situação entre eles precisava dum esclarecimento. As faces ardiam-lhe ao recordar aquela cena, mas o pior era que sentia-se desfalecer só de pensar que se pudesse ver apertada entre os vigorosos braços dele, e invadia-a um estremecimento esquisito.
Se não teve artes nem valor para chegar a uma conclusão sobre a natureza dos seus sentimentos, ao enfrentar-se agora com a necessidade de fazê-lo, experimentou uma súbita sensação de segurança tal, que não permitia a menor indecisão. Amava-o!
Um momento antes tinha a convicção absoluta de que nada podia perturbá-la tão profundamente como o descobrimento de que se tinha enamorado, mas no segundo seguinte esqueceu por completo o facto tão transcendente.

quinta-feira, 19 de março de 2015

PAS443. Encontro junto ao ulmeiro

Um pouco afastado dos cowboys, sentado sobre uma pedra lisa à sombra de um ulmeiro, Lexington fumava placidamente depois de satisfazer a fome, quando percebeu o som duns passos leves que o fizeram voltar-se vivamente.
Gail aproximava-se sorridente, com as faces avermelhadas, e parecia um adorável céu, pois vestia calças de vaqueiro azuis com grandes voltas claras, e uma ligeira blusa que, ainda molhada, assinalava sedutoramente o busto delicioso, alto e pontiagudo.
— Parecia que se encontrava muito agradável sozinho e não sei se vim molestá-lo — disse ao chegar a seu lado, olhando-o de um modo que alterou as pulsações do pistoleiro.
— De modo algum! — protestou, com tal violência que resultou suficientemente satisfatória para a rapariga no caso que efetivamente tivesse tido os temores que manifestava. — Quem é que ouviu dizer alguma vez que as jovens bonitas podem molestar?
Ela baixou o olhar dos seus olhos verdes com alguma perturbação, e tentou dissimulá-lo sentando-se na pedra. Lex sentou-se então no chão, a seus pés.

quarta-feira, 18 de março de 2015

CLT031. Para além do Missouri

Para além do Missouri, havia terras livres que podiam ser ocupadas após negociação fácil com os índios. Isso experimentou um domador de cavalos que, detentor de profunda amizade com o chefe índio, o recomendou a um rancheiro que chegou à região acompanhado da família, procurando estabelecer-se. Trazia consigo milhares de cabeças de gado...
No entanto, a região era dominada por ovelheiros que não viam com bons olhos a presença de vaqueiros. Um dos mais ferozes dentre eles, dono de grande parte da cidade, tudo fez para abater o domador de cavalos e expulsar os que recém-chegados.
Mas a presença de uma formosa menina e a compreensão da necessidade de união entre os que são portadores dos mesmos interesses levou a um desfecho feliz.
Trata-se de mais um livro de Tex Taylor, escrito de uma forma notável e que mostra o valor da solidariedade.
A capa, de assinatura ilegível, mostra algo que não tem muito a ver com o fio condutor da novela: a jovem Gail é loira, nunca esteve em poder dos índios e estes, na sua maioria, eram pacíficos...

terça-feira, 17 de março de 2015

QST003. O quarto ciclo da Coleção Colt

Iniciamos amanhã mais um ciclo da Coleção Colt, o quarto precisamente. Vamos encontrar nele alguns dos livros mais interessantes falados neste blog. Com efeito, apesar de alguma dominância dos textos provenientes de Estefânia, o ciclo apresenta obras de Tex Taylor, Clak Carrados, Cliff Bradley e George H. White, isto é quatro dos melhores autores de novelas do Oeste Distante.
Reflexo disso, o número de passagens extraídas é fora do normal e o número de livros disponibilizados para download crescerá significativamente. Isto com a particularidade de deixarmos para outro momento o tratamento da obra de White.
Atenção pois ao novo ciclo que amanhã se inicia...

sexta-feira, 6 de março de 2015

CLF010. Puxa o gatilho, forasteiro

 
(Coleção Califórnia, nº 10)

QST002. Novo ciclo na Coleção Califórnia

Vamos iniciar o quarto ciclo da coleção Califórnia. E, para começar, há a notícia de um grave erro cometido no início e que se traduz no seguinte:
- trocámos o número 7 com o 8 e
- publicámos erradamente o 31,32 e 33 como o 10, 11, e 12.
Novos números 7 e 8

Assim para corrigir a situação vamos, pura e simplesmente, mudar o título e as palavras entre o 7 e o 8. Depois republicaremos os verdadeiros 10, 11 e 12. Finalmente, começaremos verdadeiramente o novo ciclo. Neste encontramos 50% de livros do célebre Estefânia, sendo os restantes de Meadow Castle, Mikky Roberts, Tex Taylor, O. C. Tavin e Rudy Limbale. As capas, das quais destacamos as do números 37 e 38, são de Provensal, Badia, Bosh Penalva e Pedro Alferez. Quanto a passagens, não encontrámos nada de relevante, talvez porque os livros de que dispomos são os menos interessantes.

quinta-feira, 5 de março de 2015

PAS442. Apaixonada pelo mascarado

Ruth Weaver saiu a dar um passeio pelos arredores. Existiam duas pessoas com quem não desejava encontrar-se. Eram Benny Hunt e Ernie Allem. Repelia o primeiro. Todas as vezes que ele a via, apressava-se a cumprimentá-la, fazendo o possível por parecer correto, embora os seus olhos a fitassem de uma forma desagradável. Sabia que estava enamorado dela, mas Ruth sempre o aborrecera, e ainda mais agora, que o pai procurava, por meios ilegais e ignóbeis, apossar-se da região.
No que respeitava ao seu amado, envergonhava-se daquele amor que, a seu pesar, ainda albergava no coração. Não, Ernie não era digno da menor estima e, sem embargo, parecia-lhe ainda sentir nos lábios o ardor daquele beijo que a fizera estremecer, tendo de realizar um esforço inaudito para o repelir com violência e esbofeteá-lo.
Estava convencida de que já não voltaria a amar nenhum homem, devido à deceção que sofrera com Ernie. O jovem que regressara somente no físico se parecia com o rapaz que partira. Em todo o resto era completamente diferente.

quarta-feira, 4 de março de 2015

PAS441. O dia em que os tosquiadores foram tosquiados

Entretanto, Sinclair Durkin e os seus comissários galopavam pelos arredores do vale, mas não lhes foi possível localizar as pegadas do cavalo da misteriosa personagem. Buscavam um pequeno indício que os conduzisse à guarida do mascarado, ou que o acaso os guiasse até ele. As palavras que pronunciara no «saloon», embora não fossem ouvidas por ele, escutara-as de um dos seus homens, que se apressara a comunicá-las:
— «O xerife é um bandido!».
Isto constituía uma terrível ofensa, um descrédito para a sua autoridade, e era-lhe necessário matá-lo e, dessa forma, recobrar a sua aparente honradez. De nenhum modo podia consentir que sobre o seu nome houvesse publicamente a menor dúvida. Em particular podiam fazer os comentários que quisessem. Era-lhe indiferente. Mas em voz alta, não. Quem se atrevesse a fazê-lo teria de enfrentar os seus revólveres.
Conhecia as numerosas e audazes intervenções do mascarado, tinham-lhe descrito o seu sangue-frio, a sua rapidez a «sacar» e a certeza da sua pontaria. Sem embargo, ele era um pistoleiro de grande prestígio e não receava defrontar qualquer inimigo. E demais, sem vacilar, teria aceitado lutar contra o seu misterioso adversário. Desejava verificar se em frente dele faria alarde do sangue-frio que tanto impressionara os seus homens.

terça-feira, 3 de março de 2015

PAS440. Encontro junto ao regato de águas cristalinas

Ernie Allen levantou-se. Era muito cedo. O sol acabava de aparecer. O jovem já estava em casa havia três dias e o pai mal conversava com ele. Limitava-se a saudá-lo e depois mergulhava nas tarefas do rancho. Ele não se ocupava de coisa nenhuma, limitando-se a passear pelos arredores do vale, envergando um elegante trajo de montar, que fazia abanar com desalento a cabeça aos vaqueiros da equipa.
Eles tinham admirado a energia daquele rapaz e lamentavam agora que seu pai tivesse tido a infeliz ideia de o mandar estudar para Leste. O seu posto era ali, para resolver tudo quanto pudesse respeitar ao podia suspeitar as calamidades que iam cair sobre o vale.
Ernie galopava para um planalto, do qual se divisava tudo. Já tinha inspecionado o rio que passava pelas cercanias. Os seus conhecimentos de engenharia fizeram-lhe observar imediatamente a forma de aproveitar-lhe a poderosa corrente e fazer que aumentasse a fertilidade do vale. 'Dedicar-se-ia a efetuar aquela obra. Seria uma ajuda para seu pai e para os ranchos dos arredores, visto que todos seriam beneficiados.
Galopou por aqueles terrenos tão conhecidos, até chegar ao «caminho dos corvos», lugar que sempre preferira. Os passos do cavalo, que metera a trote, ressoaram com um ruído grato aos seus- ouvidos naquele imenso silêncio.
Deteve-se, contemplando ensimesmado aquele rincão incomparável, de uma grata beleza acolhedora. A parede do «caminho», de uma rocha avermelhada, na qual os raios do sol punham um número sem conta de corei; que deslumbravam, elevava-se a uma altura incomensurável, correndo a lenda de que sobre ela se erguia um corvo que esperava uma presa e por esse motivo o «caminho» tomara o nome por que era conhecido.
Um regato de águas cristalinas e rumorosas deslizava preguiçosamente em baixo na grande parede e caía num remanso que em alguns sítios chegava a alcançar a profundidade de mais de dois metros.
O jovem deixou o animal à solta e despiu-se. Mergulhou com deleite na água, gozando por se sentir acariciado por ela. Nadou com ardor, como fazia quando era garoto. Quando saiu do regato, friccionou os seus membros com energia, enquanto o Sol caía sobre o seu corpo de jovem atleta.
Vestiu-se com lentidão e estendeu-se preguiçosamente na erva. Patrick Allen, José Weaver, Ruth e os vaqueiros das duas equipas, ter-se-iam surpreendido grandemente se o vissem tirar de uma algibeira uma bolsa de tabaco e fazer um cigarro, acendê-lo e aspirar o fumo com deleite. O mais provável era que estas pessoas olhassem umas para as outras e que um raio de esperança aparecesse nas suas atónitas pupilas.
De súbito, Ernie ergueu a cabeça. Acabava de perceber as passadas de um cavalo que se acercava.

segunda-feira, 2 de março de 2015

PAS439. Salvação escondida por uma máscara

Benedito Holper acabava de jantar. Olhou sua mulher com tristeza e ela sorriu.
— Não te preocupes, Benedito. Tudo se arranjará.
Ele moveu a cabeça com desalento, enquanto enchia o cachimbo.
— Temos de nos ir embora, querida. Não podemos fazer outra coisa.
— É o mais razoável. Mentiria se dissesse que não o sinto. Fomos aqui felizes, mas talvez tenhamos mais sorte noutro sítio. Tudo é preferível a teres de defrontar esses bandidos.
O pequeno Johnny levantou-se da mesa. Os seus olhos fecharam-se com sono e o pai beijou-o na testa antes de o pequeno se ir deitar. Holper acendeu o cachimbo e expeliu uma baforada de fumo. Sobressaltou-se ao ouvir uma enérgica pancada na porta. Quem seria àquelas horas?
 Abriu e entrou um homem que o empurrou. Holper, surpreendido, deitou-se para trás, ao mesmo tempo que o recém-chegado se apressava a fechar a porta. Ao voltar-se, viu com espanto que o ameaçava com um «Colt». Apoderou-se dele uma raiva imensa. Só faltava aquilo, que o roubassem. Mas a sua indignação desvaneceu-se rapidamente, aparecendo no seu pálido rosto um sorriso mordaz. Pouco tinha para roubar aquele indivíduo, com o semblante coberto com um lenço azul e a aba do chapéu texano caída sobre os olhos!
— Parece-me que perde o seu tempo, amigo.

domingo, 1 de março de 2015

PAS438. O fim de um sonho

Benedito Holper passeava pelo quarto, nervoso. Nos olhos percebia-se o estado de desolação em que a sua alma se encontrava mergulhada.
O prazo para pagar a quantia que devia a Alexandre Hunt expirava no dia seguinte, e não tinha, nem por sombras, o dinheiro suficiente. Já conhecia, por experiência alheia, a intransigência de Hunt, que, com o apoio do xerife, se apoderaria do respetivo rancho, sem atender os seus rogos.
A perda daquele terreno que, com esforço, lograra converter numa herdade próspera produzira-lhe o mesmo efeito da amputação de um membro do corpo. Sonhara que seu filho Johnny, ao fazer-se homem, teria um risonho porvir, sem necessidade de lutar denodadamente como ele e sua mulher o tinham feito. Sempre saboreara o instante em que lhe diria, indicando-lhe o rancho:
— Meu filho, isto é o fruto do meu trabalho. Tudo te pertence. Continua a trabalhar com afã para que prossiga a prosperidade.
Em vez disso e por culpa daquele canalha e do roubo das reses de que era continuamente vítima por parle dos ladrões de gado, este sonho desvanecera-se e teria de deixar aquele vale maravilhoso, que prometia transformar-se, em prazo não muito longínquo, numa cidade próspera e acolhedora. Sim, o Vale de Pluck desenvolvera-se, convertendo-se numa povoação alegre e turbulenta, onde a Lei era apenas uma coisa fictícia, impondo-se quem fosse mais forte e mais rápido a «sacar» a pistola.